Issue 1 | 1st January – 30th June 2025
Fascículo 1 | 1 de janeiro – 30 de junho 2025
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA
e-ISSN 2183-4806
FREE | GRATUITO
XXI
VOLUME
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA
e-ISSN 2183-4806
FREE | GRATUITO
Issue 1 | 1st January – 30th June 2025
Fascículo 1 | 1 de janeiro – 30 de junho 2025
XXI
VOLUME
PSIQUE | Volume XXI | Issue 1 | 1st January – 30th June 2025
Semiannual Publication. Scientic Journal of the Psychology Research Centre – CIP – from the Universidade Autónoma
de Lisboa – Luís de Camões.
PSIQUE is a scientic journal in Psychology published by the Psychology Research Centre of the
Universidade Autónoma de Lisboa.
Since 2005, PSIQUE has been publishing original papers in the scientic eld of Psychology, in its
several elds of specialization, in open access and free of charge.
From 2018, it is a semi-annual journal publication from 1st January to 30th June and from 1st July to
31st December.
Aims and Scope
It is particularly aimed at psychology researchers, lecturers and students but also at general readers
who are interested in this eld of science.
Psique publishes advances in basic or applied psychological research of relevance for understanding
and improving the human condition in the world. Contributions from all elds of psychology addressing
new developments with innovative approaches are encouraged. Articles that (a) integrate perspectives
from dierent areas within psychology; (b) study the roles of physical, social and cultural domains in
human psychological processes; or (c) include psychological perspectives from dierent regions in the
world are particularly welcomed.
The journal publishes papers in Portuguese, Spanish, French and English.
Directory: Repositório Cientíco de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).
Databases: Repositório Institucional da Universidade Autónoma de Lisboa (Camões).
Indexed by: Academic Search (EBSCO Publishers)
Fuente Academic (EBSCO Publishers).
PSIQUE | Volume XXI | Fascículo 1 | 1 de janeiro – 30 de junho 2025
Publicação semestral. Revista Cientíca do Centro de Investigação em Psicologia – CIP – da Universidade Autónoma
de Lisboa – Luís de Camões.
A Psique é uma revista cientíca em Psicologia, editada pelo Centro de Investigação em Psicologia da
Universidade Autónoma de Lisboa.
Desde 2005 publica artigos originais e comunicações na área cientíca da Psicologia, nos seus vários
domínios de especialização, de acesso livre e gratuito.
É um periódico semestral, a partir de 2018, com data de publicação de 1 de janeiro a 30 de junho e de
1 de julho a 31 de dezembro.
Âmbito e Objetivos
Dirige-se particularmente a investigadores, docentes e estudantes em Psicologia, mas também aos lei-
tores em geral que se interessem pelo conhecimento desta ciência.
A Psique publica avanços na investigação cientíca básica ou aplicada, em Psicologia, com relevância
para compreender e melhorar a condição humana no mundo. A Psique encoraja a submissão de con-
tribuições de todos os campos da Psicologia, produzindo novos desenvolvimentos cientícos, através
de abordagens inovadoras. Particularmente bem-vindos são os artigos que: (a) integram perspetivas de
diferentes áreas da Psicologia; (b) estudam o papel dos domínios físico, social e cultural nos processos
psicológicos humanos; ou (c) integram perspetivas psicológicas de diferentes regiões do mundo.
A revista aceita artigos em Português, Espanhol, Francês e Inglês.
Diretórios: Repositório Cientíco de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).
Base de Dados: Repositório Institucional da Universidade Autónoma de Lisboa (Camões).
Indexação: Academic Search (EBSCO Publishers)
Fuente Academic (EBSCO Publishers).
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XXI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2025
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DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.1
e-ISSN: 2183-4806
Title tulo: Psique
Site: https://cip.autonoma.pt/revista-psique/
Registration Status: Under Publishing Situação de Registo: Em Publicação
Format Suporte: Online
Periodicity: Semiannual Periodicidade: Semestral
Editor in Chief Director: Odete Nunes
Inscrição Inscription: 220129
Este trabalho é nanciado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia – no âmbito
doprojeto do CIP com a referência UIDB/04345/2020.
This work was funded by national funds through FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia – as part
the project CIP – Ref.ª: UIDB/04345/2020.
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XXI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2025
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XXI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2025
EDITOR IN CHIEF DIRECTOR
Odete Nunes Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
ASSOCIATE EDITORS COEDITORES
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José Magalhães
Luísa Ribeiro
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Rute Brites
Sandra Figueiredo
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
EDITORIAL BOARD CONSELHO EDITORIAL
Alexandra Gomes
Ana Antunes
Ana Gomes
Anne-Marie Vonthron
Aristides Ferreira
Carla Moleiro
Célia Oliveira
Daniel Roque Gomes
David Rodrigues
Dulce Pires
Edlia Alves Simões
Filomena Matos
Florence Sordes–Ader
Gina C. Lemos
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Isabel Mesquita
Isabel Silva
João Viseu
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José Eusébio Pacheco
Liliana Faria
Luis Sérgio Vieira
Magda Soa Roberto
Manuel Sommer
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Miguel Ángel Garcia-Martin
Miguel Pereira Lopes
Monique K. LeBourgeois
Odete Nunes
Patrícia Jardim de Palma
Pedro Armelim Almiro
Pedro Duarte
Ricardo B. Rodrigues
Rosa Novo
Rui Costa Lopes
Saul Neves de Jesus
Sílvia Araújo
Tito Laneiro
Vera Engler Cury
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade da Madeira, Portugal
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Univerité Paris Ouest-Nanterre, França
ISCTE, Lisboa, Portugal
ISCTE, Lisboa, Portugal
Universidade Lusófona Porto, Portugal
Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal
ISCTE, Lisboa, Portugal
I.Criap – Psicologia e Formação Avançada, Portugal
University of Saint Joseph (Macao), Macau
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade de Toulouse, França
Instituto Politécnico de Setúbal / Escola Superior de Educação
Universidade Europeia, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
ISEG – Universidade Técnica de Lisboa, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade Europeia, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade da Beira Interior, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade de Lyon II, França
Instituto Universitário de Lisboa, Portugal
Universidad de Málaga, Espanha
ISCSP – Universidade de Lisboa, Portugal
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Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
ISCSP – Universidade Técnica de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidad Veracruzana, México
Instituto Universitário de Lisboa, Portugal
Universidade de Lisboa, Portugal
ICS – Universidade de Lisboa, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade do Minho, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil
ASSISTANT EDITORS EDITORES ASSISTENTES
Afonso Herédia
Andreia Bandeira
Filipa Inácio
Francisco Castro
Ana Jarmela
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
TRANSLATION TRADUÇÃO
Carolina Peralta Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
DESIGN COMPOSIÇÃO GRÁFICA
Undo
WEBSITE SITE
Undo
IT DEVELOPMENT DESENVOLVIMENTO INFORMÁTICO
Anselmo Silveira Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
TABLE OF CONTENTS ÍNDICE
Nota Editorial
Sandra Figueiredo 7
A silver lining: age, friends and loneliness among portuguese university students
Genta Kulari, Luísa Ribeiro 19
Fatores associados ao ciberabuso no namoro entreestudantes universitários
Factors associated with cyber dating abuse among universitystudents
Maria Augusta Tavares Sanches, Genta Kulari 34
A psicodimica do vício em heroína: o caso trágico da supermodelo Gia Carangi
The psychodynamics of heroin addiction: the tragic case of supermodel Gia Carangi
La psicodinámica de la adicción a la heroína: el trágico caso de la supermodelo Gia Carangi
Beatriz Silva 49
Uma procura de sentido para a crise: umaperspetivahumanista
A search for meaning in the crisis: a humanist perspective
Filipa Inácio, Odete Nunes, João Hipólito 56
Author Instructions
Instruções aos Autores 60
Reviewers instructions
Instruções aos Revisores 65
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XXI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2025
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NOTA EDITORIAL
Este número apresenta uma linha consonante com a missão da Revista Psique, ou seja, ofe-
rece um contributo diferenciado na Psicologia, visando abranger as suas diversas várias áreas
com o suporte da evidência científica. Também mantendo, bem ilustrada, a defesa de uma cul-
tura científica de publicação apoiada na equidade, na inovação e na relação interinstitucional.
Os artigos que integram o presente número focam desafios atuais, por um lado através do
exame de estudos transversais de investigação em população universitária, especificamente no
que concerne à solidão e ao ciberabuso no namoro. Por outro lado, através de estudos de metodo-
logia qualitativa no que respeita à psicodimica relacionada com adições e comportamentos de
dependência química. Por fim, a psicoterapia centrada no cliente é evocada, enquanto aborda-
gem humanista, na alise de cnicas da procura do sentido em períodos de desenvolvimento
humano e de crise. Os quatro artigos, em conjunto, apesar da sua diversidade temática e de apli-
cação, apresentam um corpus de conhecimento facilitador de estratégias de apoio dirigidas e
de identificação de fatores de proteção em contextos de vivência e de dificuldade sobretudo de
jovens adultos.
Apresenta-se, então, a Psique como um reforço vital da investigação do Centro de Investiga-
ção em Psicologia (CIP) do Departamento de Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa Luís
de Caes, integrado como pólo do Centro Universirio de Investigação em Psicologia (CUIP).
E, mantendo-se numa linha contínua de publicação de trabalhos que são revistos, examinados
e aceites perante o julgamento executado por uma equipa especializada, em Psicologia. Assim,
merece um forte louvor ser dirigido aos autores, aos revisores, e à Direção Editorial da revista
indexada. Os artigos cumprem as regras da indexação da Psique, bem como se alinham com os
princípios da Declaração de Helsínquia.
Espera-se, com este número e os demais, um diálogo propício entre a academia e os profis-
sionais de várias áreas relacionadas com a Psicologia. A Psique congratula-se pelo seu percurso
exímio e ascendente, bem como pelo apelo que responsabiliza investigadores e jovens autores
nas ciências sociais (e nas ciências da vida e do comportamento).
Sandra Figueiredo
(Co-editor)
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A SILVER LINING: AGE, FRIENDS AND LONELINESS AMONG
PORTUGUESE UNIVERSITY STUDENTS
Genta Kulari1, Luísa Ribeiro2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2025 PP. 818
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XXI.1.1
Submited on 27/11/2024 Submetido a 27/11/2024
Accepted on 17/03/2025 Aceite a 17/03/2025
Objective: Evidence suggests that loneliness among students is becoming a public health
concern. Meanwhile, friends support is salient during times of intense social changes and
transition to adulthood, protecting individuals against loneliness. Friends support as a source of
social support and age differences among university students, are putted through a magnifying
glass to analyse the effect it has on loneliness.
Method: The sample consisted of 121 university students (age range 1860; 78,3% female)
attending private university in Lisbon. The present study had a cross-sectional design administering
the sociodemographic questionnaire, UCLA Loneliness Scale, and Multidimensional Scale of
Perceived Social Support.
Results: The results of the study found that age and friends support explained 37.4% of
variance of loneliness indicating that students who receive higher support from friends had
lower levels of loneliness compared to others with lower friends’ support. Furthermore, younger
students predicted higher levels of loneliness compared to older students.
Conclusions: To best of our knowledge this is the first study in Portugal to encompass a
variety of age group university students analysing the perception of loneliness, as the mainstream
of literature focuses on elderly population.
Keywords: Loneliness, friends social support, university students, age differences
Introduction
The transition to university coincides with a critical developmental period for students,
characterized by individuation and separation from family, development of new social
connections, and increased autonomy and responsibility (Marchini et al., 2020). However, the
stringent measures brought about by the COVID-19 pandemic heavily interfered with students
adaptation to university, particularly affecting those who first enrolled in those academic years
1 Assistant Professor and Researcher at the Department of Psychology at the Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal.
E-mail: gkulari@autonoma.pt ORCID: 0000-0003-4774-4632
2 Assistant Professor and Researcher at the Department of Psychology at the Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal.
E-mail: mribeiro@autonoma.pt ORCID: 0000-0003-4028-3642
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Genta Kulari, Luísa Ribeiro
(Heuman et al., 2023). Universities, and their students, are now facing the repercussions of
distant learning. Thus, students seem to be experiencing what Turkle (2010) described as they
are all alone together” (p.1). Recent studies are warning universities about increase perception
of loneliness among university students and their struggle to build connections with their
peers and colleagues (Kaufmann & Vallade, 2020). Furthermore, Portuguese General Directory
of Higher Education (GDHE, 2022) in annual statistics found that during 2020-2021 academic
year, one in four students (24.4%) enrolled in a university in Portugal dropped out during the
first semester. Considering that loneliness is becoming a near-epidemic concern in the Western
countries (Cacioppo & Cacioppo, 2018), it is imperative undercovering factors that can protect
students from loneliness.
Literature review
Loneliness and age among university students
Loneliness is the subjective feeling people experience when they feel less socially connected
to others than they desire (Peplau & Perlman, 1982). Researchers typically associated the high
prevalence of loneliness to the ongoing changes in adult life such as maintaining long-term
relationships, parenthood, employment, economic security, living alone, and establishing
significant social roles (Gomboc et al., 2022; Shovestul et al., 2020). It is a commonly held belief
that loneliness is particularly prevalent among older people, but research does not support that
proposition (Barreto et al., 2021). For example, a large body of literature has shown that loneliness
is not just restricted to old age but varies considerably throughout the lifespan (Hawkley &
Caccioppo, 2007: Luhmann & Hawkley, 2016).
Specifically, data on the trajectory of loneliness suggests that it tends to rise in young
adulthood and decline through middle adulthood before gradually increasing in the very elderly
years (Pinkquart & Sorensen, 2003; Qualter et al., 2015; Surkalim et al., 2022). Herein, studies
have shown a U-shaped curve in which young adults and older people report more perceived
loneliness than those in middle age (Lasgaard et al., 2016; Victor & Yang, 2012). However, previous
literature has focused on selective age groups i.e., exclusively adolescents or elderly cohorts,
rather than the entire lifespan, making it difficult to determine age differences across studies
(Shovestul et al., 2020). A recent systematic literature review on loneliness highlighted the urge
for more inclusive studies with young adults, compared with older adults (Surkalim et al., 2022).
Literature regarding loneliness among university students, is still a novel field of research in
Portugal. Moreover, to best of our knowledge this is the first study in Portugal to encompass a
variety of ages university students addressing protecting factors of loneliness.
Perceived social support and loneliness among university students
Studies have raised warning on the impact of loneliness in health such as bodily pain, shortness
of breath, troubles of sleep, and poor perception of health (Zhang & Dong, 2022). In particular,
research with students has examined differences in social skills (e.g. empathy, social anxiety),
resources (e.g. time, money, transportation, etc.), cohabitation as well as perceived social support
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A silver lining: age, friends and loneliness among portuguese university students
as main factors impacting heavily on the perception of loneliness (Zhang & Dong, 2022). Zimet
et al., (1988) introduced for the first time three distinct sources of social support: family, friends,
and significant others. Particularly, among university students, Jackson et al. (2000) found that
low levels of social support from friends during the middle of the semester were predictive of
later feelings of loneliness at the end of the same semester. As an important indicator of social
relationship, social support is considered a significant factor that could effectively alleviate
loneliness (Zhang & Dong, 2022).
The close and supportive relationship with friends have a positive role improving academic
performance, dealing with life problems, improving general adaptiveness, developing physical
and psychological wellbeing (Sadoughi & Hasempour, 2017). The reverse may cause anxiety in
social relationships and sensitivity to rejection (Xu et al., 2020). Furthermore, support from friends
has been found to reduce the impact on psychological problems among students (Zhang & Dong,
2022). Thus, perceived support from friends and peers is likely to be of particular benefit for
students’ interaction adjustment (Suwinyattichaiporn & Johnson, 2022). Students that establish
supportive connections at university, including with peer and faculty members, are more likely
to persist and succeed academically (Dennis et al., 2005). Differently, students who are lonelier
in their academic years, are more likely to be isolated, less connected to peers, and have poorer
overall adjustment to university life (Dennis et al., 2005; Suwinyattichaiporn & Johnson, 2022).
Additionally, it is very important to shed light on this specific source of perceived social
support that contribute to loneliness. A recent systematic review of 177 articles in English and
Chinese found that, research is scant examining the differential associations of varying sources
of social support on the impact of loneliness, thereby warranting exploration (Zhang & Dong,
2022). Moreover, results from the limited literature are contradictory, challenging the possibility
to compare studies among different populations and age groups. For example, Henninger IV et
al. (2016) found that social support from friends and significant others was the largest predictor
of loneliness. Another study with university students in India, found that there was no difference
among the three sources of social support on loneliness (Suri & Garg, 2020). Yet another study
among university students found that only the friendssupport buffered the association between
stress and loneliness, indicating that students with higher levels of support from friends, have
lower level of loneliness and stress (Lee & Goldstein, 2016). Therefore, the present study addresses
this gap by examining university studentsperception of friends as a source of social support
alongside with age differences impacting loneliness.
