Issue 2 | 1st July – 31st December 2023
Fascículo 2 | 1 de julho – 31 de dezembro 2023
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA
e-ISSN 2183-4806
FREE | GRATUITO
XIX
VOLUME
UNIVERSIDADE AUTÓNOMA DE LISBOA
e-ISSN 2183-4806
FREE | GRATUITO
Issue 2 | 1st July – 31st December 2023
Fascículo 2 | 1 de julho – 31 de dezembro 2023
XIX
VOLUME
PSIQUE | Volume XIX | Issue 2 | 1st July – 31st December 2023
Semiannual Publication. Scientic Journal of the Psychology Research Centre – CIP – from the Universidade Autónoma
de Lisboa – Luís de Camões.
PSIQUE is a scientic journal in Psychology published by the Psychology Research Centre of the
Universidade Autónoma de Lisboa.
Since 2005, PSIQUE has been publishing original papers in the scientic eld of Psychology, in its
several elds of specialization, in open access and free of charge.
From 2018, it is a semi-annual journal publication from 1st January to 30th June and from 1st July to
31st December.
Aims and Scope
It is particularly aimed at psychology researchers, lecturers and students but also at general readers
who are interested in this eld of science.
Psique publishes advances in basic or applied psychological research of relevance for understanding
and improving the human condition in the world. Contributions from all elds of psychology addressing
new developments with innovative approaches are encouraged. Articles that (a) integrate perspectives
from dierent areas within psychology; (b) study the roles of physical, social and cultural domains in
human psychological processes; or (c) include psychological perspectives from dierent regions in the
world are particularly welcomed.
The journal publishes papers in Portuguese, Spanish, French and English.
Directory: Repositório Cientíco de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).
Databases: Repositório Institucional da Universidade Autónoma de Lisboa (Camões).
Indexed by: Academic Search (EBSCO Publishers)
Fuente Academic (EBSCO Publishers).
PSIQUE | Volume XIX | Fascículo 2 | 1 de julho – 31 de dezembro 2023
Publicação semestral. Revista Cientíca do Centro de Investigação em Psicologia – CIP – da Universidade Autónoma
de Lisboa – Luís de Camões.
A Psique é uma revista cientíca em Psicologia, editada pelo Centro de Investigação em Psicologia da
Universidade Autónoma de Lisboa.
Desde 2005 publica artigos originais e comunicações na área cientíca da Psicologia, nos seus vários
domínios de especialização, de acesso livre e gratuito.
É um periódico semestral, a partir de 2018, com data de publicação de 1 de janeiro a 30 de junho e de
1 de julho a 31 de dezembro.
Âmbito e Objetivos
Dirige-se particularmente a investigadores, docentes e estudantes em Psicologia, mas também aos lei-
tores em geral que se interessem pelo conhecimento desta ciência.
A Psique publica avanços na investigação cientíca básica ou aplicada, em Psicologia, com relevância
para compreender e melhorar a condição humana no mundo. A Psique encoraja a submissão de con-
tribuições de todos os campos da Psicologia, produzindo novos desenvolvimentos cientícos, através
de abordagens inovadoras. Particularmente bem-vindos são os artigos que: (a) integram perspetivas de
diferentes áreas da Psicologia; (b) estudam o papel dos domínios físico, social e cultural nos processos
psicológicos humanos; ou (c) integram perspetivas psicológicas de diferentes regiões do mundo.
A revista aceita artigos em Português, Espanhol, Francês e Inglês.
Diretórios: Repositório Cientíco de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP).
Base de Dados: Repositório Institucional da Universidade Autónoma de Lisboa (Camões).
Indexação: Academic Search (EBSCO Publishers)
Fuente Academic (EBSCO Publishers).
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
PUBLISHING INSTITUTION / INSTITUIÇÃO EDITORA
CIP – Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa (CIP)
Rua de Santa Marta, n.º 47, 3.º, 1169-023 Lisboa
Phone Telefone: +351 213 177 667 | Fax: +351 213 533 702
LEGAL OWNER / PROPRIEDADE
CEU – Cooperativa de Ensino Universitário, C.R.L.
Rua de Santa Marta, n.º 47
1150-293 Lisboa – Portugal
Phone Telefone: +351 213 177 600/67
Fax: +351 213 533 702
N.I.F.: 501 641 238
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVII.NT
e-ISSN: 2183-4806
Title tulo: Psique
Site: https://cip.autonoma.pt/revista-psique/
Registration Status: Under Publishing Situação de Registo: Em Publicação
Format Suporte: Online
Periodicity: Semiannual Periodicidade: Semestral
Editor in Chief Director: Odete Nunes
Inscrição Inscription: 220129
Este trabalho é nanciado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia – no âmbito
doprojeto do CIP com a referência UIDB/04345/2020.
This work was funded by national funds through FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia – as part
the project CIP – Ref.ª: UIDB/04345/2020.
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
EDITOR IN CHIEF DIRECTOR
Odete Nunes Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
ASSOCIATE EDITORS COEDITORES
João Hipólito
José Magalhães
Luísa Ribeiro
Cristina Nunes
Rute Brites
Sandra Figueiredo
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
EDITORIAL BOARD CONSELHO EDITORIAL
Alexandra Gomes
Ana Antunes
Ana Gomes
Anne-Marie Vonthron
Aristides Ferreira
Carla Moleiro
Célia Oliveira
Daniel Roque Gomes
David Rodrigues
Dulce Pires
Edlia Alves Simões
Filomena Matos
Florence Sordes–Ader
Gina C. Lemos
Inês Ferreira
Isabel Leite
Isabel Mesquita
Isabel Silva
João Viseu
Jorge Gomes
José Eusébio Pacheco
Liliana Faria
Luis Sérgio Vieira
Magda Soa Roberto
Manuel Sommer
Marjorie Poussin
Melanie Vauclair
Miguel Ángel Garcia-Martin
Miguel Pereira Lopes
Monique K. LeBourgeois
Odete Nunes
Patrícia Jardim de Palma
Pedro Armelim Almiro
Pedro Duarte
Ricardo B. Rodrigues
Rosa Novo
Rui Costa Lopes
Saul Neves de Jesus
Sílvia Araújo
Tito Laneiro
Vera Engler Cury
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade da Madeira, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Univerité Paris Ouest-Nanterre, França
ISCTE, Lisboa, Portugal
ISCTE, Lisboa, Portugal
Universidade Lusófona Porto, Portugal
Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal
ISCTE, Lisboa, Portugal
I.Criap – Psicologia e Formação Avançada, Portugal
University of Saint Joseph (Macao), Macau
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade de Toulouse, França
Instituto Politécnico de Setúbal / Escola Superior de Educação
Universidade Europeia, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
Universidade de Évora, Portugal
ISEG – Universidade Técnica de Lisboa, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade Europeia, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade da Beira Interior, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade de Lyon II, França
Instituto Universitário de Lisboa, Portugal
Universidad de Málaga, Espanha
ISCSP – Universidade de Lisboa, Portugal
University of Colorado Boulder, United States of America
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
ISCSP – Universidade Técnica de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidad Veracruzana, México
Instituto Universitário de Lisboa, Portugal
Universidade de Lisboa, Portugal
ICS – Universidade de Lisboa, Portugal
Universidade do Algarve, Portugal
Universidade do Minho, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil
ASSISTANT EDITORS EDITORES ASSISTENTES
Afonso Herédia
Andreia Bandeira
Filipa Inácio
Francisco Castro
Ana Jarmela
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
TRANSLATION TRADUÇÃO
Carolina Peralta Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
DESIGN COMPOSIÇÃO GRÁFICA
Undo
WEBSITE SITE
Undo
IT DEVELOPMENT DESENVOLVIMENTO INFORMÁTICO
Anselmo Silveira Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
TABLE OF CONTENTS ÍNDICE
Nota Editorial
Luisa Ribeiro VII
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
Decision making in sport: a proprioceptive perspective
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado 1
O Inventário de Avaliação da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Personality Assessment Inventory (PAI): Contributions to psychological assessment in Portugal
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões 21
Regulação emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Emotional regulation, coping strategies and burden of informal caregivers of persons with dementia
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brandão,
Odete Nunes, João Hipólito 54
Personality Traits and Fear of COVID-19 Predicting Vaccine Hesitancy among Selected University Students
in Abeokuta, Nigeria
Samson F. Agberotimi, Fisayo P. Okeowo 74
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for
Portuguese samples
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter 86
Author Instructions
Instruções aos Autores 106
Reviewers instructions
Instruções aos Revisores 114
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
NOTA EDITORIAL
A Ciência Psicológica, tal como as restantes áreas científicas, continuamente revê o seu conheci-
mento, revendo e modificando-o à medida que vai progredindo. Este é um sinal de pensamento verda-
deiramente científico, a capacidade de reconhecer que não chegámos ao fim do nosso conhecimento,
que este não é perfeito, mas que necessita de melhorias contínuas, dependendo de toda a comunidade
científica.
Todos os autores dos trabalhos apresentados neste número da Psique fazem jus a este contributo
cienfico. Por um lado, propondo novos instrumentos adaptados a Portugal, contribuindo assim para um
conjunto de ferramentas de diagnóstico que possam ajudar os especialistas em saúde mental no seu pre-
cioso trabalho. O valor de um instrumento psicométrico depende de um cuidadoso trabalho de valida-
ção e adaptação, envolvendo muito mais que uma mera tradução de palavras, para que de facto consiga
medir a realidade dos respondentes.
Contamos ainda com dois trabalhos sobre temas extremamente atuais, a adesão à vacinação COVID
e o trabalho por vezes “invisível” dos cuidadores informais de pessoas com demência. Se por um lado já
ultrapassámos (aparentemente) o pico da COVID-19, compreender os fatores que levam a população em
geral a recear a vacinação, num mundo globalizado e com grande acesso à informação (científica e não
científica), pode informar-nos sobre a melhor forma de gerir informação credível que possa proteger-nos
a todos.
Numa sociedade cada vez mais envelhecida e individualista, a probabilidade de desenvolver demên-
cia é cada vez maior. Frequentemente assentará nos braços de cuidadores informais o cuidado de alguém
possivelmente próximo e significativo, que vai perdendo as suas faculdades, e de certa forma, transfor-
mando-se noutra pessoa. A dor da perda pode começar muito antes da morte física, não sendo a pessoa
com demência que ficará incrementalmente mais doente. Cuidar da saúde é também prevenção, pelo que
conhecer esta realidade relativamente recente poderá informar sobre práticas e políticas importantes.
Finalmente contamos ainda com um artigo que nos ajuda a recordar que a divisão artificial (apesar
de frequentemente necessária) entre a dimensão psicológica e física, recordando-nos que somos uma
unidade que funciona de forma verdadeiramente holística. Ao escolhermos focar num aspeto, não deve-
remos esquecer-nos de que perdemos sempre alguma informação, e exercícios de integração não são
simples, mas são certamente valiosos.
Obrigada a todos, autores, coordenadores, revisores e editores, que realizaram um esforço colabora-
tivo que teve como fruto este novo número da Psique, que tanto nos orgulha.
Luisa Ribeiro
(Co-editor)
1
A TOMADA DE DECISÃO NO DESPORTO:
UMAPERSPETIVAPROPRIOCETIVA
DECISION MAKING IN SPORT: A PROPRIOCEPTIVE PERSPECTIVE
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado1
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2023 PP. 120
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.2.1
Submitted on 25/01/2021 Submetido a 25/01/2021
Accepted on 22/02/2023 Aceite a 22/02/2023
Resumo
A tomada de decisão é um assunto central na discussão cientifico-filosófica contemporânea.
Como é que o ser humano decide e age tem vindo a ser um tema amplamente discutido no âmbito
das mais diversas áreas do saber, com alguns resultados interessantes, mas ainda insuficientes.
Talvez o problema mais pertinente seja saber se os pensamentos podem iniciar e conduzir a ação
e, desta forma, ativar o comando motor correspondente. Neste artigo, utilizando o desporto como
laboratório, iremos defender que a consciência e mente não podem contribuir para a decisão
e para a ação sem a consciência propriocetiva, isto é, sem os mapas motores que constrangem,
influenciam e, em certa medida, determinam a tomada de decisão, a iniciação e condução da
ação. Iremos argumentar que o corpo é o iniciador da ação, seja de um modo direto, em forma
de automatismos motores que expressam uma intencionalidade de um determinado design cor-
poral, seja de modo indireto, em forma de ideias motoras que antecipam ações motoras anterior-
mente realizadas.
Palavras-chave: tomada de decisão, ação, desporto, consciência propriocetiva, proprioceção
Abstract
Decision making is a central issue in contemporary scientific-philosophical discussion. How
the human being decides and acts has been a topic widely discussed in the most diverse areas
of knowledge, with some interesting results, but still insufficient. Perhaps the most pertinent
problem is whether thoughts can initiate and lead to action and, in this way, activate the
corresponding motor command. In this article, using sport as a “laboratory”, we will defend that
1 Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Portugal. E-mail: ricardoserrado@gmail.com
2
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
mind cannot contribute to decision and action without proprioceptive consciousness, that is,
without the motor maps that constrain, influence and, to a certain extent, determine decision
making, initiation and conduct of action. We will argue that the body is the initiator of action,
either directly, in the form of motor automatisms that express an intentionality of a particular
body design, or indirectly, in the form of motor ideas that anticipate previously performed motor
actions.
Keywords: Decision-making; action; sport; proprioceptive consciousness; proprioception
A tomada de decisão no desporto: uma perspetiva propriocetiva
Saber como o ser humano inicia e conduz o seu comportamento tem sido um dos mais acesos
debates científicos e filosóficos das últimas décadas (Haggard, 2005, 2008; Libet, 1999; Wegner,
2002). O problema da tomada da decisão possui uma dimensão ontológica que nos parece evi-
dente, que é esta: o que está na origem das decisões humanas? Este assunto, por sua vez, gravita
em torno de uma questão central: pode a mente consciente iniciar a conduzir a ão ou, dito de
outra forma, pode a mente controlar o corpo? O desporto, por ser um campo em que o sujeito
tem que tomar rias decies complexas, ora automáticas ora mais deliberadas, pode servir de
laboratório para estudar este problema.
A ideia de que a mente controla o corpo é amplamente defendida pela escola cognitivista
(EC) (Bar-Eli et al., 2011; Memmert & König, 2020). A EC assenta na ideia de que os sistemas cogni-
tivos processam informão do exterior o que, consequentemente, conduz à ativação dos centros
motores do cérebro. Em poucas palavras, a EC advoga que o sujeito primeiro pensa e depois age.
O modelo cognitivista aplicado ao desporto defende, essencialmente, que um atleta realiza uma
ação motora depois de um conjunto de processos cognitivos serem ativados segundo um deter-
minado encadeamento: 1) perceção de um estímulo 2) acesso à memória 3) programação mental
e 4) execução motora (Matias & Greco, 2010).
A EC está ancorada em 2 processos cognitivos essenciais: a atenção\perceção e a memória
(Afonso et al., 2012). A atenção\perceção é a capacidade que o sujeito possui para identificar
estímulos salientes e, desta forma, captar totalmente os seus recursos cognitivos, adquirindo
desta forma conhecimento sobre o contexto (Abernethy et al., 2007; Furley & Memmert, 2012).
No âmbito do desporto, quanto maior o conhecimento em relação ao ambiente, mais apto se está
para antecipar convenientemente a ação mais apropriada. Ou seja, quantos mais dados do meio
o cérebro processar, mais solões o sujeito terá ao seu dispor (Evans et al., 2012; Gorman et al.,
2013). Para que isso seja possível, é necessária uma memória onde está depositada a informação
captada pela atenção\perceção. A meria é apresentada neste modelo como um repositório de
longo termo onde são arquivadas todas as situações salientes percecionadas pelo sujeito, às quais
o indivíduo pode e deve aceder sempre que necessário (Afonso et al., 2012; Farrow & Raab, 2007;
Gorman et al., 2013). Por conseguinte, para que uma boa ação possa ser realizada, o sujeito tem de
percecionar, aceder à sua memória de longo termo e depois agir num processo em que as ideias
- conscientes ou subconscientes – são as iniciadoras dos atos motores (Schack & Hackforts, 2007).
3
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
Um dos princípios centrais da EC é o conceito de representação. Segundo a EC, o sujeito
decide e age em fuão de representações do mundo exterior que ficam codificadas na memó-
ria. Ao percecionar o meio, o sujeito cria representações simbólicas dessa realidade e programas
de ação, que depois pode utilizar para agir (Bar-Eli et al., 2011; Evans et al., 2012). Por exemplo,
rios estudos, demonstram que atletas especialistas conseguem mais facilmente prever o des-
fecho de uma ação relacionada com a modalidade que praticam porque possuem representações
mnemónicas de pistas que sinalizam como a ação irá decorrer (Ashford et al., 2021; Fujii et al.,
2015; Williams, 2020; Williams & Ward, 2007). Esta perspetiva defende, portanto, que o corpo é
comandado pela mente através do conhecimento cognitivo que esta adquire do meio, guarda na
meria e permite antecipar e agir em conformidade (Afonso et al., 2012; Farrow & Raab, 2007).
A EC defende, lato sensu, que a ão motora é previamente pensada/representada, podendo
essa representação ser consciente ou não antes dos sistemas motores serem acionados. Dito de
outra forma, a ação é originada num processo mental que controla o corpo (Schack e Hackforts,
2007) pelo que a ação é a expressão motora dos processos mentais que a pensaram, iniciaram
e motivaram (Matias & Greco, 2010; Monteiro, 2000). Quando, por exemplo, um defensor num
determinado desporto antecipa o comportamento do atacante, constrangendo-o e reduzindo a
eficiência da sua primeira ação, este tem que possuir conhecimento que permita desencadear
uma ação motora que ludibrie o primeiro o que, segundo a EC, é feito por comportamentos deli-
berados (Furley et al., 2015; Furley & Memmert, 2013). Nyberg (2015), no mesmo sentido, demons-
trou que esquiadores profissionais encetam em controlo consciente dos seus movimentos, de
modo a melhor controlar os seus movimentos e a velocidade, assim como outros autores têm
demonstrado que a consciência é de extrema imporncia para a correção de comportamentos
automáticos, intervindo deste modo quando a ação não tem o sucesso desejado (Furley et al.,
2015; Masters & Maxwell, 2004). Mesmo que a decisão seja feita em função de processos mentais
heurísticos e, portanto, automáticos, segundo a EC os mesmos exigem invariavelmente um pro-
cessamento cognitivo um pensamento que identifica uma oportunidade lida e que compara
com uma outra – para iniciar a ação (Bar-Eli et al., 2011). Por isso, não obstante a ação poder ser
intuitiva, esta obriga a um processo de 1) atenção 2) escolha e 3) ação (Afonso et al., 2012; Schack
& Hackforts, 2007).
Ao colocar a mente como operadora da decisão e o corpo como um organon que segue as
instruções do centro decisório, a EC acaba por reproduzir um certo dualismo cartesiano que,
embora se apresente numa perspetiva moderna, não nos parece válido para explicar uma rea-
lidade que se nos afigura una. Ou seja, a interação top-down entre mente-corpo proposto pela
EC manifesta um dualismo no qual o corpo é apresentado sem intencionalidade – um género de
fantoche guiado e orientado por uma mente que encerra todo o poder de controlar as decies o
que nos parece estar longe da forma como o sujeito decide e age (Damásio, 2013; Espinosa, 1992;
Haggard, 2005, 2008).
Em contraste com a EC, a escola ecológica (EE) defende que a decisão surge através de uma
perceção que está acoplada à ação, pelo que o sujeito decide em função de pistas disponíveis no
ambiente (affordences) que são, no momento, percecionadas e automaticamente transformadas
em ação sem necessária mediação representacional. Passos et al. (2012) por exemplo, verificou
que, no rugby, distância do defesa da linha lateral dentro de uma situação de 2 (atacante) x 1
(defensor) influenciou a decisão do atacante de passar, o que é tomado como evidência para a
tomada de decisão como um processo emergente do contexto. Essencialmente, enquanto a EC
4
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
separa o processo de ação entre perceção e decisão, para a escola ecológica (EE) a ação está
acoplada na perceção, pelo que o sujeito pode decidir sem que os processos cognitivos repre-
sentacionais iniciem (Ashford et al., 2021) a ação motora (Araújo et al., 2017; Ashford et al., 2021;
Basevitch et al., 2020; Correia et al., 2011; Matias & Greco, 2010). Ou seja, a EE defende que a deci-
são é um processo não-representacional visto a perceção e a ação serem processos embutidos
no meio e incorporados num sujeito que interfere diretamente no ambiente sem necessidade de
representações simbólicas (Araújo et al., 2017; Basevitch et al., 2020).
Em suma, ao contrário da EC, a EE defende que não existe nenhuma estrutura central no
interior do organismo geradora de ão porque esta é realizada pela interação entre cérebro,
corpo e ambiente (Araújo et al., 2017). A EE, ao contrário da EC, tem vindo, portanto, a integrar
uma perspetiva incorporada da tomada de decisão, ao colocar o corpo como um dos elementos
centrais na ação retirando o cérebro como operador central da ação. A EE é uma teoria não-dua-
lista, contudo, não respostas específicas sobre como a interação corpo-ambiente pode desen-
volver comportamentos sem representações internas.
Uma teoria propriocetiva da decisão
Consideramos que, embora ambas as perspetivas analisadas possuam conclusões válidas,
elas apresentam alguns problemas que devem ser discutidos: 1) como é que pensamentos cons-
cientes podem iniciar ações motoras ou, dito de outra forma, como é que ideias conscientes, que
não m massa, nem forma, podem ativar músculos e sistemas fisiológicos? 2) como é que a mente
pode controlar o corpo – o mesmo é dizer, de que forma o psicológico pode ativar o fisiológico? 3)
a EE não explica como é que o ser humano decide com um sistema não-representacional, isto é,
como é que o sujeito interage com o ambiente sem possuir informação representacional do corpo
e do mundo.
Limites da consciência na decisão
Comecemos pela primeira questão: pode um pensamento consciente iniciar uma ão
motora? Pode uma ideia instruir o corpo a agir? Pode, enfim, a consciência dar início a uma ação?
As neurociências têm vindo a observar que a consciência que desperta quando acordamos
e que nos acompanha durante o estado vígil todo o dia é uma parte ínfima do que está a acon-
tecer no cérebro, porventura, a parte menos decisiva no processo decisional (Bode et al., 2014;
Eagleman, 2012; Fried et al., 2011; Gazzaniga, 2011; Jeannerod, 2006; Soon et al., 2013; Wegner,
2002). Podemos definir a consciência como, essencialmente, aquilo que nos permite conhecer e
experienciar fenomenologicamente a realidade. É, por isso, um processo que exige tempo e uma
computação neuronal exigente e demorada, já que o processo de conhecer e de experienciar exige
a concertação de uma série de informação sensorial de modo a criar uma homogeneidade sen-
sorial coerente no sujeito (Alves, 2013). A visão, por exemplo, é totalmente processada por sis-
temas subconscientes especializados na codificão de estímulos luminosos vindos do exterior
do corpo, os quais trabalham em complementaridade para criar uma representação mental coe-
rente do objeto visualizado que surge apenas cerca de 0,2 segundos após a entrada do estímulo
5
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
na retina. Isto significa que estamos sempre atrasados em relação àquilo que percecionamos
(Eagleman, 2017).
Nos anos 80 do século XX, o neurocientista Benjamin Libet demonstrou que a vontade cons-
ciente de agir era, sistematicamente, precedida em cerca de 0,5 segundos de atividade neuronal
subconsciente no córtex motor, o que parecia indicar que a consciência era apenas um epifenó-
meno que nada tinha que ver com o início da ação (Alves, 2013; Libet, 1999). Sob este ponto de
vista, a consciência teria apenas a fuão de conhecer e de promover sentimentos de agency às
decisões fabricadas nos bastidores (Eagleman, 2012). É a opinião do psicólogo Daniel Wegner e do
neurocientista Michael Gazzaniga, para quem as ações são iniciadas e conduzidas por sistemas
subconscientes acompanhados pela consciência como mera espectadora (Gazzaniga, 2011; Weg-
ner, 2002). Segundo esta perspetiva, a ação é fabricada numa parte do cérebro e a interpretação
dessa ação é processada numa outra. O neurocientista Patrick Haggard, seguindo a metodologia
de Libet mas com tecnologia mais avançada, demonstrou que os córtices motores e parietais são
ativados antes da consciência da ação entre 0,3 e 0.9 segundos (Haggard, 2005, 2008), enquanto
outros cientistas chegaram mais recentemente às mesmas conclusões (Bode et al., 2014), conse-
guindo alguns deles anteciparem a decisão do sujeito em mais de 7 segundos através da leitura
de padrões neuronais subconscientes (Fried et al., 2011; Soon et al., 2013).
Em suma, um mero considerável de experiências demonstrou que os pensamentos e as
imagens mentais não iniciam ações, visto o cérebro produzir a decio e a vontade de agir antes
de qualquer pensamento surgir na consciência do sujeito. Ora, se não é a consciência, o que é que
está na origem da decisão?
A cartografia neurofisiológica e as imagens mentais
A característica mais distinta dos cérebros é a extraordinária capacidade de criar mapas
mapas do meio e mapas do corpo. “Quando o cérebro cria mapas, informa-se a si próprio
(Damásio, 2010, p. 89). Do ponto de vista evolutivo, o aparecimento dos cérebros surge para
melhorar a eficiência da regulação homeostática dos corpos, pelo que o mapeamento do corpo
é uma das prioridades do sistema nervoso central senão mesmo a sua principal prioridade.
Océrebro es, portanto, sistematicamente a mapear o corpo, de modo continuo, pelo que a rela-
ção entre cérebro-corpo envolve um extremo grau de dependência e, precisamente por isso, o
rebro apenas ra de mapear o corpo na morte. Mesmo em coma, o cérebro mapeia o corpo,
mesmo que esses mapas não tenham qualquer manifestação mental consciente. A informação
contida nos mapas cerebrais é usada de modo a orientar o comportamento e as ações, ou seja, os
mapas neuronais são o meio segundo o qual os organismos com sistema nervoso interagem com
o mundo. Osmapas neuronais não são estáticos, mas, pelo contrio, extremamente voláteis de
modo a dar resposta às alterações do meio e às subsequentes ações que são necessárias realizar
(Damásio, 2010).
A consequência desta cartografia neuronal são as imagens mentais representações sen-
soriais do meio, mas também representações interoceptivas e propriocetivas do corpo. As ima-
gens mentais consistem em perceções sensoriais (imagens visuais, auditivas, táteis, entre outras),
perceções interoceptivas (sentimentos e emoções) e perceções propriocetivas (imagens motoras),
isto é, as imagens mentais correspondem à experiência mental da cartografia neurofisiológica
(Damásio, 2010; Gallagher, 1986). Não pretendemos dualizar o cérebro da mente mas apenas
6
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
fazer notar que os mapas cerebrais e as imagens mentais são processos distintos, semelhante à
diferença entre o batimento fisiológico do coração e o som que daí emerge. Podemos experienciar
mentalmente o som do batimento cardíaco em forma de imagem mental, mas não temos cons-
ciência de como é que o coração exerce a sua função nem temos como experienciar toda a fisio-
logia cardíaca, da mesma forma que não podemos ter consciência do funcionamento integral dos
mapas neuronais mas apenas de algum do seu resultado final. De entre os mapas do corpo, estão
os mapas motores, que são perceções internas dos nossos próprios movimentos (Gallagher, 1986).
Iremos defender que muitos dos mapas motores são inatos e determinados por uma estabili-
dade genética, e que são estes mapas motores a origem de uma primeira consciência que desig-
naremos de propriocetiva e que está no cerne de muitas decisões e ações.
Os mapas motores inatos
Os mapas motores possuem uma organização inata. Quando nascemos possuímos, desde
logo, instruções genéticas que determinam, em grande medida, uma série de características do
corpo (altura, composição do sistema músculo-esquelético, sensibilidade propriocetiva, etc.),
bem como programas motores que nos permitem movimentarmo-nos e agirmos no meio (Dela-
field-Butt & Gangopadhyay, 2013; Gandevia et al., 2018; Missitzi et al., 2004; Missitzi et al., 2018;).
Existe alguma discussão sobre quando surge consciência dos recém-nascidos, mas é essencial-
mente comum a ideia de que os mesmos adquirem consciência concetual, sensivelmente, entre
os 15 e os 20 meses (Bahrick, 1995), altura em que atingem a capacidade de se reconhecerem
ao espelho, de preservarem memórias e de manifestarem algum conhecimento simbólico-con-
cetual, etc. No entanto, alguns estudos demonstram que bebés recém-nascidos com uma hora
de vida conseguem imitar expressões faciais de adultos de uma forma intencional e corrigi-las
quando é necessário adaptá-las aos comportamentos observados (Meltzoff, 2007a, 2007b). Estes
comportamentos miméticos apenas são possíveis se os primeiros possuíram, por um lado, uma
proto-consciência (ie. uma consciência propriocetiva) que lhes ofereça alguma sensação de iden-
tidade, e por outro, se tiverem programas motores inatos que permitam a realização dessas ações
que envolvem já um elevado grau de complexidade e agilidade motora (Gallagher, 2006; Jeanne-
rod, 2003). Para além destes comportamentos miméticos, a existência de criaas que sofrem de
membro fantasma, tendo sido amputadas à nascea, parece sugerir, a presença de mapas moto-
res inatos. Se os mapas motores fossem, apenas, construídos pela experiência, estas crianças
amputadas não sofreriam da síndrome (Gallagher, 2006). No mesmo sentido, as áreas neuronais
necessárias para o mapeamento do corpo e para a emergência de uma consciência propriocetiva
– como o hipotálamo, córtices somatosensoriais, tronco cerebral e córtex cingulado - estão nota-
velmente ativas em recém-nascidos (Damásio, 2013). Curiosamente, nas 8 semanas de gestação,
existe uma forte conexão entre o sistema músculo-esquelético, a espinal medula e o tronco
cerebral, o que favorece a nossa ideia de que os seres humanos já nascem com uma consciência
propriocetiva visto as estruturas neuronais para ela surgir estarem suficientemente desenvol-
vidas (Delafield-Butt & Gangopadhyay, 2013). Por conseguinte, parecem existir desde o início do
desenvolvimento, certos aspetos da estrutura e das fuões do corpo que se encontram gravados
em circuitos neuronais e que geram comportamentos coordenados e complexos (Damásio, 2010).
Os mapas motores inatos permitem, desde logo, formar as primeiras imagens do corpo na
relação com o meio e, a nosso ver, possuir um primeiro sentimento de existência o mesmo
7
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
é dizer uma consciência propriocetiva (um sensing of ownership de um corpo). Desde o início
da vida, em cada movimento que corpo realiza, o cérebro produz uma cópia aferente isto é,
representações mentais das ações do corpo. Por conseguinte, sempre que um comando motor
determina uma ação, é feita uma cópia aferente que permite ao sujeito representar mentalmente
esse movimento e, desta forma, antecipá-lo sempre que o contexto exigir (Jeannerod, 2006). Sem
programas motores inatos e sem uma nima consciência do seu corpo (i.e., sem uma consciên-
cia propriocetiva), seria difícil explicar como crianças com uma hora de vida conseguem imitar
expreses faciais de adultos, e como conseguem ter comportamentos intencionais, não só em
relação ao meio, como em relação ao seu corpo (Meltzoff, 2007a, 2007b). Sugerimos que o recém-
-nascido nasce com uma consciência propriocetiva que lhe permite, pelo menos, sentir e saber
de forma não concetual que tem um corpo que é o ponto de refencia em relação aos outros e ao
mundo (Gallagher, 2006). Dito de outra forma, consideramos que é a consciência propriocetiva
isto é, as imagens motoras que resultam de mapas motores inatos o primeiro sistema a informar
o sujeito que possui uma identidade. A nosso ver, a consciência propriocetiva é inata e é ela que
informa o sujeito da sua existência, da sua singularidade e de que é um agente no mundo (Melt-
zoff, 2007b). Antes do “penso, logo existocartesiano (Damásio, 2011) e do “sinto, logo existo
damasiano (Damásio, 2010, 2013) parece existir um “movo-me, logo existo.
A consciência propriocetiva
A proprioceção é a capacidade imediata de sentir e de localizar o corpo no espaço na relação
com o meio. A proprioceção manifesta-se na sensação de movimento, de posição, de velocidade,
de equilíbrio e de força do corpo - processos motores que estão mapeados no cérebro desde a
nascença (Veiga & Cobo, 2021).
O corpo possui recetores mecânicos na pele, nos músculos, nos tendões e nos ligamentos que
enviam sinais para o cérebro e que possuem informação propriocetiva. Isto é, estes recetores
como que traduzem sinais de eventos do meio que interagem e modificam o corpo, primeiro em
sinais fisiogicos, e depois, em sinais neuronais, informando deste modo o organismo, não
sobre que melhor ação cinestética é necessária, como sobre que postura o organismo deve adotar
perante determinadas circunstâncias (Veiga & Cobo, 2021). Em certa medida, a consciência pro-
priocetiva corresponde às mudaas sculo-esqueléticas exigidas pelo meio, que depois são
mapeadas neuronalmente (em mapas motores) e apresentadas ao sujeito em forma de imagens
motoras (Riemann & Lephart, 2002a, 2002b). Em poucas palavras, os mapas motores integram e
recebem do corpo informão dos sensores do corpo, da pele, dos músculos, do esqueleto, etc.
que, depois, se manifestam numa intencionalidade corporal e, subsequentemente, em imagens
motoras que podemos designar de imagens propriocetivas.
