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FATORES ASSOCIADOS AO CIBERABUSO NO NAMORO
ENTREESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
FACTORS ASSOCIATED WITH CYBER DATING ABUSE AMONG
UNIVERSITYSTUDENTS
Maria Augusta Tavares Sanches1, Genta Kulari2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2025 PP. 1933
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XXI.1.2
Submited on 23/12/2024 Submetido a 23/12/2024
Accepted on 04/04/2025 Aceite a 04/04/2025
Resumo
Contexto: O ciberabuso no namoro tem-se tornado um problema significativo entre estudan-
tes universitários, despertando o interesse de investigadores. Objetivos: O objetivo deste estudo
foi analisar o efeito mediador das quatro dimensões de ciberabuso no namoro (agressão direta
da vítima/perpetrador e controlo da vítima/perpetrador) na relação entre o estilo de vinculação
preocupado e os sintomas de depressão, entre estudantes universitários portugueses. Método:
O presente estudo seguiu um desenho transversal, composto por 302 participantes com idade
média de 23.2 anos. Resultados: Os resultados deste estudo mostraram que as mulheres apresen-
taram níveis mais elevados de sintomas de depressão por comparação aos homens. Em relação às
dimenes de ciberabuso, os homens apresentaram níveis significativamente mais elevados de
vitimização de ciberabuso por controlo. Os resultados demonstraram que as quatro dimenes
de ciberabuso no namoro (agressão direta da vítima/perpetrador e controlo da vítima/perpetra-
dor) desempenharam um papel mediador significativo na relação entre o estilo de vinculação
preocupante e os sintomas de depressão. Conclusões: Considerando a literatura atual sobre cibe-
rabuso no namoro, este estudo pode aumentar o nosso conhecimento deste complexo fenómeno
num novo contexto, promovendo estragias de proteção e apoio às suas vítimas.
Palavras-Chave: Ciberabuso no Namoro, vinculação preocupado, sintomas de depreso, estudantes
universitários.
1 Mestrado em Psicologia Clínica e de Aconselhamento, Departamento de Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, Por-
tugal. E-mail: maria.12.sanches@gmail.com
2 Professora Auxiliar e Investigadora Integrada no Departamento de Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal.
E-mail: gkulari@autonoma.pt ORCID: 0000-0003-4774-4632
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Maria Augusta Tavares Sanches, Genta Kulari
Abstract
Background: Increasingly, cyber dating abuse has become a predominant problem among
university students and has yielded interest among researchers. Objectives: We aimed to analyse
the mediating effect of cyber dating abuse dimensions (direct aggression victim/perpetrator,
control victim/perpetrator) in the relationship between preoccupied attachment style and
depressive symptoms among portuguese university students. Method: The present study
followed a cross-sectional design composed of 302 Portuguese university students attending
university with mean age of 23.2 years old. Results: The findings of this study showed that women
presented higher levels of depressive symptoms. Regarding cyber abuse dimensions, men showed
significantly higher levels of victim control when compared to women. Furthermore, results
indicated that the four dimensions of cyber dating abuse (victim and perpetrator agression and
victim and perpetrator control) played a significant mediating role in the relationship between
preoccupied attachment style and depressive symptoms. Conclusions: Considering the current
literature on cyber dating abuse, this study can be useful to provide a better understanding of
this opaque phenomenon while leading to reflection on intervention programs to assist victims.
KEYWORDS: Cyber Dating Abuse, preocupied attachment, depressive symptoms, university students.
