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REGULAÇÃO EMOCIONAL, ESTRATÉGIAS DE COPING
ESOBRECARGA DE CUIDADORES INFORMAIS DE PESSOAS
COMDEMÊNCIA
EMOTIONAL REGULATION, COPING STRATEGIES AND BURDEN OF
INFORMAL CAREGIVERS OF PERSONS WITH DEMENTIA
Ana Madalena Ribeiro Mateus1, Fernanda Lyrio Heinzelmann2, Rute Brites3,
Tânia Brandão4, Odete Nunes5, João Hipólito6
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2023 PP. 5473
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.2.3
Submited on 05/09/2021 Submetido a 05/09/2021
Acceptted on 28/02/2023 Aceite a 28/02/2023
Resumo
Antecedentes: ao avançar para uma sociedade mais envelhecida, muitas pessoas confron-
tam-se com a necessidade de assumir a tarefa de cuidar informalmente de pessoas com demên-
cia. Os sintomas neuropsiquiátricos destas pessoas são desafios para os cuidadores e desenca-
deiam vivências de sobrecarga. Contudo, a diversidade de respostas entre cuidadores sugere que
recursos pessoais poderão ser protetores da sua saúde mental.
Objetivos: este estudo procurou averiguar a existência de diferenças entre as estragias de
coping e de regulão emocional utilizadas pelos cuidadores informais de pessoas com demência
e indivíduos não cuidadores. Examinou ainda se estas variáveis mediavam a relação entre sinto-
mas neuropsiquiátricos (pessoas com demência) e sobrecarga (cuidadores).
Método: 138 participantes, divididos em dois grupos (cuidadores informais e pessoas com
demência, e não cuidadores) responderam ao Questionário de Regulação Emocional e à Escala
Toulosiana de Coping (versão reduzida). A Entrevista de Zarit de Sobrecarga do Cuidador (versão
breve) e o Inventário Neuropsiquiátrico (versão breve) foram respondidos pelo grupo dos cuida-
dores.
Resultados: verificaram-se diferenças significativas entre os grupos relativamente à estra-
tégia de Supressão Emocional, com valores superiores para os cuidadores. Nas estratégias de
coping não foram encontradas diferenças significativas. No grupo dos cuidadores verificou-se
1 Universidade Autónoma de Lisboa. anitamadalena96@gmail.com
2 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. flyrio@autonoma.pt
3 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. rbrites@autonoma.pt
4 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa . tbrandao@autonoma.pt
5 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. onunes@autonoma.pt
6 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. jhipolito@utonoma.pt
Corresponding author: Rute Brites, CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa, rbrites@
autonoma.pt
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Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
ainda que, a um aumento dos sintomas neuropsiquiátricos, correspondeu um aumento da sobre-
carga. Contudo, estratégias de coping e de regulação emocional não mediaram esta relação.
Conclues: o ato de cuidar de alguém com demência pode causar grande sobrecarga, sobre-
tudo na presença de sintomas neuropsiquiátricos. Oferecer recursos adequados aos cuidadores
pode contribuir para uma maior adaptação na realização desta tarefa.
Palavras-Chave: Cuidador Informal; Demência; Sobrecarga; Coping; Regulação Emocional.
Abstract
Background: As we move towards an aging society, more people face the need of taking
the task of caring for persons with dementia. These people’ neuropsychiatric symptoms are
challenging for caregivers and trigger an extreme burden. However, the diversity of responses
among caregivers suggests that personal resources may be protective of their mental health.
Objective: this study sought to ascertain whether there were differences between the cop-
ing and emotion regulation strategies used by informal caregivers of persons with dementia and
non-caregivers. It also examined whether these variables mediated the relationship between
neuropsychiatric symptoms (persons with dementia) and burden (caregivers).
Method: 138 participants, divided into two groups (informal caregivers and dementia per-
sons, and non-caregivers) answered the Emotional Regulation Questionnaire and the Toulosian
Coping Scale (short version). The Zarit Caregiver Burden Interview (short version) and the Neu-
ropsychiatric Inventory (short version) were answered by the caregivers.
Results: There were significant differences between groups regarding the Emotional Sup-
pression strategy, with higher values for the caregivers. No significant differences were found
in the coping strategies. It was also found that an increase in neuropsychiatric symptoms corre-
sponded to an increase in burden. However, coping strategies and emotional regulation did not
mediate the relationship between neuropsychiatric symptoms and caregivers’ burden.
Conclusions: The act of caring can cause great burden. Providing adequate resources to
caregivers can help them choose more adaptive caregiving strategies and support the burden
they are subjected to.
Keywords: Informal Caregiver; Dementia; Burden; Coping; Emotional Regulation.
O envelhecimento demográfico tem vindo a apresentar-se como um fenómeno irreversível
da sociedade trazendo, consequentemente, novos objetivos a nível social, económico e de saúde
(Miladinov, 2021; Santos et al, 2007). Tal fenómeno deve-se a uma decrescente taxa de mortali-
dade, consequente ao aumento da esperança média de vida e a um igual decréscimo da taxa de
natalidade, bem como ao grande número de emigrantes nas décadas de 60 e 70 (Pascual-Saez et
al., 2020; Paúl, 2005).
Com a evolução da ciência, da tecnologia e da medicina houve um prolongamento da vida
da população, fazendo com que a pirâmide etária se invertesse ao longo do tempo, e construísse
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Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brandão, Odete Nunes, Jo Hilito
um novo perfil demográfico assinalado pelo crescente envelhecimento dos portugueses (Lemos,
2013; Monteiro et al., 2021). Em 2001, o número de pessoas idosas superou o número de jovens
em Portugal e, desde então, tal proporção segue a aumentar (Monteiro et al., 2021; Moreira, 2020).