A consciência propriocetiva permite o surgimento dos qualia motores que informam o sujeito
de que o corpo lhes pertence e quais as ações que são possíveis de ser realizadas. Esta informação
é sentida através de um sensing of ownership de um corpo que existe no espaço e que, ao mesmo
tempo, se distingue do ambiente mas que interage com ele (Missitzi et al., 2018). Vários estudos
dão suporte à nossa ideia. Salomon et al. 2013) demonstrou que a proprioceção desempenha uma
função crucial na consciência visual, Farrer et al. (2003), demonstrou que a proprioceção é critica
no reconhecimento das pprias ações assim como das ações dos outros, ao passo que Costantini
e Haggard (2007), Jeannerod (2003) e Tsakiris et al. (2005) demonstraram que a proprioceção é
8
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
nuclear para o sentimento de ownership de um corpo. o obstante a consciência propriocetiva
não ser uma consciência concetual e reflexiva, a consciência propriocetiva participa na cons-
ciência concetual sempre que uma imagem motora capta a luz da consciência (Gallagher, 2006;
Veiga & Cobo, 2021).
A consciência propriocetiva que sugerimos tem afinidades com o proto-eu defendido por
António Damásio. O proto-eu damasiano é um primeiro sentimento de existência ancorado num
conjunto de padrões neuronais, possibilitado através dos primeiros sinais enviados do corpo para
o cérebro que emergem na mente em forma de sentimentos de fundo (Damásio, 2013). O proto-
-eu é um processo subconsciente que serve de referência ao organismo, não de intérprete, pelo
que está apoiado numa serie de estruturas que mapeiam o corpo ininterruptamente: o tronco
cerebral que cartografa sinais do corpo, o hipotálamo que constrói mapas do corpo e a insula
que representa-os em forma de sentimentos o corpo. De particular nota é o facto comprovado do
sujeito entrar em coma se a parte posterior do tronco cerebral que processa sinais vindos do
corpo e para o corpo - for lesada (Damásio, 2013). Ou seja, dito de outra forma, se o cérebro deixar
de receber sinais vindos do seu corpo, o resultado é a perda de consciência. Porquê? Provavel-
mente porque, por um lado, o conteúdo que habita as nossas mentes em forma de pensamentos
vem do corpo, e por outro, porque a consciência perdeu a sua referência e o seu elemento de
estabilidade – o corpo. O proto-eu damasiano surge, portanto, quando informação homeostática
é transformada neuronalmente em sentimentos, os quais são experienciados por meios intero-
cetivos (Damásio, 2010). A nossa proposta é que o proto-eu é informado interocetivamente por
dispositivos homeostáticos em forma de sentimentos de fundo mas, ao mesmo tempo, que esse
proto-eu é, igualmente, informado por informação propriocetiva, nomeadamente pelo sistema
vestibular, pelo sistema musculo-esquelético e pela pele. Ou seja, enquanto Damásio considera
que o proto-eu é um sentimento de fundo de posse de um corpo que sente (Damásio, 2011), nós
sugerimos, sem invalidar essa ideia, que a consciência propriocetiva corresponde a uma sensa-
ção de posse de um corpo que, ao agir, adquire uma proto-consciência que existe. À consciência
interocetiva damasiana julgamos ser necessário acrescentar uma consciência propriocetiva.
Dasio coloca o tronco cerebral, anteriormente associado a aspetos comportamentais mais
primitivos, no amago da consciência, nomeadamente aovel de funções cognitivas superiores,
como a memória e atenção mas, mais importante do que isso, como eixo central de comunicação
entre o corpo e o cérebro, o que é crítico para o surgimento da consciência. Esta função de esta-
ção informativa entre o corpo e o cérebro, permite ao tronco cerebral integrar os sinais do corpo
e cartografá-los no cérebro e, ao mesmo tempo, transmitir informação do cérebro para o corpo
– o que possibilita o processamento de informação do corpo, que é traduzida neuronalmente em
sentimentos e em imagens motoras (Damásio, 2010). Enquanto Damásio considera o tronco cere-
bral uma estrutura crucial porque permite o surgimento de sentimentos que promovem uma pré-
-consciência (ou uma consciência interocetiva), nós sugerimos que o tronco cerebral possibilita o
surgimento de imagens motoras que promovem, a par com outros sistemas, o surgimento de uma
consciência propriocetiva. Curiosamente, Delafield-Butt e Gangopadhyay (2013) demonstraram
que o tronco cerebral é uma estrutura que contribui para a consciência propriocetiva através
do processamento de informação do sistema vestibular e do sistema musculo-esquelético, o que
conduz a um sensing of ownership corporal. Sugerimos que a capacidade do tronco cerebral em
processar informação do corpo faz com que, ainda antes do surgimento de uma consciência con-
cetual, a mente seja povoada por imagens e pensamentos motores que não só são utilizados para
9
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
as primeiras experiências no meio, como ainda podem promover uma consciência propriocetiva.
Neste sentido, o sujeito cria as suas primeiras ideias e crenças do mundo através dos mapas moto-
res que permitem a interação do seu corpo com os objetos. Advogamos que certas ações que estão
enraizadas no cérebro de uma forma inata são transformadas nas primeiras imagens mentais
dessas ões através do tronco cerebral e dos córtices motores, que depois são enriquecidas por
outras áreas neuronais, como o neocórtex (Delafield-Butt & Gangopadhyay, 2013).
Em suma, sugerimos, que quando o sujeito começa a ter as suas primeiras experiências con-
cetuais, alguns meses depois de vir ao mundo, ele já possui uma consciência propriocetiva que o
informa que é um ser com corpo, pelo que a consciência concetual está totalmente incorporada
na consciência propriocetiva. Quando a consciência concetual surge e permite conhecimento
mais amplo e mais explicito, ela é de imediato informada que existe um corpo à qual pertence.
Por isso, todas as ideias, pensamentos e sentimentos estão de certo modo reféns de uma cons-
ciência propriocetiva que os informa e restringe.
Estabilidade propriocetiva
A estabilidade é fundamental para a vida. Sem estabilidade, estrutura e leis, a vida não seria
possível (Damásio, 2010). A consciência exige o mesmo tipo de estabilidade uma estabilidade
que permita a emergência de uma identidade una e articulada. Segundo António Dasio, a
estabilidade que é necessária para o surgimento de uma consciência é oferecida por um corpo
que serve de referência para que uma identidade una possa emergir (Damásio, 2013). É uma
estabilidade que podemos designar de interocetiva, porque é através dos sinais homeostáticos
em forma de imagens– isto é, dos sentimentos - que o individuo sente e sabe que existe.
A nossa proposta defende que essa estabilidade pode ser conseguida, também (e quiçá antes),
pela estabilidade propriocetiva isto é, pelo sensing of ownership de um corpo. Apesar de o corpo
evoluir e se transformar significativamente ao longo da vida, o seu design é inato e relativamente
estável ao longo do tempo. Como refere DasioAo longo do crescimento, da idade adulta e até
da senescência, o plano (ou design) fundamental do corpo mantém-se largamente inalterado”
(Damásio, 2013, p. 176). Existe um Bauplan para a vida e os nossos corpos são um Bauhaus
(Damásio, 2013, p. 180). Dito de outra forma, apesar do corpo evoluir e se modificar ao longo
da vida, as instruções fisiológicas e morfológicas, que se manifestam na proprioceção desde o
começo da vida, são em grande parte determinadas geneticamente o que, a nosso ver, garante
a estabilidade necessária para fazer emergir uma consciência. (Delafield-Butt & Gangopadhyay,
2013; Gandevia et al., 2018; Missitzi et al., 2018). Queremos, portanto, sugerir que a estabilidade
necessária para a emergência de uma consciência assenta, em grande medida, num programa
genético que determina certas características fisiológicas e morfológicas (Missitzi et al., 2018)
que se manifestam numa consciência propriocetiva o que, por sua vez, é traduzido em ideias,
pensamentos e intenções.
Vários estudos parecem dar força à nossa hipótese. Missitzi et al. (2018) demonstrou que a
proprioceção possui uma dimensão genética considerável, que explica cerca entre 60 a 77% da
diferença na sensibilidade propriocetiva entre indivíduos. Também diferenças ao nível da altura,
da força, da distribuição de fibras, da coordenação neuromuscular, da comunicação nervosa,
do controlo e aprendizagem motores são, em grande medida, determinadas geneticamente em
percentagens acima dos 75% (Gandevia et al., 2018; Missitzi et al., 2004; Missitzi et al., 2018) o que
10
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
ajuda a assegurar a estabilidade necessária. A coordenação neuromuscular, que se estima ser
cerca de 87% genética (Missitzi, et al., 2004), é de particular interesse em atividades que exijam
habilidades cnicas acentuadas, como os desportos de bola coletivos, pelo que podem ajudar a
explicar a extrema habilidade técnica que certos atletas, como Lionel Messi ou Michael Jordan
possuem ou possuíam no domínio dos seus respetivos jogos. Isto significa, por um lado, que as
pessoas possuem habilidades propriocetivas distintas, fundadas numa dimensão genética signi-
ficativa que confere estabilidade ao corpo, e por outro, que as ações e decisões dessas pessoas
está dependente dos seus sistemas propriocetivos (Missitzi et al., 2004).
Em suma, sugerimos que o design do corpo, programado em grande parte geneticamente, ofe-
rece por um lado a estabilidade para o surgimento, primeiro de uma consciência propriocetiva e,
depois, de uma consciência concetual, e por outro, promove um quadro de referência motor que
é decisivo na decisão e na ação do sujeito. Advogamos também que designs corporais conduzem
a decisões e ações distintas e, subsequentemente, a imagens mentais diferentes entre indivíduos.
Consciência propriocetiva e ação
Julgamos estar aptos para responder ao problema central que motivou este artigo: de que
forma o sujeito decide e age? Sugerimos que é a consciência propriocetiva que está na origem da
ação.
Propomos que é intencionalidade do corpo fundada num design genético estável que pro-
move toda a gama de ões de um determinado sujeito e, como vimos, permite o surgimento de
um primeiro nível de consciência. O corpo surge-nos, nos primeiros momentos de existência,
como fonte e poder de ação pelo que antes de possuirmos um sentimento de ancia e de um eu
concetual, temos um sensing que possuímos um corpo com determinadas potencialidades e com
uma intencionalidade intrínseca ao seu design (Gallese & Corrado, 2010). Esta intencionalidade
corporal está sustentada, em grande parte, em programas motores que estão cartografados nos
circuitos das áreas pré-motoras e parietais, as quais, não contribuem para a ação, como para
o surgimento de uma consciência propriocetiva de corpo. Ou seja, consideramos que as áreas
motoras do cérebro humano não contribuem apenas para a ação do sujeito de forma isolada,
mas que essa atividade es, em simultâneo, envolvida no surgimento de uma intencionalidade
subjetiva e nos primeiros sentimentos de selfprimeiro através de uma dimensão propriocetiva
e, depois, de uma dimensão cognitiva e concetual. Com isto não pretendemos afirmar que os
sistemas motores são suficientes para o sentimento de self. Advogamos que estes circuitos consti-
tuem os pré-requisitos para o primeiro sentimento em forma de consciência propriocetiva, o que
não deve ser confundido com as experiências completas de agência e de self, isto é, com a cons-
ciência simbólica e concetual. Algumas evidências dão suporte a esta ideia. Várias experiências
demonstraram, de forma consistente, que a atividade neuronal dos córtices pre-motores e parie-
tais são responsáveis, tanto pelos comandos motores (pelos movimentos) como pela vontade de
agir (Bode et al., 2014, 2016; Fried et al., 2011; Haggard, 2005, 2008; Libet, 1999; Soon et al., 2013).
Segundo as palavras de Patrick Haggard:Preparatory activity in the motor areas of the brain initi-
ates action, and produces a conscious sensation of intention as a correlate” (Haggard, 2005, p. 291).
Estes resultados parecem sugerir que a ação não pode ser separada de uma intencionalidade
corporal que é, posteriormente, sentida pelo sujeito de forma consciente. Por outro lado, estu-
dos indicam que lesões nos córtices pré-motores e parietais podem provocar ilusões do corpo e
11
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
sentimentos de desconexão total em relação ao corpo, o que afeta os sentimentos de agência e de
self, pelo que lesões nos circuitos motores não impedem, apenas, ações motoras mas provocam
problemas ao nível da consciência propriocetiva, o que afeta o sentimento de self (Gallese & Cor-
rado, 2010). Importa, no entanto, referir que a vontade de agir (isto é, o sentimento) que parece
surgir com a ativação dos córtices motores, não deve ser confundida com a experiência da von-
tade de agir (ou seja, a consciência do sentimento), que parece estar associado à ativação de siste-
mas não-motores cuja função parece ser interpretar as ações e criar uma narrativa coerente dos
atos (Gazzaniga, 2011; Wegner, 2002).
Uma boa base de evidência chega-nos, também, pelos estudos de alguém que possui a sua
consciência concetual intacta mas tem a sua consciência propriocetiva comprometida? Ian
Waterman teve uma severa neuropatia sensorial na qual as largas fibras abaixo do pescoço fica-
ram lesadas devido à doença. Como resultado, ele perdeu quase toda a consciência propriocetiva
(embora ainda tenha alguma), o que significa que perdeu uma boa parte da informação cinética,
muscular, articular, vestibular, etc. Ian ainda é capaz de andar e de se movimentar, mas não o
consegue fazer de uma forma espontânea, automática, económica ou pragmática. Ao perder o
sensing of ownership do corpo, Ian precisa de um enorme esforço adicional, nomeadamente do
sistema visual, para conseguir navegar pelo mundo. O seu corpo perdeu uma boa parte da sua
intencionalidade, o que limitou extraordinariamente as suas ações. (Gallagher, 2006). Não só por-
que não sente o seu corpo, como também porque não o controla de forma espontânea, Ian possui
uma consciência alterada de si. Uma consciência que necessita de ser informada da exisncia de
um corpo pelo sistema visual, quando essa consciência, noutras situações, é informada automa-
ticamente através de sistemas propriocetivos (Gallagher, 2006).
O design de corpo e a ação
Como temos vindo a enfatizar, à medida que o recém-nascido interage com o meio, o seu
primeiro conhecimento é de que tem um corpo que possui determinadas faculdades – diríamos
mesmo um certo design com certas potencialidades e limitações. Este design, por sua vez, mani-
festa-se nos mapas motores, nas imagens motoras e, subsequentemente, na consciência proprio-
cetiva. Mas o que queremos dizer com design do corpo?
Qualquer ser humano possui características fisiológicas e morfológicas, em grande parte
determinadas geneticamente, como altura, dimensão e forma dos membros, cumprimento do
tronco, centro de gravidade, e composição de sistema músculo-esquelético i.e., dimensão
dos músculos e “tipodas fibras musculares, quantidade de fibras musculares rápidas e lentas
dimensão e eficiência das articulações e ligamentos, velocidade de contração muscular, elas-
ticidade muscular, geometria dos ossos, nomeadamente de algumas estruturas cruciais como
a anca, resistência da cartilagem, coordenação neuromuscular entre outros fatores (MacArthur
& Kathryn, 2005; Neeser, 2009; Riemann & Lephart, 2002a). Ora, estas características morfo-fi-
siológicas constituem uma boa parte do design do corpo e manifestam-se, ora através de mapas
motores ora através de imagens motoras que o sujeito experiência em forma de pensamentos e
ideias. Dito de outra maneira, o design do corpo está gravado na conscncia propriocetiva que se
manifesta de duas formas: ou em ações motoras ou em ideias motoras.
Nos primeiros anos de vida, a consciência propriocetiva deverá conter, naturalmente, pouca
informação motora. Com o tempo, ao interagir com o meio através do movimento do seu corpo
12
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
e em fuão das alterações morfo-fisiologicas que vai sofrendo mas que são, em grande parte,
determinadas geneticamente, o sujeito vai adquirindo conhecimento implícito sobre a natureza e
a intencionalidade do seu corpo o que, gradualmente, se transforma em conhecimento explicito
através de imagens motoras o mesmo é dizer que a consciência propriocetiva pode torna-se
concetual quando o sujeito consegue ter uma imagem de ação consciente. A intencionalidade do
corpo está, portanto, enraizada na sua natureza isto é, nas suas caractesticas morfo-fisiolo-
gicas que são expressas e acedidas pela consciência propriocetiva mas que podem ser acedidas
concetualmente pela consciência concetual. Dito de outra forma, o sujeito começa por ter, pri-
meiramente, a consciência propriocetiva sobre o design do seu corpo e, posteriormente, começa
a ter um conhecimento concetual (em forma de ideias) sobre o design do seu corpo.
Isto permite ao sujeito, não agir de um modo automatizado (consciência propriocetiva),
como ainda antecipar, prever e ambicionar determinados movimentos e ações (consciência con-
cetual). Por exemplo, informação originada dos sculos e dos tendões do pescoço integrados
com os sensores de visão e audição, permitem ao sujeito mover-se e adaptar o seu corpo de modo
totalmente subconsciente, iniciando desta forma uma ação apenas possível pela consciência pro-
priocetiva (Delafield-Butt & Gangopadhyay, 2013). No mesmo sentido, ao arremessar uma bola,
determinadas sequências de ativação muscular ocorrem nos músculos para garantir alinha-
mento corporal ideal e a compressão necessária para que a estabilidade das articulações sejam
fornecidas, o que só depois é percebido conscientemente (Riemann & Lephart, 2002a). Durante o
comportamento direcionado em relão a qualquer objetivo, como pegar numa caixa enquanto
se caminha, antes da consciência concetual adquirir conhecimento da tarefa, a consciência
propriocetiva adopta providências para adaptar o programa motor à tarefa, ajustando-se às
mudaas que ocorrem no ambiente externo (solo irregular, por exemplo) e no ambiente interno
(mudança no centro de massa devido à carga) (Riemann & Lephart, 2002b). Um outro exemplo
pode ser verificado no âmbito da música. Como refere Alicia Acitores, quando o músico está a
tocar o seu instrumento, as suasões são monitorizadas pela consciência propriocetiva:so that
when playing the piano, we regulate the position of the arms, hands, and fingers by proprioception,
and control movements of the torso and head” (Acitores, 2011, p. 219).
Consideramos que a mente reproduz em ideias a intenção do corpo e a consciência con-
cetual permite a experiência dessa intenção em forma de ideias sentidas (Gallese & Corrado,
2010). Que intenção é essa? E se, como questiona Damásio, a intenção de viver tão humana, expe-
rienciada conscientemente, não é mais do que as vontades primitivas inscritas e determinadas
geneticamente em cada célula do nosso corpo? (Damásio, 2010). De facto, “Em muitos aspetos,
um organismo unicelular é a antevisão daquilo que um organismo singular como o nosso veio
a ser” (Damásio, 2010, p. 53). O filósofo Hubert Dreyfus considera que a intencionalidade cor-
poral manifesta a natureza (ou design) do corpo na procura da superação dos desafios do meio
(Dreyfus, 2000), o que perfilhamos. No século XVIII o filósofo Bento de Espinosa designou esta
intencionalidade de conatus, que tem profundas afinidades com o que sugerimos. O conatus é o
esforço que cada ser vivo, em fuão da sua essência, realiza para se impor, afirmar e adaptar às
exigências do meio (Espinosa, 1992). O conatus está para Espinosa, como o design do corpo está
no âmbito da nossa proposta - Tanto um como o outro conceito pretendem advogar que qualquer
organismo age em função da sua natureza.
Com isto não queremos diminuir a dimensão cognitiva na tomada de decisão, nem descurar a
importância critica no ambiente na formação do design do corpo. Apenas pretendemos sublinhar
13
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
que a decisão é, extraordinariamente, restringida pela natureza de um corpo que manifesta uma
determinada intencionalidade e que o meio apenas pode moldar a formação de um corpo até os
limites que a natureza deste impuser.
A ação precede o pensamento
Como temos vindo a referir, o corpo possui um conhecimento próprio, pré-reflexivo, uma
intencionalidade específica que manifesta, a nosso ver, as especificidades arquitetónicas do
corpo. Sugerimos que o corpo possui, desde o nascimento, um conhecimento muito próprio sobre
que movimentos e ações executar, antes e aquém de qualquer representação mental ou elabora-
ção simbólica, em certa medida até independentes de qualquer imagem mental (Cappuccio, 2010;
Merleau-Ponty, 1979), pelo menos nos primeiros anos de vida. A nosso ver, as imagens motoras
surgem após os mapas motores inatos e adquiridos serem ativados e estarem consolidados. Como
temos vindo a referir, a ativação dos córtices motores e parietais que se observa antes do sujeito
realizar uma ação, demonstra que a vontade de agir e a ação propriamente dita são processos
acoplados, não obstante poderem estar separados no tempo (Gallese & Corrado, 2010). A desco-
berta dos neurónios-espelho foi extremamente relevante porque demonstrou que os mesmos são
estruturas pré-motoras que são ativadas tanto quando o sujeito observa uma ação nos outros,
como quando a realiza ele mesmo. Isto significa que a perceção está, de certo modo, acoplada à
ação, pelo que quando o sujeito observa ou imagina uma ação, ele está, de certo modo, a repre-
sentar uma ação com o seu corpo (Delafield-Butt & Gangopadhyay, 2013; Gallese & Corrado, 2010;
Rizzolatti & Sinigaglia, 2007).
No entanto, apesar de serem processos inseparáveis, a ação parece preceder sempre a von-
tade consciente de agir. O neurocientista Marc Jeannerod demonstrou que antes do sujeito ter
consciência que tomou uma decisão de agarrar um objeto, cerca de 0,5 segundos antes o corpo
iniciou movimentos e adaptações que visam agarrar esse objeto de um modo totalmente subcons-
ciente. Dito de outra forma, antes do sujeito conscientemente pensar em principiar uma ão, o
corpo já a iniciou, pelo que o processo decisional passa pelos seguintes estádios: 1-ação-2-inten-
ção-3-consciência da ação e da intenção (Bode et al., 2014; Fried et al., 2011; Gazzaniga, 2011;
Jeannerod, 2006; Soon, et al., 2013; Wegner, 2002). Por outras palavras, o sujeito está alheado de
quando o corpo inicia uma ação mas também quando ele decide uma ação, pelo que, na maior
parte das vezes, o corpo está a agir sem que o individuo tenha consciência disso (Gallagher,
2006).
O corpo, segundo esta perspetiva, age diretamente através de uma representação proprio-
cetiva do organismo (Delafield-Butt & Gangopadhyay, 2013; Gallese & Corrado, 2010). Qualquer
movimento deliberado que o sujeito precise de realizar, ele precisa de ter um total controlo do
seu corpo, o que apenas é possibilitado pela proprioceção, como de resto o exemplo de Ian, acima
analisado, ilustra. Ou seja, sempre que o sujeito é deparado com uma situação em que tenha
de responder com determinadas ações, a proprioceção oferece-lhe todos os mapas motores de
um modo automático e totalmente subconsciente e, a par, as imagens motoras dessas ações as
cópias aferentes - o que permite uma representação consciente do individuo em ação (Jeannerod,
2006). Por conseguinte, quando uma pessoa quer realizar uma ação, ela tem consciência proprio-
cetiva do seu corpo que a informa de todas as ações que pode realizar de uma forma automática,
sem qualquer esforço cognitivo. Por isso, perante uma affordace, a proprioceção oferece toda
14
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
a informação necessária para resolver o problema através dos programas (ou mapas) motores
associados ao seu design corporal. A representação propriocetiva es sempre presente: ou de
uma forma indireta, quando certos ajustes automáticos são realizados pelo corpo em função de
informação processada entre os sensores do corpo e o meio, ou de uma forma direta, quando as
imagens mentais antecipam comandos motores já anteriormente realizados. Em ambos os casos
um processamento propriocetivo do corpo que visa adaptar os movimentos do corpo às exi-
gências do meio, sendo que este pode ser um processo consciente (em forma de ideias moto-
ras) ou subconsciente (em forma de ações motoras) (Riemann & Lephart, 2002b) Por conseguinte,
mover o corpo é como seguir a sua intencionalidade (Merleau-Ponty, 1979).
A nossa proposta entronca na teoria sensorial-motora da ação defendida pelo filosofo Hubert
Dreyfus, que postula que a ação inicia-se automática e subconscientemente quando o corpo é
impelido a adaptar-se às exigências e necessidades do meio (Cappuccio, 2010; Dreyfus, 2000)
uma ideia que, como vimos, tem afinidades com o conatus espinosano. Concordamos com este
ponto de vista mas acrescentamos que um determinado corpo responde ao meio em função do seu
design morfo-fisiologico, pelo que as affordances possuem valores distintos para corpos distintos.
O golo que Cristiano Ronaldo marcou frente à Juventus no dia 3 de Abril de 2018, de pontapé de
bicicleta, foi um comportamento realizado em resposta a uma oportunidade de ão, porém, essa
affordance apenas foi um convite à ação para o corpo de Cristiano Ronaldo, não para qualquer
atleta nas mesmas circunstâncias. No mesmo sentido, quando um atleta de basquetebol, numa
situação em que tem de decidir entre passar ou lançar ao cesto, ele irá decidir, não só em função
da oportunidade que lhe parece ter maior sucesso mas, sobretudo, vai agir em conformidade com
as ações que o design do seu corpo consegue realizar com maior eficiência e sucesso. É o corpo
que decide, informa o cérebro e é representado mentalmente em forma de ideias. O corpo diz ao
cérebroestas são as minhas melhores faculdades, por isso sempre que o contexto exigir, usa-as”
e o rebro, não cartografa os mapas motores necessários, como ainda produz as imagens
mentais correspondentes. Por outras palavras, quando o sujeito decide, ele fá-lo de acordo com
as potencialidades da natureza do seu corpo (Cappuccio, 2010; Dreyfus, 2000; Espinosa, 1992).
A perspetiva propriocetiva posta à prova
Consideremos o futebolista Lionel Messi. Ele tem um design corporal muito particular, por-
ventura, ainda mais distinto do que a maioria dos seus colegas de profissão. Desde logo, é mais
baixo do que a média dos jogadores de futebol profissionais por ter um défice de somatropina.
Apenas injetado com esta hormona em criaa e adolescente, Messi conseguiu crescer com um
ritmo mais aproximado do normal o que, mesmo assim, não o impediu de ser mais baixo do que
a maioria dos futebolistas. A sua estatura de 1,69 m permite-lhe ter um centro de gravidade mais
baixo, o que lhe confere vantagens ao nível da agilidade e do equilíbrio (Serrado, 2015). Simulta-
neamente, Messi deverá ter um sistema músculo-esquelético com uma percentagem alta de fibras
pidas o que, a par de ter um centro de gravidade mais baixo, lhe permite ter maior equilíbrio,
mudaas de direção mais repentinas, movimentos de corpo mais rápidos e uma velocidade de
arranque mais apurada. Por seu turno, a sua coordenação neuromuscular e a sua sensibilidade
propriocetiva (Missitzi et al., 2018; Serrado, 2023, in press), a par de outras características mor-
fo-fisiológicas, permitem-lhe ter movimentos extremamente eficientes e económicos, bem como
uma relação corporal rara com o objeto de jogo.
15
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
Ora, consideramos que estas características morfo-fisiológicas, em grande parte determina-
das geneticamente, estão gravadas nos sistemas propriocetivos de Messi ou seja, o design do
seu corpo está acoplado na sua consciência propriocetiva. Desta forma, a sua consciência pro-
priocetiva possui mapas motores que lhe permitem agir de forma automática ao mesmo tempo
que promove imagens motoras que lhe permitem antecipar ações e agir de forma deliberada. Em
ambos os casos, é o corpo que decide. As affordances que lhe surgem estão, igualmente, depen-
dentes do design do seu corpo, pelo que nem todas as possíveis oportunidades se afiguram com a
mesma viabilidade. Certas oportunidades são mais oportunas que outras, dependendo da forma
como o corpo pode responder, com maior ou melhor eficiência, às exigências. Como refere o fi-
sofo Shaun Gallagher (2006), o sistema motor, em vez de ser determinado apenas pelo cérebro,
é modelado pelos músculos, tendões, flexibilidade, a sua relação geométrica com outros múscu-
los e articulações e a sua ativação, mais ou menos constante. O próprio design do corpo impõe
constrangimentos e possibilidades no cérebro e na forma como este trabalha, pelo que o cérebro
não pode processar informação que não seja traduzido pela periferia, nem comandar movimen-
tos que são fisicamente impossíveis de realizar pela periferia (Gallagher, 2006). Por isso, quando
Messi necessita de realizar uma ação, é o corpo que o informa qual (ou quais) a ação mais vanta-
josa através da consciência propriocetiva, seja de forma automática, seja através das copias afe-
rentes. O cérebro de Messi, ao criar um duplo-neuronal do corpo (Damásio, 2010) permite que as
ões do futebolista se realizem com eficiência, não obstante o cérebro precisar de um relatório
extensivo sobre toda informação do design do corpo de Messi.
Um outro exemplo pode ser o esquiador Eero ntyranta. Nos Jogos Olímpicos de Inverno
de 1960 e 1964, Mäntyranta ganhou três medalhas de ouro medalhas no esqui cross-country. Ao
longo de sua carreira, foi suspeito de doping sanguíneo. 30 anos mais tarde, cientistas finlan-
deses testaram 200 membros de sua família e descobriram que 50 deles, incluindo ntyranta,
nasceram com uma rara mutação no gene HCP (Hybrid Cluster protein) que produz o recetor para
o hormônio eritropoietina o que lhe conferia vantagens cardiorrespirarias, nomeadamente, ao
nível de uma maior quantidade de oxigénio que os seus músculos recebiam, o que permita a
Mäntyranta esquiar mais rápido e durante mais tempo sem se cansar (Nesser, 2009). Claro que o
sucesso de ntyranta não se reduz a este gene. Muito provavelmente, teria outras caracterís-
ticas morfo-fisiológicas particulares que, aliado ao gene, lhe permitiam ter maior sucesso que
os outros. De qualquer das formas, sugerimos que a sua maior capacidade cardiorrespiratória e
maior resistência muscular são características que determinavam muitas das decisões que tinha
que realizar nas suas provas. O design do seu corpo permitia-lhe tomar decisões que a outros
eram vedadas.
Outros exemplos que poderíamos dar são os atletas Usain Bolt ou Michael Phelps. O primeiro
é recordista mundial porque, entre outros fatores, o design do seu corpo possui um sistema mús-
culo-esquelético com uma grande quantidade de fibras curtas que lhe permite ter uma maior
velocidade motora. Vários estudos demonstram que o gene ACTN3 encontrado nos jamaicanos
confere-lhes uma vantagem única na corrida de velocidade devido à abundância de fibras curtas
que providencia no sistema músculo-esqueléticos (Nasser, 2009). A corrida de velocidade não
é propriamente uma prova que envolva muitas decisões. Contudo, consideramos que todas as
decisões que Bolt teve que tomar em provas de velocidade eram determinadas pelas suas carac-
testicas morfo-fisiologicas. Por seu turno, Phelps tem mais de 1.93 metros de altura, 2 metros
de envergadura com os braços abertos, pés e mãos gigantes que funcionam como barbatanas,
16
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
pernas pequenas e um tronco largo, o que lhe confere maior leveza nas suas braçadas e uma
rapidez dentro de água inigualável (Nesser, 2009). Tal como Bolt, Phelps nadava em função da
natureza do seu corpo, pelo que decidia com o corpo.
Em suma, o que sugerimos é que Lionel Messi, Eero Mäntyranta, Usain Bolt e Michael Phelpes,
entre outros, possuem (ou possuíam) vantagens em relação aos seus colegas de profissão porque,
fundamentalmente, têm um design corporal do ponto de vista morfo-fisiologico que, gravado e
manifestado na consciência propriocetiva, lhes permite decidir com maior sucesso, economia e
eficiência.
Conclusão
Neste artigo propomos uma teoria propriocetiva da decisão e da ação. Utilizando o desporto
como laboratório”, defendemos que a decisão e a ação são iniciadas e modeladas pelo corpo,
pelo que a mente e a consciência possuem funções complementares à intenção propriocetiva.
Sugerimos que os sistemas propriocetivos contribuem com um sensing of ownership de um
corpo, o que promove a estabilidade necessária para o surgimento da consciência. A consciência
propriocetiva, sendo inata, informa o sujeito que possui um corpo a sua referência de existência
no mundo. Quando o ser humano nasce, as suas primeiras experiências são, fundamentalmente,
propriocetivas sob as quais as suas primeiras imagens motoras irão começar a emergir. À medida
que interage com as exigências do meio, o sujeito exprime os seus mapas motores ao mesmo
tempo que adquire mapas motores novos, não obstante sob um apertado controlo genético que
determina certas características morfo-psicológicas que são cruciais na decisão e na ação.
A consciência propriocetiva modela a ação no sentido em que exprime um determinado
design morfo-fisiológico. Este design, enraizado nos sistemas propriocetivos, determina a deci-
são porque corresponde a uma intenção corporal pre-reflexiva manifestada desde as primeiras
horas de vida, sob as quais depois os pensamentos e inteões mentais vão surgir. Por isso defen-
demos que a ação precede o pensamento. Porque advogamos que o pensamento de uma ação é
uma representação mental de um mapa motor que, não se manifesta antes de qualquer tipo
de consciência concetual, como é regido por um apertado programa genético que constrange a
consciência propriocetiva e as imagens mentais que daí emergem.
Por fim, verificamos que os atletas decidem e agem em função do design do seu corpo e da
sua sensibilidade propriocetiva. Messi, Mäntyranta, Bolt ou Phelps, entre muitos outros, decidem
em função do seu corpo, da natureza do seu corpo e do design do seu corpo. As imagens, pen-
samentos e intenções conscientes que surgem nas suas mentes são expreses intelectuais das
intenções, capacidades e limitações das suas consciências propriocetivas.
Referências bibliográficas
Abernethy, B., Maxwell, J. P., Masters, R. S. W., Kamp, J. V. D., & Jackson, R. C. (2007). Attentional Processes
in Skill Learning and Expert Performance. In G. Tenenabum, & R. Eklund (Eds.), Handbook of sport
psychology (pp. 203-223). Wiley
17
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
Acitores, A. P. (2012). Towards a theory of proprioception as a bodily basis for consciousness in music. In
D. Clark & E. Clark (Eds.), Music and Consciousness: Philosophical, Psychological, and Cultural Perspec-
tives. Oxford University Press.
Afonso, J., Garganta, J., & Mesquita, I. (2012). A tomada de decisão no desporto: o papel da atenção, da
antecipação e da memória. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano 14(5).
http://dx.doi.org/10.5007/1980-0037.2012v14n5p592.