Introdução
O espaço digital tornou-se um contexto particularmente apelativo para o estabelecimento
de novos relacionamentos amorosos (Caridade et al., 2019). No entanto, apesar das suas impli-
cações positivas na facilitação do processo de socialização, os efeitos negativos emergem com
freqncia na utilização quotidiana (Marcum et al., 2018). Uma possível explicação para estes
efeitos negativos é a ausência de inibições nos contextos online, resultante do anonimato e da
falta de limites (Van Baak et al., 2023). Um dos problemas crescentes entre os jovens adultos é
ociberabuso no namoro (Vakhitova et al., 2022). O ciberabuso no namoro constitui uma forma
de vitimização através do uso de tecnologia, caracterizando-se por comportamentos de controlo
e assédio exercidos pelo parceiro romântico (Zweig et al., 2014). Estes comportamentos incluem
controlo e vigincia drios por parte do parceiro ou ex-parceiro, publicação de comentários
ofensivos ou humilhantes, envio de e-mails ou mensagens com ameaças, e partilha de fotografias
sem consentimento (Phillips & Klest, 2024). A utilização de plataformas online por jovens adultos
em Portugal tem sido pouco estudada, embora Amaral et al. (2023) tenham identificado que 90%
dos jovens adultos utilizam essas plataformas diariamente, sendo que 1 em cada 3 já as utilizou
para fins de namoro (Amaral et al., 2022). O fenómeno do ciberabuso no namoro pode apresentar
uma prevalência bastante diversa. Uma revisão sistemática recente da literatura, que incluiu 16
estudos com um total de 14.235 participantes, revelou que 47% foram vítimas de ciberabuso no
namoro e, destes, 63% foram vítimas de comportamentos de controlo (Martínez-Soto e Ibabe,
2024). Além disso, Caridade et al. (2019), numa revisão sistetica de 40 estudos, incluindo resul-
tados de Portugal, encontraram que a prevalência do ciberabuso no namoro varia entre 8,1% e
93,7% no que respeita à perpetração, e entre 5,8% e 92% no que diz respeito à vitimização. Con-
siderando o crescimento acelerado destas plataformas, torna-se imperativo sensibilizar para os
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Fatores associados ao ciberabuso no namoro entreestudantes universitários
efeitos negativos do ciberabuso no namoro e compreender os fatores que podem atenuar estes
impactos.
A literatura tem demonstrado que ociberabuso no namoro pode ter consequências fisiológi-
cas e psicológicas, incluindo impactos negativos na saúde mental, como sintomatologia depres-
siva (Hinduja & Patchin, 2021), sentimentos de raiva e hostilidade (Zweig et al., 2014), e até risco
de suicídio (Lu et al., 2021). Por exemplo, Dardis et al. (2019) verificaram que o contacto excessivo
por meio de ciberabuso no namoro foi o preditor mais robusto de depressão, em comparação com
qualquer outra forma de violência no namoro. Sargent et al. (2016) corroboraram este resultado,
indicando que as vítimas de ciberabuso no namoro, em particular, apresentavam níveis mais
elevados de sintomas depressivos. Comportamentos como o envio de mensagens humilhantes e
ameaçadoras por parte do parceiro, ou até a divulgação de fotografias da vítima com conteúdo
humilhante para um público alargado (Van Baak et al., 2023), podem intensificar os sentimentos
de impotência e desespero das vítimas. Estas, sentindo-se incapazes de evitar a agressão online,
podem desenvolver sintomas depressivos (Toplu-Demirtaş et al., 2022). Recentemente, Portugal
foi classificado como o segundo país da Europa com a maior taxa de depressão, estimando-se
que 16,5% da população portuguesa sofra de sintomas depressivos, afetando particularmente
os estudantes universitários entre os 18 e os 34 anos (Moreira de Sousa et al., 2018). No entanto,
apesar do crescente interesse em estudar a prevalência do ciberabuso no namoro no contexto
português, existe uma escassez de estudos que analisam se a presença de ciberabuso no namoro
es relacionada com sintimas de depressão entre os estudantes universitários. Assim, o pre-
sente estudo tem como objetivo compreender se as vítimas ou os perpetradores de ciberabuso no
namoro apresentam maior propensão para manifestar sintomas depressivos.