Segundo as projeções do Instituto Nacional de Estatística [INE] (2017), estima-se que, entre 2015
e 2080, o número da população idosa aumente de 2.1 para 2.8 milhões. Como consequência, tam-
bém o índice de dependência duplica, passando de 26 para 58 idosos por cada 100 sujeitos
ainda em idade ativa.
Apesar de o processo de envelhecimento não estar necessariamente relacionado com a
dependência, tendencialmente haverá uma maior probabilidade de risco em relação ao desen-
volvimento de doenças crónicas-degenerativas. Entre estas, a demência, comprometendo a capa-
cidade funcional e levando a um aumento do risco da dependência de um cuidador (Brites et
al., 2020; Perry-Duxbury et al., 2021). Esse cuidador é, na maior parte das vezes, um cuidador
informal.
Habitualmente, os cuidadores informais são familiares, amigos ou vizinhos, sendo mais
comum o cônjuge ou filhos, os quais ficam comprometidos pela tarefa de prestar cuidados regu-
lares não remunerados (Brites et al., 2020; Khalaila & Cohen, 2016; Perry-Duxbury et al., 2021;
Wiegelmann et al., 2021). O cuidador informal convive diariamente com a pessoa de quem cuida,
uma vez que este necessita de ajuda numa diversidade de cuidados, nomeadamente no que toca
à higiene, à alimentação e ao regime terapêutico. Neste sentido, o papel do cuidador informal
passa por assegurar a sobrevivência e a manutenção dos cuidados do doente (Araújo et al., 2009;
Figueiredo, 2007; Sequeira, 2010b; WHO, 2012).
A tarefa de cuidado – e especificamente a prestação de cuidados a pessoas com demência -
constitui um desafio muito exigente para o cuidador a vários níveis, tais como, pessoal, familiar,
social, laboral e financeiro (Brites et al., 2020; Gérain & Zech, 2019; Leininger & McFarland, 2002;
Ricarte, 2009). A investigação tem demonstrado, contudo, a imporncia das diferenças indivi-
duais na gestão desta tarefa.
Se, por um lado, alguns estudos revelam que existem cuidadores que conseguem identifi-
car aspetos positivos associados ao cuidado (Aperta, 2015; Bertrand et al., 2006; Galvis & Cór-
doba, 2016; Pinquart & Sörensen, 2003), por outro, vários cuidadores evidenciam as consequên-
cias negativas que advêm da prestação dos cuidados, descrevendo sintomas de fadiga, stresse,
depressão, ansiedade, hostilidade, raiva, frustração, culpa, medo, solidão, pessimismo, diminui-
ção da autoestima (Cohen, 2000; Lage, 2005; Liu & Gallagher-Thompson, 2009; Peeters et al., 2010)
e sobrecarga (Gérain & Zech, 2019).
A sobrecarga, definida como “os problemas físicos, psicológicos ou emocionais, sociais e
financeiros que podem ser sentidos por membros da família que cuidam de adultos idosos defi-
cientes” (George & Gwyther, 1986, p. 253) é uma variável que advém da tarefa difícil de cuidar
de alguém. Associa-se ao sentimento que é percebido pelos cuidadores, relacionando-se com o
impacto negativo e as consequências originadas pelo excesso de atividades que poderão desen-
cadear stresse e outros efeitos negativos (Brites et al., 2020; Gérain & Zech, 2019; Luzardo et al.,
2006; Zarit & Zarit, 1983). Além disso, está associada a uma grande vulnerabilidade dos cuida-
dores e a problemas de saúde tais como hipertensão, depressão, problemas inflamatórios e arti-
culatórios, problemas digestivos, alterações a nível do sono e problemas respiratórios (Cupertino
et al., 2006; Monis et al., 2005; Ory et al., 2000; Seima & Lenardt, 2011; Wiegelmann et al., 2021).
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Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
São vários os aspetos que poderão influenciar o nível de sobrecarga: o nível de cuidados
que a pessoa com demência exige e os seus problemas comportamentais, a ausência de conhe-
cimentos, as competências do cuidador informal, o suporte social, como a falta de apoio formal,
informal e familiar, a duração da prestação de cuidados, as estratégias de coping adotadas pelo
cuidador (Cruz et al., 2010; Gérain & Zech, 2019; Lage, 2005) ou a regulação emocional (Brites et
al., 2020; Li & Lewis, 2013; Zhang et al., 2020). Na medida em que a experncia de cuidar de uma
pessoa com demência é uma experiência complexa e variada, é impossível adotar um padrão
único de adaptação e coping. Importa, assim, perceber que tipo de recursos os cuidadores infor-
mais possuem para lidar e adaptar-se à situação (Perry-Duxbury et al., 2020).
O coping consiste no conjunto de estragias que as pessoas adotam para fazer frente a situa-
ções consideradas ameaçadoras. A abordagem de Espars, Sordes-Arder e Tap (1993) caracte-
riza as estratégias de coping como multidimensionais, uma vez que tratam o comportamento
humano em ts dimensões: comportamental (processos através dos quais a pessoa prepara e
gere as ações), cognitiva (forma como é tratada a informação referente ao acontecimento e se
readapta) e afetiva (emoções e os sentimentos). Da intersecção entre estas dimensões emanam
diversas estratégias, algumas das quais são percebidas como “positivas, isto é, mais adaptativas
e outras como “negativas” ou menos adaptativas (Pronost & Tap, 1996; Tap et al., 2005).
Alguns cuidadores informais poderão experienciar uma certa desorganização pessoal, asso-
ciada a sentimentos de tensão e mal-estar. Isto leva-os a adotar determinadas estratégias de
coping com um de dois resultados, uma adaptação positiva ou um ajustamento prejudicial, asso-
ciado a estados emocionais negativos (Figueiredo, 2007; Loureiro, 2009; Martins et al., 2003). A
experiência de cuidar de uma pessoa com demência desencadeia, igualmente, diversas emoções.