Alves, J. A. (2013). Limites da Consciência. O meio segundo de atraso e a ilusão de liberdade. Fronteira do
Caos Editores.
Araújo, D., Hristovski, R., Seifert, L., Carvalho, J., & Davids, K. (2017). Ecological cognition: expert deci-
sion-making behavior in sport. International Review of Sport and Exercise Psychology, 12(1), 1-25. DOI:
10.1080/1750984X.2017.1349826.
Ashford, M., Abraham, A., & Poolton, J. (2021). Understanding a Player’s Decision-Making Process in
Team Sports: A Systematic Review of Empirical Evidence. Sports, 9(5), 65. https://doi.org/10.3390/
sports9050065
Bahrick, L. E. (1995). Intermodal origins of self-perception. In P. Rochat (Ed.),The self in infancy: Theory and
research (pp. 203-223). Elsevier Science Publishers.https://doi.org/10.1016/S0166-4115(05)80019-6.
Bar-Eli, M., Plessner, H., & Raab, M. (2011).Judgement, decision-making and success in sport. John Wiley &
Sons.https://doi.org/10.1002/9781119977032
Basevitch, I., Tenenbaum, G., Filho, E., Razon, S., Boiangin, N., & Ward, P. (2020). Anticipation and Situa-
tion-Assessment Skills in Soccer Under Varying Degrees of Informational Constraint. Journal of Sport
and Exercise Psychology, 42, 59–69.
Bode, S., Bode, P., & Soon, C.S. (2014). Demystifying free will: the role of contextual information and
evidence accumulation for predictive brain activity. Neuroscience & Biobehavioral Reviwes, 47, 636-
645. Doi:10.1016/j.neubiorev.2014.10.017
Cappuccio, M. (2010). Mirror Neurons and Skilful Coping: Motor Intentionality between Sensorimotor
and Ideo-Motor Schemata in Goal-Directed Actions. In M. Maldonato & R. Pietrobon (Eds.), Research
on Scientific Research (pp. 59-99). Sussex Press.
Costantini, M., & Haggard, P. (2007). The rubber hand illusion: Sensitivity and reference framefor body
ownership. Consciousness and Cognition, 16, 229240.
Correia, V., Araújo, D., Duarte, R., Travassos, B., Passos, P.J.M., & Davids, K. (2011). Changes in practice task
constraints shape decision-making behaviors of team games players. Journal of Science and Medicine
in Sport, 15, 244–249.
Damásio, A. (2010). O Livro da Consciência. A Construção do Cérebro Consciente. Temas de Debates.
Damásio, A. (2011). O Erro de Descartes. Emoção, Razão e Cérebro Humano. Temas de Debates.
Damásio, A. (2013). O Sentimento de Si. Corpo, Emoção e Consciência. Temas de Debates.
Delafield-Butt, J. T., & Gangopadhyay, N. (2013). Sensorimotor intentionality: The origins of intentionality
in prospective agent action. Developmental Review, 33, 399–425.
Dreyfus, H. L. (2000). A Merleau-Pontyian Critique of Husserl’s and Searles Representationalist Accounts
of Action. Proceedings of the Aristotelian Society, 100, 287-302. New Series.
Espinosa, B. (1992). Ética. Relógio de Água. (Obra original publicada em 1677)
Eagleman, D. (2012). Incógnito. As Vidas Secretas do Cérebro Humano. Lua de Papel.
Eagleman, D. (2017). O Cérebro. À descoberta de quem somos. Editorial Presença.
18
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
Evans, J.D., Whipp, P., & Lay, S.B. (2012). Knowledge Representation and Pattern Recognition Skills of Elite
Adult and Youth Soccer Players. International Journal of Performance Analysis in Sport, 12, 208–221.
Farrer, C., Franck, N., Paillard, J., & Jeannerod, M. (2003). The role of proprioception in action recognition.
Consciousness and Cognition, 12, 609–619.
Farrow, D., & Raab, M. (2007). A recipe for expert decision making. Developing Sport Expertise: Research-
ers and Coaches put Theory into Practice (pp. 137-150). Routledge.
Fried, I., Mukamel, R., & Kreiman, G. (2011). Internally generated preactivation of single neurons in human
medial frontal cortex predicts volition. Neuron, 69, 548-562.
Fujii, K., Isaka, T., Kouzaki, M., & Yamamoto, Y. (2015). Mutual and asynchronous anticipation and action
in sports as globally competitive and locally coordinative dynamics. Scientific Reports, 5. DOI:
10.1038/srep1614.
Furley, P., & Memmert, D. (2013). Whom should I pass to?’ The more options the more attentional guid-
ance from working memory. PLoS ONE, 8(5). doi:10.1371/journal.pone.0062278.
Furley, P.A., & Memmert, D. (2012). Working memory capacity as controlled attention in tactical decision
making. Journal of sport & exercise psychology, 34, 322344.
Furley, P., Schweizer, G., & Bertrams, A. (2015). The two modes of an athlete: Dual-process theories in the
field of sport.International Review of Sport and Exercise Psychology, 8(1), 106124.https://doi.org/10.1
080/1750984X.2015.1022203.
Gallagher, S. (1986). Body Image and Body Schema: A Conceptual Clarification. The Journal of Mind and
Behavior, 7(4), 541-554.
Gallagher, S. (2006). How the Body Shapes the Mind. Clarendon Press.
Gallese, V., & Sinigaglia, C. (2010). The bodily self as power for action, Neuropsychologia, 48, 746–755. doi:
10.1016/j.neuropsychologia.2009.09.038.
Gandevia, S. C., Butler, A. A., & Héroux, X. M. E. (2018). Heritability of major components of propriocep-
tion. Journal of applied physiology,125, 972–982.
Gazzaniga, M. (2011). Who´s in charge. Free Will and the science of the Brain. HarperCollins Publishers.
Rizzolatti, G., & Sinigaglia, C. (2007). Mirror neurons and motor intentionality. Functional Neurology, 22(4),
205-210.
Gorman, A.D., Abernethy, B., & Farrow, D. (2013). Is the Relationship between Pattern Recall and Deci-
sion-Making Influenced by Anticipatory Recall?. Quarterly journal of experimental psychology (2006),
66(11), 22192236. https://doi.org/10.1080/17470218.2013.777083
Haggard, P. (2005). Conscious intention and motor cognition. Trends in Cognitive Sciences, 9(6), 290–295.
https://doi.org/10.1016/j.tics.2005.04.012
Haggard, P. (2008). Human volition: Towards a neuroscience of will. Nature Reviews Neuroscience, 9(12),
934946. https://doi.org/10.1038/nrn2497
Jeannerod, M. (2003). The mechanism of self-recognition in humans. Behavioural Brain Research, 142(1-2),
1–15.
Jeannerod, M. (2006). Consciousness of Action as an Embodied Consciousness. In S. Pockett, W.P. Banks
& S. Gallagher (Eds.), Does Consciousness Cause Behavior?. MIT.
Libet, B. (1999). Do we have free will? Journal of Consciousness Studies, 6(8-9), 47-57.
19
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
A tomada de decisão no desporto: umaperspetivapropriocetiva
Matias, C.J., & Greco, P.J. (2010). Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências & Cognição, 15(1),
252-271.
Masters, R. S. W., & Maxwell, J. P. (2004). Implicit motor learning, reinvestment and movement disruption:
What you don’t know won’t hurt you. In A. M. Williams & N. J. Hodges (Eds.), Skill acquisition in sport,
Research, theory, and practice (pp. 207-228). Routledge.
Memmert, D., & König, S. (2020). Models of game intelligence and creativity in sport: Implications for
skill acquisition. In N.J. Hodges & A.M. Williams (Eds), Skill acquisition in Sport: Research, Theory, and
Practice (pp. 220-236). Routledge.
Missitzi, J., Geladas, N., Misitzi, A., Misitzis, L., Classen, J., & Klissouras, V. (2018). Heritability of proprio-
ceptive senses. Journal of applied physiology,125(4), 72–982.
Missitzi, J., Geladas, N., & Klissouras, V. (2004). Heritability in neuromuscular coordination: implications
for motor control strategies. Medicine and science in sports and exercise, 36(2), 233–240, https://doi.
org/10.1249/01.MSS.0000113479.98631.C4
Musculus, L. (2018). Do the best players “take-the-first”? Examining expertise differences in the
option-generation and selection processes of young soccer players.Sport, Exercise, and Performance
Psychology, 7(3), 271283.https://doi.org/10.1037/spy0000123.
Meltzoff, A. N. (2007a). ‘Like me: a foundation for social cognition.Developmental science,10(1), 126134.
Meltzoff, A. N. (2007b). Thelike me’ framework for recognizing and becoming an intentional agent.Acta
psychologica,124(1), 2643.
Monteiro, J.C.P. (2000). A tomada de decisão do jogador distribuidor em voleibol: Estudo comparativo entre
distribuidores do sexo masculino, que participam em níveis competitivos distintos, no escalão Sénior
[Dissertação de Mestrado, Universidade do Porto]. Repositório Aberto da Universidade do Port.
http://hdl.handle.net/10216/10667
Nyberg, G. (2015). Developing a somatic velocimeter: the practical knowledge of free skiers. Qualitative
Research in Sport, Exercise and Health, 7(4), 488-503. DOI: 10.1080/2159676X.2014.888585.
Passos, P., Cordovil, R., Fernandes, O., & Barreiros, J. (2012). Perceiving affordances in rugby union.Jour-
nal of sports sciences,30(11), 1175–1182.
Macarthur, D. G., & North, K. N. (2005). Genes and human elite athletic performance. Human gene-
tics,116(5), 331339. https://doi.org/10.1007/s00439-005-1261-8.
Merleau-Ponty, M. (1979). Phenomenology of Perception. Routledge and Kegan Paul.
Nesser, K. J. (2009). The Genes who make the Champions: Can Genes predict Athletic Performance?. Pro-
ceedings of the 2009 Management and Technology in Sports Science, 106-132.
Raab, M., & Laborde, S. (2011). When to blink and when to think: preference for intuitive decisions results
in faster and better tactical choices.Research quarterly for exercise and sport,82(1), 8998. https://doi.
org/10.1080/02701367.2011.10599725.
Raab, M. (2012). Simple heuristics in sports.International Review of Sport and Exercise Psychology, 5(2),
104–120.
Riemann, B. L., & Lephart, S. M. (2002a). The sensorimotor system, part I: the physiologic basis of func-
tional joint stability.Journal of athletic training,37(1), 7179.
Riemann, B. L., & Lephart, S. M. (2002b). The Sensorimotor System, Part II: The Role of Proprioception in
Motor Control and Functional Joint Stability.Journal of athletic training,37(1), 8084.
20
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 1-20
Ricardo Fernando Fontes Jesus Serrado
Schack, T., & Hackfort, D. (2007). Action-theory approach to applied sport psychology. In G. Tenenbaum &
R. C. Eklund (Eds.),Handbook of sport psychology (pp. 332-352). John Wiley & Sons Inc.
Serrado, R. (2015). Lionel Messi: o futebolista que joga no futuro. Como a natureza humana pode explicar o
futebol. Edições Vieira da Silva.
Serrado, R. (2023). Sport Expertise: How Proprioceptive Sensitivity Can Explain Talent. FairPlay, Journal
of Philosophy, Ethics and Sports Law. https://www.upf.edu/web/revistafairplay
Salomon, R., Lim, M., Herbelin, B., Hesselmann, G., & Blanke, O. (2013). Posing for awareness: proprio-
ception modulates access to visual consciousness in a continuous flash suppression task.Journal of
vision,13(7), article 2, https://doi.org/10.1167/13.7.2.
Soon, C. S., He, A. H., Bode, S., & Haynes, J. D. (2013). Predicting free choices for abstract intentions.Pro-
ceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America,110(15), 6217–6222. https://
doi.org/10.1073/pnas.1212218110
Veiga, J., & Cobo, J. (2021). Proprioception (J. A. Vega & J. Cobo, Eds.). London.
Tsakiris, M., Haggard, P., Franck, N., Mainy, N., & Sirigu, A. (2005). A specific role for efferent information
in self-recognition.Cognition,96(3), 215231. https://doi.org/10.1016/j.cognition.2004.08.002
Wegner, D. (2002). The illusion of conscious will. The MIT press.
Williams, A.M. (2020). Perceptual-cognitive expertise and simulation-based training in sport. In N.J. Hod-
ges & A.M. Williams (Eds.), Skill Acquisition in Sport: Research, Theory and Practice (pp. 237-254). Rout-
ledge.
Williams, A. M., & Ward, P. (2007). Anticipation and decision-making: Exploring new horizons. In G. Tene-
nabum, & R. Eklund (Eds.), Handbook of sport psychology (pp. 203-223). Wiley.
21
O INVENTÁRIO DE AVALIAÇÃO DA PERSONALIDADE PAI:
CONTRIBUTOS PARA A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM PORTUGAL
PERSONALITY ASSESSMENT INVENTORY PAI: CONTRIBUTIONS TO
PSYCHOLOGICAL ASSESSMENT IN PORTUGAL
Mauro Paulino1, Mariana Moniz2, Ocvio Moura3, Daniel Rijo4, Mário R. Simões5
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2023 PP. 2153
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.2.2
Submitted on 20/03/2023 Submetido a 20/03/2023
Accepted on 27/07/2023 Aceite a 27/07/2023
Resumo
O Inventário de Avaliação da Personalidade (PAI) é um instrumento objetivo de autorresposta
que visa proporcionar informação sobre a psicopatologia, personalidade e ambiente psicossocial
do sujeito examinado, abrangendo constructos relevantes quer para o diagnóstico clínico, quer
para a tomada de decisões. A nível estrutural e psicométrico, constitui uma melhoria em rela-
ção a outros instrumentos de avaliação da personalidade (e.g., MMPI-2, MMPI-2-RF e MCMI-III).
OPAI, desde a sua criação, tem reunido reconhecimento internacional, enquanto ferramenta útil
em contextos clínicos, forenses e no âmbito da investigação. O presente artigo procura efetuar
uma revisão e sistematizão do processo de constrão, administração, cotão e interpretão
do PAI, bem como da sua estrutura fatorial e restantes propriedades psicométricas nos diversos
1 Doutorando em Psicologia Forense pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
(FPCEUC). Membro do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC). Mem-
bro do Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universi-
dade de Coimbra (FPCEUC). Coordenador da Mind | Psicologia Clínica e Forense. E-mail: mpaulino_psic@yahoo.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-1204-7557
2 Membro do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC). Membro do
Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de
Coimbra (FPCEUC). Psicóloga na Mind | Psicologia Clínica e Forense. E-mail: marianacmoniz@gmail.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0001-5154-8955
3 Doutorado em Neuropsicologia pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
(FPCEUC). Investigador Doutorado Integrado do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Compor-
tamental. Membro do Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
da Universidade de Coimbra (FPCEUC). E-mail: octaviomoura@gmail.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-5857-6200
4 Professor Associado na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC). Coorde-
nador Científico do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC). E-mail:
drijo@fpce.uc.pt
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-5368-0770
5 Professor Catedrático na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC). Mem-
bro integrado do grupo de investigação Neuropsychological Assessment and Ageing Processes do Centro de Investigação em
Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC). Diretor do Laboratório de Avaliação Psicológica e Psico-
metria da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. E-mail: simoesmr@fpce.uc.pt
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-1311-1338
22
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
contextos de aplicação. Adaptações do PAI noutros países e versões alternativas (e.g., PAI-SF,
PAS, PAI-A) são igualmente descritas e as respetivas qualidades psicométricas serão sistematiza-
das. A adaptação e validação do PAI para a população portuguesa é particularmente relevante,
constituindo um importante contributo para a avaliação psicológica e para o seu exercício pro-
fissional em Portugal.
Palavras-chave: Inventário de Avaliação da Personalidade; Personalidade; Psicometria; Validação.
Abstract
The Personality Assessment Inventory (PAI) is a self-report scale that aims to provide infor-
mation about psychopathology, personality, and the psychosocial environment of a person, all
of which are important constructs for clinical decision-making and diagnostic processes. At the
structural and psychometric level, it is regarded as an improvement in relation to other person-
ality assessment inventories (e.g., MMPI-2 and MCMI-III). Since its publication, the PAI has gath-
ered international recognition, and is now considered a useful instrument in clinical, forensic
and research contexts. The present study aims to review and summarize the PAI’s development,
administration, scoring, and interpretation, as well as to discuss its factorial structure and other
psychometric properties in different contexts. The adaptation of PAI across cultures, as well as
other alternative versions (e.g., PAI-SF, PAS, PAI-A) are also presented and summarized, and their
psychometric properties are analyzed. The Portuguese adaptation and validation of PAI would
significantly contribute to the progress of the psychological assessment field in Portugal.
Keywords: Personality Assessment Inventory; Personality; Psychometry; Validation.
Introdução
Em 1991, o psicólogo Leslie Morey desenvolveu o Inventário de Avalião de Personalidade
(PAI), um inventário de autorresposta que proporciona informação relativa a psicopatologia,
personalidade e ambiente psicossocial, avaliando constructos relevantes para o diagnóstico e
tomada de decisões clínicas (Morey & Boggs, 2003; Morey & McCredie, 2020). Aquando do seu
surgimento, o PAI foi considerado como “one of the most exciting new personality tests” (Schlosser,
1992, p. 12), sendo, inclusivamente, descrito como “a substantial improvement from a psychometric
perspective over the existing standard in the area” (Helmes, 1993, p. 417).
O PAI procurou ser uma alternativa robusta ao Inventário Multifásico de Personalidade de
Minnesota (MMPI Minnesota Multiphasic Personality Inventory) e Inventário Multifásico de Per-
sonalidade de Minnesota-2 (MMPI-2 Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2), ultrapas-
sando algumas das limitações psicométricas dos mesmos, incluindo o conteúdo heterogéneo
numa mesma escala (Helmes & Reddon, 1993), a combinação de modelos de medida categoriais e
dimensionais, a sobreposição/redundância de escalas (Eysenck, 1991; Helmes & Reddon, 1993), a
ausência de validação cruzada na seleção dos itens (Helmes & Reddon, 1993) e a falta ou desade-
quada representatividade das amostras normativas (Duckworth, 1991; Helmes & Reddon, 1993).
23
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Em comparação com o MMPI-2, o PAI apresenta diversas vantagens, nomeadamente uma estru-
tura mais lógica, maior facilidade de resposta, cotão e interpretação (Boyle & Lennon, 1994;
Weiner & Greene, 2017). O PAI é a única medida de avaliação da personalidade em que os itens
foram selecionados recorrendo a uma base tanto estatística, como teórica, no sentido de evitar a
sobreposição dos itens, aspeto que constitui um aperfeiçoamento em relação ao MMPI original e
ao MMPI-2 (Wise et al., 2010).
O PAI oferece, ainda, a possibilidade de avaliar o risco de comportamentos agressivos, o que
constitui uma mais-valia adicional em contextos forenses e de saúde mental (Kurtz & Blais, 2007).
Desde a sua criação, o PAI tem reunido reconhecimento enquanto instrumento útil em contextos
clínicos, forenses e no âmbito da investigação (e.g., Morey & Boggs, 2003; Morey & Meyer, 2013;
Siefert et al., 2009; Till et al., 2009).
O manual profissional do PAI encontra-se na sua segunda edição (Morey, 2007a), onde, para
além de descrever o processo de desenvolvimento do instrumento e proporcionar informação
sobre a sua administração e cotação, apresenta dados atualizados sobre aspetos técnicos das
normas do inventário, assim como sobre a sua fiabilidade e validade.
A Construção do Inventário de Avaliação da Personalidade
O processo de construção do PAI adotou uma abordagem baseada na validade (em parti-
cular, a validade de constructo), onde as dimensões avaliadas foram selecionadas com base na
sua importância para a concetualização diagnóstica, assim como na sua relevância para a prá-
tica clínica. Como tal, o enquadramento teórico/racional e quantitativo que esteve na base do
desenvolvimento do PAI colocou a ênfase numa abordagem baseada na seleção informada dos
itens, através do estudo cuidado da literatura por detrás de cada constructo e adotou um número
diverso de parâmetros para a seleção de itens, sem nunca depender de apenas um tipo de parâ-
metro (Morey, 1991; Morey & Boggs, 2003).
Foram enfatizadas duas dimensões de validade na construção das escalas do PAI, nomea-
damente: i) validade de conteúdo (i.e., de que forma é que a medida proporciona uma amostra
representativa do conteúdo relevante do constructo de interesse); ii) validade concorrente (i.e., de
que forma é que a medida é um indicador “purodo constructo de interesse e não está contami-
nado por associações a outros constructos) (Morey & Boggs, 2003). Consequentemente, as escalas
do PAI foram construídas no sentido de proporcionar informação acerca dos constructos a medir,
tanto a nível de diversidade, como a nível de severidade de sintomas (Morey & McCredie, 2020).
Após a definição de constructos-alvo, realizada mediante uma análise cuidada da literatura
teórica e emrica, foram criados itens diretamente relevantes para cada um dos constructos. De
modo a maximizar a validade concorrente do PAI, garantiu-se que os itens selecionados tinham
associações substanciais com o constructo pertinente e associações mínimas com outros cons-
tructos (Morey & Boggs, 2003; Morey & McCredie, 2019).
Inicialmente, uma base com mais de 2200 itens foi construída e revista por uma equipa
composta por investigadores da área de avalião psicológica, psicólogos clínicos, assim como
estudantes licenciados e doutorados na área de Psicologia, que procederam a uma avalião da
adequação do conteúdo dos itens e da sua adequação ao inventário (Morey, 1991). Qualquer item
que não reunisse 75% de consenso era alterado ou eliminado. Este processo deu origem a uma
24
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
versão preliminar constituída por 1086 itens, os quais foram revistos por um painel de revisores,
com vista a identificar possíveis enviesamentos e determinar a possibilidade de os itens serem
ofensivos a nível de género, raça, religião ou integração em qualquer grupo étnico. Qualquer item
percebido como discriminatório (i.e., ofensivo para qualquer género, grupo étnico, socioeconó-
mico e/ou religioso) ou que identificasse inadequadamente um comportamento normal como
psicopatogico era eliminado (Morey, 1991; Weiner & Greene, 2017).
De seguida, um painel de peritos organizou os itens no sentido de garantir a adequação de
cada um à respetiva escala, tendo sido reunido um consenso de 94.3% para os 776 itens que inte-
graram a versão alfa do PAI (Morey, 1991; Weiner & Greene, 2017). Esta versão alfa foi testada
em 306 estudantes universitários em três condões: i) estandardizada, onde os estudantes res-
pondiam de forma honesta e franca; ii) favorecendo uma imagem positiva, onde lhes era pedido
que simulassem respostas como se tratasse de alguém que quereria impressionar um possível
empregador; iii) simulação, onde lhes era solicitado que simulassem as respostas de uma pessoa
com uma perturbação mental, naquilo que é, atualmente, denominado como design de simulação
análogo. A utilização de diversos critérios permitiu a identificação e seleção de 597 itens para a
versão beta do instrumento (Morey, 1991). Esta versão foi, por sua vez, administrada a três gru-
pos: i) adultos de uma amostra não clínica da população geral; ii) amostra clínica (i.e., sujeitos
internados, ou não, com diagnósticos de perturbação distímica, perturbação de personalidade,
perturbão de ansiedade, perturbação depressiva major e/ou com consumos e/ou dependência
de álcool e drogas); iii) estudantes universitários, com instruções para agirem de forma exagera-
damente positiva ou exageradamente negativa. Critérios de seleção de itens, semelhantes aos da
versão alfa do PAI, foram utilizados nesta versão beta.
Os 344 itens finais do PAI representaram a solução mais equilibrada do inventário, onde
nenhum item pode ser cotado em mais do que uma escala (Morey, 1991; Weiner & Greene, 2017).
Estrutura e Características Psicométricas do PAI
O PAI inclui quatro tipos de escalas: i) escalas de validade; ii) escalas clínicas; iii) escalas de
contingência clínica; iv) escalas de estilos de relacionamento interpessoal. Das 22 escalas que
constituem o PAI, 10 incluem subescalas (ver Tabela 1). O manual profissional do inventário dis-
ponibilizou, ainda, três índices suplementares (i.e., Índice de Potencial para o Suicídio, Índice de
Potencial para a Violência e Índice de Processo de Tratamento), assim como um conjunto de itens
críticos, a considerar durante o processo de cotação e interpretação dos protocolos (Morey, 1991).
As respostas do PAI são apresentadas numa escala tipo Likert que varia entre 1 e 4 (i.e.,
falsa, ligeiramente verdadeira, bastante verdadeirae totalmente verdadeira) (Morey, 1991;
Morey & Boggs, 2003; Morey & McCredie, 2020). A existência de uma escala com rias opções
de resposta, em detrimento de uma escala dicotómica (e.g., “sim/não; “verdadeiro/falso”), per-
mite aumentar a sensibilidade e a fiabilidade das respostas dadas (Bowling, 2005; Greenwald &
O’Connell, 1970; Johns, 2010; Nemoto & Beglar, 2014). Na tabela 1 são apresentadas as escalas e
subescalas do PAI.
25
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
TABELA1
Estrutura das Escalas e Subescalas do PAI
Escala Subescala
Escalas de validade
Inconsistência (ICN): 10 pares de itens
Infrequência (INF): 8 itens
Imagem negativa (NIM): 9 itens
Imagem positiva (PIM): 9 itens
Escalas Clínicas
Queixas somáticas (SOM): 24 itens Conversão (SOM-C): 8 itens
Somatização (SOM-S): 8 itens
Hipocondria (SOM-H): 8 itens
Ansiedade (ANX): 24 itens Cognitiva (ANX-C): 8 itens
Afetiva/Emocional (ANX-A): 8 itens
Fisiológica (ANX-P): 8 itens
Perturbações relacionadas com a ansiedade (ARD): 24 itens Obsessivo-Compulsiva (ARD-O): 8 itens
Fobias (ARD-P): 8 itens
Stress-Traumático (ARD-T): 8 itens
Depressão (DEP): 24 itens Cognitiva (DEP-C): 8 itens
Afetiva/Emocional (DEP-A): 8 itens
Fisiológica (DEP-P): 8 itens
Mania (MAN): 24 itens Nível de Atividade (MAN-A): 8 itens
Grandiosidade (MAN-G): 8 itens
Irritabilidade (MAN-I): 8 itens
Paranoia (PAR): 24 itens Hipervigilância (PAR-H): 8 itens
Perseguição (PAR-P): 8 itens
Ressentimento (PAR-R): 8 itens
Esquizofrenia (SCZ): 24 itens Experiências Psicóticas (SCZ-P): 8 itens
Isolamento Social (SCZ-S): 8 itens
Perturbação do Pensamento (SCZ-T): 8 itens
Traços borderline (BOR): 24 itens Irritabilidade Afetiva (BOR-A): 6 itens
Problemas de Identidade (BOR-I): 6 itens
Relacionamentos Problemáticos (BOR-N): 6 itens
Autoagressão (BOR-S): 6 itens
Traços antissociais (ANT): 24 itens Comportamentos Antissociais (ANT-A): 8 itens
Egocentrismo (ANT-E): 8 itens
Comportamentos de Risco (ANT-S): 8 itens
Problemas com álcool (ALC): 12 itens
Problemas com drogas (DRG): 12 itens
26
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Escala Subescala
Escalas de contingência clínica
Agressividade (AGG): 18 itens Atitude Agressiva (AGG-A): 6 itens
Agressão Verbal (AGG-V): 6 itens
Agressão Física (AGG-P): 6 itens
Ideação suicida (SUI): 12 itens
Stress (STR): 8 itens
Falta de suporte social (NON): 8 itens
Resistência ao tratamento (RXR): 8 itens
Escalas de estilos de relação interpessoal
Dominância (DOM): 12 itens
Amabilidade (WRM): 12 itens
Total: 344 itens
Escalas de Validade
As quatro escalas de validade do PAI Inconsistência (ICN), Infrequência (INF), Imagem
Negativa (NIM) e Imagem Positiva (PIM) – foram desenvolvidas para avaliar distorções de perfil,
sistemáticas ou alearias (Morey & McCredie, 2020).
No que remete para distorções de perfil sistemáticas, estas têm efeitos tipicamente previsí-
veis nos resultados dos testes, seja porque fazem os resultados traduzir um funcionamento psi-
cológico mais saudável (i.e., distoões positivas), ou mais perturbado (i.e., distorções negativas)
(Morey & McCredie, 2020). As distorções sistemáticas podem ser intencionais (e.g., faking good
ou faking bad), ou implícitas (e.g., defensividade) (Morey & McCredie, 2019). Assim, estas distor-
ções não têm de ser, necessariamente, propositadas ou intencionais, pelo que sujeitos com fraco
insight podem apresentar, frequentemente, distorções positivas ou, alternativamente, negativas.
As escalas de validade de PIM e NIM foram concebidas para avaliar este tipo de distorções siste-
máticas (Morey, 1991).
Por sua vez, as distorções de perfil aleatórias têm efeitos mais imprevisíveis no perfil dos
sujeitos e, se significativas, podem levar a que as respostas dadas ao inventário se tornem não
interpretáveis. Nestes casos, as escalas de ICN e INF foram desenvolvidas para proporcionar
uma avaliação deste tipo de fontes de distorção, pelo que valores elevados nestas escalas podem
resultar de problemas tais como a confusão, inatenção e dificuldades de leitura, o que sugere que
o perfil assim obtido deva ser interpretado com cautela (Morey & McCredie, 2020).
As escalas de ICN e INF revelam-se sensíveis à identificação de respostas aleatórias, mas
menos sensíveis em situações em que o protocolo é apenas parcialmente respondido (Clark et al.,
2003). Para auxiliar na interpretação destes resultados, Morey e Hopwood (2004) desenvolveram
o Indicador de Back Random Responding (BRR) (i.e., indicador que analisa respostas aos últimos
itens do inventário inconsistentes com as respostas dadas aos primeiros itens), recorrendo a uma
análise das discrepâncias entre a versão breve e completa das escalas de Problemas de Álcool
(ALC) e Ideação Suicida (SUI). Quando as discrepâncias entre a versão breve e completao supe-
riores a 5 pontos de nota T para as escalas de Problemas de ALC e SUI, a probabilidade de back
27
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
random responding é superior e pode dever-se a fadiga, confusão, erros de cotação ou falta de
comprometimento do respondente (Morey, 2007a). O BRR apresenta um poder preditivo satisfa-
rio ao longo de diferentes níveis de Back Random Responding (Siefert et al., 2012).
No que remete para a consistência interna das escalas de validade, verificaram-se valores
que variam de indesejáveis a respeitáveis (critério de DeVellis, 2017) nas escalas de NIM (.72 na
amostra da comunidade, .63 na amostra universitária e .74 na amostra clínica) e de PIM (.71 na
amostra comunitária, .73 na amostra universitária e .77 na amostra clínica). Ademais, os valores
das escalas de ICN (.45 na amostra da comunidade, .26 na amostra universitária e .23 na amostra
clínica) e de INF (.52 na amostra da comunidade, .22 na amostra universitária e .40 na amostra
clínica) ficaram aquém do desejado, o que poderá dever-se ao facto de estas escalas não avalia-
rem constructos teóricos substantivos, mas sim indicadores de erro de variância que podem ser
alearios e, como tal, não correlacionados (Morey, 1991).
Escalas Clínicas
A determinação de quais as perturbações mentais que deveriam ser avaliadas pelo PAI
guiou-se por dois critérios: i) a sua relevância histórica para o campo da doença mental; ii) a sua
importância para a prática diagnóstica contemporânea (Morey, 1991).
Estes critérios permitiram a seleção de um conjunto de perturbações reconhecidas como
fenómenos psicológicos significativos e relevantes, que foram transformadas em escalas: i)
Queixas Somáticas (SOM); ii) Ansiedade (ANX); iii) Perturbações Relacionadas com a Ansiedade
(ARD); iv) Depressão (DEP); v) Mania (MAN); vi) Paranoia (PAR); vii) Esquizofrenia (SCZ); viii)
Traços Borderline (BOR); ix) Traços Antissociais (ANT); x) Problemas com Álcool (ALC); e xi) Pro-
blemas com Drogas (DRG) (Morey, 1991).
Tendo em conta que estes constructos psicológicos envolvem várias componentes (e.g., a
perturbão depressiva tipicamente envolve uma componente afetiva, cognitiva e fisiológica),
Morey (1991) considerou pertinente organizar as escalas clínicas num conjunto de subescalas,
cada uma delas associadas a uma componente revelante da perturbação mental que pretende
analisar (ver Tabela 1).
Em termos de consistência interna, os valores mais elevados foram encontrados na amostra
clínica, designadamente no que diz respeito às escalas ANX (.94), DEP (.93), ALC (.93) e SUI (SUI)
(.93). As restantes escalas clínicas obtiveram valores superiores a .70 nas três amostras (i.e., comu-
nitária, clínica e universitária), à exceção da escala DRG, que obteve valores alfa de Cronbach de
.66 na amostra universitária (Morey, 1991).
Escalas de Contingência Clínica
As escalas de contingência clínica proporcionam indicadores de potenciais problemas, não
necessariamente associados a diagnósticos clínicos, mas que podem afetar a resposta dos sujei-
tos à intervenção clínica (Charles et al., 2022).
Neste sentido, as escalas SUI e de Agressividade (AGG) foram construídas para proporcionar
informação acerca do risco para o próprio respondente e para terceiros, respetivamente, auxi-
liando os clínicos nos processos de tomada de decisão (e.g., em contextos de necessidade de hos-
pitalização) (Morey & McCredie, 2020). O grau em que os fatores ambientais podem contribuir
28
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
para o desenvolvimento de crises agudas e para a manutenção de ganhos terapêuticos, assim
como as perceções que os respondentes m do seu meio são proporcionadas pelas escalas de
Stress (STR) e Falta de Suporte Social (NON). Por sua vez, a escala de Resistência ao Tratamento
(RXR) procura medir a falta de motivação para o tratamento e a resistência à mudança (Morey,
1991; Morey & McCredie, 2020).
