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EXPLORANDO A PERCEÇÃO DE RISCO: O IMPACTO DE FATORES
INDIVIDUAIS E A MEDIAÇÃO DO CLIMA DE SEGURANÇA FÍSICA
EMTRABALHADORES PORTUGUESES
EXPLORING RISK PERCEPTION: THE IMPACT OF INDIVIDUAL FACTORS AND
THE MEDIATION OF PHYSICAL SAFETY CLIMATE IN PORTUGUESE WORKERS
Kelly Pinto
1
, Gabriela Gonçalves
2
, Cátia Sousa
3
e António Sousa
4
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XX • ISSUE FASCÍCULO 1
1
ST
JANUARY JANEIRO  30
TH
JUNE JUNHO 2024 PP. 6073
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XX.1.4
Submitted on 28/07/2023 Submetido a 28/07/2023
Accepted on 30/11/2023 Aceite a 30/11/2023
Resumo
Antecedentes: A perceção de risco é um tema de interesse em várias disciplinas científicas
devido ao seu papel vital na gestão, intervenção e prevenção de acidentes. Objetivos: Este estudo
procurou examinar como fatores individuais, como autoeficácia na segurança, locus de controlo
interno, resiliência mental, neuroticismo e procura por sensações, influenciam a perceção de risco
(PR), am de investigar o papel mediador do clima de segurança física nessa relação. Método: Este
estudo quantitativo, utilizou-se uma amostra de 216 trabalhadores portugueses, de ambos os sexos,
com uma idade média de 34.30 anos (DP = 9.45). Resultados: Os resultados da análise de regressão
múltipla mostraram que as variáveis preditoras examinadas explicaram aproximadamente 27.1%
da variação na PR, com autoeficácia e locus de controlo interno sendo os únicos preditores esta-
tisticamente significativos. Além disso, a análise de mediação revelou um efeito mediador par-
cial do clima de segurança física na relação entre autoeficácia e perceção de risco. Conclusões:
Éessencial o desenvolvimento de comportamentos seguros que se adequem às tarefas realizadas,
sendo o investimento em prevenção a estratégia mais eficaz na redução de acidentes de trabalho.
Palavras-chave: fatores individuais, percepção de risco, acidentes de trabalho, desempenho/ compor-
tamento de segurança
1 Universidade do Algarve, Faro, Portugal. a63549@ualg.pt
2 Universidade do Algarve, Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP) / Universidade do Algarve. ggoncal-
ves@ualg.pt
3 Universidade do Algarve, Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP) / Universidade do Algarve. cavsousa@ualg.pt
4 Universidade do Algarve, Faro, Portugal asousa@ualg.pt
Autor correspondente: Cátia Sousa
Universidade do Algarve, Campus da Penha, 8005-139 Faro, Portugal
E-mail: cavsousa@ualg.pt
Conflito de interesses: Em nome de todos os autores, o autor correspondente declara que não há conflito de interesses.
Financiamento: Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P.,
no âmbito do projeto CIP – Refª UIDB/PSI/04345/2020
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Abstract
Background: Risk perception is a topic of interest in various scientific disciplines due to its
vital role in accident management, intervention, and prevention. Objectives: This study aimed
to examine how individual factors such as safety self-efficacy, internal locus of control, mental
resilience, neuroticism, and sensation seeking influence risk perception (RP), as well as investi-
gate the mediating role of physical safety climate in this relationship. Method: This quantitative
study utilized a sample of 216 Portuguese workers of both sexes, with a mean age of 34.30 years
(SD = 9.45). Results: The results of multiple regression analysis showed that the examined predic-
tor variables explained approximately 27.1% of the variance in RP, with self-efficacy and inter-
nal locus of control being the only statistically significant predictors. Additionally, the media-
tion analysis revealed a partial mediating effect of physical safety climate on the relationship
between self-efficacy and risk perception. Conclusions: Developing safe behaviors that fit the
tasks performed is essential, with investment in prevention being the most effective strategy in
reducing workplace accidents.
