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APOIO SOCIAL E ACONTECIMENTOS DE VIDA NEGATIVOS
NASFAMÍLIAS EM RISCO PSICOSSOCIAL E A POPULAÇÃO
EMGERALDO ALGARVE
SOCIAL SUPPORT AND NEGATIVE LIFE EVENTS IN FAMILIES AT
PSYCHOSOCIAL RISK AND THE GENERAL POPULATION OF THE ALGARVE
Carmen Macedo1, Rita dos Santos2, Cátia Martins3, Cristina Nunes4
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XX • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2024 PP. 826
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XX.2.1
Submitted on 03/04/2024 Submetido a 03/04/2024
Accepted on 17/06/2024 Aceite a 17/06/2024
Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar os acontecimentos de vida negativos, o impacto emo-
cional e o apoio social em famílias com menores em risco psicossocial e a população em geral.
Foram entrevistados 348 pais residentes no Algarve, 131 acompanhados pelas Comises de Pro-
teção de Crianças e Jovens e 217 da população em geral. Utilizou-se a entrevista estruturada de
Apoio Social de Arizona, a escala de Apoio Social para Situações Vitais Estressantes, o Inventário
de Situações Estressantes e de Risco e um questionário sociodemográfico.
As famílias em risco psicossocial reportaram mais acontecimentos de vida stressantes e de
risco, atuais e passados, da própria e do ambiente pximo. Também reportaram mais necessi-
dade de apoio, emocional, tangível e informativo e mostraram-se mais satisfeitas com exceção
do apoio emocional, comparativamente às famílias da população geral.
Ambos os grupos possuem redes de apoio social de tamanho intico. No entanto, as famílias
em risco apresentaram maior presença dos filhos menores na sua rede de apoio social, indicando
uma possível disfuncionalidade do sistema familiar e parental. Constatou-se também uma maior
presença de profissionais nas suas redes de apoio, o que enfatiza alguma dependência relativa-
mente aos serviços, como também a imporncia da intervenção junto destas famílias.
Palavras-Chave: Acontecimentos de vida negativos, Apoio social, Famílias em risco, Risco psicossocial
1 Universidade do Algarve, 8005-135 Faro, Portugal. https://orcid.org/0000-0001-6259-0737 (cspmacedo@gmail.com)
2 Universidade do Algarve, 8005-135 Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP). https://orcid.org/0000-0002-
3278-8424 (rasantos@ualg.pt)
3 Universidade do Algarve, 8005-135 Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP). https://orcid.org/0000-0002-
1819-85 (csmartins@ualg.pt)
4 Universidade do Algarve, 8005-135 Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP). https://orcid.org/0000-0002-
1009-0519 (csnunes@ualg.pt)
Autor de contacto: Cristina Nunes, csnunes@ualg.pt
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Carmen Macedo, Rita dos Santos, Cátia Martins, Cristina Nunes
Abstract
This study aimed to analyze negative life events, emotional impact, and social support in
families with minors at psychosocial risk and the general population. A total of 348 parents were
interviewed, with 131 being monitored by the Child and Youth Protection Commissions and 217
from the general population, all residing in the Algarve. We used the Arizona Social Support
Interview, the Social Support Scale for Stressful Life Situations, the Stressful and Risky Situations
Inventory, and a sociodemographic data questionnaire.
Families at psychosocial risk reported more stressful and risky life events, both current and
past, involving themselves and their immediate environment. These families reported a greater
need for emotional, tangible, and informational support and expressed higher satisfaction,
except for emotional support, than the general population.
Families at risk showed a higher presence of their minor children in their social support
network, which may indicate some dysfunction in the family and parental system. They also
showed a greater presence of professionals, suggesting both a degree of dependency and the
importance of professional intervention with families in more vulnerable situations.
Keywords: At-risk families, negative life events, psychosocial risk, social support.
1. Introdução
A família representa o principal contexto de desenvolvimento e socialização das crianças,
sendo a sua diversidade complexa e dinâmica. Apesar do caráter normativo, nem todas as famí-
lias são iguais e são muitos os contextos familiares em que as necessidades básicas dos menores
não são satisfeitas, comprometendo o seu saudável desenvolvimento, integridade física e psico-
gica (Ayala-Nunes et al., 2014, 2018; Hidalgo García et al., 2009).
As famílias em situação de risco psicossocial constituem uma realidade em Portugal, deno-
tando-se uma crescente preocupação, em virtude dos múltiplos desafios e fatores de stresse
(internos e externos), com os quais têm de lidar. Estes encontram-se muitas vezes associados
a condões de vida desfavorecidas, como múltiplos acontecimentos de vida stressantes, que
as desafiam frequentemente face a mudanças e adaptações, o que coloca em evidência os seus
escassos recursos (Ayala-Nunes et al., 2017; Nunes et al., 2013, 2023) e dificultando o exercício
efetivo das suas competências parentais (Ayala-Nunes et al., 2017; Mendez et al., 2010), bem
como o desenvolvimento dos menores e o bem-estar da família (Bauch et al., 2022; Pérez et al.,
2017).
Ao longo da vida, poderão surgirltiplos acontecimentos de vida (i.e., desequilíbrios),
alguns com importantes repercussões ao nível do funcionamento pessoal e familiar, e que impli-
cam mudanças e adaptação psicossocial (Lorence et al., 2013; Karhina et al., 2023). Estes even-
tos, denominados de acontecimentos de vida stressantes e de risco, despoletam níveis elevados
de stress (Rodrigo et al., 2008), podem ser definidos como experiências que afetam ou amea-
çam a atividade diária dos indivíduos, implicando a sua necessidade de adaptação (Gao et al.,
2020; Lorence, 2008; Mangalagiu et al., 2024), exigindo um maior grau de reestruturação e de
mudança na vida dos indivíduos ou das famílias (Rodrigo et al., 2008). Podem ser agrupados
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cinco categorias: a) acontecimentos de vida significativos (e.g., desemprego, perdas afetivas,
divórcio); b) acontecimentos do quotidiano (e.g., falta de dinheiro e de tempo livre), c) aconte-
cimentos sociais (e.g., pobreza, racismo, conflitos familiares); d) acontecimentos traumáticos ou
catástrofes (e.g., sismos, guerras); e e) fatores ambientais (e.g., poluição da água, do ar) (Evans &
Cohen, 1987).