Os coeficientes alfa de Cronbach nas escalas de contingência clínica variaram entre .69
(obtido, na amostra universitária, na escala STR) e .93 (obtido, na amostra clínica, na escala SUI)
(Morey, 1991).
Escalas de Estilos de Relacionamento Interpessoal
As escalas de Estilos de Relacionamento Interpessoal avaliam o comportamento interpessoal
dos sujeitos, constituindo uma importante ferramenta clínica que auxilia na concetualização do
processo terapêutico (Kiesler, 1996; Tracey, 1993) e, ao mesmo tempo, proporcionam informação
acerca da variação da personalidade normal dos sujeitos e de eventuais perturbações mentais
(Kiesler, 1996; Pincus, 2005). Respostas inconsistentes nos itens destas escalas sugerem conflitos
na capacidade de vinculação dos respondentes (Morey & McCredie, 2019).
Estas escalas foram desenvolvidas para avaliar estilos interpessoais através de duas dimen-
sões, designadamente a Amabilidade (WRM), que mede um estilo caloroso e afiliativo em detri-
mento de um estilo frio e de rejeição, e a Dominância (DOM), uma dimensão caracterizada por
um estilo dominante e controlador, ao invés de um estilo submisso. Ao contrio de outras esca-
las do PAI, as escalas DOM e de WRM encontram distribuições semelhantes nas amostras da
comunidade e nas clínicas, indicando que estas escalas medem diferenças normativas, isto é,
não indicadoras de psicopatologia (Morey & McCredie, 2020).
A consistência interna das escalas de Estilos de Relação Interpessoal é satisfatória, com valo-
res a oscilar entre .78 (obtido na amostra comunitária na escala DOM) e .83 (obtido na amostra
clínica na escala WRM).
Itens Críticos
Morey (2007a, 2014) identificou 27 itens críticos do PAI, distribuídos em nove áreas de con-
teúdo (i.e., delírio e alucinações, potencial para comportamentos autolesivos, potencial para
a agressão, abuso de substâncias, stressores traumáticos, potencial de simulação, inconfiável,
validade e contexto idiossincrático), que foram selecionados mediante a sua baixa frequência/
presença em amostras normativas e, como tal, possíveis indicadores de uma situação de crise,
podendo auxiliar na interpretação das escalas clínicas. Consequentemente, uma resposta posi-
tiva (i.e., seleção da opção ligeiramente verdadeira, bastante verdadeira ou totalmente ver-
dadeira) nestas 27 afirmações é atípica, pelo que os sujeitos deverão ser questionados acerca
destas (Weiner & Greene, 2017).
Índices Suplementares
Os índices suplementares foram desenvolvidos por Morey (1996) para avaliar outras dimen-
es clínicas, incluindo o risco de suicídio e de violência. O Índice de Potencial para o Suicídio
29
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
(SPI Suicide Potential Index) foi construído para identificar os itens do PAI que têm sido consi-
derados pela literatura como estando mais associados à perpetração do suicídio (e.g., mal-estar
afetivo, abuso de álcool e drogas, desconfiança, isolamento social, insónia, impulsividade, raiva,
flutuações de humor, entre outros) (Morey, 2007a; Sinclair et al., 2012). Os 20 itens que constituem
o SPI são somados e convertidos em notas T. Este índice é considerado um bom preditor para o
comportamento suicida (Breshears et al., 2010; Morey, 2007a). Importa destacar que a escala SUI é
uma escala de ideação suicida e não uma escala de previsão do suicídio, pelo que o uso da infor-
mação suplementar providenciada pela SPI e outra informão documental é particularmente
relevante, auxiliando na tomada de decisões a nível da intervenção (Morey & Boggs, 2003).
O Índice de Potencial da Vioncia (VPI Violence Potential Index), por seu turno, foi desen-
volvido ao extrair 20 itens do PAI representativos dos traços mais associados à violência e peri-
gosidade (e.g., raiva, controlo hostil nas relações, procura de sensações fortes, impulsividade,
agitação, comportamento antissocial, grandiosidade, abuso de álcool e drogas). A sua cotação é
obtida pela soma destes 20 indicadores e sua conversão em notas T (Morey, 2007a). Num estudo
coordenado por Boccaccini e colaboradores (2010), o VPI revelou tamanhos do efeito pequenos a
moderados na predão de reincidência de violência não-sexual (d = .32), reincidência não-vio-
lenta (d = .30) e vioncia sexual (d = .21).
Uma vez que a identificão de perfis enviesados se revela crucial em contextos onde o PAI
é usado para tomar decies importantes (e.g., planeamento de intervenção clínica, avaliações
forenses), foram, complementarmente, desenvolvidos rios indicadores do PAI para detetar
underreporting de sintomatologia (i.e., respostas que evitam revelar traços negativos ou sinto-
mas) devido a ingenuidade, defensividade ou omissão propositada. O indicador de Defensivi-
dade (DEF) foi desenvolvido para melhorar a capacidade de discriminação da escala PIM. É um
compósito de oito traços configuracionais que representam combinações de uma ou mais pon-
tuações de escalas que raramente ocorrem de forma natural (e.g., grandiosidade elevada, sem
irritabilidade). Estudos de simulação faking goodrevelam uma boa sensibilidade do indicador
(Baer & Wetter, 1997; Peebles & Moore, 1998).
O Índice de Simulação (MAL Malingering Index; Morey, 1991) foi desenvolvido como suple-
mento à escala NIM e identifica diretamente a simulação da doença mental em detrimento da
identificação de psicopatologia genuína. É composto por oito traços configuracionais, represen-
tantes de combinações de uma ou mais pontuações em escalas pouco prováveis de ocorrer natu-
ralmente em amostras clínicas (e.g., elevado egocentrismo, sem valores elevados em compor-
tamento antissocial) (Morey & McCredie, 2019). Por sua vez, a Função Discriminante de Rogers
(RDF) é um índice desenvolvido como suplemento ao MAL. Não está relacionado com psicopato-
logia, procurando, antes, distinguir entre exagero de sintomas propositado e exagero relacionado
com problemas clínicos genuínos (Morey, 1996). Este índice tem revelado uma boa capacidade de
diferenciação de protocolos inválidos em diversos estudos de avaliação da simulação (e.g., Bagby
et al., 2002; Blanchard et al., 2003; Edens et al., 2007).
Ainda no que remete para indicadores de simulação, é importante nomear a Escala de Dis-
torções Negativas (NDS; Mogge et al., 2010), um índice composto por 15 dos itens mais raramente
selecionados por amostras clínicas. Este índice demonstrou sensibilidade (82%) e especificidade
(71%) consideráveis (Mogge et al., 2010), pelo que alguns autores consideram a sua capacidade de
deteção de simulação superior à de outros indicadores do PAI (Morey & McCredie, 2019; Rogers
et al., 2013; Thomas et al., 2012).
30
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Administração, Cotação e Interpretão de Resultados
Administração
O PAI é aplicável a sujeitos a partir dos 18 anos de idade, com capacidade de leitura igual
ou superior ao 4º ano de escolaridade. A escala pode ser administrada no formato papel e lápis
ou via computador e, em média, tem uma duração de 40 a 50 minutos (Morey & McCredie, 2020;
Weiner & Greene, 2017). O tempo de administração do PAI é mais pido do que o verificado nou-
tros instrumentos semelhantes (e.g., a maior parte dos sujeitos demora entre uma e duas horas a
responder ao MMPI-2, e sujeitos em internamento psiquiátrico e/ou com problemas psicopatoló-
gicos mais graves, entre três e quatro horas) (Mozley, 2001; Nichols, 2011).
O PAI pode ser administrado individualmente ou em grupo, salvaguardando sempre a con-
fidencialidade dos respondentes (Morey, 1991). A administração individual ou em grupo não
deverá influenciar o tempo de realização do inventário, uma vez que não é permitida a interação
entre os indivíduos (Morey, 1991). No que remete para a administração individual, em sujeitos
com incapacidades (e.g., problemas visuais) poderá ser disponibilizada uma versão áudio ou,
alternativamente, o examinador poderá ler cada item em voz alta. Contudo, nestas situações, é
recomendado que os próprios sujeitos registem as suas respostas na respetiva folha, em vez de as
comunicar verbalmente ao examinador (Morey & Boggs, 2003).
Cotação e Interpretão
As pontuações do PAI são apresentadas sob a forma de notas T, com média de 50 e desvio-pa-
drão de 10. O PAI é relativamente fácil de cotar, na medida em que a folha de respostas é de cota-
ção automática (manual ou através de programa informático) (Morey, 1991). Ainda que o processo
de cotação manual possa parecer complexo, este é simples e pode ser realizado em cerca de 10 a
15 minutos. Não obstante, é recomendada a cotação informatizada com recurso a software espe-
cífico (Weiner & Greene, 2017).
No sentido de proceder à interpretação do PAI, Morey (1991, 2007a) sugeriu como critério a
resposta a mais de 95% dos itens, não sendo permitida a omissão de mais de 17 itens. Concomi-
tantemente, recomendou que mais de 80% dos itens de cada escala ou subescala fossem respon-
didos para que possa ser interpretável. A pontuação total do PAI corresponde à soma das opções
de resposta em cada escala. Após analisar a validade do perfil, a interpretação do PAI pode ser
realizada a partir da análise das escalas individuais, ou analisando, num primeiro momento, as
duas escalas clínicas mais elevadas, com notas T iguais ou superiores a 70 (Weiner & Greene,
2017).
A interpretação dos resultados do PAI deverá ser efetuada por um profissional com conheci-
mentos na área da psicologia, mais especificamente personalidade, psicopatologia, psicometria
e sobre o significado das escalas, subescalas e índices suplementares do PAI (Morey, 1991). A
interpretação dos resultados terá sempre em conta o contexto de administração do inventário
(e.g., seleção e recrutamento de profissionais; avaliação de reclusos; avaliação das capacidades
parentais), pelo que, dependendo da situação e finalidade, de um mesmo instrumento podem-se
extrair diferentes implicações (Meehl & Rosen, 1955).
31
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Qualidades Psicométricas do PAI: Revisão da literatura
A qualidade psicométrica do PAI tem reunido consenso a nível internacional, com ltiplos
estudos a comprovar a sua fiabilidade e validade. De seguida, serão sistematizados os dados refe-
rentes a estes mesmos estudos e às qualidades psicométricas do PAI.
Uma pesquisa realizada nas bases de dados Web of Knowledge, Google Scholar, EBSCO e
Redalyc permitiu verificar a existência de diversos artigos que abordam estudos de validação
recorrendo à utilização das palavras-chave Personality Assessment Inventory e PAI. Estes estu-
dos, adiante nomeados, procederam à alise da fiabilidade e validade concorrente do Inventá-
rio.
Fiabilidade
A fiabilidade do PAI foi estudada em numerosas investigações, tanto a nível de consistência
interna (e.g., Alterman et al., 1995; Boyle & Lennon, 1994; Karlin et al., 2005; Morey, 1991; Morey &
McCredie, 2019; Rogers et al., 1998), como do teste-reteste (i.e., estabilidade temporal) (e.g., Boyle
& Lennon, 1994; Morey, 1991; Morey & McCredie, 2019; Rogers et al., 1998).
A consistência interna das subescalas reportada no manual do instrumento apresentou alfas
de Cronbach que rondaram, em média, .70 para a amostra de estandardização (com valores que
variaram entre .51, na subescala de Nível de Atividade – MAN-A e .81, nas subescalas Preocupa-
ções com a Saúde – SOM-H, Ansiedade Cognitiva – ANX-C e Stress Traumático – ARD-T), .72 para
uma amostra universitária (com valores que variaram entre .57, na subescala de Nível de Ativi-
dade MAN-A e .85, na subescala de Stress Traumático ARD-T) e .78 para a amostra clínica (com
valores que variaram entre .55, na subescala de Nível de Atividade – MAN-A e .89, na subescala
ARD-T).
De modo geral, os valores variam de indeseveis a muito bons em todas as escalas, sendo
os valores indesejáveis referentes às escalas ICN e INF, por motivos explicitados anteriormente
(Morey, 1991). Importa referir que um instrumento é classificado como tendo fiabilidade minima-
mente aceitável quando o alfa de Cronbach encontra-se entre .65 e .70 (critério de Devellis, 2017;
Nunnally, 1978), o que se verificou praticamente na totalidade das escalas clínicas (e.g., amostra
de estandardização obteve uma média de .78, a amostra universitária registou uma média de .75
e a amostra clínica obteve uma média de .81).
Morey (1991) apontou que a média das correlações inter-item do PAI rondava tipicamente os
.20, argumentando que tal ocorreu porque os itens abordam conteúdos independentes. A fiabili-
dade teste-reteste das 11 escalas clínicas foi testada numa amostra saudável (i.e., com 75 sujeitos
da comunidade e 80 sujeitos universitários), num intervalo de quatro semanas. Os resultados
apontaram para uma fiabilidade .82 para as escalas completas. As alterações das notas T foram
de, aproximadamente, 3 a 4 pontos, pelo que o PAI demonstrou uma adequada estabilidade tem-
poral (Morey, 1991).
Validade Concorrente
Têm sido desenvolvidos ltiplos estudos correlacionais, no sentido de testar a validade
concorrente com as escalas do PAI (e.g., Briere, 2000; Briere & Runtz, 2002; Carr et al., 2005; Edens
32
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
et al., 2001; Kurtz et al., 1993; Kurtz & Morey, 2001; Morey, 1991; Peebles & Moore, 1998; Rogers
et al., 1998; Till et al., 2009; Young & Schinka, 2001). São de particular interesse os estudos reali-
zados com o PAI, com o MMPI-2, com o Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota-2
– Forma Reestruturada (MMPI-2-RF) e com o Inventário Clínico Multiaxial de Millon – III (MCMI-
-III). Estes estudos permitem verificar a validade concorrente das escalas do PAI (e.g., correlações
de .74 entre a escala SOM do PAI e a escala Hipocondria do MMPI-2; correlações de .68 entre a
escala DOM do PAI e a escala suplementar de Ousadia do MMPI-2-RF; correlões de .63 entre a
escala de Traços Antissociais (ANT) e a escala Antissocial do MCMI-III, entre outros).
Assim, os estudos supramencionados têm permitido atestar a validade concorrente das
escalas e subescalas do PAI.
Contextos de Aplicão do PAI
No sentido de determinar as investigações realizadas com recurso ao PAI em diversos con-
textos, foi realizada nova pesquisa nas bases de dados Web of Knowledge, Google Scholar, EBSCO
e Redalyc, desta vez associada ao cruzamento das palavras Personality Assessment Inventory, PAI,
Clinical e Forensic. Esta pesquisa permitiu-nos obter múltiplos resultados, que serão, de seguida,
sistematizados.
Contexto Clínico
Desde a sua génese que o PAI tem sido utilizado no âmbito clínico. Diversos estudos descre-
vem a sua utilidade neste contexto, desde a sua aplicabilidade para o diagnóstico e monitoriza-
ção de sujeitos com perturbações de personalidade e outras perturbações psiquiátricas, à sua
adequação enquanto guia de planos de intervenção específicos (e.g., De Moor et al., 2009; Jacobo
et al., 2007; Klonsky, 2004; Stein et al., 2007; Till et al., 2009) e à sua capacidade de previsão de
desistência de acompanhamento (Charnas et al., 2010). Alguns estudos apontam, ainda, para o
seu contributo no diagnóstico de pacientes com episódios epiléticos e sua diferenciação de sujei-
tos com episódios convulsivos não-epiléticos (e.g., Marc Testa et al., 2011; Morey & McCredie,
2020).
Contexto Forense
O PAI tem revelado utilidade em contextos forenses (e.g., correcional, prisional, pericial),
auxiliando, a título de exemplo, na avaliação do risco de reincidência criminal e de infrações
disciplinares de reclusos (e.g., Boccaccini et al., 2010; Gardner et al., 2015; Jung et al., 2018; Reidy
et al., 2016; Ruiz et al., 2014), na avaliação do risco de violência (e.g., Boccaccini et al., 2017; Hume-
nik et al., 2019; Reidy et al., 2016), na avaliação de simulação de sintomas (e.g., Boccaccini et al.,
2006; Edens et al., 2007; Kucharski et al., 2007) e na avaliação da competência para ir a tribunal
(e.g., Edens et al., 2001; Lally, 2003; Mullen & Edens, 2008).
No que concerne à avaliação do risco, o PAI tem, de facto, ganho notoriedade, uma vez que as
escalas como a AGG e ANT são um adequado ponto de partida para a avaliação do potencial de
agressividade de um sujeito. Outros índices complementares, como o VPI, têm em consideração
33
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
múltiplos fatores de risco para a perigosidade (Morey & Boggs, 2003). No que remete ao risco do
suicídio, a utilização da escala SUI, em concomitância com o lculo do SPI, permite avaliar o
potencial de suicídio (Morey, 1991; Sinclair et al., 2012; Weiner & Greene, 2017).
Outros contextos forenses de aplicação incluem a avalião de inimputabilidade devido
a incapacidade cognitiva (Matlasz et al., 2017), a avaliação de competências parentais (Morey,
2007a) e a avaliação de vítimas de acidentes (Cheng et al., 2010).
Identificação de Funcionamento Normal e Adaptativo
Ainda que o PAI tenha sido inicialmente concebido para avaliar o mal-estar e a disfunção
psicológica, é também capaz de informar acerca da saúde psicológica geral e a existência de
coping adaptativo, mediante a análise de configurações de resultados em escalas específicas.
Morey e Hopwood (2007) indicam que estas configurações podem estar organizadas em torno de
três constructos psicológicos espeficos: i) autoconceito (baseado na escala de Grandiosidade,
Depressão Cognitiva e Problemas de Identidade); ii) estilo interpessoal (baseado na escala DOM
e WRM) e iii) perceção de recursos potenciadores do ambiente (focado na escala NON e STR).
Algumas escalas do PAI que medem a patologia podem também oferecer informação sobre
pontos fortes ou áreas de funcionamento positivo do sujeito. A título de exemplo, pontuações
médias nas escalas de validade sugerem que o sujeito tem perceções realistas sobre si e sobre o
seu ambiente; pontuações baixas a moderadas na subescala ARD-O podem ser indicadoras de
conscienciosidade individual e capacidade de organização, assim como podem ser um preditor
de desempenho positivo em contextos laborais (DeCoster-Martin et al., 2004; Morey & McCredie,
2019).
Por fim, ainda que pontuações numa direção possam indicar patologia, as pontuações na
direção oposta podem apontar para atributos positivos (e.g., resultados baixos na escala de Ego-
centrismo sugerem capacidade de empatia; resultados baixos na escala de Irritabilidade indicam
tolerância à frustração) (Morey & McCredie, 2019).
Adaptações e Validações noutros Países
O PAI tem sido objeto de adaptação e validação em numerosos países, atestando a relevância
deste instrumento de avalião da personalidade. As veres do PAI decorrentes destas valida-
ções são a seguir resumidas e incluem países como a República Popular da China, Alemanha,
Espanha, Grécia, Itália, México, Argentina, Vietname, Irão, Coreia do Sul e França-Canadá. Os
estudos de adaptão selecionados foram encontrados através da pesquisa nas bases de dados
Web of Knowledge, Google Scholar, EBSCO e Redalyc, mediante o cruzamento das palavras Per-
sonality Assessment Inventory, PAI, validation e adaptation.
A primeira adaptação internacional do PAI foi iniciada na China por Cheung e colaboradores
(1996, 2003). Para além dos itens inicialmente propostos por Morey, Cheung e colegas procura-
ram adaptar o inventário à cultura chinesa, construindo um conjunto de escalas referentes a
constructos com particular relevância para esta cultura, extensivamente estudados na literatura
psicológica chinesa e não abordados noutras escalas da personalidade (e.g., escala de Harmo-
nia, Modernização, Grandiosidade versus Maldade e Apresentação Social) (Cheung et al., 2003).
34
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Aversão de estandardização, constituída por 524 itens, foi submetida a uma Análise Fatorial
Exploratória (AFE) que verificou a presença de quatro fatores nas escalas globais (i.e., Confiabi-
lidade, Acomodação, Poder Social e Individualismo) e dois fatores nas escalas clínicas (i.e., Pro-
blemas Emocionais e Problemas Comportamentais). O inventário é constituído por 22 escalas
da personalidade, 12 escalas clínicas e três escalas de validade. Os valores de alfa de Cronbach
(consistência interna), calculados no estudo de estandardização a partir de uma amostra com-
posta por 1747 adultos (580 adultos de Hong Kong e 1167 da República Popular da China), atingi-
ram uma mediana de .74 na amostra de Hong Kong e de .70 na amostra da República Popular da
China.
A adaptação alemã foi impulsionada por Groves e Engel (2007), baseando-se numa amostra
de 749 adultos. As diferenças entre as normas americanas e alemãs foram relativamente peque-
nas e uma AFE manteve a estrutura fatorial original do inventário. Como tal, os 344 itens do
inventário foram distribuídos ao longo de dois fatores para as 11 escalas clínicas e quatro fatores
para as 22 escalas. A média dos valores de alfa de Cronbach da versão alemã é de .79, revelando-
-se adequada.
Na versão espanhola, adaptada por Ortiz-Tallo e colaboradores (2011) com base numa amos-
tra de 1949 sujeitos (940 de uma amostra normativa e 1009 de uma amostra clínica), o PAI man-
teve os 344 itens originais, mas uma AFE resultou numa estrutura fatorial de cinco dimensões.
Aconsistência interna variou entre os .46 e os .89, resultados inferiores aos obtidos por Abilleira
e colegas (2019) num estudo com a versão breve do PAI espanhol, onde os valores da escala global
foram de .95 e, nas restantes escalas, variaram entre .59 e .90.
A versão grega do PAI foi adaptada, em 2011, com base numa amostra de 1870 participantes
(1120 sujeitos da população normal, 450 doentes hospitalizados e 300 doentes em ambulatório).
o tendo sido realizado um estudo fatorial, manteve-se a estrutura fatorial original e a sua
consistência interna foi satisfatória, com a maioria das escalas e subescalas a apresentar valores
superiores a .70 (Lyrakos, 2011).
A versão italiana do PAI foi publicada por Zennaro e colaboradores em 2015 e mais tarde vali-
dada por Pignolo et al. (2018), com uma amostra de estandardização de 2578 participantes (992
de uma amostra comunitária, 479 de uma amostra clínica e 1107 de uma amostra universitária).
Ainda que os segundos autores tenham verificado, numa Análise Fatorial Confirmatória (AFC),
que o modelo inicialmente proposto por Morey tinha bom ajustamento, optaram por testar a
qualidade de um modelo de três fatores, mediante uma AFE e posterior AFC. Esta nova estrutura
de três fatores revelou melhores índices de ajustamento, pelo que a primeira dimensão es asso-
ciada a sintomatologia e mal-estar psicológico geral, a segunda a humor elevado e domincia e
a terceira ao uso de substâncias e psicopatia (Pignolo et al., 2018).
Ainda em 2015, o PAI foi validado para a população mexicana, por Cardenas e colegas (2015),
junto de uma amostra de 961 sujeitos da comunidade. Os autores realizaram uma AFE, levando
à eliminação de 123 itens, por falta de capacidade discriminativa dos itens, por baixa correlação
com os fatores que se propõem integrar ou porque alguns itens apresentaram cargas fatoriais ele-
vadas em mais do que um fator, obtendo-se uma versão de 221 itens. A eliminação deste número
significativo de itens levou a uma alteração da estrutura fatorial do inventário, nomeadamente
no que concerne às escalas de validade, que passaram a ser três (INF, PIM e NIM). Adicional-
mente, a eliminação de itens significou que as escalas SOM e SUI integrassem apenas três itens,
impossibilitando a constrão de um modelo adequado, como se verificou numa AFC posterior.
35
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
A consistência interna desta versão variou entre os .14 (para a escala INF) e .76 (nas escalas SOM
e SUI).
A versão argentina do PAI (Stover et al., 2015) foi adaptada a partir da versão espanhola de
Ortiz-Tallo e colaboradores (2011), através de uma amostra constituída por 998 sujeitos da popu-
lação normal. Uma AFE das 22 escalas obteve uma solução de cinco fatores (i.e., mal-estar e sin-
tomatologia; impulsividade e inconsistência; isolamento social, problemas de adaptação à reali-
dade, interpessoal, falta de suporte social e desrespeito das normas; excesso de energia e falta
de empatia; desinteresse no tratamento e falta de sinceridade), enquanto a análise fatorial às 11
escalas clínicas identificou uma solução de três fatores (i.e., i. perturbações afetivas e de pen-
samento e sentimentos de ansiedade, ii. sintomatologia de externalização e iii. impulsividade e
inconsistência). Os valores de alfa de Cronbach foram de adequados, com uma média de .70 para
as escalas e de .64 para as subescalas, variando entre .60 e .86.
A versão iraniana do PAI (Akbari-Zardkhaneh & Tabatabaee, 2019), obtida através de uma
amostra de 462 estudantes universitários, revelou valores de consistência interna superiores a
.62 nas escalas e uma AFE reteve seis fatores (i.e., Tenncia Antissocial, Depressão e Ansiedade,
Instabilidade de Emocional, Perturbações Psicóticas, Perturbações Psicossomáticas e Problemas
de Stress).
A versão coreana do PAI, inicialmente concebida em 2001 (Kim et al., 2001), foi recentemente
reavaliada do ponto de vista da sua estrutura fatorial (Lee et al., 2020; Yoon et al., 2020), com
recurso a uma amostra de 1279 sujeitos da população normal. A estrutura de três fatores da ver-
são coreana original (i.e., mal-estar e sintomatologia; abuso de substâncias; problemas compor-
tamentais e interpessoais) para as 22 escalas do PAI foi confirmada, no entanto uma AFC revelou
que os índices de ajustamento do modelo são pobres. Os alfas de Cronbach apresentaram uma
média de .78, com valores que variaram entre .44 e .88.
Outros estudos de adaptação do PAI incluem a versão vietnamita (Bach-Nguyen & Morey,
2018) e a versão canadiana (Jeffay et al., 2021) do inventário. No entanto, estas apresentam limita-
ções metodológicas, designadamente no que remete para as amostras utilizadas, com dimensões
aquém do ideal para estudos de estandardização (e.g., o estudo com a versão vietnamita do PAI
recorreu a uma amostra de 128 sujeitos da população geral e o estudo da versão canadiana utili-
zou uma amostra de 56 estudantes universitários). Uma vez que a literatura indica que amostras
inferiores a 200 participantes são inadequadas para estudos de validação e normalização de
instrumentos (Evers et al., 2013), os estudos acima referenciados não foram aprofundados neste
artigo.
Os diversos estudos de adaptação e validação do PAI realizados internacionalmente refor-
çam a validade do inventário e a sua capacidade de se adaptar a diversos contextos e culturas.
Não obstante, será de apontar que a maioria dos estudos fatoriais apenas realizaram análises
exploratórias, existindo ainda esforços de investigação a realizar no que se refere à confirmação
das estruturas adotadas nos diferentes países.
Na Tabela 2, é possível consultar os estudos onde foram realizadas análises fatoriais às 22
escalas globais ou, alternativamente, às 11 escalas clínicas do PAI, bem como uma síntese das
versões adaptadas do PAI.
36
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
TABELA2
Síntese de Estudos de Validação e Estudos Fatoriais do PAI
Composição de Fatores
1. Mal-estar e sintomatologia
2. Acting out, impulsividade
3. Egocentrismo, exploração e hostilidade
4. Isolamento social
1. Mal-estar subjetivo, disrupção afetiva
2. Acting out, impulsividade
1. Acting out, hostilidade, impulsividade
2. Extroversão, apresentação positiva
3. Mal-estar generalizado
4. Tendências Antissociais
5. Ambiente e escolhas negativas
1. Mal-estar psicológico geral
2. Narcisismo e exploração
3. Comportamento irresponsável, impulsivo
4. Funcionamento interpessoal
1. Mal-estar psicológico geral
2. Narcisismo e exploração
3. Comportamento irresponsável, impulsivo
1. Conabilidade
2. Acomodação
3. Poder Social
4. Individualismo
N.º
Fatores
4
2
5
4
3
4
Método
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
ortogonal
AF (MV)
Rotação
oblíqua
FEP
Rotação
oblíqua
FEP
Rotação
oblíqua
ACP
Rotação
ortogonal
Escalas
22 escalas
11 escalas
clínicas
21 escalas (ICN
excluída)
22 escalas
11 escalas
clínicas
22 escalas
Amostra
2246
(1000 – amostra comunitária; 1246
– amostra clínica)
2246
(1000 – amostra comunitária; 1246
– amostra clínica)
221
(170 – amostra comunitária;
51 – amostra clínica)
168
(amostra comunitária)
168
(amostra comunitária)
1747
(580 – amostra comunitária
de Hong Kong; 1167 – amostra
comunitária da República Popular
da China)
País
Estados Unidos
da América
Estados Unidos
da América
Austrália
Estados Unidos
da América
Estados Unidos
da América
China
Referência
Morey (1991)
Morey (1991)
Boyle & Lennon (1994)
Deisinger (1995)
Deisinger (1995)
Cheung et al. (1996)
37
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Composição de Fatores
1. Problemas emocionais
2. Problemas comportamentais
1. Mal-estar e sintomatologia
2. Acting out, impulsividade
3. Egocentrismo, exploração e hostilidade
4. Isolamento social
1. Mal-estar subjetivo, disrupção afetiva
2. Frieza interpessoal, desconança,
distanciamento social
3. Acting out
4. Calosidade, hostilidade, egocentrismo,
exploração
5. Validade
1. Mal-estar psicológico não especicado
2. Alienação, desconexão, desconança
3. Acting out, irresponsabilidade, hostilidade
4. Abuso de substâncias, respostas
idiossincráticas
1. Mal-estar psicológico não especicado,
disrupção afetiva
2. Acting out, irresponsabilidade, hostilidade
3. Abuso de substâncias
1. Mal-estar e sintomatologia
2. Acting out, impulsividade
3. Egocentrismo, exploração e hostilidade
4. Isolamento social
N.º
Fatores
2
4
5
4
3
4
Método
ACP
Rotação
ortogonal
--
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
ortogonal
Escalas
11 escalas
clínicas
22 escalas
22 escalas
22 escalas
11 escalas
clínicas
22 escalas
Amostra
1747
(580 – amostra comunitária
de Hong Kong; 1167 – amostra
comunitária da República Popular
da China)
2212
(amostra comunitária)
238
(amostra clínica)
432
(amostra clínica)
432
(amostra clínica)
749 (amostra comunitária)
País
China
Coreia do Sul
Canadá
Estados Unidos
da América
Estados Unidos
da América
Alemanha
Referência
Cheung et al. (1996)
Kim et al. (2001)
Tasca et al. (2002)
Karlin et al. (2005)
Karlin et al., (2005)
Groves & Engel (2007)
38
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Composição de Fatores
1. Mal-estar subjetivo, disrupção afetiva
2. Acting out, impulsividade
1. Mal-estar generalizado
2. Humor elevado e dominância
3. Abuso de substâncias e psicopatia
1. Mal-estar e sintomatologia
2. Acting out, impulsividade
3. Egocentrismo, exploração e hostilidade
4. Isolamento social
1. Mal-estar e sintomatologia
2. Impulsividade e acting out
3. Egocentrismo, abuso e exploração nas
relações
4. Isolamento social e suscetibilidade/
hipersensibilidade nas relações
5. Descuidado
1. Mal-estar generalizado
2.Acting out
3. Isolamento social
4. Vulnerabilidade ao abuso de substâncias
5. Respostas aleatórias
1. Comportamentos internalizantes
2. Comportamentos externalizantes
.
N.º
Fatores
2
3
4
5
5
2
Método
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
oblíqua
--
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
ortogonal
AFC
ACP
Rotação
ortogonal
AFC
Escalas
11 escalas
clínicas
22 escalas
22 escalas
22 escalas
22 escalas
11 escalas
clínicas
Amostra
749 (amostra comunitária)
227
(amostra clínica)
1870
(1120 – amostra comunitária; 750 –
amostra clínica)
1949
(940 – amostra comunitária; 1009
– amostra clínica)
464
(amostra clínica)
464
(amostra clínica)
País
Alemanha
Estados Unidos
da América
Grécia
Espanha
Estados Unidos
da América
Estados Unidos
da América
Referência
Groves & Engel (2007)
Hoelzle & Meyer
(2009)
Lyrakos (2011)
Ortiz-Tallo (2011)
Busse et al. (2014)
Busse et al. (2014)
39
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Composição de Fatores
--
1. Mal-estar subjetivo e sintomatologia
2. Impulsividade e inconsistência
3. Isolamento social, ideação extravagante,
diculdades na leitura da realidade,
desconança, falta de suporte social e
desrespeito das normas
4. Ausência de empatia, excesso de energia e
impulsividade
5. Desinteresse pelo tratamento, falta de
sinceridade e imagem negativa/positiva
1. Perturbações afetivas e de pensamento e
sintomas de ansiedade
2. Sintomatologia de externalização
3. Impulsividade e inconsistência
1. Mal-estar e sintomatologia
2. Acting out, impulsividade
3. Egocentrismo, exploração e hostilidade
4. Isolamento social
--
1. Sintomatologia e mal-estar generalizado
2. Humor elevado e dominância
3. Abuso de substâncias e psicopatia
N.º
Fatores
--
5
3
4
5
3
Método
AFC
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
ortogonal
--
ACP
Rotação
ortogonal
ACP
Rotação
oblíqua
Escalas
22 escalas
22 escalas
11 escalas
clínicas
22 escalas
22 escalas
22 escalas
Amostra
961
(amostra comunitária)
998
(amostra comunitária)
998
(amostra comunitária)
2578
(992 – amostra comunitária; 479
– amostra clínica; 1107 – amostra
universitária)
128
(amostra comunitária)
1538
(amostra comunitária)
País
México
Argentina
Argentina
Itália
Vietname
Itália
Referência
Cardenas et al. (2015)
Stover et al. (2015)
Stover et al. (2015)
Zennaro et al. (2015)
Bach-Nguyen & Morey
(2018)
Pignolo et al. (2018)
40
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Composição de Fatores
1. Tendência antissocial
2. Depressão e ansiedade
3. Instabilidade emocional e de humor
4. Perturbação psicótica
5. Perturbação psicossomática
6. Problemas relacionados com o stress
1. Sintomatologia e mal-estar generalizado
2. Comportamentos impulsivos e antissociais
3. Abuso de substâncias e irresponsabilidade
4-Dominância energética
1. Sintomatologia e mal-estar generalizado
2. Comportamentos impulsivos e antissociais
3. Abuso de substâncias
--
1. Mal-estar e sintomatologia
2. Abuso de substâncias
3. Problemas comportamentais e
interpessoais
--
Nota. ACP: Alise de Componentes Principais; FEP: Análise em Fatores Principais; AF: Alise Fatorial; MV: Máxima Verossimilhança; ESEM: Modelo de equão estrutural exploraria; TR: Target
Rotation.