Age and loneliness among university students
Transition to young adulthood makes university students particularly vulnerable to feelings
of loneliness (Gomboc et al., 2022). This may be related to developmental-specific risk factors,
such as moving away from home and their local community, and re-establishing new social
networks. Surprisingly, the epidemiology of loneliness in young people has received scant
attention in Portugal. However, evidence indicate that first year students are more vulnerable
to loneliness compared to other students (Wazni et al., 2021) Hence, if loneliness is limited to,
or peak at the actual transition from moving away from home, a decline in loneliness over time
should be expected among senior students. Moreover, Portugal is facing an increase in number of
students with more of 23 years old, which correspond to 28.9% of all students (Santos et al., 2016).
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Genta Kulari, Luísa Ribeiro
These students usually correspond to individuals who dropped out university and return after a
long-time gap, or individuals with no previous higher education experience. While attention is
provided in the recent years to traditional age students, enrolling to university immediately after
the secondary education, little is known about students of different age groups, and how does
age impacts loneliness among these students.
Present study
Using a representative and diverse age group sample of university students, the purpose of
the present study is to extend the current research on social support from friends by examining
its associations with loneliness. As evidenced from various studies, friends as a source of social
support has an important impact during the university path (Mallika Appuhamilage & Torri,
2019). Age differences regarding loneliness is also explored in this study. Considering the
elevated number of students dropping out of university, interruptions or failure in academic
accomplishments may be attributed in part to stress-related problems and/or struggles in social
relationships that many university students experience, such as loneliness (Lee & Goldstain,
2016; Romero et al., 2023). Thus, in order to promote success in university and social adjustment
in university life, it is both essential and urgent to examine whether friends as a source of social
support might help alleviate studentsfeelings of loneliness and if so, whether the age differences
might impact their university experience. Based on the research discussed above, the goal of our
study is twofold. The present study proposed the following research questions:
What is the effect of social support from friends buffering the perception of loneliness among
university students?
What is the students age groups effect on loneliness among university students?
Method
Procedure and Participants
After receiving approval from Universidade Autónoma de Lisboa Ethical Commission of, a
cross-sections design study was administered to undergraduate and master’s students. Data was
collected in person during the month of January 2023. Participants were recruited individually
in their classes and the surveys were conducted in their classrooms. Informed consent was taken
prior to participation and confidentiality of all participants was ensured. The inclusion criteria
included university students with more than 18 years of age, who are enrolled in the private
university and attending their full-time studies. The survey was composed of two phases.
Initially the participants were introduced with two instruments, the loneliness scale (UCLA,
Russell, 1996) and the Multidimensional Scale of Perceived Social Support (MSPSS; Zimet et al.,
1988) as well as some sociodemographic questions including: sex, age, civil status, and number
of cohabitants in the house. Collected data was analysed using IBM SPSS. The sample consisted
of 121 university students from the psychology department.
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A silver lining: age, friends and loneliness among portuguese university students
Instruments
Perceived Social Support: Sources of social support were measured by the Multidimensional
Scale of Perceived Social Support (MSPSS; Zimet et al., 1988), which consists of 12 items assessing
three particular sources of social support: family, friends and romantic partners (four items per
source of support). Zimet et al. (1988) used undergraduate university students in their study,
reporting coefficient alphas of .87, .85, and .91 for the support subscales of family, friends, and
romantic partners, respectively. The respondents indicated to what extent they agreed with each
statement using a 7-poing scale (1=strongly disagree, 7= strongly agree). In this study we are
going to use the perceived social support from friendsdimension. Sample items include, “I can
count on my o friends when things go wrong” (support from friends). The Portuguese version of
the instrument was validated with the same sample as the original one (Carvalho et al., 2011).
The validated instrument reported Cronbach alpha of .94 for the scale and .93, for friendssource.
Loneliness: Loneliness was evaluated by the 20-item UCLA Loneliness Scale (UCLA; Russell,
1996). Participants rated how often they felt the way described in each of the statements (1 =
never, 2 = rarely, 3 = sometimes, 4 = often). Sample statements are “I feel isolated from othersand
“I lack companionship.Mean scores were calculated so that higher scores signify higher levels
of loneliness. Russell (1996) reported a coefficient alpha of .94 for the scale’s internal consistency
and provided evidence of its construct validity via positive correlation with measures of health
and well-being in a sample of university students, nurses, teachers, and elderly. The Cronbach’s
of the validated versions of the instrument in Portuguese was .90 (Pocinho et al., 2005).
Age of students: Age was collected by asking the participants to write their chronological
age in the sociodemographic questionnaire that further included information in relation to sex,
marital status, academic background, and number of people they cohabitated.
Statistical Analysis
Data were processed and analysed using the Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS) 29.0 for Windows. Descriptive statistics and reliability estimates were computed
for all the study variables. Pearson correlation analysis was conducted to examine the
association among study variables, and linear regression was used to measure the effect of social
support from friends and age on loneliness.
Results
Respondents profile
The majority of the participants were women (n = 94; 78.3%) and 26 men (21.7%). Only one
participant selected the option I prefer not to say” (0.8%). All participants were students enrolled
in the faculty of psychology where 71 (58.7%) attending their Master’s degree and 50 (41.30%)
attending their Bachelor’s degree. The age range varied from 18 to 60 years old, with a mean
of 32.20 (SD = 12.11). A total of 18 (14.9%) participants did not report their age. Table 1 presents
the variation of age groups in this sample. Moreover, results showed that young adults (age
equal or older than 35 years) represented over half of the sample (n = 64; 63.1%). In regard to the
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Genta Kulari, Luísa Ribeiro
marital status, the majority of participants were single (n = 77, 65.3%). Almost 30% of our sample
cohabitated with one person (n = 30, 24.4%). Around one fourth of the participants cohabitated
with two people (n = 27, 22%), and another fourth cohabitated with equal or more than 3 people
(n = 57, 47.1%).
TABLE1
Socio-demographic data
Items N %
Sex
Female 93 75.6
Male 27 21.1
Prefer not to say 1 0.8
Age Group
< 25 years old 42 34.7
26 – 35 years old 23 19
36 – 45 years old 22 18.18
> 46 years old 34 28.12
Marital Status
Single 77 65.3
Married 22 17.9
Education
Bachelor’s degree 50 41.3
Master’s Degree 71 58.7
Divorced 7 5.7
Non-marital partnership 12 9.7
Residential status
Living alone 7 5.7
Living with 1 other person 30 24.4
Living with 2 other people 27 22.0
Living with 3 other people 26 21.1
Living with more other people 31 25.61
Correlations
Correlation analysis for the sample is reported in Table 2. Loneliness was negatively
correlated with social support from friends (r=.556; p<0.001) and negatively correlated with
age (r=-.212; p<0.05). Therefore, higher levels of support from friends indicated lower levels of
loneliness among university students in our sample. Similarly, higher levels of loneliness were
detected among younger participants in this study. However, no significant correlation was
found between social support from friends and age of the students.
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A silver lining: age, friends and loneliness among portuguese university students
TABLE2
Mean, standard deviation, correlations among study variables
Variables M SD 1 2
Loneliness 1.96 .559 - -
Social Support from friends 5.70 1.237 -.556** -
Age 32.20 12.11 -.212* -.055
Note: *p<0.05, ** p<0.001
Regression results
Linear regression was performed to analyse the impact of perceived social support from
friends and age on loneliness among university students. Table 3 shows that to explain loneliness,
perceived social support from friends and age are relevant as they indicate significant values.
Therefore, when perceived social support from friends increases by one-point, parental stress
decreases by -.579 points. The proposed model was significant F(2,101) = 30.800, p<0.001.
Perceived social support from friends and age of students explained 37.9% of the variance of
loneliness (R2 adjusted). The Durbin-Watson test statistics in our study is lower than two, showing
error independence (DW = 2.141). Errors have an average of zero. Age and social support from
friends (independent variables) are independent of each other as indicated by the value of VIF =
1.003 (≥5) and Tolerance = .997 (≥0.2).
TABLE3
Summary of regression analysis for predicting the effect of perceived social support from friends and age of
students on loneliness
95% IC for B
Predictors B Inferior Superior S.E. b p
Social Support from Friends -.275 -.349 -.201 .037 -.579 .000
Age -.011 -.018 -.004 .004 -.244 .000
R2 = .379; F = 30.800; N = 121
Discussion
The current study extends research on the role of friendssocial support and age in association
to loneliness among university students between 18 and 60 years old. First, the results indicate
that students who receive less social support from friends perceive higher levels of loneliness.
This pattern of findings supports our research question, which predicted that support from
friends would impact of loneliness. Prior research corroborates these findings (Kulari, 2024; Lee
& Goldstein, 2016). Loneliness reflects a subjective feeling or disconnectedness which is often
characterized as a discrepancy between desired and actual social relationships (Perplau &
Perlman, 1982).
15
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Genta Kulari, Luísa Ribeiro
Therefore, our study adds to literature suggesting that the function of social support from
friends can buffer the effects of loneliness. This could have occurred for a number of reasons:
for example, perhaps friendships were more emotionally intimate and longer lasting compared
to other sources (Suwinyattichaiporn & Johnson, 2022). Although the current data do not allow
for this particular of follow-up inquiry, it will be interesting for future research to explore these
issues in greater detail. The current findings are consistent with the life course perspective which
places individuals relationships and their meaning within a developmental context (Hawkley
& Caccioppo, 2007: Luhmann & Hawkley, 2016). As an individual moves from adolescence
and transition to adulthood, support from friends and peers may be particularly effective in
enhancing their social abilities (Sadoughi & Hasempour, 2017). This knowledge is essential, as
the university years are often characterized by considerable relationship transitions (Zhang &
Dong, 2022).
An additional key finding of the current study is understanding age differences in perception
of loneliness. Literature has shown a U-shaped line of loneliness among different age groups
(Viktor & Young, 2012). Therefore, the results of the present study indicated that younger students
have a higher level of loneliness compared to older individuals. However, literature is scarce
when compared among a variety of age groups and in particular university students. This is
a notable contribution to the literature, and is consistent with previous literature regarding
age differences and the experiences of loneliness. For example, Lee and Goldstain (2016) have
pointed out that younger adults experience more changes in life and adaptation, indicating a
higher level of loneliness. Similarly, research indicated that younger adults strive for peer
relationships as a source of protection toward loneliness (Barreto et al., 2021). Thus, even though
a friend’s relationships are very important, perhaps an increased emphasis on relationships puts
them at risk for an increased discrepancy between desired and achieved social relationship,
therefore intensifying their vulnerability to loneliness. Although this was not analysed in the
present study, would be imperative to explore these issues in future research.
Limitations
Despite the strength of the study, there are several limitations that should be noted. First,
sample size consists of a little number of participants that doesn’t permit to generalize the
difference of age groups and the association among friends support and loneliness. Furthermore,
the study sample included students of only one university, to extent to which results generalize
to students of other type of universities and field of study is unclear. Second, this study was
cross-sectional in design. Thus, no casual inferences can be made. In other words, would be very
important to understand social support from friends not only as a predictor of loneliness but also
as an outcome. Finally, the current data do not allow for the specification of other social support
sources. Given the diversity of romantic relationship experience of university students, it will
be important for future research to assess whether romantic relationship experience buffers
loneliness.
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A silver lining: age, friends and loneliness among portuguese university students
Conclusion
Literature has consistently demonstrated varied associated effects of loneliness both in mental
(cognitive decline, dementia, depression, anxiety, substance abuse, suicidal ideation and suicide)
as well as physical health (cardiovascular diseases, diabetes, chronic pain, cancer, depressed
immune system, sleep deprivation), showing pervasive and deleterious effects in many aspects
of human health (Goldman et al., 2024; Pai, & Vella, 2022; McWhirter, 1990; Shovestul et al. 2020).
These findings emphasize the need for targeting prevention and intervention initiatives aiming
to alleviate loneliness among the population, including university students. As university years
are the most important time of social and relational transition, it is unclear how different age
group react to these new social relationships.
The current study expands on this research, and demonstrates that friendssocial support
during the years of academic studies buffers some of the negative effects of loneliness. Loneliness
may be at its lifetime peak during university years, since young adults (typical higher education
student) have usually high levels of loneliness (Lee & Goldstain, 2016; Viktor & Young, 2012).
Their strong need for friendssupport (Barreto et al., 2021) may be thwarted during university
years, especially if the student has to relocate. The present results call attention to the need for
friends relationship development and urges institutions to development of means of facilitating
this type of support during these transitional years.
Conflict of interest
The authors have no conflicts of interest to declare.
Funding
This research was conducted within the research centre CIP (Centro de Investigação em
Psicologia), which is funded by FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) through Project
UIDB/04345/2020.
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19
FATORES ASSOCIADOS AO CIBERABUSO NO NAMORO
ENTREESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
FACTORS ASSOCIATED WITH CYBER DATING ABUSE AMONG
UNIVERSITYSTUDENTS
Maria Augusta Tavares Sanches1, Genta Kulari2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2025 PP. 1933
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XXI.1.2
Submited on 23/12/2024 Submetido a 23/12/2024
Accepted on 04/04/2025 Aceite a 04/04/2025
Resumo
Contexto: O ciberabuso no namoro tem-se tornado um problema significativo entre estudan-
tes universitários, despertando o interesse de investigadores. Objetivos: O objetivo deste estudo
foi analisar o efeito mediador das quatro dimensões de ciberabuso no namoro (agressão direta
da vítima/perpetrador e controlo da vítima/perpetrador) na relação entre o estilo de vinculação
preocupado e os sintomas de depressão, entre estudantes universitários portugueses. Método:
O presente estudo seguiu um desenho transversal, composto por 302 participantes com idade
média de 23.2 anos. Resultados: Os resultados deste estudo mostraram que as mulheres apresen-
taram níveis mais elevados de sintomas de depressão por comparação aos homens. Em relação às
dimensões de ciberabuso, os homens apresentaram níveis significativamente mais elevados de
vitimização de ciberabuso por controlo. Os resultados demonstraram que as quatro dimensões
de ciberabuso no namoro (agressão direta da vítima/perpetrador e controlo da vítima/perpetra-
dor) desempenharam um papel mediador significativo na relação entre o estilo de vinculação
preocupante e os sintomas de depressão. Conclusões: Considerando a literatura atual sobre cibe-
rabuso no namoro, este estudo pode aumentar o nosso conhecimento deste complexo fenómeno
num novo contexto, promovendo estratégias de proteção e apoio às suas vítimas.
Palavras-Chave: Ciberabuso no Namoro, vinculação preocupado, sintomas de depreso, estudantes
universitários.
1 Mestrado em Psicologia Clínica e de Aconselhamento, Departamento de Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, Por-
tugal. E-mail: maria.12.sanches@gmail.com
2 Professora Auxiliar e Investigadora Integrada no Departamento de Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal.
E-mail: gkulari@autonoma.pt ORCID: 0000-0003-4774-4632
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Maria Augusta Tavares Sanches, Genta Kulari
Abstract
Background: Increasingly, cyber dating abuse has become a predominant problem among
university students and has yielded interest among researchers. Objectives: We aimed to analyse
the mediating effect of cyber dating abuse dimensions (direct aggression victim/perpetrator,
control victim/perpetrator) in the relationship between preoccupied attachment style and
depressive symptoms among portuguese university students. Method: The present study
followed a cross-sectional design composed of 302 Portuguese university students attending
university with mean age of 23.2 years old. Results: The findings of this study showed that women
presented higher levels of depressive symptoms. Regarding cyber abuse dimensions, men showed
significantly higher levels of victim control when compared to women. Furthermore, results
indicated that the four dimensions of cyber dating abuse (victim and perpetrator agression and
victim and perpetrator control) played a significant mediating role in the relationship between
preoccupied attachment style and depressive symptoms. Conclusions: Considering the current
literature on cyber dating abuse, this study can be useful to provide a better understanding of
this opaque phenomenon while leading to reflection on intervention programs to assist victims.
KEYWORDS: Cyber Dating Abuse, preocupied attachment, depressive symptoms, university students.