As famílias em situação de risco psicossocial caracterizam-se por elevada acumulação de
acontecimentos de vida stressantes (Mendez et al., 2010; Rodrigo et al., 2008), que podem acu-
mular-se ao longo da vida enquanto crises sucessivas e inesperadas, decorrentes da sua elevada
vulnerabilidade e de preses do meio, que dificultam a sua capacidade para lidar com as cir-
cunstâncias adversas (Sousa, 2005). Neste sentido, as circunstâncias de risco, nomeadamente a
sua acumulação, têm vindo a ser relacionadas com o bem-estar psicológico (Ayala-Nunes et al.,
2014; Hidalgo et al., 2018), e a falta de suporte social (i.e., o isolamento social) um fator crítico para
a etiologia dos maus-tratos infantis (Ayala-Nunes et al., 2017; Nunes & Ayala-Nunes, 2015; Rayce
et al., 2017) e risco de deterioração do ambiente familiar (Nunes et al., 2021).
O apoio social é um dos fatores de proteção que pode contribuir para mitigar o efeito dos
indicadores que influenciam o perfil de risco psicossocial, devido aos seus efeitos diretos e indi-
retos na diminuição do impacto negativo de diversos fatores de risco sobre o bem-estar físico
e psicológico (Alvarez et al., 2020; Cohen, 2004; Hong et al., 2023; Li et al., 2011). Constitui um
constructo multidimensional reconhecido pela sua influência sobre a saúde, o bem-estar psico-
gico (Ayón, 2018; Cohen & Wills, 1985; Thoits, 2011; Nunes, et al., 2021), a qualidade das práticas
parentais (Belsky & Jafee, 2015), o impacto no relacionamento entre pais-filhos (Ayala-Nunes et
al., 2017) e o exercício de uma parentalidade adequada (Álvarez et al., 2020; Brown et al., 2018;
Martin et al., 2012). É muitas vezes associado a um tipo de ajuda (formal ou informal) que as
pessoas recorrem para ultrapassar as suas necessidades e dificuldades, com repercussões nas
práticas parentais e na forma como as famílias superam os acontecimentos de vida stressantes
(Martins et al., 2022). Assim, a provisão estratégica e eficiente de apoio às famílias, que atenda
às suas necessidades, revela-se crucial para aliviar o stresse (Hong et al., 2020), promover o bem-
-estar da família (UNESCO, 2022) e a sua resiliência face às adversidades (Benzies & Mychasiuk,
2009; Rayce et al., 2017).
As redes de apoio social proporcionam à família padrões de comportamento, feedback, apoio
material e emocional, bem como oportunidades e recursos para lidar com os efeitos negativos
do stresse (Garbarino, 2017). Podemos considerar três dimenes fundamentais do apoio social
(i.e., três tipos de suporte funcional): a) emocional que se refere a aspetos como a intimidade,
afeto, conforto, cuidado e preocupação); b) material respeitante à provisão de assistência a nível
material; e ainda, c) informativo que envolve aspetos como o conselho, orientação ou informação
relevante para determinada situação (Barrera, 1986; Lagdon et al., 2018; Nunes et al., 2021).
O apoio social constitui um recurso importante para minimizar os efeitos causados por uma
situação stressante, na medida em que a partir da interação entre os membros da rede pode
ser alargado o repertório comportamental para formas mais adaptáveis às exigências do meio
ambiente (Barrón, 1996). A adaptação pessoal e social resulta de uma boa capacidade para utili-
zar os recursos internos e externos, que vão permitir lidar com êxito e enfrentar determinadas
situações adversas que vão surgindo ao longo do ciclo de vida (Rodrigo et al., 2008).
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O presente estudo tem como objetivo analisar os acontecimentos de vida stressantes e de
risco atuais, o impacto emocional e as características do apoio social percebido nas famílias em
risco psicossocial e na população em geral.
2.todo
2.1. Desenho
O presente estudo apresenta um cariz descritivo-correlacional e pretende, por um lado carac-
terizar as famílias da população em geral e de risco relativamente aos construtos em análise (i.e.,
acontecimentos de vida negativos e apoio social) e, por outro lado, comparar os níveis obtidos
consoante cada tipo de família.
2.2. Participantes
A amostra do estudo foi constituída por 131 pais e mães acompanhados pelas Comissões de
Proteção de Crianças e Jovens (CPCJs) e por 217 progenitores da população em geral, residentes
na região do Algarve. Os participantes com menores em risco psicossocial foram selecionados de
acordo com os critérios: 1) ser pais e mães de crianças ou jovens acompanhados pelas CPCJs; 2)
as situações de perigo não configuravam gravidade suficiente para a separação do menor da sua
família. Os pais e mães da população em geral foram selecionados pelos técnicos de instituições
com intervenção nas áreas da inncia, juventude e segurança.
2.3. Instrumentos
Acontecimentos de vida negativos. Foi utilizado o Inventário de Situações Stressantes e
de Risco (Nunes & Lemos, 2010), versão portuguesa do Inventario de Situaciones Estresan-
tes y de Riesgo (ISER) de Hidalgo et al. (2005). Este instrumento inclui 24 itens e avalia os
fatores de risco, ou seja, a existência e impacto de acontecimentos de vida especialmente
difíceis ocorridos no passado (8 itens; e.g., “Maltrato na inncia, “Precariedade econó-
mica”) e no presente (16 itens; e.g., “Ser vítima de maltrato, “Situação ecomica bastante
difícil”), ao sujeito ou a alguém do seu ambiente próximo, respondidos numa escala de 1
a 3 pontos (1=afetou-me pouco; 2=afetou-me bastante; 3=afetou-me muitíssimo”).