N.º
Fatores
6
4
3
3
--
Método
ACP
Rotação
ortogonal
ESEM
(MV)
TR
ESEM
(MV)
TR
--
ACP
Rotação
oblíqua
--
Escalas
22 escalas
22 escalas
11 escalas
clínicas
--
22 escalas
22 escalas
Amostra
462
(amostra universitária)
811
(amostra forense)
811
(amostra forense)
1263
(amostra comunitária)
1279
(amostra comunitária)
56
(amostra universitária)
País
Irão
Espanha
Espanha
Coreia do Sul
Coreia do Sul
Canadá
Referência
Akbari-Zardkhaneh &
Tabatabaee (2019)
Burneo-Garcés et al.
(2020)
Burneo-Garcés et al.
(2020)
Lee et al. (2020)
Yoon et al. (2020)
Jeay et al. (2021)
41
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Outras Versões do PAI
A criação do PAI foi acompanhada pelo desenvolvimento de versões alternativas do inventá-
rio, concebidas para facilitar os processos de avaliação em contextos específicos, ou para ajustar
o instrumento a amostras específicas. De seguida, serão descritas a versão breve, a versão de
screening e a versão para adolescentes do PAI.
Inventário de Avaliação de Personalidade – Versão Breve (PAI-SF; Personality Assessment
Inventory – Short Form)
Uma vez que os primeiros 160 itens do PAI revelaram as correlações item-total mais elevadas,
foi possível construir uma versão breve do PAI (PAI-SF) a partir destes, inicialmente concebida
para auxiliar técnicos em circunstâncias específicas (Sinclair et al., 2010).
várias situações para as quais o uso da versão breve do PAI está indicado. Em primeiro
lugar, em avaliações neuropsicológicas onde são aplicadas baterias de testes cognitivos, morosos
e exigentes poderá ser útil uma medida breve de rastreio de psicopatologia e do seu eventual
impacto no funcionamento cognitivo, ou na identificão de sujeitos que necessitam de uma ava-
liação mais completa (Frazier et al., 2006). Uma versão breve permite também que sujeitos mais
suscetíveis ao cansaço (e.g., sujeitos mais velhos), ou sujeitos com níveis intelectuais inferiores
possam ser avaliados, constituindo, pela sua rápida administração, uma ferramenta útil aquando
da realização de investigações (Frazier et al., 2006; Weiner & Greene, 2017).
A consistência interna das 20 escalas da versão breve apresentou uma média de .73 e a média
do teste-reteste é de .77. Complementarmente, as correlações com a versão original do PAI tive-
ram uma média de .90, indicando que as pontuações da versão breve são uma aproximação
razoável às pontuações da versão original (Morey, 1991).
o obstante as suas qualidades psicométricas e pticas, a versão breve do PAI tem algumas
limitações, entre as quais o facto de conter apenas 20 das 22 escalas originais, estando as escalas
ICN e STR ausentes. A ausência destas duas escalas não enfraquece a deteção de perfis váli-
dos, como e em causa a estrutura fatorial inicialmente proposta para o inventário. Acresce
que, nesta versão, algumas escalasm apenas quatro itens, o que poderá diminuir a fiabilidade
das mesmas (Frazier et al., 2006).
De modo geral, o PAI-SF constitui uma medida útil na monitorização e rastreio rápido da
personalidade, mas o seu uso em contextos de tomada de decisão não é aconselhado, pelo que
não pode ser encarado como um substituto da administração da versão completa do inventário
(Morey, 1991), devendo a sua utilização ser ponderada em função das características do caso e da
finalidade da avaliação em causa.
Screener de Avaliação da Personalidade (PAS; Personality Assessment Screener)
O Screener de Avaliação da Personalidade (PAS) foi desenvolvido por Morey em 1997 para
detetar o risco de problemas emocionais e comportamentais. É um instrumento constituído
por 22 itens, extraídos do PAI. Os 22 itens organizam-se numa estrutura de 10 domínios (i.e.,
afeto negativo, acting out, problemas de saúde, traços psicóticos, isolamento social, controlo
hostil, ideação suicida, alienação, problemas com álcool e controlo da raiva), com o objetivo de
42
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
discriminar os sujeitos que experienciam disfuão emocional e comportamental (Kelley et
al., 2016; Morey, 1997).
As pontuações brutas obtidas no PAS são somadas para determinar a pontuação total, por
sua vez, convertida em pontuação P (i.e., probability values probability estimates) que indica a
probabilidade de identificação de psicopatologia significativa (nota T >70), caso fosse adminis-
trada a versão completa do PAI (Morey, 1997). Complementarmente, as pontuações brutas podem
ser categorizadas em níveis de risco: baixo (≤ 12), normal (13-15), leve (16-18), moderado (19-23),
elevado (24-44) ou extremo (≥ 45) (Kelley, 2016).
O PAS demonstrou uma adequada validade concorrente, incluindo correlações moderadas
com medidas de mal-estar (e.g., ansiedade, raiva), doença mental severa (e.g., psicose), abuso de
substâncias e perturbações da personalidade (e.g., Morey, 1997; Porcerelli et al., 2012). Em con-
texto forense, mostrou forte correlação com medidas relevantes, tais como o Inventário de Perso-
nalidade Psicopática (PPI) (r = .60), mas fraca associação com a Escala de Avaliação da Psicopatia
de Hare – Versão Reduzida (PCL-R) (r = .19) (Kelley et al., 2018). Num estudo de Kelley e colabora-
dores (2016), a consistência interna do instrumento foi modesta (.67).
O PAS é um instrumento rápido de administrar (os respondentes demoram, em média, cinco
minutos a completá-lo) e esta brevidade constitui uma mais-valia, permitindo a sua aplicação em
contextos com restrições temporais, onde não possibilidade de administrar instrumentos mais
exaustivos de avaliação da personalidade (Edens et al., 2019; Kelley et al., 2018). É considerada
uma medida útil na identificação de esquizofrenia (e.g., Christensen et al., 2006), de perturbações
emocionais, da personalidade e de consumo de substâncias (e.g., Creech et al., 2010; Porcerelli
et al., 2012), assim como de sintomas dissociativos (e.g., McLeod et al., 2004), de depressão e de
ideação suicida em reclusos (e.g., Harrison & Rogers, 2007; Truong et al., 2022). O PAS poderá ser
ainda utilizado para identificar situações de abuso na inncia e experiências de violência nas
relações íntimas (e.g., Porcerelli et al., 2015).
Não obstante as suas qualidades, o instrumento foi concebido para a utilizão em contextos
de triagem, não devendo constituir a única base para a tomada de decisões clínicas significativas
(Morey, 1997).
Inventário de Avaliação de Personalidade para Adolescentes (PAI-A; Personality Assessment
Inventory – Adolescent)
O desenvolvimento de uma versão do PAI para adolescentes foi iniciado em 1999, pelas mãos
de Morey, tendo sido mais tarde publicado (Morey, 2007b). Aqui, o objetivo era explorar a aplicabili-
dade de uma versão paralela à dos adultos, mantendo a estrutura e, se possível, os mesmos itens. A
construção do PAI-A necessitou de uma adaptação dos itens da versão adulta com vista a que o con-
teúdo fosse relevante e significativo para amostras mais jovens. Deste modo, o objetivo foi garan-
tir que os itens selecionados eram interpretativamente comparáveis entre as amostras de adultos
e adolescentes, numa tentativa de garantir a continuidade de interpretação entre os dois instru-
mentos. Dos itens selecionados do PAI original, poucos necessitaram de ser rescritos, tendo sido
transformados em equivalentes próximos dos originais (Meyer et al., 2015; Weiner & Greene, 2017).
O PAI-A inclui 264 itens, tendo sido validado junto de uma amostra de 707 adolescentes
da comunidade e 1160 adolescentes utentes em contextos clínicos ou correcionais, com ida-
des compreendidas entre os 12 e os 18 anos (Meyer et al., 2015). O processo interpretativo do
43
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
PAI-A é igual ao da versão para adultos. Num estudo de Preston e colaboradores (2020), o alfa de
Cronbach da versão para adolescentes variou entre .47, obtido na subescala BOR-N, e .87, obtido
na escala ANX.
O PAI em Portugal: Estudos de validação
O início do processo de validação do PAI para a população portuguesa teve início em 2018,
no âmbito de um projeto de Doutoramento em Psicologia Forense, na Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCE-UC), por Mauro Paulino e sob orien-
tação de rio. R. Simões, Daniel Rijo e Octávio Moura, com o título “Inventário de Avaliação
da Personalidade (PAI): Estudos de validação em contextos forenses”. A finalidade dos estudos
portugueses é a adaptação do PAI e suas versões reduzidas (i.e., PAI-SF e PAS) aos contextos
comunitário e forense.
Foi recolhida amostra proveniente da população geral através de aplicação online do inven-
tário (amostra não clínica da população geral constituída por 900 participantes), assim como
amostras provenientes de contextos forenses, para a realização de diversos estudos de validação,
incluindo mulheres vítimas de violência doméstica, agressores em contexto de reclusão, proge-
nitores em litígio nos Tribunais de Família e Menores e profissionais forenses (i.e., Juízes, Procu-
radores e Advogados).
O processo de validão do PAI para Adolescentes (PAI-A) irá, de igual modo, iniciar-se no
final de 2023, estando já formalizado contrato com o respetivo grupo editorial.
Conclusões
Publicado, em 1991, nos Estados Unidos da Arica, pelo trabalho de Leslie Morey, o PAI é um
instrumento com ltiplas potencialidades (e.g., rapidez de administração, simplicidade de cota-
ção). Constitui uma melhoria em relação a outros instrumentos de avaliação da personalidade,
devido à sua base estatística e teórica que garante a não sobreposição de itens, assim como coro-
lário do seu processo de construção, onde as dimensões avaliadas foram selecionadas com base
na sua importância para a concetualização diagnóstica e na sua relevância para a prática clínica.
A sua utilidade numa multiplicidade de contextos tem sido exaustivamente reportada na
literatura (e.g., Humenik et al., 2019; Morey & McCredie, 2020), tendo recebido especial atenção
em contextos clínicos e forenses. Diversos estudos têm reforçado a sua validade e adequadas pro-
priedades psicométricas, não obstante as discussões em torno da solução fatorial mais adequada
para o inventário. Tais discussões são comuns na área da adaptação e validação de instrumen-
tos de avaliação psicológica, onde as características das amostras estudadas e as metodologias
empregues poderão afetar a estrutura fatorial de um dado instrumento.
O PAI beneficia de um conjunto de índices suplementares, úteis para a avalião de outras
dimensões clínicas, entre as quais o risco de suicídio, o risco de violência, o underreporting de
sintomatologia e a simulação de sintomas. Atualmente, o recurso a estes índices está, em grande
parte, padronizado, auxiliando os técnicos a interpretar os perfis do PAI (Morey, 2007a) e a sua
utilidade é reconhecida em ltiplos contextos de trabalho, nomeadamente o forense, onde a
avaliação da violência, defensividade e simulação de sintomas é de especial imporncia.
44
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Em relação a outros instrumentos de avaliação da personalidade (e.g., MMPI-2 e MCMI-
-III), o PAI beneficia de um conjunto de mais-valias, entre as quais o facto de não permitir a
sobreposição de itens (e.g., Wise et al., 2010). Em relação ao MMPI-2, designadamente, detém uma
administração, resposta, cotação e interpretação de resultados mais ágil e célere (Boyle & Len-
non, 1994; Weiner & Greene, 2017). Por sua vez, em comparação com o MCMI-III, é mais cil de
interpretar, na medida em que a denominão das suas escalas é mais intuitiva (ao contrário das
escalas do MCMI, que são baseadas nas teorias de personalidade de Millon). Adicionalmente, ao
contrio das escalas de Millon, o PAI beneficia de apenas uma versão, não estando dependente
das frequentes atualizações a que o MCMI está sujeito, devido à sua necessidade de acompanhar
as atualizações do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM) (Gross-
man & Amendolace, 2017).
A existência de versões alternativas do inventário, por sua vez, reforça o interesse gene-
ralizado em utilizar o PAI noutros contextos, designadamente em contextos de monitorização
ou aplicação rápida (recorrendo, para isso, ao PAI-SF ou ao PAS), ou até mesmo com adolescentes
(recorrendo, para tal, ao PAI-A).
Não obstante as mais-valias que trouxe à avaliação da personalidade, têm sido identifica-
das algumas limitações na literatura em relação ao PAI. Em primeiro lugar, a natureza de muitos
dos itens do PAI remete para temas potencialmente sensíveis (e.g., consumo de substâncias; pro-
blemas de ordem sexual), o que pode levar a que alguns sujeitos não respondam honestamente
(Boyle & Lennon, 1994).
Outra limitação diz respeito à capacidade de leitura dos respondentes. O manual do PAI
indica que este é adequado para sujeitos com capacidade de leitura correspondente ao ano
de escolaridade (ou superior). Todavia, sabe-se que a capacidade de leitura e de compreensão
das pessoas é tendencialmente inferior ao seu nível de escolaridade, pelo que é aconselhada a
administração de testes de compreensão de leitura em casos de suspeita de incompreensão em
sujeitos com uma escolaridade igual ou inferior ao ano de escolaridade, no sentido de verificar
a viabilidade da aplicação do PAI (Morey & Boggs, 2003).
Os estudos que analisaram a estrutura fatorial do PAI têm apresentado resultados incon-
sistentes. Enquanto alguns estudos são convergentes com a estrutura fatorial inicialmente pro-
posta por Morey (1991) (e.g., Burneo-Garcés et al., 2020; Deisinger, 1995; Groves & Engel, 2007;
Karlin et al., 2005), outros defendem uma alternativa de três fatores (e.g., que avaliam, de forma
independente, i) mal-estar generalizado, ii) humor elevado e domincia, e iii) abuso de substân-
cias e psicopatia) (e.g., Hoelzle & Meyer, 2009; Yoon et al., 2020; Pignolo et al., 2018), bem como
estruturas fatoriais alternativas (e.g., Akbari-Zardkhaneh & Tabatabaee, 2019; Bach-Nguyen &
Morey, 2018; Boyle & Lennon, 1994; Ortiz-Tallo, 2011; Stover et al., 2015; Tasca et al., 2002), com
destaque para a proposta de Ortiz-Tallo (2011), que aponta para a presença de cinco fatores (i.e.,
mal-estar e sintomatologia; impulsividade e acting out; egocentrismo, abuso e exploração nas
relações; isolamento social e suscetibilidade/hipersensibilidade nas relações; descuido).
Deisinger (1995) contesta que a própria rotação ortogonal (i.e., varimax) utilizada por
Morey (1991) para a extração de fatores é inadequada, argumentando que as categorias diagnós-
ticas avaliadas pelo PAI não são independentes e que, pelo contrio, existe comorbilidade entre
vários tipos de psicopatologia (e.g., ansiedade e depressão). Esta perspetiva, porém, não reúne
consenso entre os autores (e.g., Hoelzle & Meyer, 2009).
45
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Todavia, de modo geral, as estruturas fatoriais do PAI obtidas em amostras não-clínicas pare-
cem ser mais consistentes do que as obtidas em amostras clínicas. Hoelzle e Meyer (2009) suge-
rem duas hipóteses interpretativas para esta discrepância, uma baseada nas amostras e uma
outra nas diferenças metodológicas. Por um lado, estes autores defendem que os diferentes resul-
tados se poderão dever às próprias características dos participantes de cada estudo (e.g., se são
indivíduos de amostras clínicas ou sujeitos de amostras da comunidade; se são amostras consti-
tuídas por apenas um sexo ou se integram participantes do sexo feminino e masculino). Por outro
lado, diferentes decisões metodológicas (e.g.,mero de escalas do PAI usadas nos estudos; pro-
cedimentos de análise da validade de constructo; procedimentos de análise fatorial utilizados)
podem levar aos distintos resultados observados nas diferentes investigações.
Em Portugal, a impossibilidade de acesso a amostras da Polícia de Segurança Pública, da
Guarda Nacional Republicana e da Polícia Judiciária significa uma escassez de estudos com esta
população. Por conseguinte, não se beneficia dos potenciais contributos identificados em lite-
ratura da especialidade, nomeadamente, no que diz respeito à seleção de candidatos a órgãos de
polícia criminal, considerando variáveis como a agressão, o funcionamento antissocial, a insu-
bordinação e as queixas de cidadãos (Weiss et al., 2005), assim como na avaliação de risco de
suicídio (Miller, 2005; Roberts, 2022), atendendo às expressivas taxas de suicídio nas forças de
segurança.
No entanto, a nível internacional, a sua disseminação tem sido evidente, pelo crescente
número de países que o têm adaptado às suas populações, alterando-o consoante as especifici-
dades culturais destas, mas, fundamentalmente, mantendo a sua base teórica e empírica. Este
crescimento substancial do número de validações do PAI a diferentes países releva para a uti-
lidade de validar o PAI para a populão portuguesa, proporcionando, assim, um instrumento
robusto, válido e fiável de avaliação da personalidade. O PAI será um instrumento útil para a
compreensão do funcionamento dos sujeitos e para a delineação de planos de intervenção psi-
cológica adequados e ajustados às patologias e características de personalidade idiossincráticas
de cada pessoa.
A concretização da validação do PAI para a realidade nacional constitui um passo de enorme
relevância para a Psicologia em Portugal, dada a urgência de instrumentos de avaliação da per-
sonalidade adaptados e validados para a populão portuguesa com evidência empírica de uti-
lidade prática em diferentes contextos. Inclusive, no plano deontológico, na medida em que “Os/
as psicólogos/as utilizam instrumentos de avalião que foram objeto de investigação científica
prévia fundamentada, e que incluem estudos psicométricos relativos à validade e fiabilidade
dos seus resultados com pessoas de populações específicas examinadas com esses instrumentos,
bem como dados atualizados e representativos de natureza normativa(Princípio 4.6 Instru-
mentos do Princípio Específico 4 – Avaliação Psicológica, do Código Deontológico da Ordem dos
Psicólogos Portugueses; Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2021, p.112).
Referências
Abilleira, M. P., & Rodicio-García, M. L. (2019). Psychometric Properties of the Abbreviated Version of Per-
sonality Assessment Inventory (PAI-R) in a Sample of Inmates in Spanish Prisons.Journal of Forensic
Psychology Research and Practice,19(1), 9-23. https://doi.org/10.1080/24732850.2018.1537711
46
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Akbari-Zardkhaneh, S., & Tabatabaee, S. (2019). Psychometric Properties of the Persian Version of the
Personality Assessment Inventory (PAI). Journal of Clinical Psychology, 10(4), 69-78. https://doi.
org/10.22075/JCP.2019.15563.1486
Alterman, A. I., Zaballero, A. R., Lin, M. M., Siddiqui, N., Brown, L. S., Jr., Rutherford, M. J., & McDermott, P.
A. (1995). Personality Assessment Inventory (PAI) scores of lower-socioeconomic African American
and Latino methadone maintenance patients. Assessment, 2, 91-100. https://doi.org/10.1177/1073191
195002001009
Bach-Nguyen, M. P., & Morey, L. C. (2018). Assessing mental health in Vietnam with the Personality
Assessment Inventory: Cross-cultural comparability. International Journal of Culture and Mental
Health,11(4), 478-489. https://doi.org/10.1080/17542863.2018.1428641
Baer, R. A., & Wetter, M. W. (1997). Effects of information about validity scales on underreporting of
symptoms on the Personality Assessment Inventory. Journal of Personality Assessment, 68, 402-413.
https://doi.org/10.1177/107319119500200209
Bagby, R. M., Nicholson, R. A., Bacchiochi, J. R., Ryder, A. G., & Bury, A. S. (2002). The predictive capacity
of the MMPI-2 and PAI validity scales and indexes to detect coached and uncoached feigning. Journal
of Personality Assessment, 78, 69-86. https://doi.org/10.1207/S15327752JPA7801_05
Blanchard, D. D., McGrath, R. E., Pogge, D. L., & Khadivi, A. (2003). A comparison of the PAI and MMPI-2 as
predictors of faking bad in college students.Journal of Personality Assessment,80(2), 197-205. https://
doi.org/10.1207/S15327752JPA8002_08
Boccaccini, M. T., Harris, P. B., Schrantz, K., & Varela, J. G. (2017). Personality Assessment Inventory scores
as predictors of evaluation referrals, evaluator opinions, and commitment decisions in sexually vio-
lent predator cases.Journal of Personality Assessment,99(5), 472-480. https://doi.org/10.1080/002238
91.2016.1269775
Boccaccini, M. T., Murrie, D. C., & Duncan, S. A. (2006). Screening for malingering in a criminal-forensic
sample with the Personality Assessment Inventory.Psychological Assessment,18(4), 415. https://doi.
org/10.1037/1040-3590.18.4.415
Boccaccini, M. T., Murrie, D. C., Hawes, S. W., Simpler, A., & Johnson, J. (2010). Predicting recidivism with
the Personality Assessment Inventory in a sample of sex offenders screened for civil commitment
as sexually violent predators. Psychological Assessment, 22, 142-148. https://doi.org/10.1037/a0017818
Bowling, A. (2005). Techniques of questionnaire design. In: A. Bowling, & S. Ebrahim, (Eds.), Handbook of
health research methods: Investigation, measurement and analysis. Multidisciplinary research measure-
ment (pp. 394–428). McGraw-Hill International
Boyle, G. J., & Lennon, T. J. (1994). Examination of the reliability and validity of the Personality Assess-
ment Inventory. Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment, 16(3), 173-187. https://doi.
org/10.1007/BF02229206
Breshears, R. E., Brenner, L. A., Harwood, J. E. F., & Gutierrez, P. (2010). Predicting suicidal behavior in
veterans with traumatic brain injury: The utility of the Personality Assessment Inventory. Journal of
Personality Assessment, 92, 349-355. https://doi.org/10.1080/00223891.2010.482011
Briere, J. (2000). CDS: Cognitive Distortion Scales professional manual. Psychological Assessment Resources.
Briere, J., & Runtz, M. (2002). The Inventory of Altered Self-Capacities (IASC): A standardized measure of
identity, affect regulation, and relationship disturbance. Assessment, 9, 230-239. https://doi.org/10.1
177/1073191102009003002
Burneo-Garcés, C., Fernández-Alcántara, M., Aguayo-Estremera, R., & rez-García, M. (2020). Psycho-
metric properties of the Spanish adaptation of the Personality Assessment Inventory in correctional
47
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
settings: an ESEM study.Journal of Personality Assessment,102(1), 75-87. https://doi.org/10.1080/0022
3891.2018.1481858
Busse, M., Whiteside, D., Waters, D., Hellings, J., & Ji, P. (2014). Exploring the reliability and component
structure of the Personality Assessment Inventory in a neuropsychological sample. The Clinical Neu-
ropsychologist, 28(2), 237-251. https://doi.org/10.1080/13854046.2013.876100
Cardenas, S. J., Súarez, S. S., Garza, L. S., Colotla, V. A., Coy, P. C., Patrón, A. L., Sarmento, Q.S., Yazbeck, C.,
Alvarado, V., Guadalupe, M., Banda, O., & Ernesto, L. (2015). Propiedades psicométricas del inventa-
rio de personalidad (PAI) en México.UCV-Scientia,7(2), 143-150. Retrieved from http://revistas.ucv.
edu.pe/index.php/ucv-scientia/article/view/1166
Carr, G. D., Moretti, M. M., & Cue, B. J. H. (2005). Evaluating parenting capacity: Validity problems with the
MMPI-2, PAI, CAPI, and rating of child adjustment. Professional Psychology: Research and Practice, 36,
188-196. https://doi.org/10.1037/0735-7028.36.2.188
Charles, N. E., Cowell, W., & Gulledge, L. M. (2022). Using the personality assessment inventory-adoles-
cent in legal settings.Journal of Personality Assessment,104(2), 192-202. https://doi.org/10.1080/0022
3891.2021.2019050
Charnas, J. W., Hilsenroth, M. J., Zodan, J., & Blais, M. A. (2010). Should I stay or should I go? Personality
Assessment Inventory and Rorschach indices of early withdrawal from psychotherapy.Psychother-
apy: Theory, Research, Practice, Training,47(4), 484. https://doi.org/10.1037/a0021180
Cheng, M. K., Frank, J. B., & Hopwood, C. J. (2010). Assessment of motor vehicle accident claimants with
the PAI. In M. A, Blais, M. R. Baity, & C. J. Hopwood (Eds.), Clinical applications of the Personality
Assessment Inventory (pp. 177194). Routledge.
Cheung, F. M., Leung, K., Fan, R. M., Song, W. Z., Zhang, J. X., & Zhang, J. P. (1996). Development of the Chi-
nese personality assessment inventory.Journal of Cross-Cultural Psychology,27(2), 181-199. https://
doi.org/10.1177/0022022196272003
Cheung, F. M., Kwong, J. Y., & Zhang, J. (2003). Clinical validation of the Chinese personality assessment
inventory.Psychological Assessment,15(1), 89. https://doi.org/10.1037/1040-3590.15.1.89.
Christensen, B. K., Girard, T. A., Benjamin, A. S., & Vidailhet, P. (2006). Evidence for impaired mnemonic
strategy use among patients with schizophrenia using the part-list cuing paradigm. Schizophrenia
Research, 85, 1-11. https://doi.org/10.1016/j.schres.2006.03.001
Clark, M. E., Gironda, R. J., & Young, R. W. (2003). Detection of back random responding: Effectiveness of
MMPI-2 and Personality Assessment Inventory validity indices. Psychological Assessment, 15, 223-
234. https://doi.org/10.1037/1040-3590.15.2.223
Creech, S. K., Evardone, M., Braswell, L., & Hopwood, C. J. (2010). Validity of the Personality Assessment
Screener in veterans referred for psychological testing.Military Psychology,22(4), 465-473. https://
doi.org/10.1080/08995605.2010.513265
DeCoster-Martin, E., Weiss, W. U., Davis, R. D., & Rostow, C. D. (2004). Compulsive traits and police offi-
cer performance. Journal of Police and Criminal Psychology, 19(2), 64-71. https://doi.org/10.1007/
BF02813874
DeVellis, R. F. (2017). Scale development: Theory and applications (2nd Edition). Sage Publications.
Deisinger, J. A. (1995). Exploring the factor structure of the Personality Assessment Inventory.Assess-
ment,2(2), 173-179. https://doi.org/10.1177/107319119500200207
De Moor, M. H., Distel, M. A., Trull, T. J., & Boomsma, D. I. (2009). Assessment of borderline personal-
ity features in population samples: Is the Personality Assessment Inventory–Borderline Features
48
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
scale measurement invariant across sex and age?.Psychological Assessment,21(1), 125. https://doi.
org/10.1037/a0014502
Duckworth, J. C. (1991). The Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2: A review. Journal of Counsel-
ling and Development, 69, 564-567. https://doi.org/10.1002/j.1556-6676.1991.tb02644.x
Edens, J. F., Penson, B. N., Smith, S. T., & Ruchensy, J. R. (2019). Examining the utility of the Personality
Assessment Screener in three criminal justice samples. Psychological Services, 16(4). 664-674. https://
doi.org/10.1037/ser0000251
Edens, J. F., Poythress, N. G., & Watkins-Clay, M. M. (2001). Further validation of the Psychopathic Person-
ality Inventory among offenders: Personality and behavioral correlates. Journal of Personality Disor-
ders, 15, 403-415. https://doi.org/10.1521/pedi.15.5.403.19202
Edens, J. F., Poythress, N. G., & Watkins-Clay, M. M. (2007). Detection of malingering in psychiatric unit
and general population prison inmates: A comparison of the PAI, SIMS, and SIRS.Journal of Person-
ality Assessment,88(1), 33-42. https://doi.org/10.1080/00223890709336832
Evers, A., Hagemeister, C., Høstmælingen, A., Lindley, P., Muñiz, J., & Sjöberg, A. (2013). EFPA review
model for the description and evaluation of psychological and educational tests.Psychothema, 25(3),
283-291.
Eysenck H. J. (1991). Dimensions of personality: 16, 5 or 3?. Personality and Individual Differences, 12, 773-
790. https://doi.org/10.1016/0191-8869(91)90144-Z
Frazier, T. W., Naugle, R. I., & Haggerty, K. A. (2006). Psychometric adequacy and comparability of the
short and full forms of the Personality Assessment Inventory.Psychological Assessment,18(3), 324.
https://doi.org/10.1037/1040-3590.18.3.324
Gardner, B. O., Boccaccini, M. T., Bitting, B. S., & Edens, J. F. (2015). Personality Assessment Inventory
scores as predictors of misconduct, recidivism, and violence: A meta-analytic review.Psychological
Assessment,27(2), 534. https://doi.org/10.1037/pas0000065
Greenwald, H. J. & O’Connell, S. M. (1970). Comparison of Dichotomous and Likert Formats. Psychological
Reports, 27(2), 481-482. https://doi.org/10.2466/pr0.1970.27.2.481
Grossman, S. D., & Amendolace, B. (2017).Essentials of MCMI-IV assessment. John Wiley & Sons.
Groves, J. A., & Engel, R. R. (2007). The German adaptation and standardization of the Personal-
ity Assessment Inventory (PAI). Journal of Personality Assessment, 88(1), 49-56. https://doi.
org/10.1080/00223890709336834
Harrison, K. S., & Rogers, R. (2007). Axis I screens and suicide risk in jails: a comparative analysis.Assess-
ment,14(2), 171-180. https://doi.org/10.1177/1073191106296483
Helmes, E. (1993). A modern instrument for evaluating psychopathology: The Personality Assessment
Inventory professional manual. Journal of Personality Assessment, 61, 414-471. https://doi.org/10.1207/
s15327752jpa6102_19
Helmes, E. & Reddon, J. R. (1993). A perspective on developments in assessing psychopathology: A critical
review of the MMPI and MMPI-2. Psychological Bulletin, 113, 453-471. https://doi.org/10.1037/0033-
2909.113.3.453
Hoelzle, J. B., & Meyer, G. J. (2009). The invariant component structure of the Personality Assess-
ment Inventory (PAI) full scales. Journal of Personality Assessment, 91(2), 175-186. https://doi.
org/10.1080/00223890802634316
49
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Humenik, A. M., Sherrill, B. N., Kantor, R. M., & Dolan, S. L. (2019). Using the PAI-A to classify juvenile
offenders by adjudicated offenses.Journal of Child & Adolescent Trauma,12(4), 469-477. https://doi.
org/10.1007/s40653-019-00265-1
Jacobo, M. C., Blais, M. A., Baity, M. R., & Harley, R. (2007). Concurrent validity of the Personality Assess-
ment Inventory Borderline Scales in patients seeking dialectical behavior therapy.Journal of Person-
ality Assessment,88(1), 74-80. https://doi.org/10.1080/00223890709336837
Jeffay, E., Sekely, A., Lacerte, M., & Zakzanis, K. K. (2021). Reliability of the French-Canadian adapta-
tion of the Personality Assessment Inventory: Medical–legal implications.Psychiatry, Psychology and
Law,28(1), 135-148. https://doi.org/10.1080/13218719.2020.1767716
Johns, R. (2010). Likert items and scales.Survey question bank: Methods fact sheet,1(1), 11-28.
Jung, S., Toop, C., & Ennis, L. (2018). Identifying criminogenic needs using the personality assessment
inventory with males who have sexually offended. Sexual Abuse, 30(8), 992-1009. https://doi.
org/10.1177/1079063217715018
Karlin, B. E., Creech, S. K., Grimes, J. S., Clark, T. S., Meagher, M. W., & Morey, L. C. (2005). The Personality
Assessment Inventory with chronic pain patients: Psychometric properties and clinical utility. Jour-
nal of Clinical Psychology, 61, 1571-1585. https://doi.org/10.1002/jclp.20209
Kelley, S. E., Edens, J. F., & Douglas, K. S. (2018). Concurrent validity of the Personality Assessment
Screener in a large sample of offenders. Law and Human Behavior, 42(2), 156. https://doi.org/10.1037/
lhb0000276
Kelley, S. E., Edens, J. F., & Morey, L. C. (2016). Convergence of self-reports and informant reports on the per-
sonality assessment screener. Assessment, 24(8), 999-1007. https://doi.org/10.1177/1073191116636450
Kiesler, D. (1996). Contemporary interpersonal theory and research: Personality, psychopathology, and psy-
chotherapy. Wiley.
Kim, Y., Kim, J., Oh, S., Lim, Y., & Hong, S. (2001). Standardization study of Personality Assessment Inven-
tory (PAI): reliability and validity. Korean Journal of Clinical Psychology, 20, 311-329.