A forma como os cuidadores gerem essas emoções, isto é, as estratégias de regulação emocional
que utilizam, pode influenciar, igualmente, a sua saúde mental.
A regulação emocional refere-se às formas utilizadas pelos indivíduos para influenciar as
próprias emoções, quando surgem, e como são vivenciadas e expressas (Gross, 1998a, p. 275).
É um processo connuo, dinâmico e responsivo a todas as vivências emocionais, implicando
processos intrínsecos e extrínsecos responsáveis pela monitorização, avaliação e modificação
das reações emocionais, especialmente a sua intensidade e temporalidade, de forma a realizar
os objetivos pessoais” (Thompson, 1994, p. 27-28). Esta, envolve não só a modulação da ativação
emocional, como também, a consciência, a compreensão, a aceitação das emoções, a utilização
de estragias para regular as mesmas, a capacidade de inibir ou ter determinados comporta-
mentos, de maneira a conseguir atingir os objetivos e as exigências circunstanciais, podendo
a ausência destas demonstrar limitão na regulação emocional (Gratz, 2007; Gratz & Roemer,
2004; Rothbart & Posner, 2006).
O processo de regulação emocional é complexo e depende de vários fatores, biológicos,
cognitivos, emocionais, culturais e, depende também, da própria vivência da pessoa (Diamond
& Aspinwall, 2003; Garnefskig et al., 2001; Sá, 2002; Thompson et al., 2008). Contudo, no âmbito
da investigação, as estratégias de regulação emocional que conduzem a um distanciamento das
experiências emocionais (e.g., a supressão) têm sido associadas a consequências negativas a nível
afetivo, cognitivo e social (Brandão et al., 2019; Gross, 1998a, 1998b, 2002; Gross & Thompson,
2007), enquanto aquelas que conduzem a um maior envolvimento com essas experiências emo-
cionais (e.g., reinterpretação cognitiva ou partilha de emoções) têm sido associadas a consequên-
cias positivas (e.g., Greenaway et al., 2018).
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Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brandão, Odete Nunes, Jo Hilito
O presente estudo
A investigação tem demonstrado que os cuidadores informais de pessoas com demência
sofrem de problemas de saúde mental e física, os quais podem afetar quer os cuidados prestados
aos doentes quer a relação estabelecida com os mesmos (Alzheimer Europe, 2019; Brites et al.,
2020; Brodaty, & Donkin, 2009; Wiegelmann et al., 2021).
Relativamente à sobrecarga, os resultados existentes não são consensuais. Uma revisão siste-
mática demonstrou que o tempo de cuidado e o nível de dependência são os principais preditores
de sobrecarga (Lindt et al., 2020). Contudo, outros estudos evidenciaram o facto que, ao longo
do tempo de prestação de cuidados, a sobrecarga tendia a estabilizar. Nas fases mais iniciais da
demência os cuidadores sentiam-se mais limitados quanto à sua qualidade de vida, compara-
tivamente àqueles que cuidavam de doentes em fases mais avançadas, revelando adaptação e
aumento de competências, no decorrer do tempo (Argimon et al., 2005; Riedjik et al., 2006).
Em consonância com estudos anteriores (Berger et al., 2005; Gimeno et al., 2020; Lawlor, 2006;
Zarit & Edwards, 2008), Lindt et al. (2020) concluíram que os problemas comportamentais e cog-
nitivos dos doentes afetavam indiretamente o nível de sobrecarga dos cuidadores, ao associar-se
a um maior nível de dependência dos primeiros. Embora seja consensual que as alterações com-
portamentais e cognitivas são um dos principais preditores da sobrecarga, o facto de nem todos
os cuidadores informais experienciarem esta condição conduz à ideia de que existem recursos
internos que podem ser, de alguma maneira, protetores relativamente aos efeitos negativos da
tarefa de cuidar, como as estratégias de coping e de regulão emocional utilizadas.
Em relação às estratégias de coping utilizadas, quando os cuidadores sentem que não existe
um controlo do comportamento por parte da pessoa com demência, assim como das suas reações
emocionais, tendem a sentir-se um aumento dos níveis de ansiedade e com humor deprimido,
evidenciando o facto de que a eficácia das estratégias de coping vão influenciar diretamente o
seu estado de saúde (Carrasco &Artaso, s/d cit. por Pereira, 2007). Kiral et al. (2017) demonstraram
uma associação negativa entre estratégias de coping positivas (estratégias de reorientação posi-
tiva) e níveis de depressão e uma associação negativa entre estes e estratégias negativas (catas-
trofização e culpabilização de outros), em cuidadores informais de pessoas com demência. No
que se refere à regulação emocional, alguns estudos têm evidenciado certas estratégias – especi-
ficamente, a expressão de emoções negativas (hostilidade e crítica) - associadas a níveis elevados
de sobrecarga, nomeadamente quando são projetadas nos doentes cuidados (Li & Lewis, 2013;
Zhang et al., 2020).
Assim, a partir destes resultados, os objetivos do presente estudo são: 1) verificar se existem
diferenças significativas entre o grupo de cuidadores informais e o grupo de não cuidadores, no
que se refere às estratégias de coping e às estratégias de regulação emocional utilizadas; 2) no
grupo dos cuidadores informais, examinar se a variação dos sintomas neuropsiquiátricos estará
associada a uma variação dos níveis de sobrecarga; 3) verificar se, perante um determinado nível
de sintomatologia neuropsiquiátrica, a utilização de estratégias de coping e regulação emocional
adaptativas, pelo cuidador informal, estará associada a níveis inferiores de sobrecarga (media-
ção).