Este inventário permitiu, ainda, obter índices sobre a acumulação de situações de risco e
da vulnerabilidade emocional associada. Os autores do instrumento obtiveram índices de
consistência interna aceiveis no grupo das famílias da população em geral (αPróprio =,69;
αFamília =,72) e nas famílias de risco (αPróprio =,60; αFamília =,67).
Apoio Social Percebido. Foi medido através da Entrevista de Apoio Social Arizona de Nunes
et al., (2013), versão portuguesa do Arizona Social Support Interview Schedule (ASSIS, Bar-
rera, 1980). Este instrumento é administrado através de uma entrevista semi-estruturada
(19 questões) que, perguntando relativamente ao mês anterior (e.g..: “Durante o último mês,
quanto acha que precisou de pessoas para falar sobre assuntos pessoais e privados?”), ava-
lia a rede de suporte nas suas dimensões a) apoio emocional (i.e., participação social e sen-
timentos pessoais; e.g., “Com quem fala...”); b) apoio tangível (i.e., assistência material e
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física; e.g., “Se, por acaso, precisasse de algum dinheiro, a quem pediria ajuda?”); e c) apoio
informativo (i.e., aconselhamento e feedback positivo; “Quando fazes uma refeição espe-
cial, dizem-te que a fizeste bem?”). Avalia também a rede de conflitos (e.g., “Quais são as
pessoas com quem pode ter algum desgosto, discussão ou desacordo?”) e a satisfação dos
participantes, respondidos numa escala de 1 a 10, com o apoio que receberam nas dimen-
sões descritas anteriormente. Recorreu-se ainda à versão portuguesa (Nunes et al., 2013) da
Escala de Apoyo Social para Situaciones Vitales Estresantes (ASSE, López, et al., 2006), per-
mite obter informação sobre o tamanho, composição, necessidades e satisfação com a rede
social de apoio em situações stressantes e de risco (3 questões; e.g. “Se hipoteticamente
acontecesse alguma destas situações [e.g., se o seu marido fosse preso], com quem poderia
contar?). No presente estudo utilizaram-se as dimensões referentes à da necessidade de
apoio (famílias da população em geral: α=,59; famílias de risco: α=,71) e satisfação (famí-
lias da população em geral: α=,62; famílias de risco: α=,70).
2.4. Procedimentos
Após a obtenção das autorizações e consentimento informado dos participantes no estudo,
realizámos a recolha dos dados, do grupo de famílias de risco, através de uma entrevista, no
domicílio familiar ou na sede das CPCJs, de acordo com parecer técnico e disponibilidade dos
participantes. A recolha dos dados do grupo de comparação, famílias da população em geral, foi
realizada através da formalização de protocolos de colaboração com Agrupamentos de Escolas,
Guarda Nacional Republicana, Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários e Centros
de Saúde da região do Algarve. Os participantes foram contactados pelos técnicos das institui-
ções, tendo sido esclarecidas todas as instruções para o preenchimento das folhas de resposta
dos instrumentos, existindo possibilidade de clarificação de dúvidas ao longo da aplicação. A
participação foi voluntária e sem compensação.
O estudo foi aprovado pelo Conselho Científico do Departamento de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Algarve (CC_55_20/12/2017).
2.5. Plano de análise
Os dados foram analisados com o software SPSS v29 (IBM SPSS, 2024). Recorreu-se à ANOVA
(p < ,05) para comparação dos valores médios entre grupos, considerando as duas condições de
aplicação (i.e., grupos > 30 participantes e homogeneidade de variâncias, medidas com recurso
ao Teste de Levene e, quando esta condição não se verificava [p<,05], recorreu-se à versão corri-
gida com o teste Brown-Forsythe). Foi ainda calculado o h2 como medida de magnitude de efeito,
sendo que valores de 0,01 foram considerados de efeito pequeno, 0,06 de efeito moderado e 0,14
como um efeito grande. O teste de independência de Qui-quadrado (p < ,05) foi utilizado na com-
paração de dados categoriais, atendendo à sua condição de aplicão (i.e., cada célula ter obser-
vações >5). As correlações de Pearson (p < ,05) foram usadas para analisar as associações entre
variáveis escalares, sendo que valores inferiores a ,20 foram considerados espúrios, entre ,20-,40
pequena magnitude, ,40 - ,60 moderada, entre ,60 - ,80 de elevada magnitude e acima de 80 como
muito elevada. A consistência interna foi medida através do alfa de Cronbach e considerada
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adequada acima de .70 e as correlações item-total corrigidas quando acima de .30 (Tabachnick &
Fidell, 2019).
3. Resultados
3.1. Acontecimentos de vida stressantes e de risco atuais e passados
Os resultados do estudo mostram que os progenitores de famílias em risco psicossocial apre-
sentam índices mais elevados de acontecimentos de vida stressantes e de risco atuais que os
progenitores de famílias da população em geral. No que se refere aos acontecimentos de vida
stressantes e de risco atuais, os problemas mais relatados pelos progenitores de famílias em
risco psicossocial foram profissionais (64%), económicos (63%), conjugais (41%), tomar conta de
um familiar (33%), divórcio/separação (31%), físicos (29%), conflitos com filhos (28%), psicogicos
(26%), e maus-tratos (26%). Os problemas mais frequentes reportados pelos progenitores de famí-
lias da população em geral foram profissionais (37%), tomar conta de um familiar (22%), conjugais
(21%), económicos (20%), físicos (13%), e divórcio/separação (12%) (Figura 1). Observámos dife-
renças significativas na maioria dos acontecimentos de vida stressantes e de risco atuais entre
os grupos de famílias da população em geral e de risco, com exceção dos acontecimentos prisão
(FRisc=0.8%, FGeral=0%, [1, 346]=1.67, p=,197) e consumo de drogas (FRisc=5%, FGeral=3%,
[1, 345]=3.28, p=,194). O ambiente familiar próximo das famílias em risco apresentou também
uma incidência mais elevada de acontecimentos de vida stressantes atuais que o ambiente fami-
liar das famílias da população em geral, e os tipos de problemas mais comuns foram semelhan-
tes, entre si, profissionais (60% e 30%), ecomicos (48% e 22%), físicos (40% e 20%), morte de
alguém próximo (39% e 32%), e psicológicos (39% e 17%).
