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UMA PROCURA DE SENTIDO PARA A CRISE:
UMAPERSPETIVAHUMANISTA
A SEARCH FOR MEANING IN THE CRISIS: A HUMANIST PERSPECTIVE
Filipa Inácio1, Odete Nunes1, João Hipólito1
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2025 PP. 4955
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XXI.1.4
Submited on 10/02/2025 Submetido a 10/02/2025
Accepted on 26/05/2025 Aceite a 26/05/2025
Resumo
Este artigo explora a temática da crise sob uma perspetiva humanista, com destaque para
a Abordagem Centrada na Pessoa, proposta por Carl Rogers. A reflexão parte da compreensão
das crises pessoais e coletivas e discute como a procura por sentido pode ser um caminho
para superar estados de desordem emocional e social. O texto integra conceitos filosóficos e
psicológicos, ampliando o entendimento sobre como a procura de sentido impacta a saúde mental
e o equilíbrio social.
Palavras-chave: Crise, Humanismo, Abordagem Centrada na Pessoa, Sentido da Vida, Saúde Mental
Abstract
This article explores the theme of crisis from a humanistic perspective, with a focus on the
Person-Centered Approach proposed by Carl Rogers. The reflection begins with an understanding
of personal and collective crises and discusses how the search for meaning can be a path to
overcoming states of emotional and social disorder. The text integrates philosophical and
psychological concepts, broadening the understanding of how the search for meaning impacts
mental health and social balance.
Keywords: Crisis, Humanism, Person-Centered Approach, Meaning of Life, Mental Health
1 Universidade Autónoma de Lisboa
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XXI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2025 pp. 49-55
Filipa Inácio, Odete Nunes, Jo Hilito
Introdução
A experncia da crise é um fenómeno recorrente e cíclico na história da humanidade e na
vida individual. Sob a perspetiva existencialista, a crise pode ser vista como uma oportunidade
de reflexão e de constrão de sentido.
Viktor Frankl, psicólogo e grande teorizador das neuroses noonicas, na sua obra Em Busca
de Sentido (Frankl, 1946/2008), introduziu a logoterapia como uma abordagem terapêutica
centrada na busca do “Significado. A crise, neste contexto, não é apenas um momento de
dificuldade, mas também um convite à introspeção e à análise do próprio sentido da existência.
Frankl enfatizou que a busca de “Significado” é essencial para a experiência humana, mesmo em
circunstâncias adversas, e que, ao enfrentar desafios, o indivíduo pode reavaliar a sua existência
e encontrar propósitos mais profundos (Frankl, 1946/2008; Yalom, 1980).
Além disso, a crise pode ser analisada como uma possibilidade de crescimento,
impulsionando o desenvolvimento pessoal e coletivo, na medida em que desafia crenças prévias
e fomenta novas formas de enfrentamento e adaptação (May, 1999). Desta forma, compreender
a crise enquanto processo de transformação permite à pessoa reconhecer o seu potencial de
fortalecimento psicológico, favorecendo a resiliência individual e coletiva. Neste sentido, a
reconstrão deSignificado” torna-se um elemento essencial na superação de adversidades,
alinhando-se à perspetiva de autores que exploram a dimensão existencial e psicológica do
sofrimento humano (Neimeyer, 2001). No presente artigo, é apresentada uma reflexão sobre
a crise, segundo a perspetiva de alguns autores de vertente existencialista; seguidamente são
expostos alguns elementos concetuais que constituem o modelo da terapia centrada no cliente
(C. Rogers) evidenciando como, numa perspetiva de cariz humanista/existencialista, se pode
ajudar a pessoa a encontrar o seu próprio sentido de vida.
A Crise como Fenómeno Existencial
As crises são inerentes à condição humana. Estas manifestam-se de formas variadas, desde
crises pessoais, como as existenciais e de desenvolvimento, até crises sociais, ecogicas e políticas.
Já a citação bíblica de Eclesiastes 1:9, “Nada há de novo debaixo do sol”, destaca a natureza cíclica
das crises ao longo da História. A incapacidade de manter a homeostase perpetuamente leva,
inevitavelmente, a períodos de instabilidade (Freud, 1920; Morin, 2005).
Viktor Frankl identificou as neuroses noogénicas como reflexos da perda de sentido na
vida moderna, o que leva a estados de ansiedade e depressão (Frankl, 1946/2008). As neuroses
noonicas são perturbações psicológicas que surgem a partir de conflitos existenciais e da
falta de sentido na vida, conceito amplamente desenvolvido por Viktor Frankl na Logoterapia.
Diferentemente das neuroses tradicionais, que têm raízes predominantemente psicodinâmicas
ou biológicas, as neuroses noogénicas derivam de crises existenciais de frustração no sentido da
vida e do “vazio” existencial.