Keywords: individual factors, risk perception, workplace accidents, safety/behavior performance
Introdução
A percepção do risco é um conceito importante que se presume ser o principal preditor dos
comportamentos de seguraa tornando a sua alise relevante para o controlo da exposição
ao perigo (e.g., Handoko et al., 2022; Mohammadi et al., 2020). Este fenómeno é multifacetado,
envolvendo aspectos sociais e culturais que refletem valores,mbolos, história e ideologia
(Rundmo, 2000). De acordo com Rundmo e Iverson (2004), as perceções de risco refletem o
modo como as pessoas interpretam e categorizam as ameaças que enfrentam – em suma, os
comportamentos de seguraa são influenciados pela perceção individual da realidade. A
perceção de risco (PR) compreende três componentes – cognitivo (probabilidade), emocional
(preocupação) e conseqncias (Rundmo, 2000; Sjöberg, 2007) – e é influenciada por fatores
individuais.
Recentemente, a literatura tem destacado as variáveis de personalidade como preditoras tanto
da perceção de risco quanto do desempenho/comportamento de segurança, contribuindo para
a compreensão dos comportamentos individuais e sociais (Santos, 2020). O crescente interesse
na relação entre personalidade e desempenho/seguraa no trabalho (Barrick & Mount, 1991)
decorre da utilidade dos traços de personalidade como ferramentas preditivas e descritivas para
o comportamento e desempenho específico de cada indivíduo (e.g., Liu & Yang, 2023; Wang et al.,
2023). Num estudo centrado na perceção de risco, Sjöberg e af Wåhlberg (2002) incluíram traços
de personalidade como preditores da perceção de risco. Além disso, o Modelo de Crenças de
Saúde (Glanz et al., 2002) sugere uma associação positiva entre perceção de risco e desempenho
de segurança, postulando que os indivíduos tendem a adotar comportamentos de seguraa à
medida que percebem aumentos no risco (e.g., Mazengia et al., 2024).
Diversos atributos foram identificados na literatura como preditores do desempenho/
comportamento de seguraa. Entre eles, destacam-se a robustez mental (RM), autoeficácia em
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segurança, locus de controlo interno (LCI), neuroticismo e procura de sensações (PS) (por exemplo,
Bae & Park, 2021; Bronkhorst, 2015; Christian et al., 2009; Neal & Griffin, 2004; Santos, 2020;
Ulleberg & Rundmo, 2003).
1. Estado da Arte
A robustez mental (RM) refere-se à habilidade de um indivíduo em manter consistentemente
altos níveis de desempenho subjetivo e objetivo, mesmo diante de desafios e eventos stressantes
(Gucciardi et al., 2015). Embora amplamente estudado no contexto desportivo, o papel da RM
na perceção de risco é menos explorado no contexto ocupacional, embora estudos anteriores
no domínio desportivo tenham destacado o seu papel ativo nessa percepção (e.g., Drinkwater
et al., 2019). Essas pesquisas sugerem que indivíduos com alta RM possuem uma compreensão
sofisticada do risco (Cowden et al., 2017; Mahoney et al., 2014). Portanto, podemos inferir que
esse atributo desempenha um papel crucial na perceção de risco e, conforme evidenciado pela
literatura, indivíduos mentalmente resistentes tendem a ser mais propensos a assumir riscos, o
que pode influenciar os seus comportamentos de seguraa.
No que se refere à autoeficácia e ao locus de controlo interno (LCI), ambos estão relacionados
à perceção individual sobre a capacidade de gerir situações de trabalho para prevenir lesões e
acidentes. Enquanto a autoeficácia em segurança diz respeito à perceção da própria capacidade
de executar atividades relacionadas à segurança de maneira eficaz, o locus de controlo interno
de segurança concentra-se na perceção do controlo para evitar acidentes (Nykänen et al., 2019;
Vatou et al., 2022). Segundo Bandura (1998), a autoeficácia refere-se à crença na própria capaci-
dade de lidar com situações de crise e exigências do contexto social/laboral, permitindo ao indi-
víduo manter-se menos perturbado por eventos stressantes. Assim, quanto maior a autoeficácia
e o controlo percebido sobre situações de crise no trabalho, maior será o esforço do indivíduo
para adotar e manter comportamentos que promovam a seguraa ocupacional. Com base na
teoria social cognitiva, espera-se que a autoeficácia relacionada à segurança e o locus de controlo
interno em segurança tenham uma relação preditiva com a perceção de risco.