Os acontecimentos de vida stressantes atuais sofridos pelos progenitores de famílias em
risco psicossocial percecionados com maior impacto (Min=1; Max=3) foram prisão (M=3,00),
despejo (M=2,90), problemas económicos (M=2,77), profissionais (M=2,76) e vítima de maus-
-tratos (M=2,74). No caso das famílias da população em geral, os acontecimentos de vida stres-
santes que tiveram mais impacto emocional nos progenitores foram os problemas de despejo
(M=3,00), divórcio/separão (M=2,79), psicológicos (M=2,48), económicos (M=2,44), profissio-
nais (M=2,37), e ser vítima de maus-tratos (M=2,36).
No que se refere ao passado, os problemas mais comuns sofridos pelos progenitores de famí-
lias em risco foram económicos (59%), profissionais (51%), psicológicos (45%), maus-tratos na
idade adulta (35%) e infância (30%). Nas famílias da população em geral, os problemas mais fre-
quentes foram económicos (21%), psicológicos (19%), profissionais (17%), maus-tratos na infância
(10%) e idade adulta (8%). Constataram-se diferenças significativas em todos os acontecimentos
de vida stressantes passados entre os grupos de famílias, verificando-se que as famílias em risco
apresentaram mais acontecimentos de vida negativos passados que as famílias da população em
geral.
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FIGURA1
Acontecimentos de vida stressantes atuais do próprio em falias da população em geral e em risco
3.2. Apoio Social Percebido
No global, quer as famílias da população em geral quer as em risco psicossocial contam, em
média, com cerca de oito pessoas na sua rede de apoio total (F=0,45; p=,505; h2=,00; MGe-
ral=8.11; DPGeral=3,24; MRisco=7.81; DPRisco=5,19) (Tabelas 1 e 2), não se observando dife-
renças significativas. A rede social de apoio do grupo de famílias da população em geral (Tabela
1) é constituída sobretudo por familiares e amigos (52%), familiares (43%) e amigos (5%). No grupo
das famílias em risco é composta principalmente por familiares (41%), familiares e amigos (32%)
e amigos (27%).
Nos tipos específicos de apoio, as famílias da população em geral apresentaram uma rede
mais extensa de apoio emocional constituída por uma média 5.27 pessoas (DP=2,65, Amp=1-20),
composta na maioria por familiares e amigos (67,3%). Observou-se também a presença combi-
nada com profissionais idêntica na rede de apoio emocional (6%) e informativa (6%), e mais redu-
zida na rede tangível (1,4%). A média da necessidade de apoio total reportada pelos progenitores
foi de 5,14 (DP=1,91) e o tipo específico que referiram ter precisado mais foi o apoio emocional
(M=6,21; DP=2,31). No total, os progenitores apresentaram uma média de satisfação com o apoio
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recebido de 7,08 (DP=2,14) e mostraram-se mais satisfeitos com o apoio emocional (M = 7,58;
DP=2,25), seguido do informativo (M=7,44; DP=2,07) (Tabela 1).
TABELA1
Dimensão, composição, necessidade e satisfação segundo as dimensões da Rede de Apoio Social (i.e.
emocional, tangível e informativa) das famílias da população em geral (n=217)
Emocional Tangível Informativa Total
Dimensão
M (DP) 5,27 (2,65) 4,23 (2,12) 4,79 (2,39) 8,11 (3,24)
Min - Máx 1 - 20 1 - 13 1 - 13 2 - 20
Composição
Familiares 18,9% 53,0% 27,6%
Amigos 7,8% 4,6% 6,5%
Familiares e amigos 67,3% 41,0% 59,9%
Combinado com prossionais 6,0% 1,4% 6,0%
M (DP)
Necessidade 6,21 (2,31) 3,91 (2,43) 5,04 (2,49) 5,14 (1,91)
Satisfação 7,58 (2,25) 6,70 (2,38) 7,44 (2,07) 7,08 (2,14)
Nota. M=Média, DP=Desvio-pado, Min=Mínimo, Máx =Máximo.
As famílias em risco psicossocial (Tabela 2) apresentaram uma rede emocional constituída
por quase 5 membros (M=4,76; DP=4,13; Amp=0-31), seguida da informativa (M=4,48; DP=3,68;
Amp=0-22) e tanvel (M=3,33; DP=2,91; Amp=0-22), compostas na sua maioria por familia-
res e amigos. Constatou-se a presença de apoio combinado por profissionais na rede emocional
(17,3%) e tangível (2,5%). Os progenitores revelaram uma média de necessidade de apoio total
de 6,30 (DP=2,25) e uma maior necessidade de apoio emocional (M=6,89; DP=2,60). Quanto à
satisfação com o apoio social recebido, as famílias em risco mostraram uma média total de 8,04
(DP=2,04), com resultados muito semelhantes para os três tipos específicos de apoio, nomeada-
mente o informativo (M=8,01; DP=2,43), o tangível (M=8,00; DP=2,63) e o emocional (M=7,79;
DP=2,62).