De acordo com a American Psychological Association (APA, 2020), a neurose refere-se a um
termo histórico para descrever perturbações emocionais e psicológicas caracterizadas por
ansiedade, depressão e sintomas obsessivo-compulsivos, sem comprometimento da perceção
da realidade. No entanto, o conceito de neurose noogénica é específico da Logoterapia e está
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relacionado com a falta de sentido e com conflitos existenciais. Esta perspetiva, destaca a
importância da procura do “Significado, como o caminho para superar a crise.
Zygmunt Bauman (2000), um dos mais influentes sociólogos contemporâneos, analisou a crise
como um fenómeno existencial no contexto da modernidade líquida, conceito central na sua
obra, que se traduz em considerar que a sociedade contemporânea se caracteriza pela fluidez,
incerteza e instabilidade das relações humanas, do mercado de trabalho e das identidades
pessoais. Nesse cenário, a crise existencial emerge como resultado da constante mutabilidade e
da falta de referências sólidas, gerando sentimentos de inseguraa, ansiedade e precariedade
na constrão do sentido da vida. É de sublinhar a diferença entre as sociedades tradicionais,
cujas estruturas eram mais rígidas e previsíveis e a modernidade líquida que dissolve certezas e
compromissos de longo prazo, tornando a identidade um projeto inacabado e instável.
Bauman argumenta que essa instabilidade leva os indivíduos a uma procura incessante por
validação e segurança, muitas vezes através do consumo e das relações efémeras. No entanto, essa
tentativa de preencher o vazio existencial com objetos e conexões superficiais apenas aprofunda
a crise, pois impede o desenvolvimento de vínculos autênticos e de um sentido de pertença
duradouro. A falta de solidez na vida moderna dificulta a constrão de narrativas existenciais
coerentes, deixando os indivíduos mais vulneráveis a crises identitárias e sentimentos de
alienação. Para este autor, a pressão para a constante reinvenção pessoal e profissional, imposta
pelo capitalismo tardio, cria uma sensação de instabilidade permanente, na qual o medo do
fracasso se torna uma presença constante.
Bauman (2001) refere ainda que, a crise existencial na modernidade líquida não é um
episódio isolado na vida dos indivíduos, mas uma condão estrutural da contemporaneidade. As
relações humanas são cada vez mais “descarveis, os compromissos são evitados por medo da
obsolescência e a noção de segurança existencial torna-se cada vez mais ilusória. Assim, a crise
existencial assume um caráter coletivo, refletindo não apenas dilemas individuais, mas também
as tensões sociais e culturais de um mundo em constante transformação. A superação dessa crise
exige uma reflexão crítica sobre os valores predominantes e a busca por formas mais autênticas
de conexão e construção de significado, resistindo à lógica da superficialidade e da liquidez que
permeia a sociedade contemporânea (Mönckeberg, et all. , 2020)
Martin Heidegger (2012), um dos principais filósofos existencialistas do século XX, abordou
a crise como um fenómeno existencial a partir da sua análise do Ser e da angústia. Para
Heidegger (1927/2010), a crise existencial é inerente à condição humana e manifesta-se quando o
indivíduo se confronta com a finitude da sua existência e a falta de um sentido pré-determinado.
No seu conceito central de Dasein (ser-aí), ele descreve o ser humano como um ente que está
constantemente projetado no mundo, sendo chamado a escolher e a construir o seu próprio
sentido de existência. No entanto, essa liberdade vem acompanhada de uma profunda angústia,
pois revela a falta de fundamentos indiscutíveis e expõe o indivíduo à responsabilidade pelas
suas escolhas.
Na sua perspetiva a angústia (Angst) desempenha um papel crucial na compreensão da crise
existencial. Diferente do medo, que tem um objeto específico, a angústia é um estado emocional
mais profundo e difuso, que surge quando o indivíduo percebe a precariedade e a incerteza da sua
existência. Essa experiência revela o nada (das Nichts) e evidencia o caráter transitório da vida
humana, levando à consciência da própria mortalidade. Para Heidegger, essa confrontação com a
finitude pode levar à alienação e à busca por refúgio em estruturas impessoais e convencionais,
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como as normas sociais e a mentalidade coletiva do Das Man (o “se” impessoal). Assim, ao viver
segundo as expectativas externas, o indivíduo evita a crise, mas também se distancia da sua
autenticidade.
Contudo, Heidegger argumenta que a angústia não deve ser vista apenas como um sofrimento
paralisante, mas como uma possibilidade transformadora. A crise existencial, ao desestabilizar
certezas e expor a vulnerabilidade do ser humano, pode abrir caminho para uma existência
autêntica (Eigentlichkeit), na qual o indivíduo assume a sua própria liberdade e responsabilidade
de ser. Assim, a superação da crise não se dá pela fuga ou pela adesão irrefletida às convenções,
mas pela aceitação consciente da própria finitude e pela busca de um modo de vida que esteja em
sintonia com a verdade do seu próprio ser.