O neuroticismo esassociado à instabilidade emocional e a sentimentos negativos, como
ansiedade, hostilidade, depressão, impulsividade e vulnerabilidade ao stresse (e.g., Costa &
McCrae, 1992). Devido à sua maior sensibilidade aos estímulos negativos do ambiente, indiví-
duos com altos níveis de neuroticismo podem estar mais alerta perante os sinais de perigo no
local de trabalho. Além disso, na sua meta-análise, Clarke e Robertson (2005) observaram que o
neuroticismo tinha uma relação estatisticamente não significativa com os acidentes de trabalho.
Num estudo focado principalmente na perceção de risco, Sjöberg e af Wåhlberg (2002) incluíram
traços de personalidade como preditores dessa perceção. Neste estudo, utilizaram os cinco tros
de personalidade do modelo dos Cinco Grandes (BIG FIVE), e o neuroticismo foi o único traço
que se correlacionou significativamente com o nível de risco percebido. Com base na correlação
positiva moderada obtida, concluíram que indivíduos com altos níveis de neuroticismo apresen-
tavam maior perceção de risco.
O traço de procura de sensações, originalmente conhecido comosensation seeking, foi
definido por Zuckerman em 1994 como a disposição de procurar sensações, novas experiên-
cias (complexas, variadas e intensas) e correr riscos, sejam físicos, sociais, legais ou financeiros,
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por conta dessas experiências (Sousa et al., 2021). Segundo Zuckerman (2008), o desejo de
procurar sensações, experiências variadas e correr riscos é um produto do processo evolutivo.
No contexto profissional, indivíduos com altos níveis dessa característica são mais propensos
a assumir riscos e a envolver-se em profissões consideradas de «alto risco», como por exemplo,
polícias, bombeiros, serviços médicos de emergência (e.g., Apalkova et al., 2021). Essas profissões
oferecem experiências estimulantes e diversificadas, não monótonas. Assim, a procura de
sensações é um forte preditor de comportamentos de risco (e.g., Sousa et al., 2021; Zuckerman,
2008), afetando negativamente o desempenho/comportamento de segurança no trabalho, mas
também os comportamentos em outras dimenes da vida, tais como na condução e atividade
pedestre (e.g., Wang et al., 2022), alimentação, consumo de álcool e outras substâncias (e.g., Lac
& Donaldson, 2021), prática de desportos radicais (e.g., Apalkova, 2021), prática de atos sexuais
de risco (e.g., Moynihan et al., 2021), entre outros. Com base nas informações supracitadas, foi
formulada a seguinte hipótese de investigação:
H1: Fatores individuais (neuroticismo, MR, SS, LOCint e autoeficácia) são preditores da
perceão de risco.
No âmbito do desempenho individual em seguraa, Neal e Griffin (2006) desenvolveram
um modelo que vincula as perceções do clima de segurança (CS) ao desempenho individual em
segurança. Realizaram dois estudos para investigar se as perceções de segurança dos trabalha-
dores poderiam ser diferenciadas em termos dos determinantes e antecedentes de acidentes de
trabalho. Concluíram que há uma ligação entre as perceções compartilhadas pelos trabalhadores
sobre o ambiente de trabalho (isto é, o clima de segurança) e os comportamentos de segurança.
Por sua vez, Cree e Kelloway (1997) desenvolveram um modelo que propõe avaliar a perceção de
risco no local de trabalho, relacionando-a com a participação dos trabalhadores em programas
de saúde e seguraa desenvolvidos nas suas organizações. Estes autores consideraram que a
perceção de risco dos trabalhadores dependia do histórico de acidentes da sua organização e das
atitudes percebidas pelos trabalhadores em relação ao ambiente (por exemplo, gestores, colegas
de trabalho), influenciando a sua participação em questões de saúde e seguraa ocupacional.
Segundo este estudo, as perceções das atitudes dos colegas de trabalho, entendidas como clima
de segurança (ou seja, perceções compartilhadas), podem influenciar a perceção de risco (Bhan-
dari & Hallowell, 2022).
Logo, considerando que o clima de segurança afeta a perceção de risco, e dado que os traços
de personalidade servem como ferramentas preditivas e descritivas da perceção de risco, espe-
ramos que:
H2: O clima de segurança física (CSF) medeia a relação entre traços de personalidade (MR,
LOCint , autoeficácia, neuroticismo, PS) e perceção de risco (PR).
2.todo
2.1. Amostra
A seleção da amostra foi realizada por conveniência e/ou acessibilidade, compreendendo um
total de 216 participantes que atendiam ao critério de serem profissionalmente ativos. A amostra
é diversificada em termos de género, com 55.1% do sexo feminino e 44.9% do sexo masculino, e
em relação à faixa etária, variando de 21 a 63 anos, com uma média de 34.30 anos (DP = 9.45).