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Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Método
Participantes
A amostra é composta por 138 participantes adultos, 46 díades, constituídas pelo grupo de
cuidadores e respetivas pessoas com demência, e um grupo de não cuidadores (n = 46).
O primeiro grupo é composto por 46 díades (33 cuidadores do sexo feminino e 13 do sexo
masculino), com idades compreendidas entre os 19 e 89 anos (M = 63.3; DP = 14.99). Os cuidadores
são na sua maioria cônjuges das pessoas com demência, seguindo-se filhos, netos, sobrinhos, não
familiares e finalmente os genros/ noras. O segundo grupo é composto por 27 pessoas do sexo
feminino e 19 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 38 e os 83 anos (M = 63.7;
DP = 10.00).
No que toca às pessoas com demência, 26 são do sexo feminino (56.5%) e 20 do sexo masculino
(43.5%), com idades compreendidas entre os 63 e 92 anos (M = 77; DP = 6.37). Os critérios de inclu-
são no primeiro grupo: serem cuidadores informais de pessoas com demência (com diagnóstico
clínico) e desempenhar a fuão de cuidador principal. Critérios de exclusão: participação em
psicoterapia para lidar com questões relacionadas com o cuidado, sofrer de uma doença crónica
grave e/ou uma perturbação psiquiátrica grave e a existência de história de abuso de drogas ou
álcool. O grupo dos não cuidadores foi selecionado pelo método snowball, e o único critério de
exclusão foi o de terem ou já terem tido, em algum momento, o papel de cuidadores informais.
Os dados relativos aos cuidadores e respetivas pessoas cuidadas foram recolhidos em con-
texto hospitalar, em cinco instituições da região centro-sul de Portugal, nomeadamente nos dis-
tritos de Castelo Branco e Lisboa, entre julho de 2019 e janeiro de 2020. Os dados relativamente
ao grupo dos não cuidadores foram recolhidos na comunidade em 2019. Não existem diferenças
significativas entre os dois grupos, quanto às suas características sociodemográficas (Tabela 1).
TABELA1
Características Sociodemográficas dos Dois Grupos e Comparação Entre os Dois (N = 92/138)
Cuidadores
(n = 46)
Não cuidadores
(n = 46) Total
n%n%n%Sig
Sexo .27
Feminino
Masculino
33
13
71.7%
28.3%
27
19
58.7%
41.3%
60
32
65.2%
34.8%
Idade (M; DP) 63.4 14.9 63.7 10.0 63.6 12.6 .90
Parentesco com pessoa com demência
Cônjuge 26 56.5% 26 56.5%
Filho/lha 13 28.3% 13 28.3%
Neto/neta 2 4.3% 2 4.3%
Sobrinho/sobrinha 2 4.3% 2 4.3%
Não familiar
Genro/nora
2
1
4.3%
2.2%
2
1
4.3%
2.2%
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Cuidadores
(n = 46)
Não cuidadores
(n = 46) Total
n%n%n%Sig
Outro familiar 0 0.0% 0 0.0%
Escolaridade .15
Sabe ler e escrever 1 2.2% 0 0.0% 1 1.1%
1º ciclo (primária) 21 45.7% 15 33.3% 36 39.6%
2º ciclo (preparatório) 1 2.2% 4 8.9% 5 5.5%
9º ano (antigo 5º ano) 3 6.5% 4 8.9% 7 7.7%
12º ano (antigo 7º ano) 11 23.9% 11 24.4% 22 24.2%
Ensino Superior 5 10.9% 11 24.4% 16 17.6%
Outro 4 8.7% 0 0.0% 4 3.3%
Estado civil .16
Casado/a ou União Facto
Separado/ divorciado
Solteiro/a
33
9
2
71.7%
19.6%
4.3%
25
9
5
54.3%
19.6%
10.9%
58
18
7
63.0%
19.6%
7.6%
Viúvo/a 2 4.3% 7 15.2% 9 9.8%
Situação prossional .59
Reformado
Empregado
24
16
55.8%
37.2%
21
15
52.2%
37.5%
45
31
54.2%
37.3%
Desempregado 3 7.0% 2 5.0% 5 6.0%
De baixa 0 0.0% 2 5.0% 2 2.4%
Instrumentos
Dados Sociodemográficos e Clínicos
A informação sociodemográfica dos participantes, algumas delas representadas na tabela
1, incluiu como variáveis, o sexo, a idade, o parentesco, as habilitações, o estado civil, a situação
profissional, a profissão, o tempo que o cuidador dedica à pessoa cuidada, a duração do ato de
cuidar, se o cuidador cuidou anteriormente de outra pessoa, o diagnóstico da pessoa cuidada,
e a duração do mesmo, dos cuidadores informais e das pessoas com demência.
Entrevista de Zarit de Sobrecarga do Cuidador
A Entrevista de Zarit de Sobrecarga do Cuidador (versão breve) permite avaliar a sobrecarga
subjetiva do cuidador informal. É constituída por 12 itens pontuados de forma quantitativa,
variando a pontuação entre zero (0) (correspondente a “nunca) e quatro (4) (correspondente a
quase sempre”) (Scazufca, 2002). Foi traduzida e adaptada para a população portuguesa com
base na Burden Interview Scale (Zarit & Zarit; 1983; Scazufca, 2002; versão portuguesa de Sequeira,
2010a). Neste estudo foi adotado um score total, conforme a versão reduzida (em processo de
validação para a população portuguesa), cujo Alfa de Cronbach é de α = .88 e na de triagem é de
α=.78 (Bédard et al., 2001). No presente estudo, obteve-se um alfa excelente, de .95.