Irvin D. Yalom, psiquiatra e psicoterapeuta existencial, abordou a crise como um fenómeno
existencial relacionado com os quatro desafios fundamentais da existência: a morte, a liberdade,
o isolamento e a falta de sentido. Para Yalom (1980), a crise existencial ocorre quando o indivíduo
se confronta com essas realidades inevitáveis da vida, gerando angústia e sofrimento psicológico.
Diferente das abordagens tradicionais da psicopatologia, que enfatizam causas intrapsíquicas
ou comportamentais, Yalom argumenta que muitas perturbações emocionais derivam da
incapacidade de lidar com essas questões fundamentais da existência.
A morte, por exemplo, é um dos principais catalisadores da crise existencial. Embora muitas
pessoas evitem pensar sobre a sua própria finitude, momentos de perda ou eventos traumáticos
podem tornar essa realidade inegável, levando a sentimentos de medo e desamparo (Maldonado,
2021). Da mesma forma, a liberdade, entendida como a ausência de um destino pré-determinado,
pode ser fonte de angústia, pois obriga o indivíduo a assumir total responsabilidade pela sua vida
e escolhas. Esse confronto com a ppria autonomia pode gerar paralisia decisória ou fuga para
estruturas externas que ofereçam um falso sentido de segurança.
Outro elemento essencial na teoria de Yalom é o isolamento existencial, que diz respeito à
impossibilidade de um vínculo absoluto com os outros. Embora as relações interpessoais possam
oferecer conforto e conexão, nenhum ser humano pode experimentar completamente a realidade
subjetiva do outro, gerando um sentimento inevitável de solidão. Por fim, a crise existencial pode
ser intensificada pela falta de sentido, especialmente em momentos de transição ou perda. Yalom,
I., D., Yalom, M. (2021) Quando os sistemas tradicionais de significado – como a religião, a cultura
ou os papéis sociais – falham em proporcionar um propósito satisfatório, o indivíduo pode entrar
numa espiral de niilismo e desesperaa.
Segundo o autor, a superação da crise existencial não envolve a eliminação dessas angústias
fundamentais, mas sim a sua aceitação consciente. O crescimento pessoal ocorre quando o
indivíduo enfrenta corajosamente essas realidades e cria um sentido próprio para a sua existência.
Deste modo, a crise não é vista apenas como um momento de sofrimento, mas também como
uma oportunidade para a transformação e o amadurecimento psicológico.
Também Ernesto Spinelli, psicoterapeuta existencial contemporâneo, aborda o conceito de
crise, encarando-o como uma oportunidade crítica para a mudaa existencial e a transformação
pessoal, na qual a ruptura da visão do mundo (worldview) abre a possibilidade de uma compreensão
mais profunda de si próprio e de uma vida auntica (2014).
Num outro contexto, C. Rogers, um dos principais teóricos da psicologia humanista, abordou
a crise como um fenómeno existencial no âmbito do desenvolvimento da personalidade e da
autorrealização. Segundo Rogers (1951), a crise surge quando há uma incongruência significativa
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entre a experiência real e a autoperceção do indivíduo, resultando em angústia psicológica. Esse
estado de desconforto pode levar a uma crise existencial, na qual a pessoa questiona o seu sentido
de vida, os seus valores e o seu papel no mundo. Assim, essa incongrncia ocorre quando há
um desfasamento entre oeu percecionado”, que representa as experiências vivenciadas pela
pessoa, e o “eu desejado, que corresponde à imagem que a pessoa desejaria corresponder. Esse
conflito interno pode gerar sofrimento emocional, levando a sentimentos de baixa autoestima,
de desorientação e de incerteza quanto ao próprio significado da existência.
Apesar da angústia inerente à crise existencial, Rogers (1961) defendia que os indivíduos
possuem uma capacidade inata de crescimento e autorrealização, conceptualização que
denominou de Tendência Atualizante. Assim, a crise pode tornar-se um catalisador para o
desenvolvimento pessoal, desde que a pessoa tenha acesso a um conjunto de condições que
favoreçam a exploração das suas dificuldades e promovam a sua reconstrução psicológica.
No contexto psicoterapêutico, Rogers enfatizou que a superação da crise existencial ocorre
num ambiente em que se experiencia a aceitação incondicional, a compreensão empática e a
autenticidade. A terapia centrada na pessoa, modelo desenvolvida por ele, oferece um espaço
seguro para que o indivíduo se possa expressar livremente, reconhecer e integrar os seus conflitos
internos, promovendo um sentido renovado de identidade e de propósito. Desta forma, a crise,
em vez de ser vista apenas como um momento de sofrimento, pode ser compreendida como uma
oportunidade de crescimento e transformação pessoal.