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A maioria dos participantes é de nacionalidade portuguesa (81,5%). Em relação a outros dados
sociodemográficos, a amostra é composta principalmente por indivíduos solteiros (56%) e casados
ou em união de facto (38.4%). Quanto ao nível de escolaridade, cerca de 16.2% possuem o ensino
básico, 35.6% o ensino secundário e 48.1% o ensino superior.
2.2. Instrumentos
Foram aplicados os seguintes instrumentos:
Escala de Índice de Robustez Mental (Gucciardi et al., 2015): foi utilizada a versão portuguesa
validada por Pinto (2022). Trata-se de uma medida unidimensional composta por oito itens opera-
cionalizados numa escala do tipo Likert que varia de 1 (Falso, 100% das vezes) a 7 (Verdadeiro, 100%
das vezes). Esta medida visa avaliar a perceção dos indivíduos sobre as suas capacidades e emoções
para cumprir desafios (ex. Item 1 “Acredito na minha capacidade de atingir os meus objetivos”).
Escala de Locus de Controlo de Segurança da Aviação (Hunter, 2002): foi utilizada a versão
em português adaptada por Pinto (2022). Trata-se de uma escala unidimensional composta por
dez itens avaliados em uma escala do tipo Likert que varia de 1 (discordo totalmente) a 5 (con-
cordo totalmente). Esta medida visa avaliar a capacidade de controlo pessoal (ex. Item 1 “Se os
trabalhadores seguirem todas as regras e regulamentos, podem prevenir muitos acidentes”).
Escala de Autoeficácia no Cumprimento de Normas de Seguraa: foi utilizada a versão adap-
tada de Pinto (2022). Trata-se de uma escala unidimensional composta por seis itens operaciona-
lizados numa escala do tipo Likert que varia de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente).
Esta medida visa avaliar a autoeficácia no cumprimento das regras de segurança (ex. Item 1
“Sou capaz de me concentrar nas regras de segurança sempre que executo as minhas tarefas”).
Escala de Clima de Segurança Física: utilizou-se a versão adaptada para a população portu-
guesa (Sousa et al., 2017), que se baseia no trabalho de adaptação de Bronkhorst (2015) da escala
original criada por Hall et al. (2010) e Idris et al. (2012). A versão final é composta por 15 itens e 5
dimensões: 1) prioridade do clima de segurança física; 2) compromisso com o clima de segurança
física; 3) comunicação sobre clima de segurança física; 4) participação na promoção do clima de
segurança física; e 5) normas e comportamento do grupo relacionados à saúde física e seguraa.
Neste estudo, a escala foi avaliada como um todo, com itens avaliados numa escala de Likert de
5 pontos, variando de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente).
Escala de Perceção de Risco (Moen, 2007): é uma escala que avalia a preocupação e o medo
de ter acidentes e incidentes graves. É uma escala unidimensional composta por cinco itens (ex.
Item 3: “Fico preocupado quando muitos acidentes de trabalho”), operacionalizados numa
escala Likert que varia de 1 (nada) a 7 (muito). Uma pontuação mais baixa corresponde a menos
medo, preocupação ou probabilidade de sofrer acidentes.
Escala de Neuroticismo (Rammstedt, 2007): o neuroticismo foi medido através do Short-Form
of the Big Five Inventory (BFI-10), utilizando a versão validada para a população portuguesa por
Bártolo -Ribeiro (2017). Este instrumento é composto por 10 itens, sendo dois itens para cada
característica. Apenas os dois itens relacionados ao neuroticismo foram utilizados no estudo (ex.
Item 1 ...está relaxado, lida bem com o stresse, ex. Item 2 ...às vezes fica tenso”). Os itens são
avaliados através de uma escala Likert de 5 pontos que varia de 1 (discordo totalmente) a 5 (con-
cordo totalmente).