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Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Questionário de Regulação Emocional
O Questionário de Regulação Emocional (QRE) tem a finalidade de avaliar e compreender
a utilização de estratégias de regulação emocional. É constituído por 10 itens numa escala de
Likert, sendo seis deles sobre Reavaliação Cognitiva e os restantes quatro sobre Supressão Emo-
cional. A pontuação da escala varia entre um (1) “discordo totalmente, e sete (7) “concordo total-
mente. Apresenta consistência interna elevada nas duas subescalas, Reavaliação Cognitiva e
Supressão Emocional (α=.79 e α=.73, respetivamente) (Gross & John, 2003). Em relação à versão
portuguesa, a consistência interna é de α = .76 e α = .65, respetivamente (Vaz & Martins, 2009).
Neste estudo, obtiveram-se valores de .81 (reavaliação cognitiva) e .77 (supressão emocional).
Escala Toulosiana de Coping
A versão reduzida da Escala Toulosiana de Coping é constituída por 18 itens em cinco estra-
gias: Controle (5 itens), Recusa (4 itens), Conversão (3 itens), Suporte Social (3 itens) e Distração
(3 itens) (Nunes et al., 2014).
O controlo refere-se à autorregulação do comportamento, bem como de emoções. O retrai-
mento associa-se ao afastamento da situação. A conversão diz respeito a uma mudança de com-
portamentos, crenças ou valores. A distração social refere-se à fuga face ao problema e à realiza-
ção de atividades que desencadeiem alguma distração. Esta recusa está associada à incapacidade
de aceitação e perceção da realidade da situação. O suporte social envolve a necessidade de
auxílio (Tap et al., 2005).
A pontuação varia entre um (1) “Nunca” e cinco (5) “Muito Frequentemente. A consisncia
interna das cinco dimensões – Controle, Recusa, Conversão, Suporte Social e Distração – foi acei-
tável (α=.80; α=.67 α=.66; α=.64, α=.59, respetivamente), assim como a consistência interna da
escala total (α =.70). No presente estudo, os valores variaram entre .43 (Distração) e .71 (Recusa)
(α Controle = .63; α Conversão = .60; α Suporte Social= .54). As subescalas com valor inferior a
.60 (Suporte Social e Distração) não foram consideradas nos procedimentos estatísticos subse-
quentes, seguindo a classificação de George e Mallery (2003) que consideram valores abaixo de
.50 pobres.
Inventário Neuropsiquiátrico-Q (versão breve)
O Inventário Neuropsiquiátrico (Neuropsychiatric Inventory) consiste numa avaliação psico-
patológica de pessoas com demência (versão breve traduzida por Espirito-Santo et al., 2010). É
composto por 12 itens (delírios, alucinações, agitação/agressão, depressão, ansiedade, euforia,
apatia, desinibição, irritabilidade/labilidade, perturbação motora, comportamentos noturnos,
apetite e alterações alimentares) que medem a frequência e a gravidade do comportamento e,
portanto, o desgaste do cuidador. Foram obtidos bons valores de fidelidade entre avaliações de
teste e re-teste (α =.70) (Leitão & Nina, 2008).
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Procedimentos
Este estudo obteve parecer positivo da Comissão de Ética do ||blind for review|| e foram esta-
belecidos todos os procedimentos relativos à proteção de dados pessoais. No caso das pessoas
com demência sem capacidade para compreender e assinar o consentimento informado, a assi-
natura foi da responsabilidade do cuidador informal. A recolha de dados (em papel) deu-se nos
hospitais, num local seguro, após encaminhamento de um profissional de saúde da instituição,
considerando os critérios de inclusão na amostra. As pessoas com demência dirigiam-se à con-
sulta acompanhadas dos seus cuidadores e, após a mesma, era-lhes questionada a sua disponibi-
lidade para participar do estudo. O tempo médio de preenchimento foi de 60 minutos.
No que respeita aos questionários dos não cuidadores, estes foram recolhidos na comuni-
dade, tendo sido respondidos pelos próprios (em versão papel). Em média, cada preenchimento
demorou cerca de 20 minutos. Por fim, os dados foram introduzidos numa base de dados e inse-
ridos no software Statistical Package for Social Sciences (SPSS). Uma vez que o número inicial de
respostas de não cuidadores era bastante superior ao dos cuidadores, após a recolha dos dados
foram selecionadas as pessoas com características sociodemogficas similares às do grupo de
cuidadores (sexo, idade, escolaridade, estado civil), na medida do possível. Neste sentido, apenas
as pessoas com características similares foram foram incluídas no estudo (n=46).
Análise dos Dados
Para a análise descritiva dos dados, usou-se o SPSS (versão 24; IBM; SPSS Inc., Chicago, IL).
Os valores omissos (não aleatórios, inferiores a 5%) foram substituídos através do método expecta-
tion-maximization (Tabachnick & Fidell, 2007). O teste Shapiro-Wilk demonstrou que os dados não
respeitaram uma distribuição normal (Tabela 2). Assim, recorreu-se então ao teste não paramétrico
de Mann-Whitney. Além disso, utilizou-se o coeficiente de consistência interna Alfa de Cronbach.
TABELA2
Testes de Normalidade
Grupo:
Shapiro-Wilk
Statistic df Sig.
Controle
Cuidadores .949 46 .043*
Não Cuidadores .896 46 .001***
Recusa Cuidadores .922 46 .004**
Não Cuidadores .887 46 .000***
Conversão Cuidadores .917 46 .003**
Não Cuidadores .935 46 .013*
Reavaliação cognitiva Cuidadores .948 46 .038*
Não cuidadores .941 46 .021*
Supressão emocional Cuidadores .928 46 .007**
Não cuidadores .977 46 .490
* p < .05 ** p < .01 *** p < .001
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Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Foram calculadas as correlações bivariadas (Correlação de Spearman) das variáveis em
estudo e realizados testes de comparação de grupos para amostras independentes entre cuida-
dores e não cuidadores. Finalmente, apenas para o grupo de cuidadores, o modelo de mediação
(modelo 4) foi testado com recurso à macro PROCESS (Hayes, 2018). Neste modelo, utilizou-se
como variável independente os sintomas neuropsiquiátricos, como variável dependente a sobre-
carga e como mediadoras as estratégias de coping e de regulação emocional. Foram realizadas
análises simples de mediação; cada variável potencialmente mediadora foi testada individual-
mente.