Introdução
O espaço digital tornou-se um contexto particularmente apelativo para o estabelecimento
de novos relacionamentos amorosos (Caridade et al., 2019). No entanto, apesar das suas impli-
cações positivas na facilitação do processo de socialização, os efeitos negativos emergem com
frequência na utilização quotidiana (Marcum et al., 2018). Uma possível explicação para estes
efeitos negativos é a ausência de inibições nos contextos online, resultante do anonimato e da
falta de limites (Van Baak et al., 2023). Um dos problemas crescentes entre os jovens adultos é
ociberabuso no namoro (Vakhitova et al., 2022). O ciberabuso no namoro constitui uma forma
de vitimização através do uso de tecnologia, caracterizando-se por comportamentos de controlo
e asdio exercidos pelo parceiro romântico (Zweig et al., 2014). Estes comportamentos incluem
controlo e vigilância diários por parte do parceiro ou ex-parceiro, publicação de comentários
ofensivos ou humilhantes, envio de e-mails ou mensagens com ameaças, e partilha de fotografias
sem consentimento (Phillips & Klest, 2024). A utilização de plataformas online por jovens adultos
em Portugal tem sido pouco estudada, embora Amaral et al. (2023) tenham identificado que 90%
dos jovens adultos utilizam essas plataformas diariamente, sendo que 1 em cada 3 já as utilizou
para fins de namoro (Amaral et al., 2022). O fenómeno do ciberabuso no namoro pode apresentar
uma prevalência bastante diversa. Uma revisão sistemática recente da literatura, que incluiu 16
estudos com um total de 14.235 participantes, revelou que 47% foram vítimas de ciberabuso no
namoro e, destes, 63% foram vítimas de comportamentos de controlo (Martínez-Soto e Ibabe,
2024). Am disso, Caridade et al. (2019), numa revisão sistemática de 40 estudos, incluindo resul-
tados de Portugal, encontraram que a prevalência do ciberabuso no namoro varia entre 8,1% e
93,7% no que respeita à perpetração, e entre 5,8% e 92% no que diz respeito à vitimização. Con-
siderando o crescimento acelerado destas plataformas, torna-se imperativo sensibilizar para os
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Fatores associados ao ciberabuso no namoro entreestudantes universitários
efeitos negativos do ciberabuso no namoro e compreender os fatores que podem atenuar estes
impactos.
A literatura tem demonstrado que ociberabuso no namoro pode ter consequências fisiológi-
cas e psicológicas, incluindo impactos negativos na saúde mental, como sintomatologia depres-
siva (Hinduja & Patchin, 2021), sentimentos de raiva e hostilidade (Zweig et al., 2014), e até risco
de suicídio (Lu et al., 2021). Por exemplo, Dardis et al. (2019) verificaram que o contacto excessivo
por meio de ciberabuso no namoro foi o preditor mais robusto de depressão, em comparação com
qualquer outra forma de violência no namoro. Sargent et al. (2016) corroboraram este resultado,
indicando que as vítimas de ciberabuso no namoro, em particular, apresentavam níveis mais
elevados de sintomas depressivos. Comportamentos como o envio de mensagens humilhantes e
ameaçadoras por parte do parceiro, ou até a divulgação de fotografias da vítima com conteúdo
humilhante para um público alargado (Van Baak et al., 2023), podem intensificar os sentimentos
de impotência e desespero das vítimas. Estas, sentindo-se incapazes de evitar a agressão online,
podem desenvolver sintomas depressivos (Toplu-Demirt et al., 2022). Recentemente, Portugal
foi classificado como o segundo país da Europa com a maior taxa de depressão, estimando-se
que 16,5% da população portuguesa sofra de sintomas depressivos, afetando particularmente
os estudantes universitários entre os 18 e os 34 anos (Moreira de Sousa et al., 2018). No entanto,
apesar do crescente interesse em estudar a prevalência do ciberabuso no namoro no contexto
português, existe uma escassez de estudos que analisam se a presença de ciberabuso no namoro
es relacionada com sintimas de depressão entre os estudantes universirios. Assim, o pre-
sente estudo tem como objetivo compreender se as vítimas ou os perpetradores de ciberabuso no
namoro apresentam maior propensão para manifestar sintomas depressivos.
Diferentes culturas e contextos sociais apresentam concepções distintas sobre as formas
aceitáveis de estabelecer relacionamentos (Hoenicka et al., 2022). Por exemplo, as culturas do
Mediterrâneo Ocidental, incluindo Portugal, caracterizam-se, em grande medida, por serem
sociedades tendencialmente coletivistas, onde a ligação com a figura parental desempenha
um papel essencial na vida adulta (Hoenicka et al., 2022). Com base nas observações iniciais de
Bowlby (1973) e Ainsworth (1978), é amplamente aceite que os indivíduos desenvolvem estilos
de vinculação relativamente estáveis a partir das interações com os cuidadores na infância, os
quais se prolongam nos relacionamentos ronticos na vida adulta (Lancaster et al., 2020). Estu-
dos com populações não clínicas em diferentes culturas revelaram que cerca de 60% das pessoas
relatam possuir um estilo de vinculação seguro (Schmitt, 2008). Assim, indivíduos com vincula-
ção seguro tendem a apresentar baixos níveis de ansiedade, bem como melhor saúde mental e
funcionamento social (Lancaster et al., 2020).
As culturas mediternicas, no entanto, revelam uma prevalência mais elevada de estilo de
vinculação preocupado (Pace et al., 2016; Tereno et al., 2008), que é associado, com maior fre-
quência, à manifestação de sintomas depressivos (Mikulincer & Shaver, 2007). Além disso, estes
estilos de vinculão têm sido repetidamente associados à agressividade nas relações íntimas
(Bookwala, 2002; Henderson et al., 2005). Em particular, o estilo de vinculação preocupado tem
sido associado ao ciberabuso no namoro (Weisskirch & Delevi, 2011), bem como à prática de per-
seguição online (cyberstalking) (Strawhun et al., 2013). Tendo em conta a escassez de evidência
empírica sobre o ciberabuso no namoro e, consequentemente, sobre a sua relação com o estilo de
vinculação preocupada e a sintomas depressivos, a presente investigação propõe um modelo que
analisa o efeito indireto do ciberabuso no namoro entre as variáveis acima mencionadas. Além
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Maria Augusta Tavares Sanches, Genta Kulari
disso, este é o primeiro estudo a introduzir estas variáveis de forma simultânea, analisando o
efeito do ciberabuso no namoro entre estudantes universitários portugueses.
O presente estudo
O objetivo do presente estudo foi investigar a relão simultânea entre as dimensões do cibe-
rabuso no namoro, o estilo de vinculação preocupado, e os sintomas depressivos em estudantes
universirios portugueses. Adicionalmente, o estudo propôs um modelo que analisa o efeito
indireto do ciberabuso no namoro, tanto paratimas como para perpetradores, na relação entre
os estilos de vinculação preocupado e os sintomas depressivos, conforme ilustrado na Figura 1.
Para tal, o estudo formulou as seguintes hipóteses:
H1: As dimensões de ciberabuso no namoro apresentam uma correlação positiva com
sintomas de depressão e vinculação preocupado entre estudantes universitários portu-
gueses.
H2: Existem diferenças estatisticamente significativa entre homens e mulheres na mani-
festação de ciberabuso no namoro, sintomas de depressão e vinculação preocupada entre
estudantes universitários portugueses.
H3: As dimenes de ciberabuso no namoro (agressão direta vitima/perpetrador e con-
trolo vitima/perpetrador) têm um efeito mediador na relão entre vinculação preocu-
pado e sintomas de depressão entre estudantes universitários portugueses.
FIGURA1
Modelo do estudo
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XXI • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2025 pp. 19-33
Fatores associados ao ciberabuso no namoro entreestudantes universitários
Método
Participantes e procedimento
Estudos estimam que entre 12% e 90% dos adolescentes e jovens adultos são vítimas de Cibe-
rabuso no Namoro (Caridade & Braga, 2020; Caridade et al., 2019). Dadas as elevadas taxas de
prevalência e as graves repercussões no bem-estar, torna-se fundamental investigar os fatores
que contribuem para esses comportamentos. O presente estudo adotou um delineamento trans-
versal e contou com a participação de 302 jovens adultos estudantes universitários portugueses,
recrutados online entre maio de 2022 e maio de 2023. Após a aprovação da comissão de ética
da Universidade Autónoma de Lisboa, o questionário foi distribuído online por meio das redes
sociais. Todos os questionários foram animos e continham um link direto para o termo de
consentimento informado. Nenhum questionário foi recolhido sem o consentimento prévio dos
participantes. Todos os direitos de privacidade foram rigorosamente respeitados.
Os critérios de inclusão contemplaram estudantes universirios com idades entre 18 e 35
anos que estivessem num relacionamento amoroso há, pelo menos, seis meses. Os participantes
responderam a um questionário com duração aproximada de 15 minutos, composto por duas
seções. A primeira incluía ts instrumentos (Questionário de Ciberabuso no Namoro, Escala de
Depressão, Ansiedade e Estresse, e Questionário de Estilo de Relacionamento). A segunda seção
reunia dados sociodemográficos, como idade, sexo nacionalidade, tempo diário de uso da inter-
net. A amostra consiste em 244 mulheres (80,8%) e 58 homens (19,2%), com idades compreendidas
entre os 18 e os 30 anos (M = 23,2; DP = 2.513). Foi encontrada umadia de 5,9 horas por dia pas-
sadas online (DP= 3,706). Os dados sociodemográficos se encontram apresentados na Tabela 1.
TABELA1
Descrição dos fatores sociodemográficos
Itens M DP
Idade 23.2 2.513
Tempo online (Horas) 15.89 3.706
Género N %
Mulher 244 80.8
Homem 58 19.2
Nacionalidade
Portugal 238 78.8
Cabo Verde 28 9.3
Brasil 19 6.3
Angola 11 3.6
Outros 6 2
Uso de Internet
Redes Sociais 213 70.5
Chat 29 9.6
Youtube 27 8.9
Pesquisas 23 7.6
Outro 10 3.3
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Instrumentos
Questionário sobre Ciberabuso no Namoro (CibAN; Caridade & Braga, 2020). O CibAN pre-
tende avaliar o ciberabuso ocorrido no âmbito das relações de namoro, investigando-se a reci-
procidade do mesmo (em termos de vitimização e perpetração). Trata-se de uma medida de
autorrelato constituída por 40 itens sendo que 20 itens se destinam a avaliar o indicador de viti-
mização (“O/a meu/minha parceiro/a ou ex-parceiro/a já escreveu um comentário numa rede social
para me insultar ou humilhar.”) e outros 20 possibilitam estimar o indicador de perpetração (Eu
já escrevi um comentário numa rede social para insultar ou humilhar o/a meu/minha parceiro/a ou
ex-parceiro/a.”). O sistema de resposta aos 20 itens é realizado com recurso a uma escala de tipo
Likert de 6 pontos (1 = “Nuncae 6 = “Muitas vezes: mais de 20 vezes”). Os fatores que integram
o instrumento revelaram possuir boa fiabilidade, nos fatores de vitimização, na agressão direta
obteve-se um alfa de Cronbach de .86 e o controlo de perpetração apresentou uma consistência
interna de .91. Relativamente à perpetração, obtiveram-se alfa de Cronbach de .89 e .84 no fator
agressão direta da vítima.
OQuestionário de Estilo de Relacionamento (RSQ; Griffin e Bartholomew, 1994)é composto
por 30 afirmações curtas, avaliadas numa escala de Likert de 5 pontos, que varia de 1 (discordo
totalmente) a 5 (concordo totalmente). Os itens 6, 9 e 28 m pontuação invertida. Esses itens
agrupam-se em estilos de vinculação seguro, amedrontado, preocupado e desinvestido, com-
postos por quatro itens, cujas pontuações são obtidas por meio da média das respostas de cada
dimensão. A versão portuguesa do questionário foi traduzida e validada por Cardoso (2012). Para
o presente estudo, será avaliado apenas o estilo de vinculação preocupado. A escala utilizada
neste estudo apresentou um bom coeficiente de confiabilidade para dimensão de vinculação
preocupada .801.
Os sintomas depressivos foram avaliados por meio da Escala de Depressão, Ansiedade e
Estresse (DASS-21; Lovibond e Lovibond, 1995). A escala é composta por 21 itens que medem os
sintomas de depressão, ansiedade e estresse vivenciados na última semana. Os participantes
avaliam os itens em uma escala de Likert de 4 pontos, que varia de 1 (não se aplicou a mim de
forma alguma) a 4 (aplicou-se muito a mim, ou na maior parte do tempo). A escala apresenta
bons coeficientes de confiabilidade para cada uma das dimenes: .94 (escala de depressão), .87
(escala de ansiedade) e .81 (escala de estresse). Cada dimensão é composta por 7 itens. No pre-
sente estudo, será utilizada apenas a dimensão dos sintomas depressivos, que apresentou um alfa
de Cronbach de .927. O instrumento foi traduzido e validado para o português por Pais-Ribeiro
et al. (2004).
Análise Estatística
A análise estatística foi realizada com recurso ao Programa Statistical Package for Social
Sciences for Windows (IBM-SPSS versão 29). Foi realizada uma análise de correlão para exami-
nar a associação entre sintomas depressivos, estilo de vinculação preocupada e comportamentos
de ciberabuso no namoro. De modo a se proceder à diferença estatisticamente significativa entre
o género e as variáveis do estudo, aplicou-se o teste Mann- Whitney uma vez que o teste de nor-
malidade Kolmogoriv-Smirnov demonstrou que os dados não seguem uma distribuão normal
(p<.05). E por fim para a mediação das dimensões do ciberabuso no namoro na relação entre os
estilos de vinculação e sintomas de depressão foi utilizado o PROCESS (modelo 4) (Hayes, 2022).
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Resultados
A análise de correlação da amostra está apresentada na Tabela 2. Os sintomas depressivos
mostraram correlações positivas com as dimenes do ciberabuso no namoro em respetiva-
mente: vitimização por agressão direta (r = .314, p < 0,01), vitimização por controle (r = .299,
p<0,01), perpetração por agressão direta (r = .220, p < 0,01) e perpetração por controle (r = .227,
p < 0,01). Esses resultados indicam que os comportamentos de ciberabuso no namoro estão sig-
nificativamente correlacionados com os sintomas depressivos. Além disso, a depressão apresen-
tou correlação positiva com o estilo de vinculação preocupado (r = .332, p < 0,01). Os resultados
também revelaram que todas as dimensões do ciberabuso no namoro apresentaram correlação
significativa com o estilo de vinculação preocupado.
TABELA2
Correlação entre o estilo de vinculação preocupada, as dimensões do ciberabuso e sintomas de depressão
Variáveis 1 2 3 4 5
Sintomas de Depressão - - - - -
Agressão Direta da Vítima .314** - - - -
Agressão Direta do Perpetrador .220** .593** - - -
Controlo da Vítima .299** .674** .564** - -
Controlo do Perpetrador .227** .332** .511** .596** -
Vinculação Preocupado .332** .163** .142* .225** .386**
* p<.05, ** p<.01
A Tabela 3 apresenta as diferenças estatisticamente significativas entre o nero e as variá-
veis do estudo. Os resultados revelaram que as mulheres apresentaram níveis estatisticamente
significados mais elevados de perceção de sintomas de depressão (M=157.42, p=.015, U=5631). Na
escala do ciberabuso no namoro, homens apresentaram níveis estatisticamente mais elevados de
vitimização por controlo (M=146.59, p = .039, U=5878.5). Não foi encontrada uma diferença signi-
ficativa entre homens e mulheres no estilo de vinculação preocupado.
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TABELA3
Diferenças entre homens e mulheres na perceção de sintomas de depressão, dimensões de ciberabuso no
namoro e estilo de vinculação preocupado
Variáveis M M U P
Mulher Homens
Sintomas de Depressão 157.42 126.59 5631 .015
Ciberabuso no Namoro Mulher Homens
Agressão Direta - Vítima 150.40 156.13 6807.5 .581
Agressão Direta - Perpetrador 149.90 158.22 6686 .446
Controlo - Vítima 146.59 172.15 5878.5 .039
Controlo - Perpetrador 153.51 143.03 6585 .397
Estilo de vinculação Mulher Homens
Vinculação Preocupado 155.24 135.78 6164 .125
Análise da Mediação
Os resultados apresentados na tabela 4 indicam que a vinculação preocupada tem um relacio-
namento estatisticamente significante com a agressão direta da vítima (β = .3213, p<.001). A vin-
culação preocupante explica 3% da variância de agressão direta da vítima (F(1,300)=8.1421, p<.001,
R²=.026). Os resultados indicaram um efeito positivo estatisticamente significante da agressão
direta da vítima na depressão (β=.3040, p<.001) e um efeito positivo estatisticamente significante
da vinculação preocupada na depressão (β=.6496, p<0.001). Assim, a agressão direta da vítima
e a vinculação preocupada explicam 18% da varncia da depressão (F(2,299) = 32.8459, p<.001, R²
=.180). O efeito indireto direto da vinculação preocupado na depressão através da agressão da
vítima foi significativo [b=.0962, (.0210, 1849)].