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Escala de Procura de Sensações: foi utilizada a versão validada para a população portuguesa
por Sousa et al. (2021). Esta escala é composta por oito itens estruturados em quatro dimensões:
1)procura de experiência (itens 1 e 5, ex. Item 1 “Gostaria de explorar lugares estranhos”); 2) sus-
cetibilidade ao tédio (itens 2 e 6, por exemplo, item 2 “Fico inquieto quando passo muito tempo
em casa”); 3) procura de emoção e aventura (itens 3 e 7, por exemplo, item 3 “Gosto de fazer coisas
assustadoras”); 4) desinibição (itens 4 e 8, ex. Item 6 “Prefiro ter amigos excitantes e imprevisí-
veis”). Esta escala é avaliada atras de uma escala Likert de 5 pontos que varia de 1 (discordo
totalmente) a 5 (concordo totalmente).
Todos os instrumentos apresentaram bons valores de consistência interna (Tabela 1).
2.3 Procedimentos
Após aprovação pela Comissão Científica (entidade responsável pelo acompanhamento dos
procedimentos de investigação e das garantias éticas) e assegurados critérios éticos (ex. forne-
cimento de informação sobre o caráter voluntário e anónimo do estudo), os critérios de inclusão
para participação foram os seguintes: 1) maiores de 18 anos e trabalhadores portugueses; e 2)
vontade voluntária de participar. Após a garantia dos critérios éticos, os participantes foram con-
vidados a preencher um questionário de autopreenchimento através de uma plataforma online
(SURVEY). O link do questionário foi enviado por e-mail e compartilhado nas redes sociais. O
tempo de resposta ao questionário rondava os 10 minutos. Os dados foram recolhidos apenas
uma vez no tempo (estudo transversal).
2.4 Análise de dados
Os dados recolhidos foram analisados no programa estatístico SPSS e no software AMOS,
ambos versão 28, assumindo um nível de significância de 0.05. Inicialmente foram realizadas
análises estatísticas descritivas, apresentando os valores médios e desvios padrão. Para testar o
modelo proposto foram realizadas análises de regressão múltipla. Por fim, o modelo de media-
ção foi testado utilizando o software IBM SPSS Amos (versão 28). As matrizes de variância-co-
varncia foram utilizadas como entrada, adotando o estimador de máxima verossimilhança
que pressupõe a normalidade dos dados e é robusto quando essa suposição não é atendida.
Seguindo as recomendações de Byrne (2001), o modelo foi avaliado quanto ao seu ajuste utili-
zando os seguintes indicadores: (a) teste qui-quadrado de qualidade de ajuste (χ2), razão qui-
-quadrado para graus de liberdade (χ/ gl ); (b) Índice de Qualidade de Ajuste (GFI) ; (c) raiz do
erro quadrático médio de aproximação (RMSEA ). Adicionalmente, foi definido um conjunto de
índices incrementais, nomeadamente o Comparative Fit Index (CFI) e o Adjusted Goodness-of-Fit
Index (AGFI ) (Marôco,2014).
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3. Resultados
3.1. Análise descritiva
A Tabela 1 apresenta as médias, desvios padrão e valores de consistência interna das var-
veis em estudo. Observa-se que a robustez mental é a varvel com maior média (M = 5.26, DP =
1.19), seguida da perceção de risco (M = 3.90, DP = 1.49).
TABELA1
Médias, desvios padrão e consistência interna das variáveis em estudo
Variáveis M SD
α
Neuroticismo 2.81 1.02 .74
RM 5.26 1.19 .96
PS 2.80 .98 .87
LOCint 3.43 .82 .91
Auto-ecácia 3.82 .79 .91
PR 3.90 1.49 .90
CSF 3.36 1.01 .97
Observação. RM = Robustez Mental; PS = Procura de Sensações; LOCint = Locus de controlo interno; PR= Perceão de Risco; CSF = Clima de Segu-
rança Física .
3.2. Análise de regressão
De acordo com a Tabela 2, é possível observar que a autoeficácia no cumprimento das regras
de segurança explica aproximadamente 23.4% da perceção de risco (PR). A inclusão da variável
LOCint no modelo aumentou a sua capacidade explicativa (R
2
= 0.030). A adição das restantes
variáveis – RM, PS e neuroticismo – não alterou o modelo (p > 0.05). Apesar da literatura sugerir
que varveis individuais (autoeficácia, neuroticismo, PS, RM, LOCint) predizem a PR, apenas a
autoeficácia e o LOCint apresentaram uma relação estatisticamente significativa com a PR. Isto
apoia parcialmente a Hipótese 1.