Resultados
Estatística Descritiva e Diferenças entre Grupos
No que respeita à estatística descritiva das escalas utilizadas no nosso estudo, responderam
92 participantes (Tabela 3).
TABELA3
Estatística Descritiva das Variáveis (Min, Max, Média e Desvio-padrão)
Cuidadores
(n = 46)
Não cuidadores
(n= 46)
Variáveis Min. Máx. Média DP Min. Máx. Média DP
Sobrecarga .00 3.17 1.57 .80 - - - -
Reavaliação Cognitiva 2.50 7.00 5.18 1.31 1.00 7.00 5.16 1.29
Supressão Emocional 1.00 7.00 4.56 1.82 1.00 7.00 4.11 1.45
Controle 3.00 5.00 4.15 .52 2.40 5.00 4.23 .73
Conversão 1.00 5.00 2.24 1.05 1.00 5.00 2.47 1.02
Recusa 1.00 5.00 2.63 1.14 1.00 5.00 2.55 .92
Relativamente à sobrecarga, os valores médios indicam uma ausência de sobrecarga elevada.
No que se refere às estratégias de coping, verificámos que o grupo dos não cuidadores utiliza
mais as estratégias de coping Controle e Conversão. O grupo dos cuidadores utiliza mais a estra-
tégia Recusa, embora não haja diferenças estatisticamente significativas (p > .05) (Tabela 4).
No que se refere à regulação emocional, os resultados revelam diferenças significativas entre
os dois grupos (cuidadores informais e não cuidadores) relativamente à estratégia Supressão
Emocional, com valores superiores para o grupo dos cuidadores (Tabela 4).
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TABELA4
Diferenças Entre Cuidadores vs Não Cuidadores Através do Teste Não Paramétrico de Mann-Whitney (U)
Cuidadores Não cuidadores
Média das ordenações Média das ordenações U Sig.
Controle 86.95 96.30 2918.50 .305
Recusa 96.87 93.06 3111.00 .677
Conversão 87.89 95.99 2962.00 .375
Reaval. cognitiva 101.72 90.80 2842.00 .232
Supressão emocional 114.78 86.51 2241.00 .002**
** p < .01
Associação entre sintomas neuropsiquiátricos e sobrecarga
Verifica-se uma correlação positiva significativa entre os sintomas neuropsiquiátricos e a
sobrecarga (rsp = .333. p = .024), o que significa que quando aumentam os sintomas neuropsiquiá-
tricos aumentam também, em certa medida, os níveis de sobrecarga do cuidador.
Coping como mediador da relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobrecarga
Os resultados das análises de mediação através do PROCESS demonstram que as estratégias
de coping não medeiam a relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobrecarga do cuida-
dor (Tabela 5).
TABELA5
Resultados das Análises de Mediação Simples: Coping
Modelo B SE t pLLCI ULCI
Efeito da SN no Controlo -.011 .028 -.396 .693 -.069 .046
Efeito da SN na Recusa .089 .061 1.453 .153 -.034 .213
Efeito da SN no Conversão .105 .057 1.844 .071 -.009 .220
Efeito do Controlo na Sobrecarga -.247 .219 -1.128 .265 -.689 .194
Efeito da Recusa na Sobrecarga -.110 .102 -1.072 .289 -.317 .097
Efeito da Conversão na Sobrecarga .119 .111 1.075 .288 -.104 .343
Efeito total SN na sobrecarga (c) .095 .042 2.262 .028* .010 .018
Efeito direto SN na sobrecarga com controlo (c´) .092 .042 2.197 .033* .007 .177
Efeito direto SN na sobrecarga com recusa (c´) .105 .043 2.443 .018* .018 .191
Efeito direto SN na sobrecarga com conversão (c´) .083 .044 1.895 .064 -.005 .170
Eect Boo SE Boo Boo
Efeito indireto da SN na sobrecarga via Controlo .002 .009 -.021 .020
Efeito indireto da SN na sobrecarga via recusa -.009 .014 -.046 .009
Efeito indireto da SN na sobrecarga via conversão .013 .015 -.012 .280
* p ≤ . 05 Boo Bootstraping LLCI limite inferior do intervalo confiança 95% ULCI limite superior
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Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Regulação emocional como mediadora da relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a
sobrecarga
Os resultados das análises de mediação através do PROCESS demonstram que as estratégias
de regulação emocional não medeiam a relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobre-
carga do cuidador (Tabela 6).