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TABELA2
Dimensão, composição, necessidade e satisfação segundo as dimensões da Rede de Apoio Social (i.e.
emocional, tangível e informativa) das famílias em risco (n=130)
Emocional Tangível Informativa Total
Dimensão
M (DP) 4,76 (4,13) 3,33 (2,91) 4,48 (3,68) 7,81 (5,19)
Min - Máx 0 - 31 0 - 22 0 - 22 1 - 33
Composição
Familiares 29,1% 42,1% 23,2%
Amigos 8,7% 13,2% 10,4%
Familiares e amigos 44,9% 42,1% 48,8%
Combinado com prossionais 17,3% 2,5% 15,2%
Prossionais 0% 0% 2,4%
M (DP)
Necessidade 6,89 (2,60) 5,54 (2,72) 5,96 (2,91) 6,30 (2,25)
Satisfação 7,79 (2,62) 8,00 (2,63) 8,01 (2,43) 8,04 (2,04)
Nota. M=Média, DP=Desvio-pado, %=Percentagem, Min=Mínimo, x =Máximo.
A rede de conflito das famílias da população em geral é constituída na sua maioria por fami-
liares (40%), familiares e amigos (35%), cônjuge (17%), filhos (4%) e ex-cônjuge (4%). Nas famílias
em risco é composta principalmente pelo cônjuge (40%), familiares (19%), filhos (14%) e ex-côn-
juge (12%).
As famílias da população em geral apresentaram uma rede social de apoio mais ampla face
à vivência de situações de vida stressantes (M=5,22; DP=3,42; Min.=0; x.=20), compa-
rativamente com as famílias em risco (M = 2,31; DP = 2,96; Min. = 0; x. = 20), e revelaram
sentir menos necessidade de apoio (M=5,81; DP=3,54), do que as famílias em risco (M=7,01;
DP=3,56). Ambas apresentaram uma satisfação com a rede de risco muito semelhante (MGe-
ral=7,82; MRisco=7,84).
A comparação entre os dois grupos relativamente à sua necessidade de apoio mostrou dife-
renças significativas em todas as dimensões avaliadas, nomeadamente ao nível total (F= 25,20;
p < ,001; h2=,07), emocional (F= 6,02; p=,015; h2=,02), tangível (F= 29,13; p < ,001; h2=,09) e
informativo (F= 8,92; p=,003; h2=,03), sendo que as famílias em risco mostraram níveis mais
elevados. No que se refere à satisfação com a rede de apoio social percebido, os resultados mos-
traram apenas diferenças significativas ao nível total (F= 13,08; p < ,001; h2=,05) e tangível (F=
8,50; p=,004; h2=,06), em que as famílias de risco mostraram-se mais satisfeitas do que as famí-
lias da população em geral.
Ao nível da rede de risco, observaram-se diferenças significativas no tocante à dimensão (F=
65,16; p < ,001; h2=,16) e necessidade de apoio (F= 8,54; p=,004; h2=,03), em que as famílias da
população em geral apresentaram uma rede mais ampla do que as famílias em risco (MRisc=2,31;
DPRisc=2,96; MPop=5,22; DPPop=3,42).
Na tabela que se segue, no quadrante superior encontram-se os valores referentes às famí-
lias da população em geral e no quadrante inferior as das famílias em risco. Todas as redes e
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dimensões, necessidade e satisfação de apoio social estavam positiva e significativamente asso-
ciadas entre si (Tabela 3).
TABELA3
Correlações entre as dimensões do apoio social percebido
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1. Rede total - ,58*** ,55*** ,64*** -,03 -,02 ,13 -,11 -,10 -,02
2. Rede emocional ,79*** - ,42*** ,49*** ,03 -,08 ,06 ,25** ,16 ,13
3. Rede tangível ,60*** ,34*** - ,37*** -,11 -,20** -,05 ,08 -,07 ,06
4. Rede informativa ,76*** ,45*** ,63*** - -,03 -,02 -,05 ,05 -,09 ,06
5. Necessidade emocional ,11 ,13 ,05 ,13 - ,28*** ,39*** ,26*** ,14 ,16
6. Necessidade tangível -,13 -,15 ,00 -,12 ,31** - ,30*** -,03 ,62*** ,11
7. Necessidade informativa -,04 -,06 -,01 ,06 ,54*** ,52*** - ,07 ,22 ,41***
8. Satisfação emocional ,13 ,23* ,14 ,15 ,00 ,27* ,32** - ,36** ,40***
9. Satisfação tangível -,01 -,01 ,21 ,08 ,17 ,23 ,26 ,50** - ,36**
10. Satisfação informativa -,02 -,02 ,07 ,09 -,02 ,26* ,21 ,44*** ,44** -
Nota. No quadrante superior apresentam-se as correlações das falias da populão em geral e no inferior as das falias em risco; *p < ,05;
**p<,01; *** p < ,001; † p < ,10
Nas famílias da população em geral, a rede emocional apresenta-se positivamente correla-
cionada com a satisfação emocional (r=,25; p <,01), e a rede tangível negativamente associada
à necessidade tangível (r=-,20; p=<,01). Nas famílias em risco, observou-se também que a rede
emocional estava positivamente associada à satisfação emocional (r=,23; p=<,01), embora com
uma pequena magnitude.
3.3. Diferenças nos Índices de Acontecimentos de Vida Stressantes (Atuais e Passados) e
Níveis de Apoio Social Percebido entre as Famílias da população em geral e em Risco, em
função das características sociodemográficas
As famílias em situação de risco psicossocial apresentaram índices mais elevados em todas
as dimensões dos acontecimentos de vida stressantes e de risco atuais e passados, quer da pró-
pria quer do ambiente próximo, comparativamente às famílias da população em geral, sendo esta
diferença estatisticamente significativa (Tabela 4).
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Apoio social e acontecimentos de vida negativos nasfalias em risco psicossocial e a população emgeraldo Algarve
TABELA4
Comparação das médias, desvios-padrão nas dimensões dos acontecimentos de vida stressantes e de risco
entre as famílias da população em geral e em risco (nGeral=217, nFRisc=130)
Acontecimentos de Vida
Stressantes
Famílias População em Geral Famílias Risco
F p n2
M DP M DP
Próprio (atual) 1,67 1,87 4,06 2,30 111,35 <,001 ,25
Ambiente próximo (atual) 2,30 2,60 4,69 2,67 67,60 <,001 ,16
Próprio (passado) 0,81 1,28 2,53 1,80 107,84 <,001 ,24
Ambiente próximo (passado) 1,33 1,82 3,07 2,27 60,81 <,001 ,15
Nota. M=Média, DP=Desvio-pado, F=Estatística teste, p=nível de significância, n2=Medida de magnitude de efeito.