Diferentes culturas e contextos sociais apresentam concepções distintas sobre as formas
aceitáveis de estabelecer relacionamentos (Hoenicka et al., 2022). Por exemplo, as culturas do
Mediterneo Ocidental, incluindo Portugal, caracterizam-se, em grande medida, por serem
sociedades tendencialmente coletivistas, onde a ligação com a figura parental desempenha
um papel essencial na vida adulta (Hoenicka et al., 2022). Com base nas observações iniciais de
Bowlby (1973) e Ainsworth (1978), é amplamente aceite que os indivíduos desenvolvem estilos
de vinculação relativamente estáveis a partir das interações com os cuidadores na infância, os
quais se prolongam nos relacionamentos românticos na vida adulta (Lancaster et al., 2020). Estu-
dos com populações não clínicas em diferentes culturas revelaram que cerca de 60% das pessoas
relatam possuir um estilo de vinculação seguro (Schmitt, 2008). Assim, indivíduos com vincula-
ção seguro tendem a apresentar baixos níveis de ansiedade, bem como melhor saúde mental e
funcionamento social (Lancaster et al., 2020).
As culturas mediternicas, no entanto, revelam uma prevalência mais elevada de estilo de
vinculação preocupado (Pace et al., 2016; Tereno et al., 2008), que é associado, com maior fre-
quência, à manifestação de sintomas depressivos (Mikulincer & Shaver, 2007). Além disso, estes
estilos de vinculação têm sido repetidamente associados à agressividade nas relações íntimas
(Bookwala, 2002; Henderson et al., 2005). Em particular, o estilo de vinculação preocupado tem
sido associado ao ciberabuso no namoro (Weisskirch & Delevi, 2011), bem como à prática de per-
seguição online (cyberstalking) (Strawhun et al., 2013). Tendo em conta a escassez de evidência
empírica sobre o ciberabuso no namoro e, consequentemente, sobre a sua relação com o estilo de
vinculação preocupada e a sintomas depressivos, a presente investigação propõe um modelo que
analisa o efeito indireto do ciberabuso no namoro entre as variáveis acima mencionadas. Além
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disso, este é o primeiro estudo a introduzir estas variáveis de forma simultânea, analisando o
efeito do ciberabuso no namoro entre estudantes universitários portugueses.
O presente estudo
O objetivo do presente estudo foi investigar a relação simultânea entre as dimensões do cibe-
rabuso no namoro, o estilo de vinculação preocupado, e os sintomas depressivos em estudantes
universitários portugueses. Adicionalmente, o estudo propôs um modelo que analisa o efeito
indireto do ciberabuso no namoro, tanto para vítimas como para perpetradores, na relação entre
os estilos de vinculação preocupado e os sintomas depressivos, conforme ilustrado na Figura 1.
Para tal, o estudo formulou as seguintes hipóteses:
H1: As dimensões de ciberabuso no namoro apresentam uma correlação positiva com
sintomas de depressão e vinculação preocupado entre estudantes universitários portu-
gueses.
H2: Existem diferenças estatisticamente significativa entre homens e mulheres na mani-
festação de ciberabuso no namoro, sintomas de depressão e vinculação preocupada entre
estudantes universitários portugueses.
H3: As dimensões de ciberabuso no namoro (agressão direta vitima/perpetrador e con-
trolo vitima/perpetrador) têm um efeito mediador na relação entre vinculação preocu-
pado e sintomas de depressão entre estudantes universitários portugueses.
FIGURA1
Modelo do estudo
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Fatores associados ao ciberabuso no namoro entreestudantes universitários
Método
Participantes e procedimento
Estudos estimam que entre 12% e 90% dos adolescentes e jovens adultos são vítimas de Cibe-
rabuso no Namoro (Caridade & Braga, 2020; Caridade et al., 2019). Dadas as elevadas taxas de
prevalência e as graves repercussões no bem-estar, torna-se fundamental investigar os fatores
que contribuem para esses comportamentos. O presente estudo adotou um delineamento trans-
versal e contou com a participação de 302 jovens adultos estudantes universitários portugueses,
recrutados online entre maio de 2022 e maio de 2023. Após a aprovação da comissão de ética
da Universidade Autónoma de Lisboa, o questionário foi distribuído online por meio das redes
sociais. Todos os questionários foram anônimos e continham um link direto para o termo de
consentimento informado. Nenhum questionário foi recolhido sem o consentimento prévio dos
participantes. Todos os direitos de privacidade foram rigorosamente respeitados.