TABELA6
Resultados das Análises de Mediação Simples: Regulação Emocional
Modelo B SE t pLLCI ULCI
Efeito da SN na Reavaliação cognitiva .066 .071 .923 .360 -.078 .210
Efeito da SN na Supressão emocional .201 .096 2.097 .041* .007 .395
Efeito da reavaliação na Sobrecarga -.022 .089 -.251 .802 -.203 .158
Efeito da supressão na Sobrecarga .027 .067 .398 .692 -.107 .161
Efeito total SN na sobrecarga (c) .095 .042 2.262 .028* .010 .180
Efeito direto SN na sobrecarga com Reav. Cog. (c´) .096 .043 2.251 .010* .183 .120
Efeito direto SN na sobrecarga com Sup. emoc (c´) .089 .044 2.016 .051 .001 .322
Eect Boo SE Boo Boo
Efeito indireto da SN na sobrecarga via Reavaliação -.001 .010 -.027 .018
Efeito indireto da SN na sobrecarga via Supressão .005 .020 -.038 .048
* p ≤ . 05 Boo Bootstraping LLCI limite inferior do intervalo confiança 95% ULCI limite superior
Discussão
Os resultados obtidos permitem-nos constatar que não existem diferenças significativas
entre os cuidadores informais e o grupo de não cuidadores, no que toca às estratégias de coping
avaliadas (controlo, recusa, conversão). No que se refere às diferenças relacionadas com as estra-
tégias de regulação emocional, foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos
em relação à Supressão Emocional, tendo o grupo de cuidadores revelado níveis superiores, em
comparação com o grupo de não cuidadores. Em relação à estratégia Reavaliação Cognitiva, os
resultados demonstraram a ausência de diferenças significativas.
A supressão emocional, estratégia predominantemente não adaptativa, envolve uma inibi-
ção do comportamento sem diminuir o impacto negativo da experiência emocional, podendo
desencadear consequências negativas a nível afetivo, cognitivo e social (Gross, 1998a, 1998b,
2002; Gross & Thompson, 2007; Khalaila & Cohen, 2016; Preston et al., 2021). Isto significa que o
cuidador tende a suprimir a expressão das suas emoções, provavelmente procurando manter-
-se focado no desempenho da tarefa de cuidar. Um artigo de revisão literária de Clancy et al.
(2020) corrobora esta perceção, ao apontar que a saúde mental das pessoas cuidadas tende a ser
influenciada pela observação do stresse dos cuidadores. Neste sentido, é possível que cuidadores
informais recorram mais à estratégia da supressão emocional a fim de omitir o próprio estado
emocional às pessoas cuidadas, no intuito de protegê-las.
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Tal observação encontra ainda respaldo na amostra utilizada no nosso estudo, composta,
emboa parte, por cônjuges e familiares das pessoas cuidadas. Ou seja, relações que, pelo grau
de proximidade e intimidade (sobretudo quando em coabitação), permitiriam uma melhor inter-
pretação das emoções alheias (Clancy et al., 2020). De acordo com a AARP Public Policy Institute
(2015), relações de cuidado entre cônjuges e familiares envolvem mais fatores de stresse que
outros tipos de relacionamento. O presente estudo não incluiu o género dos cuidadores como
uma variável, mas outros estudos sugerem haver relação nas estragias de regulação emocional
preferidas por homens e mulheres (Lloyd et al, 2019; Preston et al., 2021).
A literatura refere que mulheres cuidadoras experienciam mais sobrecarga que os homens
(Brites et al., 2020; Zygouri et al., 2021), além de revelarem menores índice de auto compaixão
– sendo este um indicador de estratégias de regulação mais adaptativas, e consequentemente
de menor sobrecarga (Lloyd et al., 2019). Em pessoas com índices menores de auto compaixão,
a supressão emocional pode ser ainda maior (sobretudo em relação às emoções negativas), por
receio do julgamento de outras pessoas. Dado que a nossa amostra é composta por mais mulheres
que homens, futuramente parece relevante considerar o impacto dos papéis de género nas estra-
gias de coping e regulação emocional e seus resultados.
Verificámos ainda, que o aumento dos sintomas neuropsiquiátricos da pessoa com demên-
cia se associa a um aumento da supressão emocional. Isto implica que, quanto maior o nível de
dependência da pessoa cuidada e a exigência associada à tarefa de cuidar, mais tendem os cui-
dadores a inibir comportamentalmente a expressão das suas emoções. Tal ajuste comportamen-
tal, segundo Allen e Windsor (2019), deriva das estratégias de regulação emocional que variam
ao longo da vida de acordo com o contexto e fatores situacionais. Portanto, ao surgirem mais
sintomas, maior seria a supressão emocional a fim de adaptar as estratégias a uma situação de
maior dependência. Uma relação que segundo Clancy et al. (2020), sofre um agravamento quanto
maior o tempo e a frequência dedicados ao cuidado e um maior grau de sobrecarga e desgaste
dos cuidadores. Sobretudo quando os cuidados se destinam a pessoas com quadros crónicos, de
longo prazo, ou progressivamente debilitantes.
Sobre a associação entre os sintomas neuropsiquiátricos e os níveis de sobrecarga, os resul-
tados vão ao encontro dos diversos estudos que constataram esta relação (Aperta, 2015; Berger et
al., 2005; Gimeno et al., 2020; Lawlor, 2006; Lindt et al. 2020; Peeters et al., 2010; Zarit & Edwards,
2008). Segundo Bremenkamp et al. (2014), o sintoma gerador de um maior desgaste é a agita-
ção, referindo ainda outros fatores geradores de elevado stresse, nomeadamente o delírio e alu-
cinação, delírio e ansiedade, delírio e disforia e irritabilidade. Os sintomas neuropsiquiátricos
desencadeiam um aumento do nível de dependência do doente, afetando, consequentemente,
a saúde e o bem-estar do seu cuidador informal, o que se traduz numa grande sobrecarga (Ber-
ger et al., 2005; Brites et al., 2020; Brodaty et al., 2014; Fulton & Epstein-Lubow, 2011; Reichman,
2000; Lawlor, 2006; Zarit & Edwards, 2008). Em relação aos índices de sobrecarga de cuidadores,
importa destacar o estudo de Budnick et al. (2021), realizado durante o primeiro ano da pande-
mia de COVID-19, na Alemanha, que corrobora a relação entre sobrecarga, sintomas neuropsi-
quiátricos e a maior dependência das pessoas cuidadas. Os dados dos investigadores revelaram
que os receios associados à pandemia, as novas exigências de cuidado, bem como as dificuldades
na implementação das medidas preventivas à doença, resultaram numa sobrecarga ainda maior
para os cuidadores.