Klonsky, E. D. (2004). Performance of Personality Assessment Inventory and Rorschach Indices of Schizo-
phrenia in a Public Psychiatric Hospital.Psychological Services,1(2), 107. https://doi.org/10.1037/1541-
1559.1.2.107
Kucharski, L. T., Toomey, J. P., Fila, K., & Duncan, S. (2007). Detection of malingering of psychiatric disor-
der with the Personality Assessment Inventory: An investigation of criminal defendants.Journal of
Personality Assessment,88(1), 25-32. https://doi.org/10.1080/00223890709336831
Kurtz, J. E., & Blais, M. A. (2007). Introduction to the special issue on the Personality Assessment Inven-
tory.Journal of Personality Assessment,88(1), 1-4. https://doi.org/10.1080/00223890709336828
Kurtz, J. E., & Morey, L. C. (2001). Use of structured self-report assessment to diagnose border-
line personality disorder during major depressive episodes. Assessment, 8, 291-300. https://doi.
org/10.1177/107319110100800305
Kurtz, J. E., Morey, L. C., & Tomarken, A. J. (1993). The concurrent validity of three self-report measures
of borderline personality. Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment, 15, 255-266. https://
doi.org/10.1007/BF01371382
Lally, S. J. (2003). What tests are acceptable for use in forensic evaluations? A survey of experts. Profes-
sional Psychology: Research and Practice, 34, 491-498. https://doi.org/10.1037/0735-7028.34.5.491
50
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Lee, S., Lee, E., Kim, J., Hong, S., Hwang, S., Kweon, H., Park, E., Park, J., Lee, S., & Lee, C. (2020). Restandardiza-
tion of the Korean Personality Assessment Inventory: Comparisons with the original Korean version.
Journal of Korean Neuropsychiatric Association, 142-147. https://doi.org/10.4306/jknpa.2020.59.2.142
Lyrakos, D. G. (2011). The development of the Greek personality assessment inventory.Psychology,2(8),
797-803. https://doi.org/10.4236/psych.2011.28122
Marc Testa, S., Lesser, R. P., Krauss, G. L., & Brandt, J. (2011). Personality Assessment Inventory among
patients with psychogenic seizures and those with epilepsy. Epilepsia, 52(8), 84-88. https://doi.
org/10.1111/j.1528-1167.2011.03141.x
Matlasz, T. M., Brylski, J. L., Leidenfrost, C. M., Scalco, M., Sinclair, S. J., Schoelerman, R. M., Tsang, V., &
Antonius, D. (2017). Cognitive status and profile validity on the Personality Assessment Inventory
(PAI) in offenders with serious mental illness.International Journal of Law and Psychiatry,50, 38-44.
https://doi.org/10.1016/j.ijlp.2016.10.003
McLeod, H. J., Byrne, M. K., & Aitken, R. (2004). Automatism and dissociation: Disturbances of conscious-
ness and volition from a psychological perspective. International Journal of Law and Psychiatry, 27,
471-487. https://doi.org/10.1016/j.ijlp.2004.06.007
Meehl, P. E., & Rosen, A. (1955). Antecedent probability and the efficiency of psychometric signs, patterns,
or cutting scores. Psychological Bulletin, 52, 194-216. https://doi.org/10.1037/h0048070
Meyer, J. K., Hong, S. H., & Morey, L. C. (2015). Evaluating the validity indices of the personality assessment
inventory–adolescent version.Assessment,22(4), 490-496. https://doi.org/10.1177/1073191114550478
Miller, L. (2005). Police officer suicide: Causes, prevention and practical intervention strategies. Interna-
tional Journal of Emergency Mental Health, 7(2), 101-114
Mogge, N. L., LePage, J. S., Bella, T., & Ragatzc, L. (2010). The Negative Distortion Scale: A new
PAI validity scale. The Journal of Forensic Psychiatry and Psychology, 21, 77-90. https://doi.
org/10.1080/14789940903174253
Moniz, M., Simões, M. R., & Paulino, M. (2021). The Stress Scale for Forensic Professionals (ESPF): Develop-
ment and validation [Dissertação de mestrado]. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra. http://hdl.handle.net/10316/99327
Morey, L. C. (1991). The Personality Assessment Inventory: Professional manual. Psychological Assessment
Resources.
Morey, L. C. (1996). An interpretive guide to the Personality Assessment Inventory. Psychological Assess-
ment Resources.
Morey, L. C. (1997). Personality Assessment Screener professional manual. Psychological Assessment
Resources.
Morey, L. C. (2007a). Personality Assessment Inventory: Professional manual (2nd ed.). Psychological Assess-
ment Resources.
Morey, L. C. (2007b). Personality Assessment Inventory-Adolescent professional manual. Psychological
Assessment Resources.
Morey, L. C., & Boggs, C. D. (2003). The Personality Assessment Inventory (PAI). In M. Hersen (Ed.), Com-
prehensive handbook of psychological assessment, Volume 3: Behavioral assessment(Vol. 3). John Wiley
& Sons.
Morey, L. C., & Hopwood, C. J. (2004). Efficiency of a strategy for detecting back random responding on the
Personality Assessment Inventory.Psychological Assessment,16(2), 197. https://doi.org/10.1037/1040-
3590.16.2.197
51
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Morey, L. C., & Hopwood, C. J. (2007).Casebook for the Personality Assessment Inventory: A structural sum-
mary approach. Psychological Assessment Resources.
Morey, L. C. & McCredie, M. N. (2019). Personality Assessment Inventory. In M. Sellbom & J. A. Suhr (Eds.)
The Cambridge Handbook of Clinical Assessment Diagnosis. Cambridge University Press.
Morey, L. C., & McCredie, M. N. (2020). Personality assessment inventory. In V. Zeigler-Hill, & T. K. Shack-
elford (Eds.)Encyclopedia of personality and individual differences. Cham: Springer International Pub-
lishing.
Morey, L. C., & Meyer, J. K. (2013). Forensic assessment with the Personality Assessment Inventory. In R. P.
Archer & E. M. A. Wheeler (Eds.), Forensic uses of clinical assessment instruments (pp. 140-147). Rout-
ledge/Taylor & Francis Group.
Mozley, S. L. (2001). An examination and comparison of the MMPI-2 and the Personality Assessment Inven-
tory (PAI) in a sample of veterans evaluated for combat-related posttraumatic stress disorder [Doctoral
dissertation], Auburn University.
Mullen, K. L., & Edens, J. F. (2008). A case law survey of the Personality Assessment Inventory: Examin-
ing its role in civil and criminal trials.Journal of Personality Assessment,90(3), 300-303. https://doi.
org/10.1080/00223890701885084
Nemoto, T., & Beglar, D. (2014). Developing Likert-scale questionnaires. In N. Sonda & A. Krause (Eds.),
JALT2013 Conference Proceedings. JALT.
Nichols, D. S. (2011).Essentials of MMPI-2 assessment. John Wiley & Sons.
Nunnally, J. C. (1978). Psychometric theory. McGraw-Hill Inc.
Ordem dos Psicólogos Portugueses [OPP] (2021). Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugue-
ses (2011; revisto Dezembro 26, 2016; versão consolidada Julho 13, 2021, publicada no Regulamento
nº 637/2021, Diário da República, 2.ª série, nº 134, de 13 de julho). Retirado a 30 de dezembro de 2022
de https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/regulamento_nao_637_2021.pdf
Ortiz-Tallo, M., Santamaa, P., Cardenal, V., & nchez, M. P. (2011). Adaptación española del Inventario de
Evaluación de la Personalidad (PAI). TEA Ediciones.
Peebles, J., & Moore, R. J. (1998). Detecting socially desirable responding with the Personality Assess-
ment Inventory: The Positive Impression Management Scale and the Defensiveness Index. Journal
of Clinical Psychology, 54, 621-628. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-4679(199808)54:5<621::AID-JCL-
P8>3.0.CO;2-N
Pignolo, C., Di Nuovo, S., Fulcheri, M., Lis, A., Mazzeschi, C., & Zennaro, A. (2018). Psychometric properties
of the Italian version of the Personality Assessment Inventory (PAI).Psychological Assessment,30(9),
1226. https://doi.org/10.1037/pas0000560
Pincus, A. L. (2005). A contemporary integrative interpersonal theory of personality disorders. In M. F.
Lenzenweger & J. F. Clarkin (Eds.), Major theories of personality disorder (pp. 282-331). Guilford Press.
Porcerelli, J. H., Hurrell, K., Cogan, R., Jeffries, K., & Markova, T. (2015). Personality Assessment Screener,
childhood abuse, and adult partner violence in African American women using primary care.Assess-
ment,22(6), 749-752. https://doi.org/10.1177/1073191115606213
Porcerelli, J. H., Kurtz, J. E., Cogan, R., Markova, T., & Mickens, L. (2012). Personality Assessment Screener
in a primary care sample of low-income urban women. Journal of Personality Assessment, 94(3), 262-
266. https://doi.org/10.1080/00223891.2011.650304
Preston, O. C., Gillen, C. T., Anestis, J. C., Charles, N. E., & Barry, C. T. (2021). The Validity of the Per-
sonality Assessment Inventory—Adolescent in Assessing Callous-Unemotional Traits in At-Risk
52
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura, Daniel Rijo, Mário R. Simões
Adolescents.Journal of personality assessment,103(1), 48-56. https://doi.org/10.1080/00223891.2019.
1705462
Reidy, T. J., Sorensen, J. R., & Davidson, M. (2016). Testing the predictive validity of the Personality Assess-
ment Inventory (PAI) in relation to inmate misconduct and violence. Psychological Assessment, 28,
871-884. https://doi.org/10.1037/pas0000224
Roberts, K. (2022). From ideation to realization: exploring the problem of police officer suicide. In P. B.
Marques & M. Paulino (Eds.), Police psychology: New trends in forensic psychological science (pp. 113-
128). Elsevier Academic Press.
Rogers, R., Gillard, N. D., Wooley, C. N., & Kesley, K. R. (2013). Cross-validation of the PAI Negative Dis-
tortion Scale for feigned mental disorders: A research report. Assessment, 20, 36-42. https://doi.
org/10.1177/1073191112451493
Rogers, R., Sewell, K. W., Cruise, K. R., Wang, E. W., & Ustad, K. L. (1998). The PAI and feigning: A cau-
tionary note on its use in forensic-correctional settings. Assessment, 5, 399-405. https://doi.
org/10.1177/107319119800500409
Ruiz, M. A., Cox, J., Magyar, M. S., & Edens, J. F. (2014). Predictive validity of the Personality Assessment
Inventory (PAI) for identifying criminal reoffending following completion of an in-jail addiction
treatment program. Psychological Assessment, 26, 673-678. https://doi.org/10.1037/a0035282
Schlosser, B. (1992). Computer assisted practice. The Independent Practitioner, 12, 12-15.
Siefert, C. J., Sinclair, S. J., Kehl-Fie, K. A., & Blais, M. A. (2009). An item-level psychometric analysis of the
Personality Assessment Inventory: Clinical scales in a psychiatric inpatient unit.Assessment,16(4),
373-383. https://doi.org/10.1177/1073191109333756
Siefert, C. J., Stein, M., Sinclair, S. J., Antonius, D., Shiva, A., & Blais, M. A. (2012). Development and initial
validation of a scale for detecting inconsistent responding on the Personality Assessment Inventory–
Short Form.Journal of Personality Assessment,94(6), 601-606. https://doi.org/10.1080/00223891.2012
.684117
Sinclair, S. J., Antonius, D., Shiva, A., Siefert, C. J., Kehl-Fie, K., Lama, S., Shorey, H. S., & Blais, M. A. (2010).
The psychometric properties of the Personality Assessment Inventory-Short Form (PAI-SF) in inpa-
tient forensic and civil samples.Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment,32(3), 406-415.
https://doi.org/10.1007/s10862-009-9165-x
Sinclair, S. J., Bello, I., Nyer, M., Slavin-Mulford, J., Stein, M. B., Renna, M., Antonius, D., & Blais, M. A.
(2012). The Suicide (SPI) and Violence Potential Indices (VPI) from the Personality Assessment Inven-
tory: A preliminary exploration of validity in an outpatient psychiatric sample. Journal of Psychopa-
thology and Behavioral Assessment, 34(3), 423-431. https://doi.org/10.1007/s10862-012-9277-6
Stein, M. B., Pinsker-Aspen, J. H., & Hilsenroth, M. J. (2007). Borderline pathology and the Personality
Assessment Inventory (PAI): An evaluation of criterion and concurrent validity.Journal of Personality
Assessment,88(1), 81-89. https://doi.org/10.1080/00223890709336838
Stover, J. B., Solano, A. C., & Liporace, M. F. (2015). Personality Assessment Inventory: Psychometric anal-
yses of its Argentinean version.Psychological reports,117(3), 799-823. https://doi.org/10.2466/08.03.
PR0.117c27z2
Tasca, G. A., Wood, J., Demidenko, N., & Bissada, H. (2002). Using the PAI with an eating disorder popu-
lation: Scale characteristics, factor structure, and differences among diagnostic groups. Journal of
Personality Assessment, 79, 337356. https://doi.org/10.1207/S15327752JPA7902_14
53
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 21-53
O Inventário de Avalião da Personalidade (PAI): Contributos para a avaliação psicológica em Portugal
Thomas, K. M., Hopwood, C. J., Orlando, M. J., Weathers, F. W., & McDevitt-Murphy, M. E. (2012). Detecting
feigned PTSD using the Personality Assessment Inventory. Psychological Injury and the Law, 5, 192-
201. https://doi.org/10.1007/s12207-011-9111-6
Till, C., Christensen, B. K., & Green, R. E. (2009). Use of the Personality Assessment Inventory
(PAI) in individuals with traumatic brain injury. Brain Injury, 23(7-8), 655-665. https://doi.
org/10.1080/02699050902970794
Tracey, T. J. (1993). An interpersonal stage model of therapeutic process. Journal of Counseling Psychology,
40, 396-409. https://doi.org/10.1037/0022-0167.40.4.396
Truong, T. N., McCredie, M. N., Edens, J. F., & Morey, L. C. (2022). The Personality Assessment Screener as
a Predictor of Self-Injuring Thoughts and Behavior Crisis Events in a Male Prison Sample. Criminal
Justice and Behavior, 49(9), 1311-1322. https://doi.org/10.1177/00938548221082656
Weiner, I. B., & Greene, R. L. (2017).Handbook of personality assessment. John Wiley & Sons.
Weiss, W. U., Zehner, S. N., Davis, R. D., Rostow, C., & DeCoster-Martin, E. (2005). Problematic police per-
formance and the Personality Assessment Inventory. Journal of Police and Criminal Psychology, 20,
16-21. https://doi.org/10.1007/BF02806703
Wise, E. A., Streiner, D. L., & Walfish, S. (2010). A review and comparison of the reliabilities of the MMPI-2,
MCMI-III, and PAI presented in their respective test manuals.Measurement and Evaluation in Coun-
seling and Development,42(4), 246-254. https://doi.org/10.1177/0748175609354594
Yoon, S. H., Lee, E. H., Kim, J. H., Hong, S. H., Hwang, S. T., Kweon, H. S., Park, E. Y., Park, J., & Lee, S.
J. (2020). Factor Structure of the Korean Personality Assessment Inventory (PAI).The Journal of the
Korean Association of Psychotherapy, 12(2), 1-14. Retrieved from https://ext.newnonmun.com:444/
FileDownload.php?a=30003047
Young, M. S., & Schinka, J. A. (2001). Research validity scales for the NEO-PI-R: Additional evidence
for reliability and validity. Journal of Personality Assessment, 76, 412-420. https://doi.org/10.1207/
S15327752JPA7603_04
Zeigler-Hill, V., & Shackelford, T. K. (Eds.). (2020).Encyclopedia of personality and individual differences.
Cham: Springer International Publishing.
Zennaro, A., Di Nuovo, S., Fulcheri, M., Lis, A., & Mazzeschi, C. (Eds.). (2015). Personality Assessment Inven-
tory (PAI). Manuale. Firenze. Hogrefe Editore.
54
REGULAÇÃO EMOCIONAL, ESTRATÉGIAS DE COPING
ESOBRECARGA DE CUIDADORES INFORMAIS DE PESSOAS
COMDEMÊNCIA
EMOTIONAL REGULATION, COPING STRATEGIES AND BURDEN OF
INFORMAL CAREGIVERS OF PERSONS WITH DEMENTIA
Ana Madalena Ribeiro Mateus1, Fernanda Lyrio Heinzelmann2, Rute Brites3,
Tânia Brandão4, Odete Nunes5, João Hipólito6
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2023 PP. 5473
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.2.3
Submited on 05/09/2021 Submetido a 05/09/2021
Acceptted on 28/02/2023 Aceite a 28/02/2023
Resumo
Antecedentes: ao avançar para uma sociedade mais envelhecida, muitas pessoas confron-
tam-se com a necessidade de assumir a tarefa de cuidar informalmente de pessoas com demên-
cia. Os sintomas neuropsiquiátricos destas pessoas são desafios para os cuidadores e desenca-
deiam vivências de sobrecarga. Contudo, a diversidade de respostas entre cuidadores sugere que
recursos pessoais poderão ser protetores da sua saúde mental.
Objetivos: este estudo procurou averiguar a exisncia de diferenças entre as estragias de
coping e de regulação emocional utilizadas pelos cuidadores informais de pessoas com demência
e indivíduos não cuidadores. Examinou ainda se estas variáveis mediavam a relação entre sinto-
mas neuropsiquiátricos (pessoas com demência) e sobrecarga (cuidadores).
Método: 138 participantes, divididos em dois grupos (cuidadores informais e pessoas com
demência, e não cuidadores) responderam ao Questionário de Regulação Emocional e à Escala
Toulosiana de Coping (versão reduzida). A Entrevista de Zarit de Sobrecarga do Cuidador (versão
breve) e o Inventário Neuropsiquiátrico (versão breve) foram respondidos pelo grupo dos cuida-
dores.
Resultados: verificaram-se diferenças significativas entre os grupos relativamente à estra-
tégia de Supressão Emocional, com valores superiores para os cuidadores. Nas estratégias de
coping não foram encontradas diferenças significativas. No grupo dos cuidadores verificou-se
1 Universidade Autónoma de Lisboa. anitamadalena96@gmail.com
2 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. flyrio@autonoma.pt
3 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. rbrites@autonoma.pt
4 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa . tbrandao@autonoma.pt
5 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. onunes@autonoma.pt
6 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. jhipolito@utonoma.pt
Corresponding author: Rute Brites, CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa, rbrites@
autonoma.pt
55
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
ainda que, a um aumento dos sintomas neuropsiquiátricos, correspondeu um aumento da sobre-
carga. Contudo, estratégias de coping e de regulação emocional não mediaram esta relação.
Conclues: o ato de cuidar de alguém com demência pode causar grande sobrecarga, sobre-
tudo na presença de sintomas neuropsiquiátricos. Oferecer recursos adequados aos cuidadores
pode contribuir para uma maior adaptação na realização desta tarefa.
Palavras-Chave: Cuidador Informal; Demência; Sobrecarga; Coping; Regulação Emocional.
Abstract
Background: As we move towards an aging society, more people face the need of taking
the task of caring for persons with dementia. These people neuropsychiatric symptoms are
challenging for caregivers and trigger an extreme burden. However, the diversity of responses
among caregivers suggests that personal resources may be protective of their mental health.
Objective: this study sought to ascertain whether there were differences between the cop-
ing and emotion regulation strategies used by informal caregivers of persons with dementia and
non-caregivers. It also examined whether these variables mediated the relationship between
neuropsychiatric symptoms (persons with dementia) and burden (caregivers).
Method: 138 participants, divided into two groups (informal caregivers and dementia per-
sons, and non-caregivers) answered the Emotional Regulation Questionnaire and the Toulosian
Coping Scale (short version). The Zarit Caregiver Burden Interview (short version) and the Neu-
ropsychiatric Inventory (short version) were answered by the caregivers.
Results: There were significant differences between groups regarding the Emotional Sup-
pression strategy, with higher values for the caregivers. No significant differences were found
in the coping strategies. It was also found that an increase in neuropsychiatric symptoms corre-
sponded to an increase in burden. However, coping strategies and emotional regulation did not
mediate the relationship between neuropsychiatric symptoms and caregivers’ burden.
Conclusions: The act of caring can cause great burden. Providing adequate resources to
caregivers can help them choose more adaptive caregiving strategies and support the burden
they are subjected to.
Keywords: Informal Caregiver; Dementia; Burden; Coping; Emotional Regulation.
O envelhecimento demogfico tem vindo a apresentar-se como um fenómeno irreversível
da sociedade trazendo, consequentemente, novos objetivos a nível social, económico e de saúde
(Miladinov, 2021; Santos et al, 2007). Tal fenómeno deve-se a uma decrescente taxa de mortali-
dade, consequente ao aumento da esperança média de vida e a um igual decréscimo da taxa de
natalidade, bem como ao grande número de emigrantes nas décadas de 60 e 70 (Pascual-Saez et
al., 2020; Paúl, 2005).
Com a evolução da ciência, da tecnologia e da medicina houve um prolongamento da vida
da população, fazendo com que a pirâmide etária se invertesse ao longo do tempo, e construísse
56
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
um novo perfil demogfico assinalado pelo crescente envelhecimento dos portugueses (Lemos,
2013; Monteiro et al., 2021). Em 2001, o número de pessoas idosas superou o número de jovens
em Portugal e, desde então, tal proporção segue a aumentar (Monteiro et al., 2021; Moreira, 2020).
Segundo as projeções do Instituto Nacional de Estatística [INE] (2017), estima-se que, entre 2015
e 2080, o número da população idosa aumente de 2.1 para 2.8 milhões. Como consequência, tam-
bém o índice de dependência duplica, passando de 26 para 58 idosos por cada 100 sujeitos
ainda em idade ativa.
Apesar de o processo de envelhecimento o estar necessariamente relacionado com a
dependência, tendencialmente haverá uma maior probabilidade de risco em relação ao desen-
volvimento de doenças crónicas-degenerativas. Entre estas, a demência, comprometendo a capa-
cidade funcional e levando a um aumento do risco da dependência de um cuidador (Brites et
al., 2020; Perry-Duxbury et al., 2021). Esse cuidador é, na maior parte das vezes, um cuidador
informal.
Habitualmente, os cuidadores informais são familiares, amigos ou vizinhos, sendo mais
comum o cônjuge ou filhos, os quais ficam comprometidos pela tarefa de prestar cuidados regu-
lares não remunerados (Brites et al., 2020; Khalaila & Cohen, 2016; Perry-Duxbury et al., 2021;
Wiegelmann et al., 2021). O cuidador informal convive diariamente com a pessoa de quem cuida,
uma vez que este necessita de ajuda numa diversidade de cuidados, nomeadamente no que toca
à higiene, à alimentação e ao regime terapêutico. Neste sentido, o papel do cuidador informal
passa por assegurar a sobrevivência e a manutenção dos cuidados do doente (Araújo et al., 2009;
Figueiredo, 2007; Sequeira, 2010b; WHO, 2012).
A tarefa de cuidado e especificamente a prestação de cuidados a pessoas com demência -
constitui um desafio muito exigente para o cuidador a vários níveis, tais como, pessoal, familiar,
social, laboral e financeiro (Brites et al., 2020; Gérain & Zech, 2019; Leininger & McFarland, 2002;
Ricarte, 2009). A investigação tem demonstrado, contudo, a imporncia das diferenças indivi-
duais na gestão desta tarefa.
Se, por um lado, alguns estudos revelam que existem cuidadores que conseguem identifi-
car aspetos positivos associados ao cuidado (Aperta, 2015; Bertrand et al., 2006; Galvis & r-
doba, 2016; Pinquart & Sörensen, 2003), por outro, rios cuidadores evidenciam as consequên-
cias negativas que advêm da prestação dos cuidados, descrevendo sintomas de fadiga, stresse,
depressão, ansiedade, hostilidade, raiva, frustração, culpa, medo, solidão, pessimismo, diminui-
ção da autoestima (Cohen, 2000; Lage, 2005; Liu & Gallagher-Thompson, 2009; Peeters et al., 2010)
e sobrecarga (Gérain & Zech, 2019).
A sobrecarga, definida como “os problemas sicos, psicológicos ou emocionais, sociais e
financeiros que podem ser sentidos por membros da família que cuidam de adultos idosos defi-
cientes” (George & Gwyther, 1986, p. 253) é uma variável que advém da tarefa difícil de cuidar
de alguém. Associa-se ao sentimento que é percebido pelos cuidadores, relacionando-se com o
impacto negativo e as consequências originadas pelo excesso de atividades que poderão desen-
cadear stresse e outros efeitos negativos (Brites et al., 2020; Gérain & Zech, 2019; Luzardo et al.,
2006; Zarit & Zarit, 1983). Além disso, está associada a uma grande vulnerabilidade dos cuida-
dores e a problemas de saúde tais como hipertensão, depressão, problemas inflamatórios e arti-
culatórios, problemas digestivos, alterações a nível do sono e problemas respiratórios (Cupertino
et al., 2006; Monis et al., 2005; Ory et al., 2000; Seima & Lenardt, 2011; Wiegelmann et al., 2021).
57
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
São vários os aspetos que poderão influenciar o nível de sobrecarga: o nível de cuidados
que a pessoa com demência exige e os seus problemas comportamentais, a ausência de conhe-
cimentos, as competências do cuidador informal, o suporte social, como a falta de apoio formal,
informal e familiar, a duração da prestação de cuidados, as estratégias de coping adotadas pelo
cuidador (Cruz et al., 2010; Gérain & Zech, 2019; Lage, 2005) ou a regulação emocional (Brites et
al., 2020; Li & Lewis, 2013; Zhang et al., 2020). Na medida em que a experiência de cuidar de uma
pessoa com demência é uma experiência complexa e variada, é impossível adotar um padrão
único de adaptação e coping. Importa, assim, perceber que tipo de recursos os cuidadores infor-
mais possuem para lidar e adaptar-se à situação (Perry-Duxbury et al., 2020).
O coping consiste no conjunto de estratégias que as pessoas adotam para fazer frente a situa-
ções consideradas ameaçadoras. A abordagem de Esparbés, Sordes-Arder e Tap (1993) caracte-
riza as estragias de coping como multidimensionais, uma vez que tratam o comportamento
humano em três dimensões: comportamental (processos através dos quais a pessoa prepara e
gere as ões), cognitiva (forma como é tratada a informação referente ao acontecimento e se
readapta) e afetiva (emoções e os sentimentos). Da intersecção entre estas dimensões emanam
diversas estratégias, algumas das quais são percebidas como “positivas, isto é, mais adaptativas
e outras como “negativas” ou menos adaptativas (Pronost & Tap, 1996; Tap et al., 2005).
Alguns cuidadores informais poderão experienciar uma certa desorganização pessoal, asso-
ciada a sentimentos de tensão e mal-estar. Isto leva-os a adotar determinadas estratégias de
coping com um de dois resultados, uma adaptação positiva ou um ajustamento prejudicial, asso-
ciado a estados emocionais negativos (Figueiredo, 2007; Loureiro, 2009; Martins et al., 2003). A
experiência de cuidar de uma pessoa com demência desencadeia, igualmente, diversas emoções.
A forma como os cuidadores gerem essas emoções, isto é, as estragias de regulação emocional
que utilizam, pode influenciar, igualmente, a sua saúde mental.
A regulação emocional refere-se às formas utilizadas pelos indivíduos para influenciar as
próprias emoções, quando surgem, e como são vivenciadas e expressas (Gross, 1998a, p. 275).
É um processo connuo, dinâmico e responsivo a todas as vivências emocionais, implicando
processos intrínsecos e extrínsecos responsáveis pela monitorização, avaliação e modificação
das reações emocionais, especialmente a sua intensidade e temporalidade, de forma a realizar
os objetivos pessoais(Thompson, 1994, p. 27-28). Esta, envolve não a modulação da ativação
emocional, como também, a consciência, a compreensão, a aceitação das emoções, a utilização
de estragias para regular as mesmas, a capacidade de inibir ou ter determinados comporta-
mentos, de maneira a conseguir atingir os objetivos e as exigências circunstanciais, podendo
a ausência destas demonstrar limitação na regulação emocional (Gratz, 2007; Gratz & Roemer,
2004; Rothbart & Posner, 2006).
O processo de regulação emocional é complexo e depende de vários fatores, biológicos,
cognitivos, emocionais, culturais e, depende também, da própria vivência da pessoa (Diamond
& Aspinwall, 2003; Garnefskig et al., 2001; , 2002; Thompson et al., 2008). Contudo, no âmbito
da investigação, as estragias de regulação emocional que conduzem a um distanciamento das
experiências emocionais (e.g., a supressão) têm sido associadas a consequências negativas a nível
afetivo, cognitivo e social (Brandão et al., 2019; Gross, 1998a, 1998b, 2002; Gross & Thompson,
2007), enquanto aquelas que conduzem a um maior envolvimento com essas experiências emo-
cionais (e.g., reinterpretão cognitiva ou partilha de emoções) m sido associadas a conseqn-
cias positivas (e.g., Greenaway et al., 2018).
58
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
O presente estudo
A investigação tem demonstrado que os cuidadores informais de pessoas com demência
sofrem de problemas de saúde mental e física, os quais podem afetar quer os cuidados prestados
aos doentes quer a relação estabelecida com os mesmos (Alzheimer Europe, 2019; Brites et al.,
2020; Brodaty, & Donkin, 2009; Wiegelmann et al., 2021).
Relativamente à sobrecarga, os resultados existentes não são consensuais. Uma revisão siste-
mática demonstrou que o tempo de cuidado e o nível de depenncia são os principais preditores
de sobrecarga (Lindt et al., 2020). Contudo, outros estudos evidenciaram o facto que, ao longo
do tempo de prestação de cuidados, a sobrecarga tendia a estabilizar. Nas fases mais iniciais da
demência os cuidadores sentiam-se mais limitados quanto à sua qualidade de vida, compara-
tivamente àqueles que cuidavam de doentes em fases mais avançadas, revelando adaptação e
aumento de competências, no decorrer do tempo (Argimon et al., 2005; Riedjik et al., 2006).
Em consonância com estudos anteriores (Berger et al., 2005; Gimeno et al., 2020; Lawlor, 2006;
Zarit & Edwards, 2008), Lindt et al. (2020) concluíram que os problemas comportamentais e cog-
nitivos dos doentes afetavam indiretamente o nível de sobrecarga dos cuidadores, ao associar-se
a um maior nível de dependência dos primeiros. Embora seja consensual que as alterações com-
portamentais e cognitivas são um dos principais preditores da sobrecarga, o facto de nem todos
os cuidadores informais experienciarem esta condão conduz à ideia de que existem recursos
internos que podem ser, de alguma maneira, protetores relativamente aos efeitos negativos da
tarefa de cuidar, como as estratégias de coping e de regulação emocional utilizadas.
Em relação às estratégias de coping utilizadas, quando os cuidadores sentem que não existe
um controlo do comportamento por parte da pessoa com demência, assim como das suas reações
emocionais, tendem a sentir-se um aumento dos níveis de ansiedade e com humor deprimido,
evidenciando o facto de que a eficácia das estratégias de coping vão influenciar diretamente o
seu estado de saúde (Carrasco &Artaso, s/d cit. por Pereira, 2007). Kiral et al. (2017) demonstraram
uma associação negativa entre estragias de coping positivas (estratégias de reorientação posi-
tiva) e níveis de depressão e uma associação negativa entre estes e estratégias negativas (catas-
trofização e culpabilização de outros), em cuidadores informais de pessoas com dencia. No
que se refere à regulação emocional, alguns estudos têm evidenciado certas estratégias – especi-
ficamente, a expressão de emoções negativas (hostilidade e crítica) - associadas a níveis elevados
de sobrecarga, nomeadamente quando são projetadas nos doentes cuidados (Li & Lewis, 2013;
Zhang et al., 2020).
Assim, a partir destes resultados, os objetivos do presente estudo são: 1) verificar se existem
diferenças significativas entre o grupo de cuidadores informais e o grupo de não cuidadores, no
que se refere às estratégias de coping e às estratégias de regulação emocional utilizadas; 2) no
grupo dos cuidadores informais, examinar se a variação dos sintomas neuropsiquiátricos estará
associada a uma variação dos níveis de sobrecarga; 3) verificar se, perante um determinado nível
de sintomatologia neuropsiquiátrica, a utilização de estratégias de coping e regulação emocional
adaptativas, pelo cuidador informal, estará associada a níveis inferiores de sobrecarga (media-
ção).
59
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Método
Participantes
A amostra é composta por 138 participantes adultos, 46 díades, constituídas pelo grupo de
cuidadores e respetivas pessoas com dencia, e um grupo de não cuidadores (n = 46).
O primeiro grupo é composto por 46 díades (33 cuidadores do sexo feminino e 13 do sexo
masculino), com idades compreendidas entre os 19 e 89 anos (M = 63.3; DP = 14.99). Os cuidadores
são na sua maioria cônjuges das pessoas com demência, seguindo-se filhos, netos, sobrinhos, não
familiares e finalmente os genros/ noras. O segundo grupo é composto por 27 pessoas do sexo
feminino e 19 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 38 e os 83 anos (M = 63.7;
DP = 10.00).
No que toca às pessoas com demência, 26 são do sexo feminino (56.5%) e 20 do sexo masculino
(43.5%), com idades compreendidas entre os 63 e 92 anos (M = 77; DP = 6.37). Os critérios de inclu-
são no primeiro grupo: serem cuidadores informais de pessoas com demência (com diagnóstico
clínico) e desempenhar a função de cuidador principal. Critérios de exclusão: participação em
psicoterapia para lidar com queses relacionadas com o cuidado, sofrer de uma doença crónica
grave e/ou uma perturbação psiquiátrica grave e a existência de história de abuso de drogas ou
álcool. O grupo dos não cuidadores foi selecionado pelo método snowball, e o único critério de
exclusão foi o de terem ou já terem tido, em algum momento, o papel de cuidadores informais.
Os dados relativos aos cuidadores e respetivas pessoas cuidadas foram recolhidos em con-
texto hospitalar, em cinco instituões da região centro-sul de Portugal, nomeadamente nos dis-
tritos de Castelo Branco e Lisboa, entre julho de 2019 e janeiro de 2020. Os dados relativamente
ao grupo dos não cuidadores foram recolhidos na comunidade em 2019. Não existem diferenças
significativas entre os dois grupos, quanto às suas características sociodemográficas (Tabela 1).