TABELA4
Mediação da agressão direta da vítima na relação entre vinculação preocupado e sintomas de depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95%
Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P Agressão Direta – Vítima (a) .3213 .1126 2.8534 .005 .0997 .5428
Agressão Vítima Depressão (b) .3040 .0603 5.0372 <.0001 .1852 .4227
Vinculação Preocupado Depressão (c) .6496 .1193 5.4465 <.0001 .4149 .8843
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação Agressão Vítima Depressão (c’) .0962 .0420 .0210 .1849
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Os resultados na tabela 5 indicam que a vinculação preocupada tem um relacionamento esta-
tisticamente significante com a agressão direta do perpetrador (β = .1587, p<.001). A vinculação
preocupada explica 2% da varncia da agressão direta do perpetrador (F(1,300) =6.1822, p<.001,
R² = .020). Os resultados indicaram um efeito positivo estatisticamente significante da agressão
direta do perpetrador na depressão (β=.3552, p<.001) e um efeito positivo estatisticamente signi-
ficante da vinculação preocupada na depressão (β= .6909, p<.001). Assim, a agressão direta do
perpetrador e a vinculação preocupada explicam 14% da variância da depressão (F(2,299) =24.5530,
p<.001, R² = .141). O efeito indireto direto da vinculação preocupado na depressão através da
agressão do perpetrador foi significativo [b=.0134, (.0265, 0467)].
TABELA5
Mediação da agressão direta do perpetrador na relação entre vinculação preocupado e sintomas de
depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95%
Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P Agressão Direta – Perpetrador (a) .1587 .0638 2.4864 .013 .0331 .2842
Agressão Perpetrador Depressão (b) .3552 .1090 3.2590 .001 .1407 .5696
Vinculação Preocupado Depressão (c) .6909 .1217 5.6776 <.0001 .4514 .9304
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação Agressão Perpetrador Depressão (c’) .0134 .0175 .0265 .0467
Os resultados na tabela 6 indicam que a vinculação preocupada tem um relacionamento esta-
tisticamente significante com o controlo da vítima (β = .7642, p<.001). A vinculação preocupante
explica 5% da variância do controlo da vítima (F(1,300) =15.9294, p<.001, = .050). Os resultados indi-
caram um efeito positivo estatisticamente significante do controlo da vítima na depressão (β=.1562,
p<.001) e um efeito positivo estatisticamente significante da vinculação preocupada na depressão
(β=.6279, p<.001). Assim, o controlo da vítima e a vinculação preocupada explicam 16% da variân-
cia da depressão (F(2,299) = 29.2619, p<.001, R² = .164). O efeito indireto direto da vinculação preocu-
pado na depressão através do controlo da vítima foi significativo [b=.0963, (.0256, .1957)].
TABELA6
Mediação do controlo da vítima na relação entre vinculação preocupado e sintomas de depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95%
Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P Controlo Vítima (a) .7642 .1915 3.9912 <.0001 .3874 1.1410
Controlo Vítima Depressão (b) .1562 .0358 4.3586 <.0001 .0857 .2267
Vinculação Preocupado Depressão (c) .6279 .1220 5.1477 <.0001 .3878 .8679
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação Controlo Vítima Depressão (c’) .0963 .0443 .0256 .1957
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Os resultados na tabela 7 indicam que a vinculação preocupada tem um relacionamento
estatisticamente significante com o controlo do perpetrador (β = .4563, p<.001). A vinculação
preocupante explica 4% da variância do controlo do perpetrador (F(1,300) =13.3019, p<.001, R
² =
.043). Os resultados indicaram um efeito positivo estatisticamente significante do controlo do
perpetrador na depressão (β=.1682, p<0.001) e um efeito positivo estatisticamente significante
da vinculação preocupada na depressão (β=.6705, p<0.001). Assim, o controlo do perpetrador
e a vinculação preocupada explicam 14% da variância da depressão (F(2,299) = 23.7047, p<.001, R²
= .137). O efeito indireto direto da vinculação preocupado na depressão através do controlo da
vítima foi significativo [b=.0560, (.0126, .1119)].
TABELA7
Mediação do controlo do perpetrador na relação entre vinculação preocupado e sintomas de depressão.
Coeciente não-
estandardizado
95% Bootstrapping CI
Variáveis βSE t p LL UL
Vinculação P® Controlo Perpetrador (a) .4563 .1251 3.6472 .0003 .2101 .7025
Controlo Perpetrador ® Depressão (b) .1682 .0557 3.0186 .0028 .0585 .2779
Vinculação Preocupado ® Depressão (c) .6705 .1234 5.4337 <.0001 .4277 .9133
Efeito Indireto Efeito SE LLCI ULCI
Vinculação ® Controlo Perpetrador ® Depressão (c’) .0560 .0257 .0126 .1119
Discussão
O modelo deste estudo teve como objetivo investigar a relação entre as dimensões do cibe-
rabuso no namoro tanto ao nível da vitimização como da perpetração, o estilo de vinculação
preocupado, e os sintomas depressivos entre estudantes universitários portugueses. Além disso
o estudo examinou o papel das dimensões do ciberabuso no namoro – vitimização e perpetração
– como mediadoras da relação entre as variáveis mencionadas.
O presente estudo revelou que os sintomas depressivos apresentaram uma correlação signi-
ficativa com comportamentos de ciberabuso no namoro, tanto na condição de vítima como de
perpetrador, corroborando os resultados de Toplu-Demirtaş et al. (2022) e Lancaster et al. (2020).
Em particular, a vitimização por ciberabuso no namoro está associada a uma probabilidade três
a cinco vezes superior de manifestar sintomas depressivos (Lancaster et al., 2020). Víllora et al.,
(2021) demonstraram que as características únicas do ciberabuso no namoro têm um potencial
mais elevado de causar sintomas depressivos do que as formas tradicionais de vitimização,
sobretudo quando se considera a facilidade e rapidez das tecnologias, o acesso a uma audiência
alargada e a impossibilidade de o agressor observar a reação imediata da vítima. No entanto, a
perceção do dano e a experiência subjetiva do ciberabuso no namoro podem ser condicionadas
pela natureza indireta deste tipo de abuso e pelo papel atenuado dos comportamentos românti-
cos promovidos pelos media e pelas normas sociais (Van Ouytsel et al., 2020). Adicionalmente, os
jovens adultos tendem a encarar estes comportamentos como desagradáveis, mas não abusivos
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(Van Ouytsel et al., 2020). Tal torna-se preocupante, sobretudo quando os jovens não m cons-
ciência de estar a entrar numa relação ameaçadora e controladora.
O estudo revelou que o sexo feminino apresentou níveis estatisticamente mais elevados
de sintomas de depressão em comparação ao sexo masculino, resultados estes que corroboram
investigações anteriores (Moccia et al., 2020; Park et al., 2020). Relativamente às dimensões do
ciberabuso, os homens apresentaram maior sentimentos de controlo como vítimas de ciberabuso
no namoro. Na literatura, não existe ainda consenso em relação a esta variável: alguns estudos
verificam resultados semelhantes entre o sexo feminino e o masculino (Borrajo et al., 2015; Peskin
et al., 2017; Villora et al., 2019), outros identificam uma maior vitimização por parte do sexo femi-
nino (Peterson & Densley, 2017; Zweig et al., 2013). Independentemente disso, tanto homens como
mulheres poderão ter experienciado comportamentos ciberabusivos como vítimas ou como
perpetradores nos seus relacionamentos íntimos.
Por fim, as dimenes do ciberabuso no namoro desempenharam um papel mediador signi-
ficativo na relação entre o estilo de vinculação preocupado e os sintomas depressivos. Tal como
explicado por Caridade et al., (2019), o ciberabuso no namoro pode manifestar-se sob a forma
de agressão direta ou de controlo, tanto por parte das vítimas como dos perpetradores. Devido
à ausência de interação presencial, os perpetradores conseguem controlar as suas vítimas inde-
pendentemente de barreiras geogficas, monitorizando constantemente os seus movimentos
(Zweig et al., 2014). Estes comportamentos têm um forte impacto nas vítimas, gerando sentimen-
tos de impotência e contribuindo para o desenvolvimento de sintomas depressivos. O ciberabuso
no namoro apresenta um pico preocupante de ocorrência entre os 18 e os 25 anos, período que
coincide com a entrada para a universidade (Johnson et al., 2014).
Os indivíduos com estilo de vinculação preocupada tendem a recorrer às tecnologias como
forma de obter confirmação e maior envolvimento por parte dos seus parceiros. Esta busca cons-
tante por validão, associada ao ciberabuso, pode levar a um aumento de sintomas depressivos.
Por outras palavras, estes resultados sustentam o papel mediador significativo do ciberabuso
no namoro. Am disso, estes resultados sustentam a noção de risco cumulativo e de exposi-
ção acrescida entre os estudantes universitários portugueses a múltiplos tipos de ciberabuso no
namoro e, consequentemente, a sintomas depressivos. Assim, considerando o papel que as tec-
nologias podem desempenhar no controlo e ameaça a um parceiro, é fundamental que os profis-
sionais de saúde mental estejam preparados para apoiar vítimas de ciberabuso no namoro, e que
os especialistas em tecnologia desenvolvam ferramentas que promovam uma utilização mais
segura e protegida das plataformas digitais.
Limitações e futuros estudos
Existem algumas limitações que devem ser consideradas ao interpretar estes resultados. Em
primeiro lugar, o desenho transversal do estudo implica que se deve ter cautela na interpreta-
ção das relações causais entre as variáveis. Assim, a implementação de estudos longitudinais
poderá permitir uma delimitação mais rigorosa das relações causais. Em segundo lugar, as esca-
las de autorrelato podem estar enviesadas por desejabilidade social, bem como pelas interpre-
tações subjetivas dos participantes sobre o significado dos itens. A utilização de uma aborda-
gem longitudinal poderá enviesar estas limitações em investigações futuras. Em terceiro lugar,
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os participantes do presente estudo constituíram uma amostra de conveniência, o que limita a
generalização dos resultados a outros grupos sociodemográficos. Estudos futuros poderão recor-
rer a métodos de amostragem alternativos de modo a reduzir possíveis enviesamentos e replicar
estas variáveis noutras populações, como adolescentes, indivíduos de diferentes nacionalidades,
entre outros. Em quarto lugar, investigações futuras poderão também alargar o presente estudo
considerando outros fatores relevantes, como o género, diferenças erias e o contexto cultural,
no desenvolvimento de um modelo mais abrangente que integre diferentes perspetivas teóricas.
Conclusão
O ciberabuso no namoro tem despertado o interesse de diversos investigadores devido às
implicações negativas que apresenta na vida dos estudantes universitários a nível pessoal quanto
social. Os estudos realizados a esta nova forma de agressão visam a uma melhor compreensão
sobre este recente fenómeno, para que se possam delinear medidas de intervenção e promoção
eficazes, de modo que esta nova forma de agressão entre jovens adultos não seja cada vez mais
normalizada. Neste sentido, este estudo apresenta um pequeno contributo nessa compreensão e
conhecer novos fatores associados a violência através da tecnologia.
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A PSICODINÂMICA DO VÍCIO EM HEROÍNA: O CASO TRÁGICO DA
SUPERMODELO GIA CARANGI
THE PSYCHODYNAMICS OF HEROIN ADDICTION: THE TRAGIC CASE OF
SUPERMODEL GIA CARANGI
LA PSICODINÁMICA DE LA ADICCIÓN A LA HEROÍNA: EL TRÁGICO CASO DE
LA SUPERMODELO GIA CARANGI
Beatriz Silva1
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2025 PP. 3448
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XXI.1.3
Submited on 01/01/2025 Submetido a 01/01/2025
Accepted on 21/05/2025 Aceite a 21/05/2025
Resumo
Este artigo explora a psicodinâmica da dependência de heroína, analisando o caso de Gia
Carangi, uma modelo icónica dos anos 1980, cuja trajeria ilustra o impacto do abuso de subs-
tâncias no contexto das celebridades. O objetivo principal é investigar os fatores psicossociais e
culturais que contribuíram para o desenvolvimento e agravamento da sua dependência, desta-
cando o papel da pressão mediática, da alta costura e do fenómeno “heroin chic.
A abordagem metodológica é qualitativa, baseando-se na alise de fontes pririas, como
biografias, entrevistas e registos clínicos, complementada por uma revisão da literatura acadé-
mica sobre dependência química e cultura de celebridades. Este desenho permite uma com-
preensão aprofundada da complexidade dos fatores envolvidos, desde as pressões externas à
vulnerabilidade individual.
O projeto é inovador ao combinar a análise psicossocial com o enquadramento cultural,
sublinhando a imporncia de intervenções psicossociais direcionadas para figuras públicas vul-
neráveis. Ao relacionar fama, saúde mental e abuso de substâncias, pretende-se contribuir para a
discussão sobre estratégias de prevenção e apoio em contextos de elevada exposição mediática,
oferecendo insights relevantes para a psicologia forense e para a saúde mental, com vista a evitar
trajetórias semelhantes em futuras gerações.
Palavras-chave: heroína; dependência; Gia Carangi; psicodinâmica; psicologia forense
1 Universidade da Beira Interior, Portugal. b.silva@ubi.pt
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Beatriz Silva
Summary
This article explores the psychodynamics of heroin addiction, analyzing the case of Gia
Carangi, an iconic model from the 1980s, whose trajectory illustrates the impact of substance
abuse in the context of celebrities. The main objective is to investigate the psychosocial and
cultural factors that contributed to the development and worsening of her addiction, highlighting
the role of media pressure, high fashion and the “heroin chic” phenomenon.
The methodological approach is qualitative, based on the analysis of primary sources such as
biographies, interviews and clinical records, complemented by a review of academic literature
on drug addiction and celebrity culture. This design allows for an in-depth understanding of the
complexity of the factors involved, from external pressures to individual vulnerability.
The project is innovative in combining psychosocial analysis with cultural framing,
underlining the importance of psychosocial interventions targeting vulnerable public figures.
By linking fame, mental health and substance abuse, it aims to contribute to the discussion on
prevention and support strategies in contexts of high media exposure, offering relevant insights
for forensic psychology and mental health, with a view to avoiding similar trajectories in future
generations.
Keywords: heroin; addiction; Gia Carangi; psychodynamics; forensic psychology
Resumen
Este artículo explora la psicodinámica de la adicción a la heroína, analizando el caso de
Gia Carangi, modelo icónica de los afíos ochenta cuya trayectoria ilustra el impacto del abuso
de sustancias en el contexto de la celebridad. El objetivo principal es investigar los factores
psicosociales y culturales que contribuyeron al desarrollo y agravamiento de su adicción,
destacando el papel de la presión mediática, la alta costura y el fenómeno «heroin chic».
El enfoque metodológico es cualitativo, basado en el alisis de fuentes primarias como
biografías, entrevistas e historias clínicas, complementado con una revisión de la literatura
académica sobre drogadicción y cultura de los famosos. Este disefío permite comprender en
profundidad la complejidad de los factores implicados, desde las presiones externas hasta la
vulnerabilidad individual.
El proyecto es innovador en el sentido de que combina el análisis psicosocial con un marco
cultural, haciendo hincapié en la importancia de las intervenciones psicosociales dirigidas a
personajes públicos vulnerables. Al vincular la fama, la salud mental y el abuso de sustancias,
pretende contribuir al debate sobre las estrategias de prevención y apoyo en contextos de gran
exposición mediática, ofreciendo perspectivas relevantes para la psicología forense y la salud
mental, con vistas a evitar trayectorias similares en las generaciones futuras.
Palabrasllave: heroína; adicción; Gia Carangi; psicodinámica, psicología forense
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A Psicodimica do Vício em Heroína: O Caso Trágico da Supermodelo Gia Carangi
1. Introdução
1.1. Pressões, Vicio e Alta Costura
O mundo da alta costura é amplamente reconhecido pela sua estética exuberante e por pro-
mover ideais de beleza que, para muitos, parecem inatingíveis (Smith et al., 2023). Modelos e cele-
bridades nesse universo são frequentemente vistos como figuras de perfeição e sucesso, moven-
do-se em cenários de glamour e fascínio. No entanto, esse brilho esconde um lado sombrio: a
pressão extrema, a exaustão psicológica e o recurso frequente a substâncias como a heroína
(Giles & Rockwell, 2009), usada não como uma forma de refúgio, mas também como um sím-
bolo de uma estética de fragilidadee rebeldia, conhecida como heroin chic (Smith et al., 2023).
Este trabalho tem como objetivo explorar esse lado menos visível e pouco discutido da alta cos-
tura, analisando o caso específico de Gia Carangi, uma supermodelo que se tornou um símbolo
dessa era, mas que sucumbiu aos efeitos devastadores do vício em heroína (Fried, 1993).