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Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Tentámos também perceber se, perante um determinado nível de sintomatologia neuropsi-
quiátrica, a utilização de estratégias de coping adaptativas, pelo cuidador informal, estaria asso-
ciada a níveis inferiores de sobrecarga. Tal não se verificou, ao contrário dos vários estudos que
descrevem os efeitos positivos do recurso a estratégias de coping adaptativas como resposta à
sobrecarga, fazendo diminuir os seus níveis (Amorim et al., 2017; Chakma & Goswami, 2016; Cus-
tódio et al., 2017; Huang et al., 2015). Estes resultados poderão dever-se ao facto de os cuidadores
informais do nosso estudo recorrerem, sobretudo, a estratégias não adaptativas, como a recusa.
Os estudos referidos comprovam que a utilização de estratégias de coping adaptativas contri-
buem para uma diminuição da sobrecarga, no entanto, aparentemente, o recurso a estratégias
menos adaptativas não contribui para o seu aumento.
De forma idêntica, a associação da utilização de estratégias de regulação emocional pelo
cuidador informal a níveis inferiores de sobrecarga, não se confirmou. Existe ainda uma lacuna
muito grande no que toca a estudos neste assunto. No entanto, investigações com cuidadores
formais conseguiram demonstrar que a utilização de estratégias adaptativas de regulação emo-
cional está associada a menores valores de stresse e ansiedade (Ferreira, 2011). Os cuidadores
informais da nossa amostra utilizam mais a supressão emocional como estratégia de regulação
emocional, comparativamente aos não cuidadores. Apesar de uma elevada expressão emocional
estar associada a níveis superiores de sobrecarga (Li & Lewis, 2013; Zhang et al., 2020), não parece
ser a estratégiaoposta” para atuar como mediador. Embora, como referimos anteriormente, esta
estratégia esteja associada a consequências negativas a nível afetivo, cognitivo e social (Gross,
1998a, 1999, 2001, 2002, 2007; Gross & Thompson, 2007), tal parece não se verificar, no que se
refere à sobrecarga.
Conclusão
Como salienta a literatura (Berger et al., 2005; ; Brites, et al, 2020; Brodaty et al, 2014; Fulton
& Epstein-Lubow, 2011; Lawlor, 2006; Reichman, 2000; Zarit & Edwards, 2008), vários aspetos
podem influenciar a sobrecarga do cuidador, nomeadamente o nível de cuidados que a pessoa
com demência exige, a ausência de conhecimentos, as próprias competências do cuidador infor-
mal, o suporte social (como a falta de apoio formal, informal e familiar), a duração da prestação
de cuidados, os problemas comportamentais da pessoa a cuidar e as estratégias de coping ado-
tadas pelo cuidador (Cruz et al., 2010; Kalhaila & Cohen, 2015; Lage, 2005; Preston et al., 2021).
No entanto, de acordo com os resultados do nosso estudo, as estratégias de coping e de regulação
emocional não medeiam a relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobrecarga.
Os estudos existentes comprovam que estratégias de coping adaptativas têm um efeito posi-
tivo como resposta à sobrecarga, fazendo diminuir os seus níveis (Allen & Windsor, 2019; Amo-
rim et al., 2017; Chakma & Goswami, 2016; Huang et al., 2015; Lloyd et al., 2019; Preston et al.,
2021). Contudo, é possível que estratégias menos adaptativas não possuam um efeito oposto. Em
relação às estratégias de regulação emocional coloca-se a mesma hipótese mas, não há estudos
que comprovem o mesmo, a não ser com uma população diferente (cuidadores formais) e com
variáveis distintas, em que estas ajudam na diminuição dos níveis de stresse e de ansiedade
(Ferreira, 2011).
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Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brandão, Odete Nunes, Jo Hilito
Seria uma mais valia contribuir para o aumento do bem-estar geral desta população forne-
cendo algum apoio social, por exemplo com formações aos cuidadores informais e sua família,
dando algumas ferramentas psicológicas para que estes consigam enfrentar a tarefa de cuidar
da melhor maneira possível, para que também não se mantenham isolados, muitas vezes, neste
sofrimento físico e psicológico, e sim com o sentimento de que também são acompanhados, visto
que podemos comprovar os efeitos negativos que o cuidar pode trazer para os mesmos. Sendo
que, a tarefa de cuidar poderá vir a ser cada vez mais frequente, e por outro lado também funda-
mental, na medida em que a população portuguesa está cada vez mais envelhecida e, portanto,
também as previsões apontam para um aumento das pessoas a sofrer de demência.
Apesar do contributo deste estudo, no que se refere à tentativa de uma maior compreensão
sobre os processos internos que podem conduzir a um aumento da sobrecarga, é importante refe-
rir as suas limitações. Em primeiro lugar, a dimensão reduzida da amostra poderá não ter permi-
tido detetar diferenças significativas. Por outro lado, a entrada do país em estado de emergência
devido à COVID-19 impediu a continuação da recolha de dados junto de uma população muito
vulnerável e a necessitar de proteção, impedindo que pudéssemos controlar algumas variáveis
da amostra como a idade e o género do cuidador, assim como o seu grau de parentesco com a pes-
soa de quem cuidam (através de uma amostra maior). Não permitiu, igualmente, controlar var-
veis potencialmente relevantes como o nível de gravidade da demência, ou o tipo de demência,
em específico. Finalmente, sendo este um estudo transversal, não foi possível avaliar a evolução
da sobrecarga ao longo do tempo e procurar relações causais entre as variáveis em estudo.
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