As famílias em risco evidenciaram níveis mais elevados de impacto emocional relativos à
vivência de problemas físicos (F [1,64]=6,94, p=,011), económicos (F [1,125]=9,23, p=,003), judi-
ciais/policiais (F [1,37]=4,15, p=,049) e profissionais (F [1,159]=17,49, p=< ,001), do que as famí-
lias da população em geral. Porém, as famílias da população em geral mostraram maior impacto
emocional com a separação/divórcio (F [1,63]=4,21, p=,045), comparativamente às famílias em
risco.
Os progenitores de famílias em risco indicaram uma maior presença de profissionais na
sua rede de apoio que as famílias da população em geral (FRisc=28,2%, FGeral=8,3%, χ2 [1,
N=348]=24,43, p < ,001). As famílias em risco evidenciaram níveis mais elevados em todas as
dimensões da necessidade de apoio, total (F [1,335]=25,20, p < ,001), emocional (F [1,331]=6,02,
p=,015), tangível (F [1,309]=29,13, p < ,001) e informativa (F [1,324]=8,92, p=,003), que as famílias
da população em geral. No que se refere à satisfação, as famílias em risco mostraram níveis mais
elevados de satisfação em todas as dimensões que as famílias da população em geral, contudo
com diferenças significativas na satisfação total (F [1, 275]=13,08, p=,000) e satisfação tangível
(F [1, 127]=8,50, p=,004).
Na composição da rede de conflitos, as famílias em risco apresentaram uma maior presença
do cônjuge (FRisc=40,4%, FGeral=16,5%, χ2 [1, N=196]=12,75, p < ,001), filhos (FRisc=14%,
FGeral = 4,3%, χ2 [1, N = 196] = 5,76, p = ,016) e outros (FRisc = 12,3%, FGeral = 4,3%, χ2 [1,
N=196]=4,14, que as falias da população em geral. As famílias da população em geral apre-
sentaram uma rede de risco mais ampla que as famílias em risco (MGeral=5,22; DPGeral=3,42,
MRisco=2,31; DPRisco=2,96), sendo que as famílias em risco demonstraram uma maior necessidade
de apoio (MRisco=7,01; DPRisco=3,56; MGeral=5,81; DPGeral=3,41), do que as famílias da população
em geral.
As famílias do tipo biparental apresentaram redes de apoio a nível emocional (MBi=5,35;
DPBi=3,51; MMono=4,28; DPMono=2,40) e tangível (MBi=4,08; DPBi =2,33; MMono=3,27; DPMono=2,87)
mais extensas e níveis mais elevadas em todas as dimensões de necessidade de rede de apoio,
emocional (MMono=6,95; DPMono=2,48; MBi=6,30; DPBi =2,40), tangível (MMono=5,21; DPMono=2,91;
MBi=4,23; DPBi =2,52), e informativa (MMono=6,05; DPMono=2,76; MBi=5,15; DPBi =2,64), que as
famílias do tipo biparental. Não se observaram diferenças significativas nas dimensões de satis-
fação com o apoio social percebido em função do tipo de família (emocional: F= 2,07; p=,151;
h2=,01; tangível: F= 0,01; p=,915; h2=,00; informativa: F= 0,37; p=,542; h2=,00). As famílias
não pobres apresentaram uma rede de apoio tangível mais ampla do que as famílias pobres (F
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[1,315]=8,31, p=,004; MNpob=4,18; DPNpob=2,61; MPob=3,31; DPPob=2,34). Apesar de p não
atingir o nível de significância considerado (p < ,05), as famílias não pobres evidenciaram uma
rede de apoio informativa mais extensa (M=4,90; DP=2,88) do que as famílias pobres (M=4,22;
DP = 3,23), com um efeito de pequena magnitude (F [1,315]=3,62, p=,058); contudo, as famí-
lias pobres mostraram-se mais satisfeitas com as redes de apoio tangível (MPob=8,32; DPPob
=2,44; MNPob=6,59; DPNPob=2,44) e informativa (MPob=8,26; DPPob=2,11; MNPob=7,33;
DPNPob=2,25), comparativamente às famílias não pobres.
4. Discussão
O presente estudo pretendia analisar os acontecimentos de vida stressantes e de risco atuais,
o impacto emocional e as características do apoio social percebido de famílias em risco psicos-
social e de famílias provenientes da população em geral. No que se refere às famílias em risco
psicossocial, quer dos progenitores, quer do ambiente familiar próximo, apresentaram índices
mais elevados de acontecimentos de vida stressantes e de risco atuais e passados que as famí-
lias da população em geral. Estes resultados vão ao encontro de outras investigações que se têm
debruçado sobre a alise da determinação da incidência de acontecimentos de vida stressan-
tes e de risco com famílias em situação de risco psicossocial (Macedo et al., 2013; Menéndez et
al., 2010; Moreno, 2002; Nunes & Ayala-Nunes 2015; Nunes et al., 2011; 2013; Trigo, 1998). A ele-
vada incidência do número de acontecimentos de vida negativos nas trajetórias e circunstâncias
de vida atuais das famílias em risco, associada a um elevado impacto emocional, constituem
motivo de preocupação, sugerindo o aumento da sua vulnerabilidade. A natureza e diversidade
dos acontecimentos de vida stressantes e de risco atuais entre os grupos de famílias em risco e
da população em geral foram muito semelhantes entre si, tais como situação laboral instável,
problemas económicos, conflitos conjugais, tomar conta de um familiar, situação de divórcio/
separação, e problemas físicos. Para além destes, as famílias em risco mostraram também uma
elevada incidência de problemas relativos a conflitos com filhos, problemas psicológicos, e ser
vítima de maus-tratos. Estes são os cenários mais próximos das famílias (i.e., nível micro) e são
caracterizados frequentemente, em estudos anteriores, como tendo elevado impacto na saúde
mental e bem-estar das famílias (Younas & Gutman, 2022).