Os critérios de inclusão contemplaram estudantes universitários com idades entre 18 e 35
anos que estivessem num relacionamento amoroso, pelo menos, seis meses. Os participantes
responderam a um questionário com duração aproximada de 15 minutos, composto por duas
seções. A primeira incluía três instrumentos (Questionário de Ciberabuso no Namoro, Escala de
Depressão, Ansiedade e Estresse, e Questionário de Estilo de Relacionamento). A segunda seção
reunia dados sociodemogficos, como idade, sexo nacionalidade, tempo diário de uso da inter-
net. A amostra consiste em 244 mulheres (80,8%) e 58 homens (19,2%), com idades compreendidas
entre os 18 e os 30 anos (M = 23,2; DP = 2.513). Foi encontrada uma média de 5,9 horas por dia pas-
sadas online (DP= 3,706). Os dados sociodemográficos se encontram apresentados na Tabela 1.
TABELA1
Descrição dos fatores sociodemográficos
Itens M DP
Idade 23.2 2.513
Tempo online (Horas) 15.89 3.706
Género N %
Mulher 244 80.8
Homem 58 19.2
Nacionalidade
Portugal 238 78.8
Cabo Verde 28 9.3
Brasil 19 6.3
Angola 11 3.6
Outros 6 2
Uso de Internet
Redes Sociais 213 70.5
Chat 29 9.6
Youtube 27 8.9
Pesquisas 23 7.6
Outro 10 3.3
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Instrumentos
Questionário sobre Ciberabuso no Namoro (CibAN; Caridade & Braga, 2020). O CibAN pre-
tende avaliar o ciberabuso ocorrido no âmbito das relações de namoro, investigando-se a reci-
procidade do mesmo (em termos de vitimização e perpetração). Trata-se de uma medida de
autorrelato constituída por 40 itens sendo que 20 itens se destinam a avaliar o indicador de viti-
mização (O/a meu/minha parceiro/a ou ex-parceiro/a já escreveu um comentário numa rede social
para me insultar ou humilhar.”) e outros 20 possibilitam estimar o indicador de perpetração (“Eu
já escrevi um comentário numa rede social para insultar ou humilhar o/a meu/minha parceiro/a ou
ex-parceiro/a.”). O sistema de resposta aos 20 itens é realizado com recurso a uma escala de tipo
Likert de 6 pontos (1 = “Nunca” e 6 = “Muitas vezes: mais de 20 vezes”). Os fatores que integram
o instrumento revelaram possuir boa fiabilidade, nos fatores de vitimização, na agressão direta
obteve-se um alfa de Cronbach de .86 e o controlo de perpetração apresentou uma consistência
interna de .91. Relativamente à perpetração, obtiveram-se alfa de Cronbach de .89 e .84 no fator
agressão direta da vítima.
OQuestionário de Estilo de Relacionamento (RSQ; Griffin e Bartholomew, 1994)é composto
por 30 afirmações curtas, avaliadas numa escala de Likert de 5 pontos, que varia de 1 (discordo
totalmente) a 5 (concordo totalmente). Os itens 6, 9 e 28 têm pontuação invertida. Esses itens
agrupam-se em estilos de vinculação seguro, amedrontado, preocupado e desinvestido, com-
postos por quatro itens, cujas pontuações são obtidas por meio da média das respostas de cada
dimensão. A versão portuguesa do questionário foi traduzida e validada por Cardoso (2012). Para
o presente estudo, será avaliado apenas o estilo de vinculação preocupado. A escala utilizada
neste estudo apresentou um bom coeficiente de confiabilidade para dimensão de vinculação
preocupada .801.