Com esta pesquisa, pretende-se não apenas compreender as razões pelas quais figuras públi-
cas, como supermodelos, são atraídas pelo uso de drogas, mas também os seus efeitos, contextos
e pressões sociais que contribuem para esse fenómeno. Este tema é relevante para a Psicologia
Forense, abordando as implicações psicológicas e sociais que acompanham o abuso de subsn-
cias em ambientes de visibilidade e poder.
2. Descrição do Caso
2.1. Gia Carangi: Biografia
Nascida em 1960, na Filadélfia, Gia Carangi tinha uma família marcada por conflitos e insta-
bilidade. Filha de Joseph e Kathleen Carangi, cresceu num ambiente de constante tensão fami-
liar, o que contribuiu para uma sensação de deslocamento e vulnerabilidade que a acom-
panharia no futuro. Mesmo com o contexto caótico, a sua beleza natural e carisma eram notáveis
desde cedo (Fried, 1993).
Aos 17 anos, foi descoberta por um fografo local enquanto trabalhava na tasca de Joseph,
iniciando uma carreira inigualável no mundo da moda. Em pouco tempo, mudou-se para Nova
York e assinou com a agência Wilhelmina Models, onde as características exóticas e a personali-
dade magnética rapidamente captaram a atenção de grandes fotógrafos e designers (Fried, 1993).
A sua presea única tornou-a numa das primeiras supermodelos da era moderna e uma das pri-
meiras modelos abertamente homossexuais no cenário da moda, desafiando pades de beleza e
preconceitos sociais da época (Fried, 1993).
Entretanto, o sucesso trouxe uma enorme pressão que começou a cobrar o seu preço. A cul-
tura de excessos que permeava a indústria da moda dos anos 70 e 80 e a constante exposição ao
uso de drogas rapidamente transformaram a vida de Gia. O recurso a substâncias na indústria
da moda da época era considerado comum, especialmente entre aqueles que procuravam manter
uma aparência esguia e lidar com a alta pressão da profissão (Fried, 1993). Inicialmente usadas
para enfrentar as necessidades da carreira, as drogas tornaram-se numa dependência que come-
çou a corroer a sua vida pessoal e profissional. Os problemas com pontualidade e comportamento
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errático nas sessões de fotos e desfiles começaram a afastá-la dos principais trabalhos, e a sua
aparência começou a refletir os impactos da luta com o vício (Fried, 1993).
Com o despencar da sua carreira e a intensificação do vício, enfrentou períodos de extrema
pobreza. Durante uma das fases mais sombrias de sua vida, chegou a re correr à prostituição
para sustentar o vício em heroína, as situações de vulnerabilidade e risco extremo resultaram em
ltiplas violações (Mares, 2020).
Apesar de várias tentativas de reabilitação, a modelo enfrentou uma batalha difícil e cons-
tante contra o vício, marcada por breves períodos de sobriedade seguidos de dolorosos retro-
cessos. Simultaneamente, a sua saúde mental também deteriorava, com a solidão e a pressão do
sucesso acentuando a sua vulnerabilidade emocional (Fried, 1993). Durante esse período, contraiu
o vírus da imunodeficiência humana (VIH), possivelmente devido ao compartilhamento de serin-
gas durante o uso de heroína
-
a principal forma de transmissão entre usuários de drogas inje-
veis no Estados Unidos, especialmente em áreas urbanas durante os anos 80, onde a pandemia
estava em plena ascensão (Fee & Krieger, 1993; Zurlinden & Shilts, 1988). Na época, a síndrome
da imunodeficiência adquirida (SIDA) era alvo de estigma e medo, com poucas opções de trata-
mento e uma compreensão ainda limitada sobre a sua transmissão e prevenção (Brandt, 1988).
Nos últimos anos, a realidade angustiante da doença isolou-a ainda mais numa época em que
a doença carregava um estigma pesado e poucos recursos de tratamento estavam disponíveis
(Fried, 1993). A estigmatização do VIH/SIDA era agravada por estar associada a populações mar-
ginalizadas, incluindo usuários de drogas e a comunidade LGBTQIAPN+2, o que contribuiu para
a falta de empatia e compreensão pública na época (Fee & Krieger, 1993). Esse contexto dificultou
tanto o acesso a redes de apoio quanto o tratamento, agravando o sofrimento e isolamento de Gia
e de outros lesados (Room, 2995).
A 18 de novembro de 1986, aos 26 anos, Carangi faleceu devido a complicações relacionadas
à SIDA/VIH, tornando-se um mbolo poderoso das dificuldades que podem acompanhar a fama e
o glamour (Fried, 1993). A sua vida e carreira abriram espaço para discussões acerca dos desafios
emocionais e os perigos de abuso de substâncias e as questões de saúde mental na indústria
da moda. A modelo é lembrada não apenas pela beleza, mas pela franqueza com que enfrentou
a vida pública, sendo homenageada em testemunhos de conhecidos, livros, filmes e documen-
rios que exploram o legado e os desafios enfrentados pela primeira supermodelo a encarar as
pressões da fama de maneira tão pública, vulnerável e emocionalmente desgastante (Fried, 1993).
3.todos
3.1. Tipo de Estudo
Este artigo apresenta uma análise de caso que explora a trajeria de Gia Carangi, uma das
supermodelos mais icónicas dacada de 1980, conhecida pelo estilo heroin chic, com o objetivo
2 Utiliza-se a sigla LGBTQIAPN+ por ser a versão vigente e inclusiva no momento da escrita deste artigo (2024). A sigla abrange
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros, Queers, Intersexos, Assexuais, Pessoas Pan/Poli e Não-binárias, entre outras identi-
dades.
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A Psicodimica do Vício em Heroína: O Caso Trágico da Supermodelo Gia Carangi
de examinar os fatores psicossociais e culturais que influenciaram o desenvolvimento de depen-
dência em heroína e compreender os impactos desse ambiente sobre a saúde mental de figuras
públicas. A escolha do estudo de caso possibilita uma análise aprofundada de temas complexos
num contexto específico, como o da alta costura, onde as pressões psicológicas e a glamourização
do uso de drogas são comuns e amplamente estudados.
3.2. Fontes de Dados
A recolha de dados foi baseada em fontes secundárias
-
artigos encontrados com recurso a
palavras chaves (heroin, celebrities, addiction e AIDS) combinadas de diferentes formas
consoante a satisfação com os resultados obtidos, nas bases de dados (Web of Science e Scopus)
e motores de pesquisa (Google Académico e Research Gate); entrevistas, livros e biografias na
página oficial de tributo à modelo (Gia Carangi Lived Here)
-
que incluem: relatos documentais
da vida de Gia Carangi, documentários e entrevistas que capturam a sua experncia pessoal
e o impacto do “heroin chic” na moda (Smith et al., 2023); estudos científicos acerca do impacto
da fama e o uso de subsncias em celebridades, como “Being a Celebrity: A Phenomenology of
Fame(Giles & Rockwell, 2009), que explora as dinâmicas psicogicas e sociais da fama e a vul-
nerabilidade das celebridades ao uso de substâncias; pesquisa acerca de media e cultura das cele-
bridades, análises da construção social do vício e o papel da media na perceção pública sobre o
uso de drogas, como “Celebrity Gossip Blogs and the Interactive Construction of Addiction (Tiger,
2015), que discute a interação entre público e media na criação de narrativas sobre dependência;
literatura científica sobre o heroin chic e as suas implicações psiquiátricas. Os dados utilizados
neste estudo foram obtidos de fontes públicas.
Para garantir a qualidade e relevância das informações, foram adotados critérios espeficos
de inclusão e exclusão das fontes. Critérios de inclusão: fontes que fornecem informações deta-
lhadas sobre a trajetória de Gia Carangi e sobre o heroin chic como fenómeno cultural e social;
estudos científicos sobre vício em heroína, saúde mental de celebridades, vírus da imunodefi-
ciência humana (VIH) e síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), e impacto da media
sobre a normalização do uso de substâncias. Critérios de exclusão: materiais sensacionalistas,
fontes com conteúdo especulativo e relatos sem fundamentação científica; as fontes excluídas
também incluíram aquelas que abordavam a temática de forma superficial ou imprecisa.
3.3. Procedimento de Análise
De forma a identificar e organizar os principais temas nas fontes selecionadas, foi realizada
uma análise temática, fundamentando-se em metodologias amplamente reconhecidas na pes-
quisa qualitativa, que seguiu o modelo enunciado por Braun & Clarke (2006). A análise foi guiada
por quatro categorias:
Fatores psicossociais e culturais: exploração dos aspetos culturais que contribuíram para
a criação e o reforço do heroin chic e como essa estética impactou o comportamento e as
decisões de figuras públicas. Este tema é sustentado por literatura sobre o impacto de ten-
ncias culturais na saúde mental de figuras públicas (Giles, 2002).
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Pressão da fama e do meio da moda: como a indústria da moda impôs um estilo que, de
certa forma, normalizou o uso de heroína e contribuiu para a marginalização de quem
enfrentava problemas com subsncias. Esse aspeto é explorado em profundidade por
Smith et al. (2023), que discute o impacto negativo da glamourização da heroína na media e
na saúde mental dos indivíduos.
Consequências psicossociais do vício: análise dos impactos do vício de Gia sobre saúde
mental e nas relações interpessoais, enfatizando temas de isolamento e estigmatizão.
Referências como o trabalho de Meyers (2009), sobre o desgaste mediático das celebrida-
des contribuem para o estigma em torno das celebridades dependentes de droga (Tiger,
2015).
Implicações para a Psicologia Forense: discussão acerca da importância de intervenções
e políticas preventivas para figuras públicas expostas ao abuso de substâncias, susten-
tada por literatura que investiga a psicodimica de vício e intervenções forenses em
contextos de alta visibilidade (Marshall, 1997; Giles & Rockwell, 2009).
3.5. Considerações
Embora este artigo seja baseado em dados públicos, não envolvendo recolha de dados primá-
rios com sujeitos humanos, foram tomadas considerações de maneira a respeitar a memória
de Gia Carangi e manter o foco no objetivo científico da análise. Mesmo que o caso tenha sido
amplamente documentado, é fundamental que a abordagem evite qualquer exploração sensacio-
nalista dos aspetos delicados da vida pessoal da modelo, para tal, a pesquisa qualitativa priori-
zou a compreensão dos fatores culturais e psicológicos do vício sem recorrer ao sensacionalismo.
4. Implicações da Heroína
4.1. Descrição dos Efeitos da Heroina
A heroína é um opiáceo semissintético derivado da morfina, amplamente utilizado de forma
recreativa devido aos seus efeitos analgésicos e eufóricos (Kosten & George, 2002). Quando admi-
nistrada, seja por via intravenosa, inalação ou fumo, a droga liga-se rapidamente aos recetores
opioides no cérebro, ativando um sistema de recompensa dopaminérgico e induzindo uma sen-
sação de euforia seguida de relaxamento profundo (Kosten & George, 2002). Esses efeitos iniciais
tornam a heroína altamente viciante, promovendo um ciclo de reforço positivo no qual o indiví-
duo busca repetidamente a droga para reproduzir a sensação inicial, operando principalmente
pelo condicionamento operante (Kosten & George, 2002).
Com o uso repetido, a tolerância desenvolve-se, levando ao consumo de doses cada vez maio-
res para atingir os mesmos efeitos (Kosten & George, 2002). Isso, combinado com os sintomas
debilitantes da abstinência, como insónia, dores musculares, náuseas e ansiedade extrema, per-
petua um ciclo de dependência sica e psicológica (Volkow et al., 2016). Estudos mostram que o
uso prolongado de heroína pode causar alterações no cérebro, especialmente nas regiões asso-
ciadas ao controlo de impulsos e à regulação emocional (Koob & Volkow, 2009). Essas alterações
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contribuem para o comportamento compulsivo e a incapacidade de interromper o uso, mesmo
diante de graves consequências pessoais e sociais (Volkow et al., 2016).
Os impactos físicos da heroína também são severos. Além do risco elevado de overdose,
devido à supressão respiratória, o uso intravenoso de heroína está associado à transmissão
de doenças como HIV e hepatite C, especialmente em populações que compartilham seringas
(Degenhardt et al., 2013). Esses fatores são particularmente relevantes no caso de Gia Carangi,
que sucumbiu às complicações associadas ao VIH numa época em que a consciencialização e os
tratamentos eram limitados (Fried, 1993).
4.2. Contribuições para a Psicopatologia do Vicio
A dependência em heroína é um fenómeno multifatorial, envolvendo interações complexas
entre predisposições genéticas, fatores psicológicos e influências ambientais (Nestler, 2005). Estu-
dos mostram que indivíduos com histórico familiar de abuso de subsncias possuem maior vul-
nerabilidade biológica ao desenvolvimento de vícios, devido a variações genéticas nos sistemas
dopaminérgicos e opioides (Goldman et al., 2005). Na modelo, fatores de risco emocionais, como
o trauma de uma infância complicada e a instabilidade emocional, podem ter desempenhado um
papel crítico no uso inicial de heroína como um mecanismo de defesa (Khantzian, 1997).
O contexto sociocultural em que Gia viveu também foi um impulsionador para o seu vício.
Durante os anos 80, a heroína era glamourizada em subculturas específicas, como a da moda, e
representada como um símbolo de rebeldia e exclusividade (Hunt et al., 2007). O movimento esté-
tico heroin chic romantizou o uso de heroína, associando a droga a uma aparência frágil e des-
gastada que refletia a vulnerabilidade emocional. Esse contexto cultural pode ter influenciado
Carangi a normalizar o uso de drogas como parte da sua identidade profissional e pessoal (Smith
et al., 2023).
4.3. Impacto na Vida e Saúde Mental da Modelo
O vício em heroína não apenas afetou a saúde física de Gia Carangi, mas também teve pro-
fundas implicações sociais e emocionais (Fried, 1993). A sua história ilustra como a depenncia
pode isolar indivíduos, levando a um ciclo de estigmatização e marginalização, especialmente
num ambiente tão competitivo como o da alta costura (Room, 2005).
Numa fase precoce, a droga serviu como uma fuga das pressões da alta costura e das suas
emoções negativas, mas rapidamente a sua dependência comprometeu a sua saúde mental e
estabilidade profissional (Fried, 1993). Estudos indicam que o abuso de subsncias em ambientes
de alta pressão, como o de celebridades, é exacerbado pela falta de redes de apoio e pela presença
de pressões contínuas para atender às expectativas externas (Giles & Rockwell, 2009).
O declínio da sua saúde mental tornou-se evidente por meio de comportamentos erráticos e
do seu isolamento progressivo (Fried, 1993). A heroína agravou a sua vulnerabilidade psicológica,
acentuando sentimentos de solidão e desespero, enquanto o estigma associado ao uso de drogas
a afastou ainda mais de potenciais fontes de ajuda (Room, 2005). Esse isolamento social é fre-
quentemente observado em consumidores de heroína, que enfrentam tanto preconceitos genera-
lizados quanto marginalização espefica, especialmente em contextos públicos ou profissionais
(Lloyd, 2013).
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Além dos impactos emocionais, o uso prolongado de heroína afetou fisicamente Gia de forma
significativa (Fried, 1993). O uso repetido de seringas contaminadas e a necessidade de recorrer
à prostituição para continuar a consumir resultaram na transmissão de VIH, uma complicação
comum entre usuários de drogas injetáveis na época (Degenhardt et al., 2013). A sua condição de
saúde, combinada com a ausência de apoio social efetivo, contribuiu para um ciclo de degradão
sica e emocional que culminou na sua morte prematura aos 26 anos; refletindo uma combi-
nação de fatores psicossociais, culturais e biológicos que exemplificam a complexidade do
vício em heroína (Fried, 1993).
5. Drogas e a Cultura das Celebridades
5.1. Influência do “Heroin Chic
A cultura das celebridades frequentemente glorifica os estilos de vida hedonistas, o que
pode contribuir para o uso de substâncias (Giles, 2002). Este fenómeno é evidente no caso de Gia
Carangi, cuja ascensão e queda exemplificam os riscos associados à fama (Fried, 1993).
O termo heroin chic surgiu como uma estética cultural nas décadas de 1980 e 1990 (Smith et al.,
2023). Caracterizado por corpos extremamente magros, pele pálida e um ar de vulnerabilidade,
o estilo foi amplamente promovido pela indústria da moda e pela media, sendo romantizado em
revistas fotográficas e campanhas publicitárias de grandes marcas (Smith et al., 2023). Essa gla-
mourização camuflava os danos causados pela heroína, transformando a substância destrutiva
num símbolo de rebeldia e exclusividade (Smith et al. 2023; Tiger, 2013).