As famílias em risco evidenciaram também uma presença mais elevada de acontecimentos
de vida stressantes e de risco no passado que as famílias da população em geral. Contudo, igual-
mente semelhantes entre si, os acontecimentos passados mais reportados foram problemas eco-
nómicos, situão laboral instável, problemas psicológicos, maus-tratos na idade adulta e inn-
cia. Este tipo de acontecimentos, associados a fatores de risco, tendem a reforçarem-se entre si,
ampliando os seus efeitos (e.g., Lorence, 2008) e a tornarem-se (ou serem) intergeracionais (e.g.,
Macedo et al., 2013; Menéndez et al., 2010; Nunes et al., 2011; Rodrigo et al., 2008; Younas et al.,
2023).
Os resultados evidenciaram também um maior efeito emocional dos acontecimentos de vida
stressantes sofridos pelos progenitores de famílias em risco psicossocial comparativamente às
famílias da população em geral, com especial destaque para os problemas económicos, situação
laboral instável, ser vítima de maus-tratos, e problemas judicias/policiais. Deste modo, reforça-se
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Apoio social e acontecimentos de vida negativos nasfalias em risco psicossocial e a população emgeraldo Algarve
o já identificado em estudos anteriores, no que se refere a fatores de risco ao nível do bem-estar
familiar e como contribuindo fortemente para o maltrato infantil (Younas et al., 2023).
Algumas investigações têm identificado o isolamento como uma característica das famí-
lias em risco psicossocial (Gracia & Musitu, 2003; Moreno, 2002). Porém, os nossos resultados, à
semelhança dos estudos desenvolvidos em Portugal (Macedo et al., 2013; Nunes et al., 2021), não
demonstraram o isolamento das famílias em risco, permitindo-nos constatar que as famílias em
risco poderão não dispor de uma rede social especialmente reduzida e com valores muito próxi-
mos aos apresentados pelas famílias da população em geral. De salientar que o
utros estudos com famílias portuguesas obtiveram resultados ligeiramente acima (i.e., em
média a rede era constituída por nove pessoas; Martins et al., 2022; Nunes et al., 2021). No tocante
à sua constituição, a rede de apoio social das famílias da população em geral era constituída
principalmente por familiares e amigos, bem como a das famílias em risco. Contudo, as famílias
em risco mostraram uma presença mais elevada do cônjuge e filhos na sua rede de apoio, compa-
rativamente às famílias da população em geral. Assim, se por um lado, a presença do cônjuge na
rede de apoio social das famílias em risco constitui um fator positivo, por outro, a presença dos
filhos menores pode constituir um indicador de alguma disfuncionalidade do sistema familiar
e parental, dado que as crianças devem receber o apoio dos pais e não vice-versa (Macedo et al.,
2013; Nunes & Ayala-Nunes, 2015). Outro aspecto relevante prende-se com o facto das famílias
em risco terem indicado uma presença mais elevada de profissionais na sua rede de apoio social
que as famílias da população em geral, sugerindo uma elevada dependência destas famílias de
ajudas sociais. Estes resultados são semelhantes aos observados por Menéndez e colaboradores
(2010), num estudo realizado com famílias em situação de risco, através do qual observaram pon-
tuações elevadas ao nível do apoio social providenciado às famílias por parte de profissionais.
Neste sentido, a intervenção dos profissionais revela-se crucial junto das famílias em risco, uma
vez que poderão disponibilizar uma maior segurança e confiança para lidar com situações espe-
cialmente difíceis (López et al., 2007; Younas et al., 2023; Wiles et al., 2019).
Sobre os tipos específicos de apoio social, a rede mais extensa para ambos os grupos de famí-
lias, em risco e normativas, foi a rede emocional, seguida da rede informativa e da tangível. As
famílias da população em geral apresentam uma rede de apoio tangível mais ampla e significa-
tiva do que as famílias em risco, o que de alguma forma justifica a tendência por parte destas
famílias beneficiarem de apoios provenientes de distintas instituições (governamentais ou de
instituições da sociedade civil), com o objetivo de providenciar apoio e suprir algumas das suas
necessidades, através da cedência de bens, como apoio alimentar, apoio financeiro direto (paga-
mento de rendas em atraso, necessidades urgentes), ou indireto (e.g., pagamento de consultas
médicas, creches, entre outros) (Matos & Sousa, 2004; Nunes et al., 2011; Sousa, 2005).
O tipo específico de apoio que as famílias da população em geral e de risco referiram ter pre-
cisado foi o apoio emocional, seguido do informativo e do tangível. As famílias em risco reporta-
ram uma necessidade mais elevada e significativa em todos os tipos específicos de apoio compa-
rativamente às famílias da população em geral.
Estes resultados vão ao encontro de outros estudos empíricos realizados com famílias em
risco, desenvolvidos em Espanha (Menéndez, et al., 2010) e em Portugal (Macedo et al., 2013;
Nunes & Ayala-Nunes, 2015), onde os participantes referiam sentir uma maior necessidade e
menor satisfação com o apoio emocional do que com outros tipos de apoio, corroborando a rele-
ncia do fortalecimento e ampliação das redes de apoio emocional informais nas intervenções
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Carmen Macedo, Rita dos Santos, Cátia Martins, Cristina Nunes
com estas famílias. De facto, o tipo de apoio emocional tem sido muito relatado como um fator
protetor de relevo, promovendo diferenças em potenciais situações abusivas e maltrato na infân-
cia, bem como de mal-estar e baixos níveis de saúde mental dos pais (e.g., Younas et al., 2023).