Os sintomas depressivos foram avaliados por meio da Escala de Depressão, Ansiedade e
Estresse (DASS-21; Lovibond e Lovibond, 1995). A escala é composta por 21 itens que medem os
sintomas de depressão, ansiedade e estresse vivenciados na última semana. Os participantes
avaliam os itens em uma escala de Likert de 4 pontos, que varia de 1 (não se aplicou a mim de
forma alguma) a 4 (aplicou-se muito a mim, ou na maior parte do tempo). A escala apresenta
bons coeficientes de confiabilidade para cada uma das dimensões: .94 (escala de depressão), .87
(escala de ansiedade) e .81 (escala de estresse). Cada dimensão é composta por 7 itens. No pre-
sente estudo, será utilizada apenas a dimensão dos sintomas depressivos, que apresentou um alfa
de Cronbach de .927. O instrumento foi traduzido e validado para o português por Pais-Ribeiro
et al. (2004).
Análise Estatística
A análise estatística foi realizada com recurso ao Programa Statistical Package for Social
Sciences for Windows (IBM-SPSS versão 29). Foi realizada uma análise de correlação para exami-
nar a associação entre sintomas depressivos, estilo de vinculação preocupada e comportamentos
de ciberabuso no namoro. De modo a se proceder à diferença estatisticamente significativa entre
o género e as variáveis do estudo, aplicou-se o teste Mann- Whitney uma vez que o teste de nor-
malidade Kolmogoriv-Smirnov demonstrou que os dados não seguem uma distribuição normal
(p<.05). E por fim para a mediação das dimensões do ciberabuso no namoro na relação entre os
estilos de vinculação e sintomas de depressão foi utilizado o PROCESS (modelo 4) (Hayes, 2022).
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Resultados
A análise de correlação da amostra está apresentada na Tabela 2. Os sintomas depressivos
mostraram correlações positivas com as dimensões do ciberabuso no namoro em respetiva-
mente: vitimização por agressão direta (r = .314, p < 0,01), vitimização por controle (r = .299,
p<0,01), perpetração por agressão direta (r = .220, p < 0,01) e perpetração por controle (r = .227,
p < 0,01). Esses resultados indicam que os comportamentos de ciberabuso no namoro estão sig-
nificativamente correlacionados com os sintomas depressivos. Além disso, a depressão apresen-
tou correlação positiva com o estilo de vinculação preocupado (r = .332, p < 0,01). Os resultados
também revelaram que todas as dimenes do ciberabuso no namoro apresentaram correlação
significativa com o estilo de vinculação preocupado.
TABELA2
Correlação entre o estilo de vinculação preocupada, as dimensões do ciberabuso e sintomas de depressão
Variáveis 1 2 3 4 5
Sintomas de Depressão - - - - -
Agressão Direta da Vítima .314** - - - -
Agressão Direta do Perpetrador .220** .593** - - -
Controlo da Vítima .299** .674** .564** - -
Controlo do Perpetrador .227** .332** .511** .596** -
Vinculação Preocupado .332** .163** .142* .225** .386**
* p<.05, ** p<.01
A Tabela 3 apresenta as diferenças estatisticamente significativas entre o género e as variá-
veis do estudo. Os resultados revelaram que as mulheres apresentaram níveis estatisticamente
significados mais elevados de perceção de sintomas de depressão (M=157.42, p=.015, U=5631). Na
escala do ciberabuso no namoro, homens apresentaram níveis estatisticamente mais elevados de
vitimização por controlo (M=146.59, p = .039, U=5878.5). Não foi encontrada uma diferença signi-
ficativa entre homens e mulheres no estilo de vinculação preocupado.