Gia Carangi foi uma das primeiras figuras a serem associadas a essa estética, ainda que de
forma trágica. A sua aparência delicada e marcante foi frequentemente usada para vender a
ideia de beleza sombria, embora as suas lutas internas com o vício tenham sido minimizadas ou
ignoradas pela indústria (Fried, 1993). O caso de Gia ilustra como o heroin chic não apenas nor-
malizou o uso de droga em certos círculos, mas também contribuiu para a perpetuação de um
ambiente que desestimulava a procura por ajuda (Hunt et al., 2007; Giles, 2002). Estudos mostram
que representações mediáticas como essas podem aumentar a aceitação social do uso de substân-
cias entre jovens e indivíduos vulneráveis, enquanto marginalizam as consequências negativas
(Room, 2005).
5.2. Pressão Social e Celebração do Vicio
A cultura das celebridades frequentemente amplifica comportamentos autodestrutivos, pro-
movendo o uso de drogas como parte do estilo de vida glamoroso (Smith et al., 2023). No caso
da alta costura, o abuso de substâncias é muitas vezes considerado um mal necessáriopara
manter o ritmo exigente de trabalho, atender a padrões estéticos extremos e lidar com a pressão
constante por relevância (Meyers, 2009).
Just et al. (2016) realizaram um estudo com base em 295 celebridades que faleceram de over-
dose entre 1970 e 2015, entre as quais apenas 220 corresponderam os cririos de inclusão (refe-
ncias confiáveis, substâncias e contexto da morte claros e descrição precisa da substância). Dos
participantes, 75% são do sexo masculino e os restantes 25% são do feminino, a média de idade
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com que faleceram é 38.6 (a = 12.1), a média do ano de falecimento é 1995 (a = 13) e 65.5% m
nacionalidade americana.
De acordo com a amostra coletada, é possível verificar que modelos correspondem a 5% das
profissões das celebridades que faleceram devido à toxicodependência (Fig. 1). Fica também evi-
dente que a substância mais utilizada (excluindo outras drogas prescritas não identificadas) é a
heroína (Fig. 2), a mesma que resultou na decadência e posterior óbito de Carangi.
Nota. Dados de ambos os gráficos (Fig. 1 e Fig. 2) adaptados de “Drug-related celebrity deaths: A cross-sectional study”, por Just
et al., 2016, Substance Abuse Treatment Prevention and Policy.
No caso de Gia Carangi, as pressões para se encaixar nos padrões rígidos da indústria e a
necessidade de manter uma aparência perfeita em todos os momentos agravaram a sua vulne-
rabilidade psicológica (Fried, 1993). A heroína, vista por muitos na época como uma droga de
elite, era amplamente utilizada em círculos fechados da moda para aliviar o stress e suprimir o
apetite, contribuindo para manter a apancia desejada (Khantzian, 1997; Smith et al., 2023). Essa
romantização do uso de drogas reforça a noção de que o sucesso profissional e a autodestruição
estão interligados em ambientes de alta pressão, criando uma cultura de normalização perigosa
(Tiger, 2013).
Além disso, a media desempenhou um papel crucial na perpetuação dessas narrativas, retra-
tando figuras públicas que usavam drogas como indivíduos rebeldes e autênticos, ao mesmo
tempo em que explorava os aspetos mais sensacionalistas das suas vidas (Lloyd, 2013). Esse tipo
de documentação contribuiu para a constrão interativa de vícios, na qual o público, através de
comentários e interação com essas histórias, reforça perceções distorcidas sobre o uso de subs-
tâncias (Tiger, 2013).
5.3. Dicotomia da Fama
A relação entre fama e saúde mental tem sido bastante estudada, com evidências de que a
exposição constante ao público e a pressões para atender às expectativas podem exacerbar pro-
blemas psicológicos subjacentes (Giles & Rockwell, 2009). A fama cria uma dicotomia em que as
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figuras públicas são idolatradas, mas também julgadas e estigmatizadas pelas suas falhas pes-
soais, incluindo o vício (Meyers, 2009).
Gia Carangi exemplifica como essa pressão pode levar ao colapso emocional. Embora a sua
carreira tenha sido marcada por sucesso, a falta de apoio emocional adequado e o isolamento
provocado pelo vício agravaram a sua saúde mental (Fried, 1993). Estudos sugerem que celebri-
dades em ambientes de alta pressão são particularmente suscetíveis a transtornos de humor,
como depressão e ansiedade, que muitas vezes as levam a recorrer a drogas como mecanismo de
defesa (Koob & Volkow, 2009; Khantzian, 1997).
Esse padrão é amplificado pelo estigma associado ao uso de drogas em figuras públicas, que
frequentemente as impede de procurar ajuda por medo de repercussões negativas nas suas car-
reiras (Lloyd, 2013). A combinação de vulnerabilidade emocional, estigma e expectativas irreais
cria um ciclo no qual o abuso de substâncias se torna simultaneamente numa resposta e causa de
sofrimento psicológico. Logo, é crucial que a industria da moda reconheça e aborde os problemas
de saúde mental e dependência entre os seus profissionais (Room, 2005).
6. Consequências Psicossociais do Vício
6.1. Impacto nas Relações Interpessoais e Carreira
O vício em heroína teve um impacto nas relações interpessoais de Gia Carangi, levando ao
afastamento de amigos e familiares. Am disso, a sua carreira foi prejudicada, resultando em
oportunidades perdidas e um legado manchado. A análise das consequências psicossociais do
vício é essencial para entender a complexidade da dependência e as suas repercussões na vida
de indivíduos em situações semelhantes (Fried, 1993).
Esta dependência é reconhecida por afetar profundamente as relações interpessoais e pro-
fissionais dos consumidores. No caso da modelo, o impacto foi devastador. À medida que
a sua dependência progredia, enfrentava dificuldades em manter compromissos, incluindo ses-
es fotográficas e interações com colegas (Fried, 1993). Estudiosos indicam que o abuso de subs-
ncias frequentemente gera comportamentos erráticos, como impulsividade e isolamento, que
afetam negativamente a dinâmica social e profissional (Volkow et al., 2016).
A heroína exacerbou a vulnerabilidade emocional de Gia, tornando-a progressivamente mais
distante da sua rede de apoio (Fried, 1993). Estudos mostram que dependentes químicos muitas
vezes enfrentam conflitos familiares e perdas de amizades devido ao comportamento imprevi-
sível associado ao vício (Room, 2005). No ambiente altamente competitivo da moda, esses com-
portamentos resultaram na sua gradual exclusão profissional, ilustrando como a dependência
acentua o ciclo de exclusão social e deterioração pessoal (Room, 2005).
A estigmatização associada ao uso de drogas contribui significativamente para o isolamento
social, criando barreiras que dificultam a recuperação e o apoio emocional. Gia Carangi, como
figura pública, enfrentou duplo estigma: primeiro como dependente química, e segundo como
uma celebridade cujas lutas pessoais eram exploradas pela media (Lloyd, 2013). Estudos apon-
tam que indivíduos em posição de destaque sofrem um tipo específico de marginalização, carac-
terizado pelo escrutínio público e pela perda de privacidade, o que evidencia os efeitos negativos
do vício (Lloyd, 2013).
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Essa abordagem contribuiu para o seu afastamento do sistema de apoio social, aprofundando
o seu isolamento emocional e agravando o seu estado psicológico. A heroína, inicialmente uti-
lizada como uma fuga das pressões da fama, tornou-se a causa primária da sua exclusão social
(Fried, 1993).
7. Morte Prematura de Gia
7.1. Declinio e Legado Cultural
Os últimos anos de Gia Carangi foram marcados por um pido declínio físico e emocional,
consequência direta da sua dependência em heroína e das complicações de saúde associadas,
após um afastamento gradual da indústria da moda devido a comportamentos imprevisíveis,
aparência deteriorada e frequentes faltas em compromissos profissionais (Fried, 1993). Estudos
indicam que indivíduos dependentes de heroína frequentemente enfrentam um colapso social e
económico, agravado por problemas de saúde mental e física (Degenhardt et al., 2013; Volkow et
al., 2016).
Gia foi diagnosticada com vírus da imunodeficiência humana, a infeção resultou em compli-
cações que aceleraram a sua deterioração física, culminando na sua morte precoce aos 26 anos
devido a pneumonia relacionada à ndrome da imunodeficiência humana (Fried, 1993). A sua
trajetória ilustra como a combinação de vício, estigmatização e barreiras aos tratamentos contri-
buem para desfechos fatais em indivíduos com dependência química (Room, 2005; Degenhardt
et al., 2013).
Embora tragicamente breve, a vida de Gia Carangi deixou um impacto duradouro na cultura
popular e na indústria da moda. Tornou-se um símbolo tanto do glamour quanto das consequên-
cias devastadoras do heroin chic. Enquanto a sua aparência e presença icónica definiram uma era,
a sua história pessoal expôs as realidades sombrias por trás da glamourização do uso de substân-
cias (Fried, 1993). Estudos sugerem que histórias como a de Gia podem ajudar a desmistificar o
vício, trazendo à tona os riscos associados à romantização de comportamentos autodestrutivos
(Smith et al., 2023; Hunt et al., 2007).
A narrativa de Gia também contribuiu para discussões mais amplas sobre saúde mental e
abuso de substâncias em ambientes de alta pressão, como a moda e o entretenimento. Nos anos
seguintes à sua morte, houve um movimento crescente contra o heroin chic, com líderes culturais
e políticos, incluindo o então presidente dos EUA, Bill Clinton, condenando a glamourização da
heroína nos media e na publicidade (Smith et al., 2023). Essa mudança cultural ajudou a reformu-
lar a perceção blica do vício, promovendo maior consciencialização sobre as suas consequên-
cias (Volkow et al., 2016).
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8. Discussão
8.1. Reflexões da Trajetária de Gia Carangi
A trajetória de Gia Carangi é uma representação poderosa dos efeitos devastadores do abuso
de substâncias, agravados por fatores psicossociais e culturais. Como a própria descreveu:
Life and death energy and peace if I stoped [sic] today it was fun. Even the terriable [sic] pains
that have burn [sic] me and scarred my soul it was worth it for having been allowed to walked
[sic] where I’ve walked. Which was to hell on earth Heaven on earth back again, into, under,
far in between, through it, in it over and above it (Carangi, as cited in Fried, 1993, p. 378).
Essas palavras capturam a complexidade da sua experiência, refletindo simultaneamente a
luta constante entre a autodestruição e a busca por significado entre o caos.
Gia viveu num ambiente onde a pressão pela perfeição, a solidão emocional e a glamou-
rização do vício eram partes inseparáveis do quotidiano. Esse contexto, combinado com a sua
vulnerabilidade emocional, facilitou a transição para o uso de heroína como um mecanismo de
defesa. As suas declarações, como “it kind of creeps you up, in a world
that’s.
you know, none that
anyone will ever know, except someone that’s been there(Carangi, 1982, 00:02:00), demonstram a
alienação que ela sentia, uma realidade comum para muitos dependentes em ambientes de alta
visibilidade.
A sua morte precoce, resultado de complicações de saúde causadas pelo abuso de heroína
e pela infeção por VIH, evidencia a falta de apoio adequado na sua trajetória. Gia simboliza o
impacto de uma cultura que, ao romantizar o heroin chic, desconsiderou os custos humanos asso-
ciados à dependência química.
8.2. Prevenção e Intervenção em Celebridades
Esta trajetória destaca a imporncia de estratégias preventivas e intervenções específicas
para figuras públicas em risco de abuso de substâncias. Celebridades frequentemente enfren-
tam uma combinação de fatores de risco únicos, incluindo pressão intensa por sucesso, escru-
tínio público constante e isolamento emocional, que as tornam particularmente vulneráveis a
comportamentos autodestrutivos (Giles, 2002; Giles & Rockwell, 2009). Esses fatores requerem
abordagens especializadas que integrem suporte psicológico, prevenção ao abuso de substâncias
e estratégias de gestão de stress.
Programas de prevenção podem ser particularmente eficazes quando incluem componen-
tes de educação sobre riscos associados ao abuso de substâncias, bem como estragias para
lidar com as demandas específicas da fama. Um exemplo são programas que incorporam tera-
pias baseadas em mindfulness, comprovadamente eficazes na redução do stress e na promoção do
bem-estar emocional em indivíduos expostos a altos níveis de pressão (Garland et al., 2011). Além
disso, redes de apoio social, tanto formais (como grupos terapêuticos) quanto informais (amigos
e familiares), são fundamentais para prevenir a evolução do consumo de drogas em populações
vulneráveis (Kosten & George, 2002).
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8.3. O Papel da Psicologia Forense na Prevenção
A Psicologia Forense desempenha um papel essencial no enfrentamento do abuso de subs-
ncias, especialmente ao tratá-lo como um problema de saúde pública em vez de uma questão
exclusivamente criminal. Esse ponto é particularmente relevante em contextos de alta visibili-
dade, como o das celebridades, onde a marginalização e o estigma associados ao vício frequente-
mente impedem o acesso a tratamentos adequados (Lloyd, 2013; Volkow et al., 2016).
Uma abordagem eficaz para essa questão exige intervenções interdisciplinares que integrem
assistência médica, suporte psicológico e reabilitação social. A Psicologia Forense pode atuar
como mediadora entre os sistemas de justa e saúde, promovendo alternativas ao encarcera-
mento, como programas de tratamento supervisionado e reabilitação. Pesquisas mostram que
esses programas, especialmente aqueles que incluem terapia comportamental e assistência
médica integrada, são significativamente mais eficazes na redução da reincidência e na promo-
ção da recuperação a longo prazo (Degenhardt et al., 2013).
O caso de Carangi ressalta como as políticas punitivas que priorizam a criminalização em
relação à reabilitão intensificam a marginalização de dependentes químicos nos sistemas de
saúde e justiça (Room, 2005; Tiger, 2013). Também traz lições valiosas para combater o estigma em
torno do vício, especialmente entre figurar públicas. Numa entrevista, questionada sobre a sua
sobriedade, respondeu: Oh yes, I am definitely. I wouldn’t be here right now talking to you if I wasn’t
(Carangi, 1982, 00:02:11). Essa resposta revela uma luta interna e busca por redenção, mesmo
enfrentando adversidades relacionadas ao vício.
9. Conclusão
Ao debruçar sobre casos como o de Gia, as políticas públicas devem desestimular a roman-
tização do uso de substâncias e promover uma consciencialização equilibradas sobre os riscos.
Este exemplo é um lembrete poderoso das consequências de n egligenciar as necessidades emo-
cionais e sociais de indivíduos vulneráveis, assim como da imporncia de criar uma rede de
suporte que valorize o bem-estar e a recuperação como pilares fundamentais.
A experiência de figuras públicas que enfrentaram o abuso de substâncias também oferece
uma poderosa lição sobre a necessidade de desestigmatizar o vício. Mais do que um problema
individual, ele é influenciado por fatores sociais, culturais e sistémicos que devem ser aborda-
dos com empatia e pragmatismo (Lloyd, 2013). Estratégias eficazes incluem o fortalecimento de
programas que combinem suporte psicológico, assistência médica e reabilitação social, além da
promoção de campanhas que desincentivem a romantização do uso de drogas (Koob & Volkow,
2009; Degenhardt et al., 2013).
O legado de histórias como esta lembra-nos que o apoio, a recuperação e a inclusão social
são pilares fundamentais no combate do vício. Em última análise, a sociedade deve priorizar
a criação de estruturas de apoio acessíveis, que valorizem a dignidade humana e promovam a
consciencialização sobre os desafios e possibilidades de superação associados a essa questão.
Mais do que tratar o vício como uma lacuna moral ou individual, é imperativo reconhecer a
sua complexidade e as ltiplas vulnerabilidades que ele reflete. Não se trata apenas de salvar
vidas, mas de dar espaço à recuperação diante do colapso. Esse é o verdadeiro impacto de uma
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abordagem empática e científica: não apenas reduzir danos, mas abrir portas para um futuro
onde ninguém seja deixado para trás.
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UMA PROCURA DE SENTIDO PARA A CRISE:
UMAPERSPETIVAHUMANISTA
A SEARCH FOR MEANING IN THE CRISIS: A HUMANIST PERSPECTIVE
Filipa Inácio1, Odete Nunes1, João Hipólito1
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 1
1ST JANUARY JANEIRO  30TH JUNE JUNHO 2025 PP. 4955
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XXI.1.4
Submited on 10/02/2025 Submetido a 10/02/2025
Accepted on 26/05/2025 Aceite a 26/05/2025
Resumo
Este artigo explora a temática da crise sob uma perspetiva humanista, com destaque para
a Abordagem Centrada na Pessoa, proposta por Carl Rogers. A reflexão parte da compreensão
das crises pessoais e coletivas e discute como a procura por sentido pode ser um caminho
para superar estados de desordem emocional e social. O texto integra conceitos filosóficos e
psicológicos, ampliando o entendimento sobre como a procura de sentido impacta a saúde mental
e o equilíbrio social.