TABELA1
Características Sociodemográficas dos Dois Grupos e Comparação Entre os Dois (N = 92/138)
Cuidadores
(n = 46)
Não cuidadores
(n = 46) Total
n%n%n%Sig
Sexo .27
Feminino
Masculino
33
13
71.7%
28.3%
27
19
58.7%
41.3%
60
32
65.2%
34.8%
Idade (M; DP) 63.4 14.9 63.7 10.0 63.6 12.6 .90
Parentesco com pessoa com demência
Cônjuge 26 56.5% 26 56.5%
Filho/lha 13 28.3% 13 28.3%
Neto/neta 2 4.3% 2 4.3%
Sobrinho/sobrinha 2 4.3% 2 4.3%
Não familiar
Genro/nora
2
1
4.3%
2.2%
2
1
4.3%
2.2%
60
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
Cuidadores
(n = 46)
Não cuidadores
(n = 46) Total
n%n%n%Sig
Outro familiar 0 0.0% 0 0.0%
Escolaridade .15
Sabe ler e escrever 1 2.2% 0 0.0% 1 1.1%
1º ciclo (primária) 21 45.7% 15 33.3% 36 39.6%
2º ciclo (preparatório) 1 2.2% 4 8.9% 5 5.5%
9º ano (antigo 5º ano) 3 6.5% 4 8.9% 7 7.7%
12º ano (antigo 7º ano) 11 23.9% 11 24.4% 22 24.2%
Ensino Superior 5 10.9% 11 24.4% 16 17.6%
Outro 4 8.7% 0 0.0% 4 3.3%
Estado civil .16
Casado/a ou União Facto
Separado/ divorciado
Solteiro/a
33
9
2
71.7%
19.6%
4.3%
25
9
5
54.3%
19.6%
10.9%
58
18
7
63.0%
19.6%
7.6%
Viúvo/a 2 4.3% 7 15.2% 9 9.8%
Situação prossional .59
Reformado
Empregado
24
16
55.8%
37.2%
21
15
52.2%
37.5%
45
31
54.2%
37.3%
Desempregado 3 7.0% 2 5.0% 5 6.0%
De baixa 0 0.0% 2 5.0% 2 2.4%
Instrumentos
Dados Sociodemográficos e Clínicos
A informão sociodemogfica dos participantes, algumas delas representadas na tabela
1, incluiu como variáveis, o sexo, a idade, o parentesco, as habilitações, o estado civil, a situação
profissional, a profissão, o tempo que o cuidador dedica à pessoa cuidada, a duração do ato de
cuidar, se o cuidador cuidou anteriormente de outra pessoa, o diagnóstico da pessoa cuidada,
e a duração do mesmo, dos cuidadores informais e das pessoas com demência.
Entrevista de Zarit de Sobrecarga do Cuidador
A Entrevista de Zarit de Sobrecarga do Cuidador (versão breve) permite avaliar a sobrecarga
subjetiva do cuidador informal. É constituída por 12 itens pontuados de forma quantitativa,
variando a pontuação entre zero (0) (correspondente a “nunca) e quatro (4) (correspondente a
quase sempre”) (Scazufca, 2002). Foi traduzida e adaptada para a população portuguesa com
base na Burden Interview Scale (Zarit & Zarit; 1983; Scazufca, 2002; versão portuguesa de Sequeira,
2010a). Neste estudo foi adotado um score total, conforme a versão reduzida (em processo de
validação para a população portuguesa), cujo Alfa de Cronbach é de α = .88 e na de triagem é de
α=.78 (Bédard et al., 2001). No presente estudo, obteve-se um alfa excelente, de .95.
61
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Questionário de Regulão Emocional
O Questionário de Regulão Emocional (QRE) tem a finalidade de avaliar e compreender
a utilização de estratégias de regulação emocional. É constituído por 10 itens numa escala de
Likert, sendo seis deles sobre Reavaliação Cognitiva e os restantes quatro sobre Supressão Emo-
cional. A pontuão da escala varia entre um (1) “discordo totalmente”, e sete (7)concordo total-
mente. Apresenta consistência interna elevada nas duas subescalas, Reavaliação Cognitiva e
Supressão Emocional (α=.79 e α=.73, respetivamente) (Gross & John, 2003). Em relação à versão
portuguesa, a consistência interna é de α = .76 e α = .65, respetivamente (Vaz & Martins, 2009).
Neste estudo, obtiveram-se valores de .81 (reavaliação cognitiva) e .77 (supressão emocional).
Escala Toulosiana de Coping
A versão reduzida da Escala Toulosiana de Coping é constituída por 18 itens em cinco estra-
gias: Controle (5 itens), Recusa (4 itens), Conversão (3 itens), Suporte Social (3 itens) e Distração
(3 itens) (Nunes et al., 2014).
O controlo refere-se à autorregulão do comportamento, bem como de emoções. O retrai-
mento associa-se ao afastamento da situação. A conversão diz respeito a uma mudança de com-
portamentos, crenças ou valores. A distração social refere-se à fuga face ao problema e à realiza-
ção de atividades que desencadeiem alguma distração. Esta recusa está associada à incapacidade
de aceitação e perceção da realidade da situação. O suporte social envolve a necessidade de
auxílio (Tap et al., 2005).
A pontuação varia entre um (1) “Nuncae cinco (5) “Muito Frequentemente. A consistência
interna das cinco dimensões – Controle, Recusa, Conversão, Suporte Social e Distração – foi acei-
tável (α=.80; α=.67 α=.66; α=.64, α=.59, respetivamente), assim como a consistência interna da
escala total (α =.70). No presente estudo, os valores variaram entre .43 (Distração) e .71 (Recusa)
(α Controle = .63; α Conversão = .60; α Suporte Social= .54). As subescalas com valor inferior a
.60 (Suporte Social e Distração) não foram consideradas nos procedimentos estatísticos subse-
quentes, seguindo a classificação de George e Mallery (2003) que consideram valores abaixo de
.50 pobres.
Inventário Neuropsiquiátrico-Q (versão breve)
O Inventário Neuropsiquiátrico (Neuropsychiatric Inventory) consiste numa avaliação psico-
patológica de pessoas com dencia (versão breve traduzida por Espirito-Santo et al., 2010). É
composto por 12 itens (delírios, alucinações, agitação/agressão, depressão, ansiedade, euforia,
apatia, desinibição, irritabilidade/labilidade, perturbação motora, comportamentos noturnos,
apetite e alterações alimentares) que medem a frequência e a gravidade do comportamento e,
portanto, o desgaste do cuidador. Foram obtidos bons valores de fidelidade entre avaliações de
teste e re-teste (α =.70) (Leitão & Nina, 2008).
62
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
Procedimentos
Este estudo obteve parecer positivo da Comissão de Ética do ||blind for review|| e foram esta-
belecidos todos os procedimentos relativos à proteção de dados pessoais. No caso das pessoas
com demência sem capacidade para compreender e assinar o consentimento informado, a assi-
natura foi da responsabilidade do cuidador informal. A recolha de dados (em papel) deu-se nos
hospitais, num local seguro, após encaminhamento de um profissional de saúde da instituição,
considerando os critérios de inclusão na amostra. As pessoas com demência dirigiam-se à con-
sulta acompanhadas dos seus cuidadores e, após a mesma, era-lhes questionada a sua disponibi-
lidade para participar do estudo. O tempo médio de preenchimento foi de 60 minutos.
No que respeita aos questionários dos não cuidadores, estes foram recolhidos na comuni-
dade, tendo sido respondidos pelos próprios (em versão papel). Em média, cada preenchimento
demorou cerca de 20 minutos. Por fim, os dados foram introduzidos numa base de dados e inse-
ridos no software Statistical Package for Social Sciences (SPSS). Uma vez que o número inicial de
respostas de não cuidadores era bastante superior ao dos cuidadores, após a recolha dos dados
foram selecionadas as pessoas com características sociodemogficas similares às do grupo de
cuidadores (sexo, idade, escolaridade, estado civil), na medida do possível. Neste sentido, apenas
as pessoas com caractesticas similares foram foram incluídas no estudo (n=46).
Análise dos Dados
Para a análise descritiva dos dados, usou-se o SPSS (versão 24; IBM; SPSS Inc., Chicago, IL).
Os valores omissos (não aleatórios, inferiores a 5%) foram substituídos através do método expecta-
tion-maximization (Tabachnick & Fidell, 2007). O teste Shapiro-Wilk demonstrou que os dadoso
respeitaram uma distribuição normal (Tabela 2). Assim, recorreu-se então ao teste não paramétrico
de Mann-Whitney. Além disso, utilizou-se o coeficiente de consistência interna Alfa de Cronbach.
TABELA2
Testes de Normalidade
Grupo:
Shapiro-Wilk
Statistic df Sig.
Controle
Cuidadores .949 46 .043*
Não Cuidadores .896 46 .001***
Recusa Cuidadores .922 46 .004**
Não Cuidadores .887 46 .000***
Conversão Cuidadores .917 46 .003**
Não Cuidadores .935 46 .013*
Reavaliação cognitiva Cuidadores .948 46 .038*
Não cuidadores .941 46 .021*
Supressão emocional Cuidadores .928 46 .007**
Não cuidadores .977 46 .490
* p < .05 ** p < .01 *** p < .001
63
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Foram calculadas as correlações bivariadas (Correlação de Spearman) das variáveis em
estudo e realizados testes de comparação de grupos para amostras independentes entre cuida-
dores e não cuidadores. Finalmente, apenas para o grupo de cuidadores, o modelo de mediação
(modelo 4) foi testado com recurso à macro PROCESS (Hayes, 2018). Neste modelo, utilizou-se
como variável independente os sintomas neuropsiquiátricos, como variável dependente a sobre-
carga e como mediadoras as estratégias de coping e de regulação emocional. Foram realizadas
análises simples de mediação; cada variável potencialmente mediadora foi testada individual-
mente.
Resultados
Estatística Descritiva e Diferenças entre Grupos
No que respeita à estatística descritiva das escalas utilizadas no nosso estudo, responderam
92 participantes (Tabela 3).
TABELA3
Estatística Descritiva das Variáveis (Min, Max, Média e Desvio-padrão)
Cuidadores
(n = 46)
Não cuidadores
(n= 46)
Variáveis Min. Máx. Média DP Min. Máx. Média DP
Sobrecarga .00 3.17 1.57 .80 - - - -
Reavaliação Cognitiva 2.50 7.00 5.18 1.31 1.00 7.00 5.16 1.29
Supressão Emocional 1.00 7.00 4.56 1.82 1.00 7.00 4.11 1.45
Controle 3.00 5.00 4.15 .52 2.40 5.00 4.23 .73
Conversão 1.00 5.00 2.24 1.05 1.00 5.00 2.47 1.02
Recusa 1.00 5.00 2.63 1.14 1.00 5.00 2.55 .92
Relativamente à sobrecarga, os valores médios indicam uma ausência de sobrecarga elevada.
No que se refere às estratégias de coping, verificámos que o grupo dos não cuidadores utiliza
mais as estratégias de coping Controle e Conversão. O grupo dos cuidadores utiliza mais a estra-
gia Recusa, embora não haja diferenças estatisticamente significativas (p > .05) (Tabela 4).
No que se refere à regulação emocional, os resultados revelam diferenças significativas entre
os dois grupos (cuidadores informais e não cuidadores) relativamente à estratégia Supressão
Emocional, com valores superiores para o grupo dos cuidadores (Tabela 4).
64
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
TABELA4
Diferenças Entre Cuidadores vs Não Cuidadores Através do Teste Não Paramétrico de Mann-Whitney (U)
Cuidadores Não cuidadores
Média das ordenações Média das ordenações U Sig.
Controle 86.95 96.30 2918.50 .305
Recusa 96.87 93.06 3111.00 .677
Conversão 87.89 95.99 2962.00 .375
Reaval. cognitiva 101.72 90.80 2842.00 .232
Supressão emocional 114.78 86.51 2241.00 .002**
** p < .01
Associação entre sintomas neuropsiquiátricos e sobrecarga
Verifica-se uma correlação positiva significativa entre os sintomas neuropsiquiátricos e a
sobrecarga (rsp = .333. p = .024), o que significa que quando aumentam os sintomas neuropsiqu-
tricos aumentam também, em certa medida, os níveis de sobrecarga do cuidador.
Coping como mediador da relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobrecarga
Os resultados das análises de mediação através do PROCESS demonstram que as estratégias
de coping não medeiam a relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobrecarga do cuida-
dor (Tabela 5).
TABELA5
Resultados das Análises de Mediação Simples: Coping
Modelo B SE t pLLCI ULCI
Efeito da SN no Controlo -.011 .028 -.396 .693 -.069 .046
Efeito da SN na Recusa .089 .061 1.453 .153 -.034 .213
Efeito da SN no Conversão .105 .057 1.844 .071 -.009 .220
Efeito do Controlo na Sobrecarga -.247 .219 -1.128 .265 -.689 .194
Efeito da Recusa na Sobrecarga -.110 .102 -1.072 .289 -.317 .097
Efeito da Conversão na Sobrecarga .119 .111 1.075 .288 -.104 .343
Efeito total SN na sobrecarga (c) .095 .042 2.262 .028* .010 .018
Efeito direto SN na sobrecarga com controlo (c´) .092 .042 2.197 .033* .007 .177
Efeito direto SN na sobrecarga com recusa (c´) .105 .043 2.443 .018* .018 .191
Efeito direto SN na sobrecarga com conversão (c´) .083 .044 1.895 .064 -.005 .170
Eect Boo SE Boo Boo
Efeito indireto da SN na sobrecarga via Controlo .002 .009 -.021 .020
Efeito indireto da SN na sobrecarga via recusa -.009 .014 -.046 .009
Efeito indireto da SN na sobrecarga via conversão .013 .015 -.012 .280
* p ≤ . 05 Boo Bootstraping LLCI limite inferior do intervalo confiaa 95% ULCI limite superior
65
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Regulação emocional como mediadora da relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a
sobrecarga
Os resultados das análises de mediação através do PROCESS demonstram que as estratégias
de regulação emocional não medeiam a relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobre-
carga do cuidador (Tabela 6).
TABELA6
Resultados das Análises de Mediação Simples: Regulação Emocional
Modelo B SE t pLLCI ULCI
Efeito da SN na Reavaliação cognitiva .066 .071 .923 .360 -.078 .210
Efeito da SN na Supressão emocional .201 .096 2.097 .041* .007 .395
Efeito da reavaliação na Sobrecarga -.022 .089 -.251 .802 -.203 .158
Efeito da supressão na Sobrecarga .027 .067 .398 .692 -.107 .161
Efeito total SN na sobrecarga (c) .095 .042 2.262 .028* .010 .180
Efeito direto SN na sobrecarga com Reav. Cog. (c´) .096 .043 2.251 .010* .183 .120
Efeito direto SN na sobrecarga com Sup. emoc (c´) .089 .044 2.016 .051 .001 .322
Eect Boo SE Boo Boo
Efeito indireto da SN na sobrecarga via Reavaliação -.001 .010 -.027 .018
Efeito indireto da SN na sobrecarga via Supressão .005 .020 -.038 .048
* p ≤ . 05 Boo Bootstraping LLCI limite inferior do intervalo confiaa 95% ULCI limite superior
Discussão
Os resultados obtidos permitem-nos constatar que não existem diferenças significativas
entre os cuidadores informais e o grupo de não cuidadores, no que toca às estratégias de coping
avaliadas (controlo, recusa, conversão). No que se refere às diferenças relacionadas com as estra-
tégias de regulação emocional, foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos
em relação à Supressão Emocional, tendo o grupo de cuidadores revelado níveis superiores, em
comparação com o grupo de não cuidadores. Em relação à estratégia Reavaliação Cognitiva, os
resultados demonstraram a ausência de diferenças significativas.
A supressão emocional, estratégia predominantemente não adaptativa, envolve uma inibi-
ção do comportamento sem diminuir o impacto negativo da experiência emocional, podendo
desencadear conseqncias negativas a nível afetivo, cognitivo e social (Gross, 1998a, 1998b,
2002; Gross & Thompson, 2007; Khalaila & Cohen, 2016; Preston et al., 2021). Isto significa que o
cuidador tende a suprimir a expressão das suas emoções, provavelmente procurando manter-
-se focado no desempenho da tarefa de cuidar. Um artigo de revisão literária de Clancy et al.
(2020) corrobora esta perceção, ao apontar que a saúde mental das pessoas cuidadas tende a ser
influenciada pela observação do stresse dos cuidadores. Neste sentido, é possível que cuidadores
informais recorram mais à estratégia da supressão emocional a fim de omitir o próprio estado
emocional às pessoas cuidadas, no intuito de protegê-las.
66
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
Tal observação encontra ainda respaldo na amostra utilizada no nosso estudo, composta,
emboa parte, por cônjuges e familiares das pessoas cuidadas. Ou seja, relações que, pelo grau
de proximidade e intimidade (sobretudo quando em coabitação), permitiriam uma melhor inter-
pretação das emoções alheias (Clancy et al., 2020). De acordo com a AARP Public Policy Institute
(2015), relações de cuidado entre cônjuges e familiares envolvem mais fatores de stresse que
outros tipos de relacionamento. O presente estudo não incluiu o género dos cuidadores como
uma variável, mas outros estudos sugerem haver relação nas estratégias de regulação emocional
preferidas por homens e mulheres (Lloyd et al, 2019; Preston et al., 2021).
A literatura refere que mulheres cuidadoras experienciam mais sobrecarga que os homens
(Brites et al., 2020; Zygouri et al., 2021), além de revelarem menores índice de auto compaixão
sendo este um indicador de estratégias de regulão mais adaptativas, e consequentemente
de menor sobrecarga (Lloyd et al., 2019). Em pessoas com índices menores de auto compaixão,
a supressão emocional pode ser ainda maior (sobretudo em relação às emoções negativas), por
receio do julgamento de outras pessoas. Dado que a nossa amostra é composta por mais mulheres
que homens, futuramente parece relevante considerar o impacto dos papéis de género nas estra-
gias de coping e regulação emocional e seus resultados.
Verificámos ainda, que o aumento dos sintomas neuropsiquiátricos da pessoa com demên-
cia se associa a um aumento da supressão emocional. Isto implica que, quanto maior o nível de
dependência da pessoa cuidada e a exigência associada à tarefa de cuidar, mais tendem os cui-
dadores a inibir comportamentalmente a expressão das suas emoções. Tal ajuste comportamen-
tal, segundo Allen e Windsor (2019), deriva das estragias de regulação emocional que variam
ao longo da vida de acordo com o contexto e fatores situacionais. Portanto, ao surgirem mais
sintomas, maior seria a supressão emocional a fim de adaptar as estratégias a uma situação de
maior depenncia. Uma relação que segundo Clancy et al. (2020), sofre um agravamento quanto
maior o tempo e a frequência dedicados ao cuidado e um maior grau de sobrecarga e desgaste
dos cuidadores. Sobretudo quando os cuidados se destinam a pessoas com quadros crónicos, de
longo prazo, ou progressivamente debilitantes.
Sobre a associação entre os sintomas neuropsiquiátricos e os níveis de sobrecarga, os resul-
tados vão ao encontro dos diversos estudos que constataram esta relação (Aperta, 2015; Berger et
al., 2005; Gimeno et al., 2020; Lawlor, 2006; Lindt et al. 2020; Peeters et al., 2010; Zarit & Edwards,
2008). Segundo Bremenkamp et al. (2014), o sintoma gerador de um maior desgaste é a agita-
ção, referindo ainda outros fatores geradores de elevado stresse, nomeadamente o delírio e alu-
cinação, delírio e ansiedade, delírio e disforia e irritabilidade. Os sintomas neuropsiquiátricos
desencadeiam um aumento do nível de dependência do doente, afetando, consequentemente,
a saúde e o bem-estar do seu cuidador informal, o que se traduz numa grande sobrecarga (Ber-
ger et al., 2005; Brites et al., 2020; Brodaty et al., 2014; Fulton & Epstein-Lubow, 2011; Reichman,
2000; Lawlor, 2006; Zarit & Edwards, 2008). Em relação aos índices de sobrecarga de cuidadores,
importa destacar o estudo de Budnick et al. (2021), realizado durante o primeiro ano da pande-
mia de COVID-19, na Alemanha, que corrobora a relação entre sobrecarga, sintomas neuropsi-
quiátricos e a maior dependência das pessoas cuidadas. Os dados dos investigadores revelaram
que os receios associados à pandemia, as novas exigências de cuidado, bem como as dificuldades
na implementação das medidas preventivas à doença, resultaram numa sobrecarga ainda maior
para os cuidadores.
67
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Tentámos também perceber se, perante um determinado nível de sintomatologia neuropsi-
quiátrica, a utilização de estragias de coping adaptativas, pelo cuidador informal, estaria asso-
ciada a níveis inferiores de sobrecarga. Tal não se verificou, ao contrário dos vários estudos que
descrevem os efeitos positivos do recurso a estratégias de coping adaptativas como resposta à
sobrecarga, fazendo diminuir os seus níveis (Amorim et al., 2017; Chakma & Goswami, 2016; Cus-
tódio et al., 2017; Huang et al., 2015). Estes resultados poderão dever-se ao facto de os cuidadores
informais do nosso estudo recorrerem, sobretudo, a estragias não adaptativas, como a recusa.
Os estudos referidos comprovam que a utilização de estratégias de coping adaptativas contri-
buem para uma diminuição da sobrecarga, no entanto, aparentemente, o recurso a estratégias
menos adaptativas não contribui para o seu aumento.
De forma idêntica, a associação da utilização de estratégias de regulação emocional pelo
cuidador informal a níveis inferiores de sobrecarga, não se confirmou. Existe ainda uma lacuna
muito grande no que toca a estudos neste assunto. No entanto, investigações com cuidadores
formais conseguiram demonstrar que a utilização de estratégias adaptativas de regulação emo-
cional es associada a menores valores de stresse e ansiedade (Ferreira, 2011). Os cuidadores
informais da nossa amostra utilizam mais a supressão emocional como estratégia de regulação
emocional, comparativamente aos não cuidadores. Apesar de uma elevada expressão emocional
estar associada a níveis superiores de sobrecarga (Li & Lewis, 2013; Zhang et al., 2020), não parece
ser a estratégiaoposta para atuar como mediador. Embora, como referimos anteriormente, esta
estratégia esteja associada a consequências negativas a nível afetivo, cognitivo e social (Gross,
1998a, 1999, 2001, 2002, 2007; Gross & Thompson, 2007), tal parece não se verificar, no que se
refere à sobrecarga.
Conclusão
Como salienta a literatura (Berger et al., 2005; ; Brites, et al, 2020; Brodaty et al, 2014; Fulton
& Epstein-Lubow, 2011; Lawlor, 2006; Reichman, 2000; Zarit & Edwards, 2008), vários aspetos
podem influenciar a sobrecarga do cuidador, nomeadamente o nível de cuidados que a pessoa
com demência exige, a ausência de conhecimentos, as próprias competências do cuidador infor-
mal, o suporte social (como a falta de apoio formal, informal e familiar), a duração da prestação
de cuidados, os problemas comportamentais da pessoa a cuidar e as estratégias de coping ado-
tadas pelo cuidador (Cruz et al., 2010; Kalhaila & Cohen, 2015; Lage, 2005; Preston et al., 2021).
No entanto, de acordo com os resultados do nosso estudo, as estratégias de coping e de regulação
emocional não medeiam a relação entre os sintomas neuropsiquiátricos e a sobrecarga.
Os estudos existentes comprovam que estratégias de coping adaptativas m um efeito posi-
tivo como resposta à sobrecarga, fazendo diminuir os seus níveis (Allen & Windsor, 2019; Amo-
rim et al., 2017; Chakma & Goswami, 2016; Huang et al., 2015; Lloyd et al., 2019; Preston et al.,
2021). Contudo, é possível que estragias menos adaptativas não possuam um efeito oposto. Em
relação às estratégias de regulação emocional coloca-se a mesma hipótese mas, não estudos
que comprovem o mesmo, a não ser com uma população diferente (cuidadores formais) e com
variáveis distintas, em que estas ajudam na diminuição dos níveis de stresse e de ansiedade
(Ferreira, 2011).
68
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
Seria uma mais valia contribuir para o aumento do bem-estar geral desta população forne-
cendo algum apoio social, por exemplo com formações aos cuidadores informais e sua família,
dando algumas ferramentas psicológicas para que estes consigam enfrentar a tarefa de cuidar
da melhor maneira possível, para que também não se mantenham isolados, muitas vezes, neste
sofrimentosico e psicológico, e sim com o sentimento de que também são acompanhados, visto
que podemos comprovar os efeitos negativos que o cuidar pode trazer para os mesmos. Sendo
que, a tarefa de cuidar poderá vir a ser cada vez mais frequente, e por outro lado também funda-
mental, na medida em que a população portuguesa está cada vez mais envelhecida e, portanto,
também as previsões apontam para um aumento das pessoas a sofrer de demência.
Apesar do contributo deste estudo, no que se refere à tentativa de uma maior compreensão
sobre os processos internos que podem conduzir a um aumento da sobrecarga, é importante refe-
rir as suas limitações. Em primeiro lugar, a dimensão reduzida da amostra poderá não ter permi-
tido detetar diferenças significativas. Por outro lado, a entrada do país em estado de emergência
devido à COVID-19 impediu a continuação da recolha de dados junto de uma população muito
vulnerável e a necessitar de proteção, impedindo que pudéssemos controlar algumas variáveis
da amostra como a idade e onero do cuidador, assim como o seu grau de parentesco com a pes-
soa de quem cuidam (através de uma amostra maior). Não permitiu, igualmente, controlar var-
veis potencialmente relevantes como o nível de gravidade da demência, ou o tipo de demência,
em específico. Finalmente, sendo este um estudo transversal, não foi possível avaliar a evolução
da sobrecarga ao longo do tempo e procurar relações causais entre as variáveis em estudo.
Referências
Allen, V. C., & Windsor, T. D. (2019). Age differences in the use of emotion regulation strategies derived
from the process model of emotion regulation: a systematic review. Aging & Mental Health, 23(1),
1–14. https://doi.org/10.1080/13607863.2017.1396575
Alzheimer Europe. (2019). Dementia in Europe Yearbook 2019 – Estimating the prevalence of dementia in
Europe. Alzheimer Europe.
Amorim, F., Giorgion, M. & Forlenza, O. (2017). Social skills and well-being among family caregivers to
patients with Alzheimer’s disease. Arch Clinical Psychiatry, 44(6), 159-61. https://doi.org/10.1590/0101-
60830000000143
Aperta, J. (2015). Aspetos positivos do cuidar e o apoio social percebido nos cuidadores informais de pessoas
com demência [Dissertação de Mestrado não publicada]. Instituto Politécnico de Bragança
Araújo, I., Paúl, C. & Martins, M. (2009). Cuidar no paradigma da desinstitucionalização: A sustentabili-
dade do idoso dependente na família. Revista de Enfermagem, 3(2). https://doi.org/10.12707/RII1013
Argimon, J., Limon, E., Vila, J. & Cabezas, C. (2005). Health-related quality-of-life of care-givers as a pre-
dictor of nursing-home placement of patients with dementia. Alzheimer Disease and Association Dis-
orders, 19(1), 41-44. https://doi.org/10.1097/01.wad.0000160343.96562.8e
AARP Public policy institute and National Alliance for caregiving (2015). Caregiving in the U.S. research
report. National Alliance for Caregiving and AARP Public Policy Institute. https://www.aarp.org/
content/dam/
69
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Bédard, M., Molloy, D., Squire, L., Dubois, S., Lever, J. & O’Donnell, M. (2001). The Zarit Burden Inter-
view: a new short version and screening version. Gerontologist, 41(5), 652-7. https://doi.org/10.1093/
geront/41.5.652
Berger, G., Bernhardt, T., Weimer, E., Peters, J., Kratzsch, T. & Frolich, L. (2005). Longitudinal study on
the relationship between symptomatology of dementia and levels of subjective burden and depres-
sion among family caregivers in memory clinic patients. Journal of Geriatic Psychiatry and Neurology,
18(3), 119-128. https://doi.org/10.1177/0891988704273375
Bertrand, R., Fredman, L. & Saczynski, J. (2006). Are all caregivers created equal? Stress in caregiv-
ers to adults with and without dementia. Journal of Aging and Health, 18(4), 534-551. https://doi.
org/10.1177/0898264306289620
Brandão, T., Matias, M., Ferreira, T., Vieira, J., Schulz, M., & Matos, P. (2019). Attachment, emotion regula-
tion, and well-being in couples: Intrapersonal and interpersonal associations. Journal of Personality,
88, 748-761. http://dx.doi.org/10.1111/jopy.12523
Bremenkamp, M., Rodrigues, L., Lage, R., Laks, Cabral, H. & Morelato, R. (2014). Sintomas neuropsiquiá-
tricos na doença de Alzheimer: frequência, correlação e ansiedade do cuidador. Revista Brasileira de
Geriatria e Gerontologia, 17(4), 763-773. https://doi.org/10.1590/1809-9823.2014.13192
Brites, R., Brandão, T., Pereira, F., Hipólito, J. & Nunes, O. (2020). Effects of supporting patients with demen-
tia: A study with dyads. Perspectives in Psychiatric Care. 1-7. https://doi.org/10.1111/ppc.12476
Brodaty, H., & Donkin, M. (2009). Family caregivers of people with dementia. Dialogues in Clinical Neuro-
science, 11(2), 217-228. https://dx.doi.org/10.31887%2FDCNS.2009.11.2%2Fhbrodaty
Brodaty, H., Woodward, M., Boundy, K., Ames, D., & Balshaw, R. (2014). Prevalence and predictors of
burden in care-givers of people with dementia. The American Journal of Geriatric Psychiatry, 22,
756-765. https://doi.org/10.1016/j.jagp.2013.05.004
Budnick, A., Hering, C., Eggert, S., et al. (2021). Informal caregivers during the COVID-19 pandemic per-
ceive additional burden: findings from an ad-hoc survey in Germany. BMC Health Service Research,
21, 353. https://doi.org/10.1186/s12913-021-06359-7
Chakma, P. & Goswami, H. (2016). Burden & Coping in Caregivers of Persons with Dementia. Eastern Jour-
nal of Psychiatry, 19(1), 18-23. DOI:10.5005/EJP-19-1-18
Clancy, R., Fisher, G., Daigle, K., Henle, C., McCarthy, J. & Fruhauf, C. (2020). Eldercare and Work Among
Informal Caregivers: A Multidisciplinary Review and Recommendations for Future Research. Jour-
nal of Business and Psychology. 35(3). DOI:10.1007/s10869-018-9612-3.
Cohen, C. (2000). Caregivers for people with dementia: what is the family physician’s role? Canadian
Family Physician, 46, 376-380.
Cruz, D., Loureiro, H., Silva, M. & Fernandes, M. (2010). As vivências do cuidador informal do idoso depen-
dente. Revista de Enfermagem Referências, 3(2), 127-136. DOI:10.12707/RIII1018
Cupertino, A., Aldwin, C. & Oliveira, B. (2006). Moderadores dos efeitos do estresse na saúde auto-perce-
bida de cuidadores. Interação em Psicologia, 10(1), 9-18.
Diamond, L. M., & Aspinwall, L. G. (2003). Emotion regulation across the life span: An integrative perspec-
tive emphasizing self-regulation, positive affect, and dyadic processes. Motivation and Emotion, 27(2),
125-156. https://doi.org/10.1023/A:1024521920068
Esparbés, S., Sordes-Ader, F., & Tap, P. (1993). Présentation de léchelle de coping. In Actes de las Journées du
Laboratoire Personnalisation et Changements Sociaux (p. 89-107). Université de Toulouse – Le-Mirail.
70
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
Espirito-Santo, H. A., Amaro, H., Lemos, L., Matias, N., Gomes, J. & , P. (2010). Inventário Neurop-
siquiátrico (questionário) NPI-Q. Tradução Portuguesa: estudo em curso.
Ferreira, V. (2011). Relação do ambiente laboral percepcionado pelos cuidadores formais com a regulação
emocional e com os sintomas psicopatológicos: estudo exploratório nas unidades de internamento de cui-
dados continuados integrados [Dissertação de Mestrado não publicada]. Instituto Superior de Ciências
da Saúde – Norte.
Figueiredo, D. (2007). Cuidados familiares ao idoso dependente. Climepsi Editores.
Fulton, A.T., & Epstein-Lubow, G. (2011). Family caregiving at the end of life. Medicine and health, Rhode
Island, 94(2) 34-35.
Galvis, M. & Córdoba, A. (2016). Relación entre depresión y sobrecarga en cuidadores de pacientes com
demência tipo Alzheimer. Psicologia Desde el Caribe, 33(2), 190-205. http://dx.doi.org/10.14482/
psdc.33.2.6307
Garnefskig, N., Kraaiy, V., & Spinhovem, P. (2001). Negative life events, cognitive emotion cognitive
regulation and emotion problems. Personality and Individual differences, 3, 1311-1327. https://doi.
org/10.1016/S0191-8869(00)00113-6
George, L. & Gwyther, L. (1986). Caregiver well-being: a multidimensional examination of family care-
givers of demented adults. The Gerontologist, 26(3), 253-259. https://doi.org/10.1093/geront/26.3.253
George, D., & Mallery, P. (2003). SPSS for Windows step by step: A simple guide and reference 11.0 update.
Allyn & Bacon.
Gérain, P. & Zech, E. (2019). Informal Caregiver Burnout? Development of a Theoretical Framework
to Understand the Impact of Caregiving. Front. Psychol., 31 July 2019, 10. https://doi.org/10.3389/
fpsyg.2019.01748
Gimeno, I., Val, S., Cardoso & Moreno, M.J. (2021). Relation among CaregiversBurden, Abuse and Beha-
vioural Disorder in People with Dementia. International Journal of Environmental Research and Public
Health, 18, 1263. https://doi.org/10.3390/ijerph18031263
Gratz, L. (2007). Targeting emotion dysregulation in the treatment of self-injury. Journal of clinical psychol-
ogy, 63(11), 1091–1103. https://doi.org/10.1002/jclp.20417
Gratz, K., & Roemer, L. (2004). Multidimensional assessment of emotion regulation and dysregula-
tion: Development, factor structure, and initial validation of the difficulties in emotion regulation
scale. Journal Psychopathology and Behavioral Assessment, 26(1), 41-54. https://doi.org/10.1023/B:-
JOBA.0000007455.08539.94
Gross, J. (1998a). The emerging field of emotion regulation: an integrative review. Review of General Psy-
chology, 2(3), 271-299. https://doi.org/10.1037%2F1089-2680.2.3.271
Gross, J. (1998b). Antecedent and response-focused emotion regulation: divergent consequences for expe-
rience, expression, and physiology. Journal of Personality and Social Psychology, 74(1), 224-237. https://
psycnet.apa.org/doi/10.1037/0022-3514.74.1.224
Gross, J. (2002). Emotion regulation: affective, cognitive, and social consequences. Psychophysiology, 39,
281-291. https://doi.org/10.1017/s0048577201393198
Gross, J., & John, O. (2003). Individual Differences in Two Emotion Regulation Processes: Implications
for affect, relationships, and well-being. Journal of Personality and Social Psychology, 85(2), 348-362.
https://doi.org/10.1037/0022-3514.85.2.348
Gross, J., & Thompson, R. (2007). Emotion Regulation: conceptual foundations. In J.J. Gross (Eds.), Hand-
book of emotion regulation (p. 3-24). The Guildford Press.