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TABELA3
Diferenças entre homens e mulheres na perceção de sintomas de depressão, dimensões de ciberabuso no
namoro e estilo de vinculação preocupado
Variáveis M M U P
Mulher Homens
Sintomas de Depressão 157.42 126.59 5631 .015
Ciberabuso no Namoro Mulher Homens
Agressão Direta - Vítima 150.40 156.13 6807.5 .581
Agressão Direta - Perpetrador 149.90 158.22 6686 .446
Controlo - Vítima 146.59 172.15 5878.5 .039
Controlo - Perpetrador 153.51 143.03 6585 .397
Estilo de vinculação Mulher Homens
Vinculação Preocupado 155.24 135.78 6164 .125
Análise da Mediação
Os resultados apresentados na tabela 4 indicam que a vinculação preocupada tem um relacio-
namento estatisticamente significante com a agressão direta da vítima (β = .3213, p<.001). A vin-
culação preocupante explica 3% da variância de agressão direta da vítima (F(1,300)=8.1421, p<.001,
R²=.026). Os resultados indicaram um efeito positivo estatisticamente significante da agressão
direta da vítima na depressão (β=.3040, p<.001) e um efeito positivo estatisticamente significante
da vinculação preocupada na depressão (β=.6496, p<0.001). Assim, a agressão direta da vítima
e a vinculação preocupada explicam 18% da variância da depressão (F(2,299) = 32.8459, p<.001, R²
=.180). O efeito indireto direto da vinculação preocupado na depressão atras da agressão da
vítima foi significativo [b=.0962, (.0210, 1849)].
TABELA4
Mediação da agressão direta da vítima na relação entre vinculação preocupado e sintomas de depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95%
Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P Agressão Direta – Vítima (a) .3213 .1126 2.8534 .005 .0997 .5428
Agressão Vítima Depressão (b) .3040 .0603 5.0372 <.0001 .1852 .4227
Vinculação Preocupado Depressão (c) .6496 .1193 5.4465 <.0001 .4149 .8843
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação Agressão Vítima Depressão (c’) .0962 .0420 .0210 .1849
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Os resultados na tabela 5 indicam que a vinculação preocupada tem um relacionamento esta-
tisticamente significante com a agressão direta do perpetrador (β = .1587, p<.001). A vinculação
preocupada explica 2% da variância da agressão direta do perpetrador (F(1,300) =6.1822, p<.001,
R² = .020). Os resultados indicaram um efeito positivo estatisticamente significante da agressão
direta do perpetrador na depressão (β=.3552, p<.001) e um efeito positivo estatisticamente signi-
ficante da vinculação preocupada na depressão (β= .6909, p<.001). Assim, a agressão direta do
perpetrador e a vinculação preocupada explicam 14% da variância da depressão (F(2,299) =24.5530,
p<.001, R² = .141). O efeito indireto direto da vinculação preocupado na depressão através da
agressão do perpetrador foi significativo [b=.0134, (.0265, 0467)].
TABELA5
Mediação da agressão direta do perpetrador na relação entre vinculação preocupado e sintomas de
depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95%
Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P Agressão Direta – Perpetrador (a) .1587 .0638 2.4864 .013 .0331 .2842
Agressão Perpetrador Depressão (b) .3552 .1090 3.2590 .001 .1407 .5696
Vinculação Preocupado Depressão (c) .6909 .1217 5.6776 <.0001 .4514 .9304
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação Agressão Perpetrador Depressão (c’) .0134 .0175 .0265 .0467
Os resultados na tabela 6 indicam que a vinculação preocupada tem um relacionamento esta-
tisticamente significante com o controlo da vítima (β = .7642, p<.001). A vinculação preocupante
explica 5% da variância do controlo da vítima (F(1,300) =15.9294, p<.001, R² = .050). Os resultados indi-
caram um efeito positivo estatisticamente significante do controlo da vítima na depressão (β=.1562,
p<.001) e um efeito positivo estatisticamente significante da vinculação preocupada na depressão
(β=.6279, p<.001). Assim, o controlo da vítima e a vinculação preocupada explicam 16% da variân-
cia da depressão (F(2,299) = 29.2619, p<.001, R² = .164). O efeito indireto direto da vinculação preocu-
pado na depressão através do controlo da vítima foi significativo [b=.0963, (.0256, .1957)].