TABELA2
Regressão hierárquica para predição da perceção de risco
Modelos
R2 ΔR2 p
1. Autoecácia .234 .234 < .001
2. Autoecácia + LOCint .264 .030 < .001
3. Autoecácia + LOCint+RM .266 .002 < .001
4. Autoecácia + LOCint+RM+PS .269 .003 < .001
5. Autoecácia + LOCint+RM+PS+Neuroticismo .271 .002 < .001
Observação. RM = Robustez Mental; PS = Procura de Sensões; LOCint = locus de controlo interno
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3.3. Modelo de equações estruturais
Para avaliar se o clima de segurança física medeia a relação entre os fatores individuais em
estudo e a PR, o modelo foi testado utilizando a modelagem de equações estruturais. Observou-
-se que existe um ajuste aceivel entre o modelo e os dados, evidenciado por um valor de χ ²
não significativo (χ 2 [5, N = 216] = 5.941, p = 0.312) (Byrne, 2001; Marôco, 2014). Os valores dos
índices de ajuste adicionais (GFI = 0.992; CFI = 0.997; RMSEA = 0.030) suportam esta conclusão,
permitindo a alise dos coeficientes correspondentes aos efeitos diretos e indiretos no modelo
hipotético.
A análise dos resultados apresentados na Tabela 3 fornece suporte empírico parcial para a
H2, que afirma que o CSF medeia a relação entre os fatores individuais e a PR. Este resultado de
mediação indica que não há relação significativa entre os fatores individuais (RM, PS e neuroti-
cismo) e PR, portanto a mediação com essas varveis não pôde ser confirmada. Em relação ao
LOCint, observou-se que existe apenas relação direta com a PR sem mediação. Por fim, observou-
-se que o CSF medeia parcialmente a relação entre autoeficácia e PR.
TABELA3
Efeitos diretos e indiretos estimados pelo método bootstrap
Paths Estimativa Resultados
Efeito direto
Neur
PR
.071 Sem relação
RM
PR
.070 Sem relação
PS
PR
- .043 Sem relação
LOCint
PR
.187* Direto
Autoecácia
PR
.270** Direto
Neur
CSF
- .087 Sem relação
RM
CSF
.074 Sem relação
pS
CSF
- .043 Sem relação
LOCint
CSF
.088 Sem relação
Autoecácia
CSF
.219* Direto
CSF
PR
.237** Direto
Efeito Indireto
Neur
PSC
PR
- .021 Sem relação
RM
PSC
PR
.018 Sem relação
PS
PSC
PR
- .011 Sem relação
LOCint
PSC
PR
.021 Direto
Autoecácia
CSF
PR
.052* Mediação Parcial
4. Discussão
Vários estudos têm evidenciado o impacto de fatores individuais nos comportamentos e
desempenho em segurança. Os principais objetivos do nosso trabalho foram observar o efeito de
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fatores individuais (neuroticismo, robustez mental, busca de sensações, locus de controlo interno
e autoeficácia) na percepção de risco (PR) e analisar o papel mediador do clima de segurança
física (CSF) nesta relação. De acordo com as hipóteses de pesquisa propostas para o estudo, parte
da Hipótese 1 foi corroborada por meio de análises de regressão. Ou seja, os fatores individuais
(neuroticismo, robustez mental, procura de sensações, locus de controlo interno e autoeficácia)
predizem a PR. Observou-se que, entre os cinco fatores individuais, apenas a autoeficácia e o
locus de controlo interno tiveram poder explicativo na predão da PR, uma vez que foram os
únicos fatores que apresentaram contribuição estatisticamente significativa. Contudo, é possível
inferir que a autoeficácia, o locus de controlo interno e a robustez mental estão positivamente
relacionados com a PR, afetando, assim, positivamente os comportamentos em segurança. Neste
contexto, vários estudos (e.g., Bhandari & Hallowell, 2022; Bronkhorst, 2015; Guldenmund, 2000;
Toppazzini & Wiener, 2017) demonstraram que a melhoria do clima de segurança numa orga-
nização influencia positivamente o comportamento dos trabalhadores, a sua adesão às normas
estabelecidas e a sua participação, contribuindo para um maior nível de segurança na organiza-
ção. Além disso, o modelo propõe o clima de segurança como mediador da relação entre os fato-
res individuais (neuroticismo, robustez mental, procura de sensações, locus de controlo interno e
autoeficácia) e a PR. Entre as cinco varveis independentes, apenas o locus de controlo interno e
a autoeficácia apresentaram uma relação direta significativa com a PR. Assim, a premissa de que
a relação entre fatores individuais (neuroticismo, robustez mental, procura de sensações, locus
de controlo interno e autoeficácia) e a PR é mediada pelo clima de segurança (Hipótese 2) não foi
totalmente confirmada. Na análise dos resultados para o locus de controlo interno, observou-se
que, embora tenha uma relação direta significativa com a PR, não apresentou uma relação sig-
nificativa com a variável mediadora. Portanto, esta relação de mediação também não foi confir-
mada. Entre o locus de controlo interno e a PR, existe apenas uma relação direta, sem mediação.