Palavras-chave: Crise, Humanismo, Abordagem Centrada na Pessoa, Sentido da Vida, Saúde Mental
Abstract
This article explores the theme of crisis from a humanistic perspective, with a focus on the
Person-Centered Approach proposed by Carl Rogers. The reflection begins with an understanding
of personal and collective crises and discusses how the search for meaning can be a path to
overcoming states of emotional and social disorder. The text integrates philosophical and
psychological concepts, broadening the understanding of how the search for meaning impacts
mental health and social balance.
Keywords: Crisis, Humanism, Person-Centered Approach, Meaning of Life, Mental Health
1 Universidade Autónoma de Lisboa
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Filipa Inácio, Odete Nunes, João Hipólito
Introdução
A experiência da crise é um femeno recorrente e cíclico na história da humanidade e na
vida individual. Sob a perspetiva existencialista, a crise pode ser vista como uma oportunidade
de reflexão e de construção de sentido.
Viktor Frankl, psicólogo e grande teorizador das neuroses noogénicas, na sua obra Em Busca
de Sentido (Frankl, 1946/2008), introduziu a logoterapia como uma abordagem terapêutica
centrada na busca do “Significado. A crise, neste contexto, o é apenas um momento de
dificuldade, mas também um convite à introspeção e à análise do próprio sentido da existência.
Frankl enfatizou que a busca de “Significadoé essencial para a experiência humana, mesmo em
circunstâncias adversas, e que, ao enfrentar desafios, o indivíduo pode reavaliar a sua existência
e encontrar propósitos mais profundos (Frankl, 1946/2008; Yalom, 1980).
Além disso, a crise pode ser analisada como uma possibilidade de crescimento,
impulsionando o desenvolvimento pessoal e coletivo, na medida em que desafia crenças prévias
e fomenta novas formas de enfrentamento e adaptação (May, 1999). Desta forma, compreender
a crise enquanto processo de transformação permite à pessoa reconhecer o seu potencial de
fortalecimento psicológico, favorecendo a resiliência individual e coletiva. Neste sentido, a
reconstrução de Significado” torna-se um elemento essencial na superação de adversidades,
alinhando-se à perspetiva de autores que exploram a dimensão existencial e psicológica do
sofrimento humano (Neimeyer, 2001). No presente artigo, é apresentada uma reflexão sobre
a crise, segundo a perspetiva de alguns autores de vertente existencialista; seguidamente o
expostos alguns elementos concetuais que constituem o modelo da terapia centrada no cliente
(C. Rogers) evidenciando como, numa perspetiva de cariz humanista/existencialista, se pode
ajudar a pessoa a encontrar o seu pprio sentido de vida.
A Crise como Fenómeno Existencial
As crises são inerentes à condição humana. Estas manifestam-se de formas variadas, desde
crises pessoais, como as existenciais e de desenvolvimento, até crises sociais, ecológicas e políticas.
a citação bíblica de Eclesiastes 1:9, “Nada de novo debaixo do sol”, destaca a natureza cíclica
das crises ao longo da História. A incapacidade de manter a homeostase perpetuamente leva,
inevitavelmente, a períodos de instabilidade (Freud, 1920; Morin, 2005).
Viktor Frankl identificou as neuroses noogénicas como reflexos da perda de sentido na
vida moderna, o que leva a estados de ansiedade e depressão (Frankl, 1946/2008). As neuroses
noonicas são perturbações psicológicas que surgem a partir de conflitos existenciais e da
falta de sentido na vida, conceito amplamente desenvolvido por Viktor Frankl na Logoterapia.
Diferentemente das neuroses tradicionais, que têm raízes predominantemente psicodinâmicas
ou biológicas, as neuroses noogénicas derivam de crises existenciais de frustração no sentido da
vida e do “vazio” existencial.
De acordo com a American Psychological Association (APA, 2020), a neurose refere-se a um
termo histórico para descrever perturbações emocionais e psicológicas caracterizadas por
ansiedade, depressão e sintomas obsessivo-compulsivos, sem comprometimento da perceção
da realidade. No entanto, o conceito de neurose noogénica é específico da Logoterapia e está
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relacionado com a falta de sentido e com conflitos existenciais. Esta perspetiva, destaca a
importância da procura do “Significado, como o caminho para superar a crise.
Zygmunt Bauman (2000), um dos mais influentes sociólogos contemporâneos, analisou a crise
como um fenómeno existencial no contexto da modernidade líquida, conceito central na sua
obra, que se traduz em considerar que a sociedade contemporânea se caracteriza pela fluidez,
incerteza e instabilidade das relações humanas, do mercado de trabalho e das identidades
pessoais. Nesse cenário, a crise existencial emerge como resultado da constante mutabilidade e
da falta de referências sólidas, gerando sentimentos de inseguraa, ansiedade e precariedade
na constrão do sentido da vida. É de sublinhar a diferença entre as sociedades tradicionais,
cujas estruturas eram mais rígidas e previsíveis e a modernidade líquida que dissolve certezas e
compromissos de longo prazo, tornando a identidade um projeto inacabado e instável.
Bauman argumenta que essa instabilidade leva os indivíduos a uma procura incessante por
validação e segurança, muitas vezes através do consumo e das relações efémeras. No entanto, essa
tentativa de preencher o vazio existencial com objetos e conexões superficiais apenas aprofunda
a crise, pois impede o desenvolvimento de vínculos autênticos e de um sentido de pertença
duradouro. A falta de solidez na vida moderna dificulta a construção de narrativas existenciais
coerentes, deixando os indivíduos mais vulneráveis a crises identitárias e sentimentos de
alienação. Para este autor, a pressão para a constante reinvenção pessoal e profissional, imposta
pelo capitalismo tardio, cria uma sensação de instabilidade permanente, na qual o medo do
fracasso se torna uma presença constante.
Bauman (2001) refere ainda que, a crise existencial na modernidade líquida não é um
episódio isolado na vida dos indivíduos, mas uma condição estrutural da contemporaneidade. As
relações humanas são cada vez mais “descartáveis, os compromissos são evitados por medo da
obsolescência e a noção de segurança existencial torna-se cada vez mais ilusória. Assim, a crise
existencial assume um caráter coletivo, refletindo não apenas dilemas individuais, mas também
as tensões sociais e culturais de um mundo em constante transformação. A superação dessa crise
exige uma reflexão crítica sobre os valores predominantes e a busca por formas mais autênticas
de conexão e constrão de significado, resistindo à lógica da superficialidade e da liquidez que
permeia a sociedade contemporânea (Mönckeberg, et all. , 2020)
Martin Heidegger (2012), um dos principais filósofos existencialistas do século XX, abordou
a crise como um fenómeno existencial a partir da sua análise do Ser e da angústia. Para
Heidegger (1927/2010), a crise existencial é inerente à condição humana e manifesta-se quando o
indivíduo se confronta com a finitude da sua existência e a falta de um sentido pré-determinado.
No seu conceito central de Dasein (ser-aí), ele descreve o ser humano como um ente que está
constantemente projetado no mundo, sendo chamado a escolher e a construir o seu próprio
sentido de existência. No entanto, essa liberdade vem acompanhada de uma profunda angústia,
pois revela a falta de fundamentos indiscutíveis e expõe o indivíduo à responsabilidade pelas
suas escolhas.
Na sua perspetiva a angústia (Angst) desempenha um papel crucial na compreensão da crise
existencial. Diferente do medo, que tem um objeto específico, a angústia é um estado emocional
mais profundo e difuso, que surge quando o indivíduo percebe a precariedade e a incerteza da sua
existência. Essa experiência revela o nada (das Nichts) e evidencia o caráter transitório da vida
humana, levando à consciência da própria mortalidade. Para Heidegger, essa confrontação com a
finitude pode levar à alienação e à busca por refúgio em estruturas impessoais e convencionais,
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como as normas sociais e a mentalidade coletiva do Das Man (o “seimpessoal). Assim, ao viver
segundo as expectativas externas, o indivíduo evita a crise, mas também se distancia da sua
autenticidade.
Contudo, Heidegger argumenta que a angústia não deve ser vista apenas como um sofrimento
paralisante, mas como uma possibilidade transformadora. A crise existencial, ao desestabilizar
certezas e expor a vulnerabilidade do ser humano, pode abrir caminho para uma existência
autêntica (Eigentlichkeit), na qual o indivíduo assume a sua própria liberdade e responsabilidade
de ser. Assim, a superação da crise não se dá pela fuga ou pela adesão irrefletida às convenções,
mas pela aceitação consciente da própria finitude e pela busca de um modo de vida que esteja em
sintonia com a verdade do seu próprio ser.
Irvin D. Yalom, psiquiatra e psicoterapeuta existencial, abordou a crise como um fenómeno
existencial relacionado com os quatro desafios fundamentais da existência: a morte, a liberdade,
o isolamento e a falta de sentido. Para Yalom (1980), a crise existencial ocorre quando o indivíduo
se confronta com essas realidades inevitáveis da vida, gerando angústia e sofrimento psicológico.
Diferente das abordagens tradicionais da psicopatologia, que enfatizam causas intrapsíquicas
ou comportamentais, Yalom argumenta que muitas perturbações emocionais derivam da
incapacidade de lidar com essas questões fundamentais da existência.
A morte, por exemplo, é um dos principais catalisadores da crise existencial. Embora muitas
pessoas evitem pensar sobre a sua própria finitude, momentos de perda ou eventos traumáticos
podem tornar essa realidade inegável, levando a sentimentos de medo e desamparo (Maldonado,
2021). Da mesma forma, a liberdade, entendida como a ausência de um destino pré-determinado,
pode ser fonte de angústia, pois obriga o indivíduo a assumir total responsabilidade pela sua vida
e escolhas. Esse confronto com a própria autonomia pode gerar paralisia decisória ou fuga para
estruturas externas que ofereçam um falso sentido de segurança.
Outro elemento essencial na teoria de Yalom é o isolamento existencial, que diz respeito à
impossibilidade de um vínculo absoluto com os outros. Embora as relações interpessoais possam
oferecer conforto e conexão, nenhum ser humano pode experimentar completamente a realidade
subjetiva do outro, gerando um sentimento inevitável de solidão. Por fim, a crise existencial pode
ser intensificada pela falta de sentido, especialmente em momentos de transição ou perda. Yalom,
I., D., Yalom, M. (2021) Quando os sistemas tradicionais de significado – como a religião, a cultura
ou os papéis sociais – falham em proporcionar um propósito satisfatório, o indivíduo pode entrar
numa espiral de niilismo e desesperança.
Segundo o autor, a superação da crise existencial não envolve a eliminação dessas angústias
fundamentais, mas sim a sua aceitação consciente. O crescimento pessoal ocorre quando o
indivíduo enfrenta corajosamente essas realidades e cria um sentido próprio para a sua existência.
Deste modo, a crise não é vista apenas como um momento de sofrimento, mas também como
uma oportunidade para a transformação e o amadurecimento psicológico.
Também Ernesto Spinelli, psicoterapeuta existencial contemporâneo, aborda o conceito de
crise, encarando-o como uma oportunidade crítica para a mudaa existencial e a transformão
pessoal, na qual a r upt ura da visão do mundo (worldview) abre a possibilidade de uma compreensão
mais profunda de si pprio e de uma vida autêntica (2014).
Num outro contexto, C. Rogers, um dos principais teóricos da psicologia humanista, abordou
a crise como um fenómeno existencial no âmbito do desenvolvimento da personalidade e da
autorrealizão. Segundo Rogers (1951), a crise surge quando uma incongruência significativa
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entre a experiência real e a autoperceção do indivíduo, resultando em angústia psicológica. Esse
estado de desconforto pode levar a uma crise existencial, na qual a pessoa questiona o seu sentido
de vida, os seus valores e o seu papel no mundo. Assim, essa incongruência ocorre quando
um desfasamento entre o “eu percecionado”, que representa as experiências vivenciadas pela
pessoa, e o eu desejado, que corresponde à imagem que a pessoa desejaria corresponder. Esse
conflito interno pode gerar sofrimento emocional, levando a sentimentos de baixa autoestima,
de desorientação e de incerteza quanto ao próprio significado da exisncia.
Apesar da angústia inerente à crise existencial, Rogers (1961) defendia que os indivíduos
possuem uma capacidade inata de crescimento e autorrealização, conceptualização que
denominou de Tendência Atualizante. Assim, a crise pode tornar-se um catalisador para o
desenvolvimento pessoal, desde que a pessoa tenha acesso a um conjunto de condições que
favoreçam a exploração das suas dificuldades e promovam a sua reconstrão psicológica.
No contexto psicoterapêutico, Rogers enfatizou que a superação da crise existencial ocorre
num ambiente em que se experiencia a aceitação incondicional, a compreensão empática e a
autenticidade. A terapia centrada na pessoa, modelo desenvolvida por ele, oferece um espaço
seguro para que o indivíduo se possa expressar livremente, reconhecer e integrar os seus conflitos
internos, promovendo um sentido renovado de identidade e de propósito. Desta forma, a crise,
em vez de ser vista apenas como um momento de sofrimento, pode ser compreendida como uma
oportunidade de crescimento e transformação pessoal.
A intervenção na Crise segundo a Psicoterapia Centrada no Cliente
Carl Rogers desenvolveu conceitos fundamentais para a compreensão do desenvolvimento
humano, destacando-se a Tendência Atualizante e a Tendência Formativa. A Tendência Atualizante
refere-se ao movimento inato de todos os organismos para desenvolverem as suas capacidades
de forma a manter ou aprimorar a sua existência (Rogers, 1951). Trata-se de um impulso natural
para a autorrealização e o crescimento da pessoa, que se manifesta plenamente em ambientes
de aceitação e de compreensão empática.
A Tendência Formativa, por sua vez, é um conceito mais amplo, proposto posteriormente
por Rogers, que descreve a propensão do universo a evoluir em direção a formas cada vez mais
complexas num movimento de auto-organização (Rogers, 1980). Esse princípio implica que a
vida, nos seus diversos níveis, procura continuamente a atualização e a complexificão (Morin,
2005).
Pode-se equacionar que a busca por Sentidoperante a crise, esteja intrinsecamente ligada
a estes conceitos de Rogers, na medida em que a Tenncia Atualizante impulsiona o indivíduo
a crescer, a se adaptar e a procurar o “Sentido, funcionando como um mecanismo essencial
para restaurar o equilíbrio diante das adversidades. A crise representa, pois, uma rutura na
homeostase pessoal, e a constrão de significado, mediada por ambientes empáticos e autênticos,
é o caminho para a superação.
O autor supracitado, ainda abordou os traumas como uma forma de crise existencial
resultante da incongruência entre a experiência vivenciada e a autoimagem do indivíduo. Para
Rogers (1951), o trauma não é apenas um evento externo com impacto psicológico, mas uma
experiência subjetiva que pode gerar uma profunda desorganização emocional quando desafia
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a estrutura interna do self. Essa incongruência ocorre quando as experiências traumáticas
distorcem a perceção que a pessoa tem de si mesma e do mundo, levando a sentimentos de
angústia, desorientação e vulnerabilidade.
A crise traumática, segundo Rogers, pode resultar num bloqueio do processo de autorrealização,
que é uma tendência inata do ser humano para o crescimento e o desenvolvimento. O trauma
pode distorcer a autoimagem da pessoa, levando-a a adotar mecanismos defensivos como a
negação e a repressão, de modo a evitar a dor emocional associada à experiência traumática
(Hipólito, 2011). No entanto, esse evitamento impede a integração plena da experiência e pode
resultar em sofrimento psicológico prolongado. Além disso, o trauma pode afetar a capacidade
do indivíduo de estabelecer relações autênticas e significativas, pois a confiança em si mesmo e
nos outros pode ser profundamente abalada.
A psicoterapia centrada na pessoa cria esse espaço seguro, permitindo-lhe que processe
e reorganize as suas experiências de maneira que possam ser integradas no seu self de forma
mais coerente e adaptativa. Para Rogers (1961), a superação da crise traumática ocorre quando
o indivíduo tem a oportunidade de explorar as suas experiências dolorosas num ambiente de
cuidado incondicional, compreensão empática e autenticidade. Mais concretamente, através da
relação terapêutica, a pessoa pode reconstruir a sua narrativa pessoal, recuperar a sua atividade
e retomar o seu processo de crescimento. Desta forma, o trauma, embora doloroso, pode ser
transformado numa experiência de aprendizagem e fortalecimento pessoal, desde que seja
abordado com suporte emocional e compreensão genuína.