TABELA6
Mediação do controlo da vítima na relação entre vinculação preocupado e sintomas de depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95%
Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P Controlo Vítima (a) .7642 .1915 3.9912 <.0001 .3874 1.1410
Controlo Vítima Depressão (b) .1562 .0358 4.3586 <.0001 .0857 .2267
Vinculação Preocupado Depressão (c) .6279 .1220 5.1477 <.0001 .3878 .8679
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação Controlo Vítima Depressão (c’) .0963 .0443 .0256 .1957
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Os resultados na tabela 7 indicam que a vinculação preocupada tem um relacionamento
estatisticamente significante com o controlo do perpetrador (β = .4563, p<.001). A vinculação
preocupante explica 4% da variância do controlo do perpetrador (F(1,300) =13.3019, p<.001, R² =
.043). Os resultados indicaram um efeito positivo estatisticamente significante do controlo do
perpetrador na depressão (β=.1682, p<0.001) e um efeito positivo estatisticamente significante
da vinculação preocupada na depressão (β=.6705, p<0.001). Assim, o controlo do perpetrador
e a vinculação preocupada explicam 14% da variância da depressão (F(2,299) = 23.7047, p<.001, R²
= .137). O efeito indireto direto da vinculação preocupado na depressão através do controlo da
vítima foi significativo [b=.0560, (.0126, .1119)].
TABELA7
Mediação do controlo do perpetrador na relação entre vinculação preocupado e sintomas de depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95% Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P® Controlo Perpetrador (a) .4563 .1251 3.6472 .0003 .2101 .7025
Controlo Perpetrador ® Depressão (b) .1682 .0557 3.0186 .0028 .0585 .2779
Vinculação Preocupado ® Depressão (c) .6705 .1234 5.4337 <.0001 .4277 .9133
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação ® Controlo Perpetrador ® Depressão (c’) .0560 .0257 .0126 .1119
Discussão
O modelo deste estudo teve como objetivo investigar a relação entre as dimensões do cibe-
rabuso no namoro tanto ao nível da vitimização como da perpetração, o estilo de vinculação
preocupado, e os sintomas depressivos entre estudantes universitários portugueses. Além disso
o estudo examinou o papel das dimensões do ciberabuso no namoro – vitimização e perpetração
– como mediadoras da relação entre as variáveis mencionadas.
O presente estudo revelou que os sintomas depressivos apresentaram uma correlação signi-
ficativa com comportamentos de ciberabuso no namoro, tanto na condição de vítima como de
perpetrador, corroborando os resultados de Toplu-Demirtaş et al. (2022) e Lancaster et al. (2020).
Em particular, a vitimização por ciberabuso no namoro está associada a uma probabilidade três
a cinco vezes superior de manifestar sintomas depressivos (Lancaster et al., 2020). Víllora et al.,
(2021) demonstraram que as características únicas do ciberabuso no namoro têm um potencial
mais elevado de causar sintomas depressivos do que as formas tradicionais de vitimização,
sobretudo quando se considera a facilidade e rapidez das tecnologias, o acesso a uma audiência
alargada e a impossibilidade de o agressor observar a reação imediata da vítima. No entanto, a
perceção do dano e a experiência subjetiva do ciberabuso no namoro podem ser condicionadas
pela natureza indireta deste tipo de abuso e pelo papel atenuado dos comportamentos românti-
cos promovidos pelos media e pelas normas sociais (Van Ouytsel et al., 2020). Adicionalmente, os
jovens adultos tendem a encarar estes comportamentos como desagradáveis, mas não abusivos
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Fatores associados ao ciberabuso no namoro entreestudantes universitários
(Van Ouytsel et al., 2020). Tal torna-se preocupante, sobretudo quando os jovens não têm cons-
ciência de estar a entrar numa relão ameaçadora e controladora.
O estudo revelou que o sexo feminino apresentou níveis estatisticamente mais elevados
de sintomas de depressão em comparação ao sexo masculino, resultados estes que corroboram
investigões anteriores (Moccia et al., 2020; Park et al., 2020). Relativamente às dimensões do
ciberabuso, os homens apresentaram maior sentimentos de controlo como vítimas de ciberabuso
no namoro. Na literatura, não existe ainda consenso em relação a esta variável: alguns estudos
verificam resultados semelhantes entre o sexo feminino e o masculino (Borrajo et al., 2015; Peskin
et al., 2017; Villora et al., 2019), outros identificam uma maior vitimização por parte do sexo femi-
nino (Peterson & Densley, 2017; Zweig et al., 2013). Independentemente disso, tanto homens como
mulheres poderão já ter experienciado comportamentos ciberabusivos como vítimas ou como
perpetradores nos seus relacionamentos íntimos.