A intervenção na Crise segundo a Psicoterapia Centrada no Cliente
Carl Rogers desenvolveu conceitos fundamentais para a compreensão do desenvolvimento
humano, destacando-se a Tendência Atualizante e a Tendência Formativa. A Tendência Atualizante
refere-se ao movimento inato de todos os organismos para desenvolverem as suas capacidades
de forma a manter ou aprimorar a sua existência (Rogers, 1951). Trata-se de um impulso natural
para a autorrealização e o crescimento da pessoa, que só se manifesta plenamente em ambientes
de aceitação e de compreensão empática.
A Tendência Formativa, por sua vez, é um conceito mais amplo, proposto posteriormente
por Rogers, que descreve a propensão do universo a evoluir em direção a formas cada vez mais
complexas num movimento de auto-organização (Rogers, 1980). Esse princípio implica que a
vida, nos seus diversos níveis, procura continuamente a atualização e a complexificação (Morin,
2005).
Pode-se equacionar que a busca por “Sentido” perante a crise, esteja intrinsecamente ligada
a estes conceitos de Rogers, na medida em que a Tenncia Atualizante impulsiona o indivíduo
a crescer, a se adaptar e a procurar o “Sentido, funcionando como um mecanismo essencial
para restaurar o equilíbrio diante das adversidades. A crise representa, pois, uma rutura na
homeostase pessoal, e a constrão de significado, mediada por ambientes empáticos e autênticos,
é o caminho para a superação.
O autor supracitado, ainda abordou os traumas como uma forma de crise existencial
resultante da incongruência entre a experiência vivenciada e a autoimagem do indivíduo. Para
Rogers (1951), o trauma não é apenas um evento externo com impacto psicológico, mas uma
experiência subjetiva que pode gerar uma profunda desorganização emocional quando desafia
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a estrutura interna do self. Essa incongruência ocorre quando as experiências traumáticas
distorcem a perceção que a pessoa tem de si mesma e do mundo, levando a sentimentos de
angústia, desorientação e vulnerabilidade.
A crise traumática, segundo Rogers, pode resultar num bloqueio do processo de autorrealização,
que é uma tendência inata do ser humano para o crescimento e o desenvolvimento. O trauma
pode distorcer a autoimagem da pessoa, levando-a a adotar mecanismos defensivos como a
negação e a repressão, de modo a evitar a dor emocional associada à experiência traumática
(Hipólito, 2011). No entanto, esse evitamento impede a integração plena da experiência e pode
resultar em sofrimento psicológico prolongado. Além disso, o trauma pode afetar a capacidade
do indivíduo de estabelecer relações aunticas e significativas, pois a confiança em si mesmo e
nos outros pode ser profundamente abalada.
A psicoterapia centrada na pessoa cria esse espaço seguro, permitindo-lhe que processe
e reorganize as suas experiências de maneira que possam ser integradas no seu self de forma
mais coerente e adaptativa. Para Rogers (1961), a superação da crise traumática ocorre quando
o indivíduo tem a oportunidade de explorar as suas experiências dolorosas num ambiente de
cuidado incondicional, compreensão empática e autenticidade. Mais concretamente, através da
relação terapêutica, a pessoa pode reconstruir a sua narrativa pessoal, recuperar a sua atividade
e retomar o seu processo de crescimento. Desta forma, o trauma, embora doloroso, pode ser
transformado numa experiência de aprendizagem e fortalecimento pessoal, desde que seja
abordado com suporte emocional e compreensão genuína.
Conclusão
Neste artigo, vários autores são unanimes em constatar que ao longo da nossa existência
somos assaltados por vivencias de crises, nomeadamente de nível pessoal, desde as crises de
crescimento às crises existenciais, de nível social, ecológico e até planetárias. Se por um lado,
quando falamos de crise, sobressai o impacto negativo que esta provoca, por outro, pode também
representar um fator desencadeador de mudaa e de superação.
Um dos aspetos a realçar e que é estruturante para cada pessoa, é a procura de um Sentido
para vida. Esta procura pode ser feita de forma solitário ou com a ajuda exterior (ex. profissional
de ajuda psicológica, guia espiritual/filosófico), a qual do ponto de vista psicoterapêutico se pode
situar numa perspetiva essencialista ou existencialista. Este último (preconizado por C. Rogers)
vai ajudando a pessoa a encontrar o seu próprio sentido, isto é, com o cliente o terapeuta constrói
o diciorio e o universo de significados que darão sentido à sua vida e que lhe permitirá não só
ultrapassar a crise, mas também construir estratégias de manutenção da sua homeostase ou da
restauração da mesma em novas situações de crise.
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