Conclusão
Neste artigo, vários autores são unanimes em constatar que ao longo da nossa existência
somos assaltados por vivencias de crises, nomeadamente de nível pessoal, desde as crises de
crescimento às crises existenciais, de nível social, ecológico e até planetárias. Se por um lado,
quando falamos de crise, sobressai o impacto negativo que esta provoca, por outro, pode também
representar um fator desencadeador de mudança e de superação.
Um dos aspetos a realçar e que é estruturante para cada pessoa, é a procura de um Sentido
para vida. Esta procura pode ser feita de forma solitário ou com a ajuda exterior (ex. profissional
de ajuda psicológica, guia espiritual/filosófico), a qual do ponto de vista psicoterapêutico se pode
situar numa perspetiva essencialista ou existencialista. Este último (preconizado por C. Rogers)
vai ajudando a pessoa a encontrar o seu próprio sentido, isto é, com o cliente o terapeuta constrói
o dicionário e o universo de significados que darão sentido à sua vida e que lhe permitirá não só
ultrapassar a crise, mas também construir estragias de manutenção da sua homeostase ou da
restauração da mesma em novas situações de crise.
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21. The editorial process is totally free of costs for the authors. Psyche is a non-prot scientic publication.
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2023 pp. 74-83
APPENDIX 1
Lisbon, xx xx 20xx
Dear authors
The editorial coordination of Psique asks the authors of the manuscript titled “xxx”, to be published in
volume xxx, to sign below in agreement to granting Psique the Copyright for the publication of the paper
in printed and online forms. The granting of the copyright to Psique is only legitimate if all authors sign
this
agreement.
By signing this document, the authors guarantee that the article submitted for publication is original,
exclusively of their authorship and that it respected the international ethical and methodological
standards in the scientic eld of Psychology, namely the ones proposed by the American Psychological
Association (APA) and the European Science Foundation (European Code of Conduct for Integrity of
Research). Authors are fully responsible for what is written in the articles and ensure that they do not
submit the work simultaneously to another journal for publication.
Psyche holds the copyright of the entire publication. However, each author has the copyright of his
own text. If authors decide to later republish it elsewhere, they are asked to refer to the publication in
Psique. The journal publishes in open access, does not carry out any embargo on the articles and authors
can share the article in auto le systems or in institutional repositories.
Below are the full names of the authors for signature:
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Odete Nunes
Editor in Chief of Psique
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INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Elaboração e submissão de artigos
A elaboração e submissão de artigos para a revista Psique subordina-se aos padrões cientícos internacionais,
de acordo com as seguintes condições:
1. Os artigos submetidos para publicação têm de ser originais e inéditos. Os autores assinam uma declaração
(Anexo 1) onde garantem:
A) Que realizaram o trabalho que apresentam e que são integralmente responsáveis pelo que está
escrito nos artigos;
B) Que respeitaram os padrões éticos e metodológicos internacionais vigentes na área cientíca
da Psicologia, propostos pela American Psychological Association (APA) e pela European Science
Foundation (European Code of Conduct for Integrity of Research);
C) E que não submeteram o trabalho simultaneamente a outra revista para publicação;
D) A revista usará de todos os meios para garantir os anteriores critérios, designadamente, podendo
pedir prova de documentos e através do uso de um soware de plágio (Urkund). Os autores
serão informados no caso de existirem indicadores de plágio, podendo pronunciar-se sobre esses
indicadores antes da rejeição do artigo.
2. A Psique detém os direitos de autor sobre a publicação, no entanto, cada autor tem o copyright do seu
próprio texto; no caso de o republicar mais tarde noutro local, pede-se a referência à publicação na Psique. A
revista não procede a qualquer embargo dos artigos. O(s) autor(s) pode divulgar o artigo em sistemas de auto
arquivo ou em repositórios institucionais.
3. Os artigos enviados para submissão devem ser remetidos em suporte eletrónico à Coordenação Editorial:
Odete Nunes (onunes@autonoma.pt; psique@autonoma.pt).
4. Na primeira página do artigo deve constar a nome completo do(s) autor(es), sem siglas, a respetiva liação,
local e país, bem como o(s) e-mail(s) de contacto de todos os autores do artigo.
5. Os textos podem ser apresentados em português, castelhano, francês e inglês.
6. Os artigos propostos são submetidos a um processo de arbitragem cientíca, de revisão cega por pares (blind
peer review) feita por, pelo menos, dois especialistas (Doutorados em Psicologia) que fazem parte do Conselho
Editorial da revista, e cuja maioria é externa à Universidade Autónoma de Lisboa.
7. O processo de submissão e avaliação dos manuscritos submetidos seguirá os seguintes passos:
Os artigos são recebidos pelo Editor da revista e enviados para dois revisores. Os artigos serão
enviados sem o nome dos autores para os revisores. Todo o processo de avaliação dos artigos é feito
sob o anonimato dos autores para garantir uma “revisão cega por pares”. No processo de avaliação,
os revisores também serão mantidos anónimos para os autores;
Os revisores avaliarão os artigos e expressarão a sua opinião sobre a qualidade do artigo, sobre a
pertinência da sua publicação na revista e poderão indicar sugestões de melhoria tão especícas
quanto possível para a reformulação do artigo. No caso das opiniões dos revisores serem discordantes,
o Editor poderá decidir sobre a publicação, após a sua própria análise ao artigo, ou pode pedir um
outro parecer a um terceiro revisor;
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Os autores serão informados da decisão editorial, num período médio de três meses, que pode
consistir em:
A) Aceite (o manuscrito foi aceite para publicação na sua forma atual);
B) Aceite condicionalmente, mediante pequenas reformulações, neste caso, após as alterações
introduzidas, o artigo reformulado pode ser aceite pelo editor;
C) Convidado a re-submeter após reformulações substanciais (o tema interessa à revista, porém,
o artigo necessita de uma reformulação profunda). Nestes casos, os autores são convidados a
reformular o artigo de acordo com as sugestões dos revisores e a re-submeter à revista. Após
a reformulação dos artigos, estes serão enviados novamente aos revisores para uma segunda
avaliação;
D) Rejeitado (quando foi considerado que o manuscrito não cumpriu os critérios para
publicação na revista).
8. A linguagem de base para o envio dos cheiros originais é “.doc”.
9. A dimensão dos artigos tem um limite de 30 páginas, excluindo a lista de referências bibliográcas, tabelas
e guras.
10. As imagens (esquemas, mapas, tabelas e grácos) deverão ser referidos e identicados em obediência à
última edição do Publication Manual of the American Psychological Association (APA).
11. A estrutura dos artigos deve obedecer às regras da última edição do Manual de Publicações da APA. O
título e o resumo devem ser escritos na língua original do artigo e em inglês, bem como as palavras-chave do
artigo. O resumo tem uma dimensão limite até 200 palavras e seguem-se-lhe as palavras-chave, no máximo
de cinco.
12. As citações e referências bibliográcas são feitas de acordo com as normas da última edição do Manual de
Publicações da APA, por exemplo:
A) Artigos de Revista Cientíca: Herbst-Damm, K. L., & Kulik, J. A. (2005). Volunteer support,
marital status, and the survival times of terminally ill patients. Health Psychology, 24, 225-229.
https://doi.org/10.1037/0278-6133.24.2.225
B) Livros de Autor: Mitchell, T. R., & Larson, J. R., Jr. (1987). People in organizations: An introduction to
organizational behavior (3rd ed.). McGraw-Hill;
C) Capítulos de Livros: Bjork, R. A. (1989). Retrieval inhibition as an adaptive mechanism in
humanmemory. In H. L. Roediger III & F. I. M. Craik (Eds.), Varieties of memory & consciousness
(pp.309 -330). Erlbaum.
13. Sempre que se justique, sem prejuízo da sua inclusão no documento em “.doc”, os cheiros originais dos
quadros e guras podem ser enviados em separado, em formato JPEG, TIFF ou XLS.
14. As notas de rodapé são feitas de acordo com as normas da última edição do Manual de Publicações da APA.
15. A Psique publica cinco tipos de artigos:
A) Artigos empíricos que apresentam relatórios de investigações cientícas originais.
B) Artigos de revisão de literatura que desenvolvem análises críticas de material anteriormente
publicado.
C) Artigos teóricos em que o autor desenvolve avanços sobre teorias inovadoras ou anteriormente
publicadas.
D) Artigos metodológicos que apresentam novas abordagens metodológicas, modicação de
métodos existentes ou discussões sobre as abordagens quantitativas ou qualitativas na investigação
cientíca.
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E) Estudos de caso que reportam material de casos obtidos ao longo do trabalho com indivíduos,
grupos, uma comunidade ou uma organização.
16. A revista Psique tem um limite máximo de publicação de um artigo de um mesmo autor em cada volume.
17. O conselho editorial da Psique, responsável pela avaliação dos artigos publicados, é constituído em, pelo
menos, 75% por membros de instituições académicas externas à instituição de acolhimento da Psique.
18. A publicação é semestral, com data de publicação de 1 de janeiro a 31 de junho e de 1 de julho a 31 de
dezembro.
19. A Psique subescreve os códigos de ética e boas práticas editoriais, designadamente:
O Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for Journal Editors, do Committee on Publication
Ethics Committee on Publication Ethics (2011). Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for
Journal Editors. Retrieved from http://publicationethics.org/les/Code_of_conduct_for_journal_
editors_Mar11.pdf
O White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications, da Council of Science
Editors Scott-Lichter, D. & Editorial Policy Committee, Council of Science Editors (2012). CSE’s
White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications. Retrieved from https://www.
councilscienceeditors.org/wp-content/uploads/entire_whitepaper.pdf
Para mais detalhes sobre obrigações éticas dos autores, revisores e coordenação editorial, consultar
o separador Ética Editorial e Boas Práticas.
20. Em nenhuma etapa do processo editorial se estabelecem custos para os autores. A Psique é uma publicação
cientíca sem ns lucrativos.
21. Em caso de publicação, os autores permitem o uso do seu trabalho através da utilização da licença
creative commons, CC-BY [https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/], que permite a cópia, distribuição
e transmissão do conteúdo, assim como a sua adaptação para uso comercial.
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APÊNDICE 1
Lisboa, x de x de 20xx
A Revista Psique solicita que os autores do manuscrito intitulado “xxx”, a ser publicado no volume xxx,
concedam os direitos autorais do manuscrito para publicação na forma impressa e eletrónica. Informa-
mos que a concessão dos direitos autorais só será legítima, se todos os autores assinarem a presente carta.
Ao assinar o presente documento os autores garantem que o artigo submetido para publicação é ori-
ginal, é exclusivamente da sua autoria e que respeitou os padrões éticos e metodológicos internacionais
vigentes na área cientíca da Psicologia, propostos pela American Psychological Association (APA) e pela
European Science Foundation (European Code of Conduct for Integrity of Research). Os autores são in-
tegralmente responsáveis pelo que está escrito nos artigos e garantem que não submeteram o trabalho
simultaneamente a outra revista para publicação.
A Psique detém os direitos de autor sobre o conjunto da publicação, no entanto, cada autor tem os direi-
tos de autor do copyright do seu próprio texto. No caso de o republicar mais tarde, noutro local, pede-se
a referência à publicação na Psique. A revista publica em acesso aberto, não procede a qualquer embargo
dos artigos e os autores podem divulgar o artigo em sistemas de auto arquivo ou em repositórios institu-
cionais.
Seguem abaixo os nomes completos dos autores por extenso para assinatura:
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Odete Nunes
Editor Diretor Psique
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REVIEWERS INSTRUCTIONS
Article Review
The articles submitted to be published in Psique will be evaluated by two experts in the scientic domain of
the paper, Ph.D in Psychology.
These are the steps involved in the process of manuscript submission and acceptance/rejection:
1. Manuscripts are received by the journal’s editor in chief and aer a preliminary analysis will be
sent to two reviewers, in a double-blind peer-review system. Both reviewers’ and author’s anonymity
is preserved;
2. Reviewers will assess the manuscripts and express their opinion on the quality and pertinence for
the journal’s aims and scope and should suggest specic reformulations to improve the quality of the
manuscript.
3. In case both reviewers disagree on their assessment, the editor in chief may assess the manuscript
and decide about its publication or request the opinion of a third reviewer.
Each reviewer should carefully read the manuscript and issue a justied and reasoned report on the
appropriateness of manuscript for publication in Psique. The dimensions to consider in the evaluation process
are the following:
1. Relevance and up to date of the theme of the manuscript for the scientic eld of Psychology;
2. Coverage, adequacy and up to date of the analyzed scientic literature;
3. Appropriateness of the methodological procedures in relation to the objectives of the study;
4. Clarity of writing and correction of the article structure, according to the APA structure criteria;
5. Validity of the results obtained in relation to the objectives and the methodological procedures
developed;
6. Scope, articulation and in depth of the discussion of the results obtained;
7. Formal correction of bibliographical references, formulas and tables; according to the APA formal
criteria.
For guidelines on the ethical criteria in the editorial process please read the Publication Ethics and Best-
Practice Guidelines.
Authors will be informed of the editorial decision, usually during the period of three months, which may be:
a) Accepted (the manuscript is accepted for publication as it is);
b) Conditionally accepted (requires minor reformulations), in this case the paper may be accepted by
the editor once the author introduces the minor reformulations;
c) Invited to re-submit aer major revisions (the theme is of interest, yet the manuscript needs major
revisions). In this case, authors are advised to rewrite the manuscript in accordance to reviewers’
suggestions and re-submit it. Re-submitted manuscripts are sent to reviewers for re-assessment;
d) Rejected (when the manuscript does not meet the criteria for publication).
On the link below you will nd the evaluation format for the evaluation of manuscripts submitted to Psique
Manuscript Evaluation Sheet.
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INSTRUÇÕES AOS REVISORES
Revisão de artigos
Os artigos submetidos para serem publicados em Psique serão avaliados por dois especialistas no domínio
cientíco do estudo, doutorados em Psicologia.
As etapas envolvidas no processo de submissão e aceitação / rejeição dos manuscritos são as seguintes:
1. Os manuscritos são recebidos pelo editor da revista e, após uma análise preliminar, serão enviados
para o parecer de dois revisores, sob um sistema de revisão de pares anónimo duplo. É preservado o
anonimato tanto dos autores, como dos revisores.
2. Os revisores avaliarão os manuscritos e emitirão o seu parecer sobre a qualidade e pertinência dos
manuscritos, face aos objetivos e âmbito da revista e devem sugerir reformulações especícas para
melhorar a qualidade dos manuscritos.
3. Caso os dois revisores não estejam de acordo sobre a avaliação de um manuscrito, o editor pode
avaliar o manuscrito e decidir sobre sua publicação ou solicitar a opinião de um terceiro revisor.
Cada revisor deve ler cuidadosamente o manuscrito e emitir um relatório justicado e fundamentado sobre
a adequação do manuscrito para publicação na Psique. As dimensões a considerar no processo de avaliação
são as seguintes:
1. Pertinência e atualidade do tema para o campo cientíco da Psicologia;
2. Cobertura, adequação e atualidade da literatura cientíca analisada;
3. Adequação dos procedimentos metodológicos face aos objetivos do estudo;
4. Clareza da escrita e correção da estrutura do artigo, de acordo com os critérios APA;
5. Validade dos resultados obtidos face aos objetivos e aos procedimentos metodológicos
desenvolvidos;
6. Abrangência, articulação e profundidade na discussão dos resultados obtidos;
7. Correção formal das referências bibliográcas, fórmulas e tabelas, de acordo com os critérios
formais APA.
Para instruções sobre os critérios éticos no processo editorial, por favor, leia o separador Ética Editorial e Boas
Práticas de Publicação.
Os autores serão informados da decisão editorial, geralmente durante o período de três meses, que pode ser:
a) Aceite (o manuscrito foi aceite para publicação na sua forma atual);
b) Aceite condicionalmente, mediante pequenas reformulações. Neste caso, após as alterações
introduzidas, o artigo reformulado pode ser aceite pelo editor;
c) Convidado a re-submeter após reformulações substanciais (o tema interessa à revista, porém, o
artigo necessita de uma reformulação profunda). Nestes casos, os autores são convidados a reformular
o artigo de acordo com as sugestões dos revisores e a re-submeter à revista. Após a reformulação dos
artigos, estes serão enviados novamente aos revisores para uma segunda avaliação;
d) Rejeitado (quando foi considerado que o manuscrito não cumpriu os critérios para publicação na
revista).
Em seguida para download, encontra a cha de avaliação de manuscritos para publicação na Psique
Ficha de Avaliação de Manuscritos