Por fim, as dimenes do ciberabuso no namoro desempenharam um papel mediador signi-
ficativo na relação entre o estilo de vinculação preocupado e os sintomas depressivos. Tal como
explicado por Caridade et al., (2019), o ciberabuso no namoro pode manifestar-se sob a forma
de agressão direta ou de controlo, tanto por parte das vítimas como dos perpetradores. Devido
à ausência de interação presencial, os perpetradores conseguem controlar as suas vítimas inde-
pendentemente de barreiras geogficas, monitorizando constantemente os seus movimentos
(Zweig et al., 2014). Estes comportamentos têm um forte impacto nas vítimas, gerando sentimen-
tos de impotência e contribuindo para o desenvolvimento de sintomas depressivos. O ciberabuso
no namoro apresenta um pico preocupante de ocorrência entre os 18 e os 25 anos, período que
coincide com a entrada para a universidade (Johnson et al., 2014).
Os indivíduos com estilo de vinculação preocupada tendem a recorrer às tecnologias como
forma de obter confirmão e maior envolvimento por parte dos seus parceiros. Esta busca cons-
tante por validação, associada ao ciberabuso, pode levar a um aumento de sintomas depressivos.
Por outras palavras, estes resultados sustentam o papel mediador significativo do ciberabuso
no namoro. Além disso, estes resultados sustentam a noção de risco cumulativo e de exposi-
ção acrescida entre os estudantes universirios portugueses a múltiplos tipos de ciberabuso no
namoro e, consequentemente, a sintomas depressivos. Assim, considerando o papel que as tec-
nologias podem desempenhar no controlo e ameaça a um parceiro, é fundamental que os profis-
sionais de saúde mental estejam preparados para apoiar vítimas de ciberabuso no namoro, e que
os especialistas em tecnologia desenvolvam ferramentas que promovam uma utilização mais
segura e protegida das plataformas digitais.
Limitações e futuros estudos
Existem algumas limitações que devem ser consideradas ao interpretar estes resultados. Em
primeiro lugar, o desenho transversal do estudo implica que se deve ter cautela na interpreta-
ção das relações causais entre as variáveis. Assim, a implementação de estudos longitudinais
poderá permitir uma delimitação mais rigorosa das relações causais. Em segundo lugar, as esca-
las de autorrelato podem estar enviesadas por desejabilidade social, bem como pelas interpre-
tações subjetivas dos participantes sobre o significado dos itens. A utilização de uma aborda-
gem longitudinal poderá enviesar estas limitações em investigações futuras. Em terceiro lugar,
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os participantes do presente estudo constituíram uma amostra de conveniência, o que limita a
generalização dos resultados a outros grupos sociodemográficos. Estudos futuros poderão recor-
rer a métodos de amostragem alternativos de modo a reduzir possíveis enviesamentos e replicar
estas variáveis noutras populações, como adolescentes, indivíduos de diferentes nacionalidades,
entre outros. Em quarto lugar, investigações futuras poderão também alargar o presente estudo
considerando outros fatores relevantes, como o género, diferenças erias e o contexto cultural,
no desenvolvimento de um modelo mais abrangente que integre diferentes perspetivas teóricas.
Conclusão
O ciberabuso no namoro tem despertado o interesse de diversos investigadores devido às
implicações negativas que apresenta na vida dos estudantes universitários a nível pessoal quanto
social. Os estudos realizados a esta nova forma de agressão visam a uma melhor compreensão
sobre este recente fenómeno, para que se possam delinear medidas de intervenção e promoção
eficazes, de modo que esta nova forma de agressão entre jovens adultos não seja cada vez mais
normalizada. Neste sentido, este estudo apresenta um pequeno contributo nessa compreensão e
conhecer novos fatores associados a violência através da tecnologia.
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