Os níveis de satisfação com o apoio social percebido pelas famílias da população em geral
e de risco foram superiores às necessidades de apoio social reportadas para os três tipos espe-
cíficos de apoio (emocional, informativo e tangível). As famílias em risco mostraram-se mais
satisfeitas com o apoio social percebido, a nível global, tangível e informativo, do que as famílias
da população em geral. Este resultado coincide com aquele observado por Nunes e colaboradores
(2013), em que a necessidade de apoio referido pelas mães de famílias em risco foi moderada e o
seu nível de satisfação foi elevado.
A rede de conflitos das famílias da população em geral foi constituída na sua maioria por
familiares, amigos e cônjuge e das famílias em risco composta principalmente pelo cônjuge,
familiares, filhos e ex-cônjuge. Normalmente, nas famílias em situação de risco, as relações con-
jugais tendem a ser instáveis e conflituosas, ocorrendo o aparecimento de conflitos mais intensos
e relações menos positivas ou de não-reciprocidade (Rodríguez et al., 2006; Sousa, 2005), o que
sublinha a importância de que as intervenções com as famílias em risco devam abordar em par-
ticular as problemáticas identificadas na dinâmica familiar (Hidalgo et al., 2018; Macedo et al.,
2013).
A rede de apoio social em situações de risco é mais reduzida do que em situações normati-
vas, tanto nas famílias em risco, como nas famílias da população em geral. As famílias em risco
reportaram mais necessidade de apoio em presença de situações stressantes e de risco do que
as famílias da população em geral. Nunes e Ayala-Nunes (2015), num estudo desenvolvido com
famílias em risco psicossocial, concluíram também que a rede de apoio destas famílias em situa-
ções graves é mais reduzida face a acontecimentos de vida mais normativos constituída na maio-
ria dos casos por familiares, podendo sugerir a fraca qualidade das relações com pessoas fora
da família. Por vezes, o suporte social providenciado não consegue mitigar o efeito negativo do
stress e o sofrimento dos indivíduos podendo até agra-lo (Zee & Bolger, 2019).
As famílias em risco psicossocial evidenciam necessidades importantes relacionadas com as
suas redes de apoio social na sua dimensão, composição e funções que cumprem, em contraste
com as famílias da população em geral, que adquirem especial relevância tendo em consideração
a diminuição da sua rede de apoio social face a situações mais difíceis, elevada acumulação de
acontecimentos de vida negativos nas suas trajetórias e circunstâncias de vida vivenciadas com
forte impacto emocional e limitações ao nível dos seus recursos para lidar adequadamente com
as inúmeras e diversificadas problemáticas nas quais se veem implicadas (Ayala-Nunes et al.,
2017; Neuhauser, 2018; Ridings et al., 2017).
Em suma, este estudo pretendeu analisar os acontecimentos de vida stressantes e de risco
atuais das famílias, o impacto emocional e características do apoio social percebido nas famí-
lias em risco psicossocial e da população em geral. Neste seguimento, o seu grande contributo
prende-se com identificar as especificidades destes fenómenos, nomeadamente nas famílias em
risco, esclarecendo algumas assunções criadas acerca deste de tipo famílias (e.g., maior necessi-
dade de apoio tangível do que emocional, quando o que se observou foi o contrio), fundamen-
tais na intervenção e na sua capacitação.
Em relação às limitações do nosso estudo, salientamos que a sua especificidade geográfica
não permite generalizar os resultados obtidos à restante população portuguesa e em situação de
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risco psicossocial. Dado tratar-se de uma investigação do tipo transversal não nos permite deter-
minar também relações de causalidade entre as variáveis analisadas. O facto de termos utili-
zado apenas um instrumento de avaliação para medir cada variável constitui outra limitação da
investigação. Contudo, este estudo para além das mães inclui participação dos pais. As futuras
investigações deverão integrar informão disponibilizada através de outros métodos e fontes de
informão, nomeadamente, outros membros da família.
5. Conclusões
Este estudo sugere a necessidade em priorizar o fortalecimento e a ampliação da rede de
apoio emocional informal nas intervenções com as famílias em situão de risco psicossocial.
Considerando que estas famílias tendem a acumular vários apoios concedidos por distintas ins-
tituições (que podem ser públicas ou privadas), denota que a grande maioria apresenta uma abor-
dagem focada no problema (Matos & Sousa, 2006), o que muitas vezes não ultrapassa os aspetos
instrumentais (Matos & Sousa, 2004; Nunes et al., 2022; Sousa, 2005). Assim, importa também
considerar outros tipos de apoio específicos a disponibilizar às famílias inerentes às necessida-
des de apoio do tipo informativo e tangível, sobretudo tendo em consideração as suas caracterís-
ticas sociodemogficas, marcadas por baixo nível educativo, precaridade profissional e dificul-
dades financeiras. Torna-se fundamental monitorizar continuamente os apoios recebidos pelas
famílias e avaliar a eficácia das intervenções, para ajustá-las às suas necessidades. Para além
disso, é importante incorporar a perspetiva das famílias acompanhadas para melhorar os pro-
gramas e serviços oferecidos.
Neste seguimento, revela-se fundamental desenvolver programas que permitam ampliar e
fortalecer as suas redes de apoio social informal combinando-as com os apoios da rede formal,
através da implementação de programas, através do desenvolvimento de competências paren-
tais, das relações familiares e da prevenção de acontecimentos de vida stressantes, o que asse-
gurará a sua eficácia (Cruz et al., 2023). Para além disso, permitem reduzir a dependência das
famílias em relação aos servos formais, promovendo a sua autonomia e resiliência.
Para atender às necessidades das famílias e aos desafios da prática profissional, particu-
larmente da área social, é fundamental investir-se na capacitação dos profissionais de saúde,
assistentes sociais, educadores e outros envolvidos no apoio a essas famílias, para que estejam
atualizados relativamente às melhores práticas e metodologias de intervenção. A adoção de uma
abordagem integrada, em que estão envolvidos profissionais de diversas áreas, permite oferecer
um apoio mais rico e holístico.
Referências
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