A única relação de mediação confirmada foi com a autoeficácia. De acordo com os resultados, o
clima de segurança medeia parcialmente a relação entre a autoeficácia e a PR, reduzindo assim
o efeito da autoeficácia sobre a PR.
Em resumo, apesar da literatura apontar variáveis individuais como preditoras da PR (e.g.,
Bae & Park, 2021; Chen, 2009; Christian et al., 2009; Neal & Griffin, 2004; Puchades et al., 2018;
Rotter, 1966; Sousa et al., 2021), as diversas análises estatísticas realizadas ao longo deste estudo
e aqui apresentadas não confirmaram algumas das relações diretas entre as variáveis do modelo
teórico. A explicação apresentada por Baron e Kenny (1986) – de que a densidade associada aos
objetos de estudo de natureza social, como o mundo do trabalho, torna difícil encontrar rela-
ções que sejam totalmente explicadas por um mediador – parece relevante para explicar os nos-
sos resultados. Adicionalmente, considerando o número de variáveis em estudo, o tamanho da
amostra pode ser considerado relativamente pequeno, o que pode ser um fator influenciador
nestes resultados.
Apesar da ausência de relação entre algumas variáveis do modelo, este estudo traz contri-
buições importantes para a literatura nesta área. O primeiro aspeto refere-se às relações iden-
tificadas entre os fatores individuais e a PR. A partir dos resultados, observou-se que a autoefi-
cácia e o locus de controlo interno emergem como os preditores mais robustos da PR. O segundo
ponto aborda a relevância do clima de seguraa física no desenvolvimento da PR. Este estudo
sustenta a ideia de que o clima de segurança física é um preditor significativo do desempenho/
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comportamento de segurança e atua como um elo entre os fatores individuais e a PR, desempe-
nhando um papel mediador.
5. Conclusão
Este estudo abordourios fatores individuais e organizacionais que contribuem para o
desenvolvimento de comportamentos seguros no trabalho. A taxa de acidentes de trabalho, tanto
a nível nacional como europeu, indica a necessidade contínua de investigar as variáveis que os
antecedem. Esta pesquisa contribui para melhorar a seguraa no local de trabalho, ao entender
como as variáveis de personalidade afetam a perceção de risco e como o clima de segurança
física pode mediar essa relação. Isso pode ajudar na conceção de estratégias de formação e saúde
ocupacional, elevando o nível de segurança no trabalho.
O objetivo principal da sociedade deve ser o desenvolvimento de um ambiente de trabalho
seguro, prevenindo acidentes e melhorando as condições de trabalho em todos os aspetos. Não
podemos garantir uma segurança aprimorada sem que os trabalhadores aumentem a sua perce-
ção de risco e reduzam a sua tolerância ao mesmo. Isso leva a uma melhoria nos comportamentos
de segurança, reduzindo a probabilidade de acidentes de trabalho. Como membros do contexto
de trabalho, devemos sempre esforçar-nos para desenvolver comportamentos seguros adequa-
dos às tarefas desempenhadas e incentivar os outros a adotarem a mesma atitude. A prevenção
continua a ser o maior investimento na redução de acidentes de trabalho.
Em suma, é importante reconhecer que, além dos diversos fatores abordados neste estudo,
existem muitos outros que influenciam o desempenho do trabalhador no ambiente de trabalho.
Esses fatores devem ser analisados e estudados, incluindo horários de trabalho, comportamentos
de risco, liderança, violência no local de trabalho, assédio, experiência de acidentes, motivação
no trabalho, conflito entre trabalho e família e trabalho em ambientes extremos, entre outros.
Conflito de interesses: Em nome de todos os autores, o autor correspondente declara que
não conflito de interesses.
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