71
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
Hayes, A. (2018). Introduction to mediation, moderation, and conditional process analysis: a regression-based
approach (2ª ed.). Guilford Press.
Huang, M., Huang, W., Su, Y., Hou, S., Chen, H., Yeh, Y. & Chen, C. (2015). Coping Strategy and Caregiver
Burden Among Caregivers of Patients with Dementia. American Journal of Alzheimer’s Disease &
Other Dementias, 30(7), 694-698. https://doi.org/10.1177%2F1533317513494446
Instituto Nacional de Estatística [INE]. (2017). Projeções de População Residente. Retirado de: https://
www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=277695619&-
DESTAQUESmodo=2&xlang=pt
Khalaila, R., & Cohen, M. (2016). Emotional suppression, caregiving burden, mastery, coping strategies
and mental health in spousal caregivers.Aging & mental health,20(9), 908–917. https://doi.org/10.108
0/13607863.2015.1055551
Kiral, K., Yetim, U. Özge, A., & Aydin, A. (2017). The relationships between coping strategies, social sup-
port and depression: an investigation among Turkish caregivers of patients with dementia. Ageing &
Society, 37, 167-187. http://dx.doi.org/10.1017/S0144686X1500104X
Lage, I. (2005). Cuidados familiares a idosos. In C. Paúl & A. Fonseca (coord.), Envelhecer em Portugal. Cli-
mepsi Editores
Lawlor, B. (2006). Sintomas comportamentais e psicológicos na demência. In H. Firmino (Ed.). Psicogeria-
tria (pp. 267-279). Psiquiatria Clínica.
Leininger, M. & McFarland, M. (2002). Transcultural nursing: concepts, theories, research, and practice
(3.ªed.). McGraw-Hill.
Leitão, O., & Nina, A. (2008). Inventário Neuropsiquiátrico. In A. de Mendonça, & M. Guerreiro (Eds.), Esca-
las e Testes na Demência (3ª Ed.) (p.77-97). Grupo de Estudos do Envelhecimento Cerebral e Demên-
cias.
Lemos, M. (2013). Parecer de iniciativa sobre as consequências económicas, sociais e organizacionais decor-
rentes do envelhecimento da população. Conselho económico e Social. Retrived from https://ces.pt/
wp-content/uploads/2021/12/pareceres-02-2013.pdf
Li, C. Y., & Lewis, F. M. (2013). Expressed emotion and depression in caregivers of older adults with demen-
tia: Results from Taiwan. Aging and Mental Health, 17, 924-929. https://doi.org/10.1080/13607863.201
3.814098
Lindt, N., van Berkel, J., & Mulder, B. (2020). Determinants of overburdening among informal carers: a
systematic review. BMC Geriatrics, 20, 304. https://doi.org/10.1186/s12877-020-01708-3
Liu, W. & Gallagher-Thompson, D. (2009). Impact of dementia caregiving: risks, strains and growth. In S.
H. Qualls & S. H. Zarit (Eds.), Aging families and caregiving. John Wiley & Sons.
Lloyd, J., Muers, J., Patterson, T. G., & Marczak, M. (2019). Self-Compassion, Coping Strategies, and Care-
giver Burden in Caregivers of People with Dementia. Clinical Gerontologist, 42(1), 47–59. https://b-on.
ual.pt:2238/10.1080/07317115.2018.1461162
Loureiro, N. (2009). A sobrecarga física, emocional e social dos cuidadores informais de idosos com
demência [Dissertação de Mestrado não publicada]. Universidade Fernando Pessoa.
Luzardo, A., Gorini, M. & Silva, A. (2006). Características de idosos com doença de Alzheimer e seus cui-
dadores: uma série de casos em um serviço de neurogeriatria. Revista Texto & Contexto Enfermagem,
15(4), 587-594. https://doi.org/10.1590/S0104-07072006000400006
72
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Ana Madalena Ribeiro Mateus, Fernanda Lyrio Heinzelmann, Rute Brites, Tânia Brano, Odete Nunes, João Hilito
Miladinov, G. (2021). The mechanism between mortality, population growth and ageing of the popula-
tion in the European lower and upper middle income countries.PLoS ONE,16(10), 1–19. https://doi.
org/10.1371/journal.pone.0259169
Monis, C., Lopes, G., Carvalhas, J. & Machado, S. (2005). Sobrecarga do cuidador informal. Escola Superior
de Enfermagem Imaculada Conceição, 35, 49-55.
Monteiro, M. C. D., Martins, M. M., Dornelles Schoeller, S., & Antunes, L. (2021). Assistência à Saúde
Dos Idosos: Equipe Interdisciplinar De Saúde. Revista Baiana de Enfermagem, 35, 112. https://doi.
org/10.18471/rbe.v35.36702
Moreira, M. J. G. (2020). Como Envelhecem os Portugueses - envelhecimento, saúde, idadismo. Fundação
Francisco Manuel dos Santos.
Nunes, O., Brites, R., Pires, M., & Hipólito, J. (2014). Escala Toulousiana de Coping Reduzida. Relatório
cnico. Centro de Investigação em Psicologia - Universidade Autónoma de Lisboa.
Ory, M. G., Yee, J. L., Tennstedt, S. L., & Schulz, R. (2000). The extent and impact of dementia care: Unique
challenges experienced by family caregivers. In R. Schulz (Ed.), Handbook on dementia caregiving:
Evidence-based interventions for family caregivers (p. 132). Springer Publishing Company.
Paúl, C. (2005). A construção de um modelo de envelhecimento humano. In C. Paúl & A. Fonseca (Eds.),
Envelhecer em Portugal. Climepsi.
Pascual-Saez, M., Cantarero-Prieto, D. & Manso, J. (2020). Does population ageing affect savings in Europe?.
Journal of Policy Modeling, 42(2), 291-306. https://doi.org/10.1016/j.jpolmod.2019.07.009.
Peeters, M., Van Beek, A., Meerveld, M., Spreeuwenberg, M. & Francke, L. (2010). Informal caregivers
of persons with dementia, their use and needs for specific professional support: a survey of the
National Dementia Programme. BMC Nursing. 9, 9. https://doi.org/10.1186/1472-6955-9-9
Pereira, M. (2007). Cuidadores informais de doentes com Alzheimer. Sobrecarga física, emocional e social e
psicopatologia [Dissertação de Mestrado não publicada]. Universidade do Porto.
Perry-Duxbury, M., van Exel, J., Brouwer, W., Sköldunger, A., Gonçalves-Pereira, M., Irving, K., Meyer,
G., Selbæk, G., Woods, B., Zanetti, O., Verhey, F., Wimo, A., Handels, R. L. H., & Actifcare Consor-
tium. (2020). A validation study of the ICECAP-O in informal carers of people with dementia from
eight European Countries.Quality of Life Research,29(1), 237251. https://doi.org/10.1007/s11136-019-
02317-3
Pinquart, M. & Sörensen, S. (2003). Associations of stressors and uplifts of caregiving with caregiver bur-
den and depressive mood: a meta-analysis. Journal of Gerontology: Psychological Science, 58(2), 112-
128. https://doi.org/10.1093/geronb/58.2.p112
Preston, T., Carr, D. C., Hajcak, G., Sheffler, J., & Sachs-Ericsson, N. (2021). Cognitive reappraisal, emotio-
nal suppression, and depressive and anxiety symptoms in later life: The moderating role of gender.
Aging & Mental Health, 26(12), 2390-2398. https://doi.org/10.1080/13607863.2021.1998350
Pronost, A., & Tap, P. (1996). La prévention du burnout et ses incidences sur les stratégies de coping. Psy-
chologie Française, 41, 165-172.
Reichman, W. (2000). Nondegenerative dementing disorders. In C. E. Coffey, & J. L. Cummings (Eds.), Text-
book of Geriatric Neuropsychiatry (p. 491). American Psychiatric Press, Inc.
Ricarte, S. (2009). Sobrecarga do cuidador informal de idosos dependentes no Concelho da Ribeira Grande
[Dissertação de Mestrado]. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
Riedjik, S., De Vugt, M., Duivenvoorden, H., Niermeijer, M., Van Swieten, J., Verhey, F., et al. (2006). Care-
giver burden, health-related quality of life and coping in dementia caregivers: a comparison of
73
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 54-73
Regulão emocional, estratégias de coping esobrecarga de cuidadores informais de pessoas comdemência
frontotemporal dementia and Alzheimer’s Disease. Dementia and Geriatric Cognitive Disorders, 22,
405-412. http://dx.doi.org/10.1159/000095750
Sá, I. (2002). O desenvolvimento da compreensão e da regulação das emoções. Educação Emocional, 4,
7-16.
Santos, S., Pelzer, M. & Rodrigues, M. (2007). Condições de enfrentamento dos familiares cuidado-
res de idosos portadores de doença de Alzheimer. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento
Humano,4(2), 114-126. https://doi.org/10.5335/rbceh.2012.133
Scazufca, M. (2002). Versão Brasileira da escala Burden Interview para avaliação da sobrecarga em cui-
dados de indivíduos com doenças mentais. Revista Portuguesa de Psiquiatria, 25(6), 12-17. https://doi.
org/10.1590/S1516-44462002000100006
Seima, D. & Lenardt, M. (2011). A sobrecarga do cuidador familiar de idoso com Alzheimer. Textos & Con-
textos (Porto Alegre), 10(2) 388-398.
Sequeira, C. (2010a). Adaptação e Validação da Escala de Sobrecarga do Cuidador de Zarit. Revista Refe-
rência, 12(2), 9-16.
Sequeira, C. (2010b). Cuidar de Idosos com Dependência Física e Mental. Lidel.
Tabachnick, B. & Fidell, L. (2007). Using Multivariate Statistics (6ª ed.). Pearson.
Tap, P., Costa, E., & Alves, M. (2005). Escala Toulousiana de Coping (ETC): Estudo de adaptação à popu-
lação portuguesa. Psicologia, Saúde & Doenças, 6(1), 47-56.
Thompson, R. (1994). Emotion regulation: a theme in search of definition. In N. A. Fox (Ed.), The develop-
ment of emotion regulation: Biological and behavioral considerations, Monographs of the Society for
Research in Child Development, 59, 25–52.
Vaz, F., & Martins, C. (2009). Diferenciação e Regulação Emocional na Idade Adulta: Tradução e validação de
dois instrumentos de avaliação para a população portuguesa [Dissertação de Mestrado]. Universidade
do Minho.
Wiegelmann, H., Speller, S., Verhaert, LM.et al.(2021). Psychosocial interventions to support the mental
health of informal caregivers of persons living with dementia a systematic literature review.BMC
Geriatr21,94. https://doi.org/10.1186/s12877-021-02020-4
World Health Organization (2012). Dementia: a public health priority. World Health Organization
Zhang, F., Cheng, S., & Gonçalves-Pereira, M. (2020). Factors contributing to protection and vulnerabi-
lity in dementia caregivers. In C. Martin & V. Preedy (Eds.), Genetics, Neurology, Behavior, and Diet
in Dementia: The Neuroscience of Dementia, Volume 2 (Vol. 2, pp. 709-722). Elsevier. https://doi.
org/10.1016/B978-0-12-815868-5.00045-1
Zarit, S. & Edwards, A. (2008). Family caregiving: research and clinical intervention. In B. Woods & L.
Clare (Eds.), Handbook of the clinical psychology of ageing (p. 255-288). John Wiley & Sons.
Zarit S. & Zarit, J.M. (1983). The Memory and Behaviour problems checklist – and the burden interview. Tech-
nical report. Pennsylvania State University.
Zygouri, I., Cowdell, F., Ploumis, A., Gouva, M., & Mantzoukas, S. (2021). Gendered experiences of
providing informal care for older people: a systematic review and thematic synthesis. BMC
Health Services Research, 21(1), 115. https://doi.org/10.1186/s12913-021-06736-2
74
PERSONALITY TRAITS AND FEAR OF COVID19 PREDICTING
VACCINE HESITANCY AMONG SELECTED UNIVERSITY STUDENTS
IN ABEOKUTA, NIGERIA
Samson F. Agberotimi1, Fisayo P. Okeowo2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2023 PP. 7485
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.2.4
Submited on 12/02/2023 Submetido a 12/02/2023
Acceptted on 27/06/2023 Aceite a 27/06/2023
Abstract
Introduction: This cross-sectional survey examined the predictive influence of personality
traits and fear of COVID-19 on COVID-19 vaccine hesitancy among undergraduate students in
Abeokuta, Nigeria.
Methods: Three hundred and ninety-two participants (267 females and 122 males, mean
age ± SD = 20.33 ± 2.55 years) completed a two-section questionnaire collecting data regarding
demographic information, personality factors, fear of COVID-19, and vaccine hesitancy. Data
were analysed using SPSS v.25.
Results: The results showed significant joint and independent prediction of personality traits
on COVID-19 vaccine hesitancy (R2 = .27; F= (5,386) = 28.957, p<.05). There was a significant diffe-
rence in the vaccine hesitancy reported by participants who scored high and those low on fear of
COVID-19 (t (390) = 2.53, p= <.05). There was a significant difference between male participants
compared to the female participants on vaccine hesitancy (t (387) = -2.058, p= <.05). The results on
the difference between students in the different schools on COVID-19 vaccine hesitancy showed
no significant difference between private university students and public university students
(t(390) = -.137, p= >.05). There was a significant difference between Christian participants and
the Muslim participants on vaccine hesitancy (t (389) = -3.195, p= <.05).
Conclusion: Personality traits are vital influences associated with COVID-19 vaccine hesi-
tancy among undergraduate students in Ogun State. The study recommends that other studies
incorporate more participants from various universities in Nigeria to cut across cultures. This
will make for credibility in the generalization of the findings to the general population.
1 Department of Psychology, Chrisland University, Abeokuta, Nigeria. E-mail address: sagberotimi@chrislanduniversity.edu.
ng; femiagberotimi@gmail.com
2 Department of Psychology, Chrisland University, Abeokuta, Nigeria. E-mail address: okeowoprecious26@gmail.com
Corresponding Author:
Samson F. Agberotimi, PhD, Department of Psychology, Chrisland University, Abeokuta, Nigeria, Phone numbers:
+2348034891825, E-mail address: sagberotimi@chrislanduniversity.edu.ng; femiagberotimi@gmail.com
75
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Samson F. Agberotimi, Fisayo P. Okeowo
Keywords: COVID-19, fear of COVID-19, Personality traits, COVID-19 Vaccine Hesitancy, Undergraduate
students
Introduction
There are regional differences in vaccine hesitancy, as well as between different population
segments. For instance, in high-income nations, the patterns of vaccination uptake for COVID-19
did not always correspond to the availability of vaccines and well-established healthcare sys-
tems. The psychological features of people who were hesitant to get vaccinated, however, were
consistent across socio-demographic differences.
The final individual choice to receive or reject personal or child vaccination results from a
complex and dynamic interaction of environmental, sociological, cultural, political, and perso-
nal psychological and attitudinal elements.
For the COVID-19 vaccine hesitancy globally, a similar intricate interplay of environmental
and personal issues has been reported. Over the years, one of the effective ways of combatting
diseases including viral ones such as COVID-19 is through vaccination, especially for preventive
intervention. The process of developing a vaccine, to trials and final approval for use on humans, is
usually lengthy and difficult. Due to the overwhelming impacts of COVID-19 including economic
and social disruptions, and even existential threats, the best of the worlds scientists and health-
care personnel of many countries swung into action and came up with the best options vaccine
against COVID-19 which later became available to all parts of the world including Nigeria.
Currently, seven COVID-19 vaccines are being utilized in Nigeria: BioNTech/Pfizer vaccine,
Johnson & Johnson vaccine, Moderna Spikevax vaccine, Oxford/Zeneca Vaxzeria, Covishield
(Oxford/AstraZeneca formulation), Gamaleya Sputnik V vaccine, Sinopharm (Beijing) (VIPER
Group COVID-19 Vaccine Tracker Team, 2022).
Extraversion, agreeableness, conscientiousness, neuroticism, and openness to experience
are the five main dimensions of the Big Five Theory of Personality, which is a recognized and
validated assessment of a persons personality traits and attitudes. It is based on research that
defines personality as a hierarchical organization of personality traits across these five dimen-
sions. Extensive research has supported the model’s thoroughness and its applicability to diffe-
rent observers and cultural contexts. In fact, studies looking for links between the five compo-
nent personality traits and hesitation to get the COVID-19 and seasonal flu vaccines have found
conflicting results.
This study also investigated the association between fear of COVID-19 and vaccination
intention and the impact of psychological factors connected to individual differences as poten-
tial mediators, such as existential anxiety and conspiracy theories. The dread of COVID-19 is
increasing globally, according to recent research (Knipe et al., 2020), and high levels of fear can
contribute to anxiety, sadness, and depression as well as, in more extreme circumstances, sui-
cide (Satici et al., 2021). According to Rogers(1975) protection motivation theory (PMT), people
are more likely to engage in healthy habits when there is a health danger. According to a recent
study by Reuken et al. (2020), those who have a greater fear of COVID-19 are more likely to wash
their hands more regularly, wear personal protective equipment more frequently, and choose
76
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Personality Traits and Fear of COVID-19 Predicting Vaccine Hesitancy among Selected University Students in Abeokuta, Nigeria
remote medical consultations. These protective responses might indicate that those with high
levels of fear are more likely to receive vaccinations. In fact, Scrima et al. (2022) discovered a
positive correlation between fear of COVID-19 and intention to get vaccinated in a recent study.
The present study attempted to investigate the relationship between these personality
domains, fear of COVID-19 and vaccine hesitancy in selected students in Abeokuta. Understan-
ding COVID-19 hesitancy and identifying the roles play by the studentspersonality traits and
fear of COVID-19 among young adults, particularly those in the university is important as the
knowledge will inform strategic actions such as policies and preventive intervention in tertiary
institutions.
The main aim of this study is to investigate the predictive influence of personality traits and
fear of COVID-19 on COVID-19 vaccine hesitance among university students. In line with the aim
of the study, the following hypotheses guided the study:
Personality traits will significantly jointly and independently predict COVID-19 vaccine
hesitancy among undergraduate students.
Individuals with low fear of COVID-19 will report significantly higher COVID-19 vaccine
hesitancy than their counterparts with high fear of COVID-19.
There will be a significant difference in the COVID-19 vaccine hesitancy among students of
different religious identities (Christians and Muslims).
Students of the selected private university will report significantly higher COVID-19 vac-
cine hesitancy than those studying at the selected government university.
• There will be a significant gender difference in COVID-19 vaccine hesitancy among under-
graduate students.
Methodology
Study Design
The author utilized a cross-sectional survey design in the analysis of the personality traits
and fear of COVID-19 associated with COVID-19 vaccine hesitancy in undergraduate students.
The link to the survey was advertised across the social media platforms of the University. The
survey was available in English.
Participants
A total of three hundred and ninety-two (392) students from the schools, who were willing,
to participate [267 (68.1%) females, 123 (31.4%) males and while 2 (0.5%) of the participants pre-
ferred not to say] were purposively selected from Chrisland University (CLU)-250 and Tai Sola-
rin University of Education (TASUED)-142 as participants in this study. Their age ranges from
16-28 years (mean age ± SD = 20.33 ± 2.55 years). With regards to the level of education in the
77
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Samson F. Agberotimi, Fisayo P. Okeowo
institution, 109 (27.8%) were in their first year, 103 (26.8%) were in their second year, 79 (20.2%)
were in their third year while 101 (25.8%) were in their fourth year.
Measures
The data for the study were collected with the aid of an online questionnaire. Participants
identity was fully anonymous in the survey. Two sections made up the survey: The informed
consent and the respondent’s information, including gender, level, age, education, marital status,
and religion, are included in Section A. Measures on personality traits, fear of COVID-19, and
vaccine hesitancy were included in Section B.
Personality Trait
The Big Five Personality Inventory, which was derived from Rammstedt, B. & John, O.P.
(2007), was used to gather data regarding the participant’s personality qualities. Ten items from a
modified Big Five Personality Inventory were used in the administration. The instruments items
are all in the Likert scale format, with the options being strongly disagreed, disagree a little, nei-
ther agree nor disagree, agree a little, and agree strongly. To make sure that high scores always
represent a high level of the personality trait evaluated, reverse scoring is employed for items 1,
7, 3, 4, and 5.
Fear of COVID-19
The Fear of COVID-19 Scale (Ahorsu et al., 2021) was used to measure ones fear of COVID-19.
The questionnaire consists of 7 items that assess the overall fear of COVID-19, such as “When
watching news and stories about coronavirus-19 on social media, I become nervous or anxious.
In this current study, responses were rated on a 5-point Likert scale, with 1 being “totally
disagreeand 5 being “totally agree. High scores indicated a high fear ofCOVID-19 (Cronba-
chsalpha=0.85).
Vaccine Attitude Examination
The Vaccine Attitudes Examination Scale (VAX), a validated instrument for measuring vac-
cine hesitancy (Martin & Petrie, 2017), was utilized as a component of a composite questionnaire
to gauge research participants’ attitudes, awareness of, and reticence about, vaccination. The res-
ponse options include, including I absolutely disagree, I don’t agree, Neutral, I’m not sure, I agree,
and I absolutely agree. While all other items are scored directly, items 1-3 are scored in reverse.
Procedure
For the ease of access to participants, prevailing circumstances - such as students not in school
during the time of data collection, research participants were recruited using the Google Forms
link. A computer-generated link containing information about the research and questionnaire
78
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Personality Traits and Fear of COVID-19 Predicting Vaccine Hesitancy among Selected University Students in Abeokuta, Nigeria
was dispersed to potential participants through various WhatsApp platforms comprising the
research target population and also through personal mail for completion.
The questionnaire was also distributed online with the aid of colleagues in the two schools
who has access to the target population. The participants’ data sheet included information about
the purpose of the study, informed consent, confidentiality, the nature of the questions, and how
to complete the study. Participants who consented to take part in the research via Google Forms
then went on to complete the questionnaire. The questionnaire contained information on parti-
cipants’ socio-demographic characteristics. A questionnaire containing the research measures
was given to the participants for completion.
Data analyses were performed with the aid of the SPSS v.25 software.Hypothesis 1 was
analysed using Multiple Linear Regression while Hypotheses 2-5 were analysed using Indepen-
dent Sample T-Test. A 0.05 significance level was used.
Results
Data collected were subjected to descriptive and inferential statistical analyses. Five hypo-
theses generated were tested. Data were gathered from three hundred and ninety-two (N=392)
undergraduate students. The results of the data analysis and interpretations are presented,
followed by a discussion of the findings.
Hypothesis one:
Personality traits (Openness, Conscientiousness, Extraversion, Agreeableness and Neuroti-
cism) will significantly jointly and independently predict COVID-19 vaccine hesitancy among
undergraduate students.
TABLE1
Multiple Regression Summary Table Showing Results on Personality Traits Predictors of COVID-19 Vaccine
Hesitancy
Predictors ΒT Sig R R2 F P
Openness .173 3.91 .000
Conscientiousness -.373 -8.14 .000
Extraversion -.208 -4.48 .000
.522 .27 28.957 <.05
Agreeableness -.139 -3.01 .003
Neuroticism -.185 -3.95 .000
Note: R= .27; * p<.05. ** p<.01. *** p<.001
Table 1 shows results on the joint and independent prediction of personality traits (Open-
ness, Conscientiousness, Extraversion, Agreeableness and Neuroticism) on COVID-19 vaccine
hesitancy. The overall regression showed that personality traits (Openness, Conscientiousness,
79
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Samson F. Agberotimi, Fisayo P. Okeowo
Extraversion, Agreeableness and Neuroticism) had a significant joint and independent predic-
tion of COVID-19 vaccine hesitancy (p < .05). [R2 = .27; F= (5, 386) = 28.957; p= <.05]. However,
Openness shows significant independent prediction on COVID-19 vaccine hesitancy (β = .173;
p= <.05). Conscientiousness shows significant independent prediction on COVID-19 vaccine
hesitancy (β-.373; p= <.05). Extraversion show significant independent prediction on COVID-19
vaccine hesitancy (β = -.208; p= <.05). Agreeableness show significant independent prediction
on COVID-19 vaccine hesitancy (β = -.139; p= <.05). Neuroticism show significant independent
prediction on COVID-19 vaccine hesitancy (β = -.183; p= <.05).
Hypothesis two
Undergraduate students low on fear of COVID-19 will be significantly higher on COVID-19
vaccine hesitancy than those high on fear of COVID-19.
TABLE2
Independent Sample T-Test Showing the Difference Between Schools on COVID-19 Vaccine Hesitancy.
Fear of COVID-19 N M Std. Dev. T df P
Low 197 33.06 7.46
2.53 390 <.05
High 195 30.32 13.26
Note: N= number of students; t (390) = 2.53, p= <. 05.. ** p<.01. *** p<.001
Table 2 shows that there was a significant difference between the 197 participants who sco-
red greater than or equal to 13 (M= 33.06, SD= 7.46) compared to the 195 participants who sco-
red 12 lesser than 12 (M= 30.32, SD=13.26), t (390) = 2.53, p= <.05. People who are low on fear of
COVID-19 will be high on COVID-19 vaccine hesitancy.
Hypothesis three
Undergraduate students who were Muslim will significantly be more hesitant toward the
COVID-19 vaccine than their Christian counterparts.
TABLE3
Independent Sample T-Test Showing the Difference Between Genders on COVID-19 Vaccine Hesitancy.
Religion N Mean Std. Deviation T df P
Christian 305 30.79 10.73
-3.195 389 <.05
Muslim 86 34.97 10.59
Note: N= number of students; t (389) = -3.195, p= <.05. ** p<.01. *** p<.001
80
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Personality Traits and Fear of COVID-19 Predicting Vaccine Hesitancy among Selected University Students in Abeokuta, Nigeria
Table 3 shows that there was a significant difference between Muslim participants (M = 34.97,
SD= 10.59) compared to the Christian participants (M= 30.79, SD= 10.73), t (389) = -3.195, p= <.05.
Muslims are more hesitant towards the COVID-19 vaccine hesitancy.
Hypothesis four
There will be no significant difference between private university students (Chrisland Uni-
versity) and public university students (Tai Solarin University) regarding COVID-19 vaccine hesi-
tancy.
TABLE4
Independent sample t-test showing the difference between schools on COVID-19 vaccine hesitancy.
School N Mean Std. Deviation T Df P
Private 250 31.64 11.31
-.137 390 >.05
Public 142 31.79 9.94
Note: N= number of students; t (390) = -.137, p= >.05. ** p<.01. *** p<.001
Table 4 showed the results on the difference between students in the different schools on
COVID-19 vaccine hesitancy. It is shown that private university student participants showed no
significant difference compared to public (government) university students t (390) = -.137, p=>.05.
There was no significant difference between the students on COVID-19 vaccine hesitancy.
Hypothesis five
Males will significantly be more hesitant toward the COVID-19 vaccine than their Female
counterparts.
TABLE5
Independent sample t-test showing the difference between genders on COVID-19 vaccine hesitancy.
Gender N Mean Std. Deviation T Df P
Male 122 30.89 11.41
-2.058 387 <.05
Female 267 33.32 9.30
Note: N= number of students; t (387) =-2.058, p= <.05. ** p<.01. *** p<.001
Table 5 showed the results on the difference between students in the different schools on
COVID-19 vaccine hesitancy. It is shown that Male students (M= 30.89, SD= 11.41) showed a sig-
nificant difference compared to Female students (M= 33.32, SD= 9.30), t (387) =-2.058, p= <.05.
81
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Samson F. Agberotimi, Fisayo P. Okeowo
Male participants are more hesitant towards COVID-19 vaccine hesitancy than their Female
counterparts.
Discussion
The overall findings of this study revealed the predictive influence of personality traits and
fear of COVID-19 on vaccine hesitancy among university students in Ogun state, Nigeria. The
result showed that personality traits (Openness, Conscientiousness, Extraversion, Agreeableness
and Neuroticism) had significant joint and independent prediction of COVID-19 vaccine hesi-
tancy. This finding is consistent with previous studies such as Halstead, et al. (2022) that stated
that personality traits differentially predicted reasons to decline COVID-19 vaccination. For
example, participants with neuroticism were worried about the vaccines effects (presumably
more than the virus symptoms), and those with extraversion doubted the level of risk presented
by the virus. Similarly, Howard (2022) performed a multiple-wave survey study to determine
whether the Big Five,Dark Triad, and Psychological Capital (PsyCap) indirectly relate via vaccine
hesitancy to vaccination willingness, vaccination, and vaccine word-of-mouth which backed up
the findings and showed the results that conscientiousness, extraversion,narcissism,psychopa-
thy, each influence the outcomes via dimensions of vaccine hesitancy. In another cross-sectional
study by Lin and Wang (2020) among a sample of 3276 American citizens who were aged 18
and above, it was found that traits of agreeableness, conscientiousness and emotional stability
remain significantly associated with attitude toward vaccination; conscientiousness is signifi-
cantly associated with support for school vaccination, this supports the findings of this study’s
first hypothesis.
Our findings also showed that students who reported low fear of COVID-19 reported sig-
nificantly higher COVID-19 vaccine hesitancy compared with those with high fear of COVID-19.
This implies that not being afraid of the infectious disease of COVID-19 makes people have an
unfavourable attitude towards getting vaccinated against the disease. will be high on COVID-19
vaccine hesitancy. Contrary to our findings, in a study carried out in Nigeria on fear of COVID-19
and vaccine hesitancy by Chutiyami et al., (2022), the authors reported although individuals who
were fearful of COVID-19 were more likely to be vaccinated, none of the fear of COVID-19 did
not significantly predict vaccine uptake. The authors further suggested that uptake of the vaccine
against COVID-19 in Nigeria can be predicted by factors associated with vaccination refusal, but
not by fear of COVID-19. The finding of this study on the influence of fear of COVID-19 on vaccine
hesitancy is, however, supported by other previous findings. For instance, Sekizawa et al., (2022)
carried out a study on the association between COVID-19 vaccine hesitancy and generalized
trust, depression, generalized anxiety, and fear of COVID-19 and reported that participants with
low levels of fear of COVID-19 were unwilling or indecisive regarding being vaccinated against
COVID-19. In a similar vein, McElfish et al., (2021) concluded that individuals that reported no
fear and very little fear of COVID-19 had greater odds of vaccine hesitancy compared to respon-
dents who feared COVID-19 infection to a great extent.
The finding from the third hypothesis of this study showed similarity in the COVID-19 vac-
cine hesitancy reported by students of private universities and those of government universities.
This finding is not surprising due to other shared attributes and similarities in the daily lifestyle
82
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Personality Traits and Fear of COVID-19 Predicting Vaccine Hesitancy among Selected University Students in Abeokuta, Nigeria
and exposure of the students outside the school environment. For instance, regardless of the
differences in the schools and the learning environments, the students could meet in places that
hold similar attributes and experiences such as religious gatherings, events, and more impor-
tantly the influence of social media which serves as a major tool of acculturation among the
students’ population.
A significant difference in vaccine hesitancy according to participants’ religious beliefs was
established in this study. It was found that students of the Islamic religion reported significantly
higher vaccine hesitancy than Christian students. This suggests that Muslims are more hesi-
tant to become vaccinated against COVID-19 than Christians. According to Azam and Abdullah
(2020),many Muslimsbehaviours are guided by Halalcertification which in some instances may
stand against issues such as vaccination. Although there may be controversy regarding stan-
dards such as Halal certification and other Islamic laws, they have a significant influence on the
Muslim faithful. For example, the AstraZeneca COVID-19 vaccine was considered Haram by the
Indonesian council (Mardian et al., 2021).
Finally, our study showed a significant gender difference in COVID-19 vaccine hesitancy. It
was found male students were more hesitant towards the COVID-19 vaccine than females. In line
with our findings, Ward et al., (2020) and Green et al., (2021) found a significant gender difference
in vaccination attitudes among French and Israelis, respectively. However, their study took place
among the general population.
Limitations of the study
Although the study provided important insights into the predictive influence of persona-
lity traits and fear of COVID-19 on vaccine hesitancy, some limitations are acknowledged. First,
participants of this study were limited to two institutions, which means that generalizing the
findings of the study should be cautiously done. Another limitation is that the instruments used
were self-report instruments, and one of the disadvantages of self-report measures is that they
encourage, or make fake or exaggerated responses from participants’ possible- social desirability
bias. Finally, at the time of data collection, the tension of the COVID-19 pandemic has reduced,
and this may have influenced the responses.
Conclusion
Vaccine hesitancy poses a serious threat to public health all over the world because the high
population not vaccinated will cause the pandemic to recur and will cause it to last longer. On a
daily basis the epidemic produces substantial losses and drains individuals financially, socially,
and mentally.Overall, it is evident from the results from this study and what has been repor-
ted elsewhere that there is no simple correlation between personality qualities and views about
vaccination. These connections are intricate, occasionally conflicting, and even within the same
demographic groupings, they may develop and alter. Furthermore, it is evident that it is crucial
to investigate this association using well-designed studies and research questions that are based
on what we have learnt so far, both inside and beyond the unique context of the COVID-19 pan-
demic. Future study designs should take into consideration how social media affects pro- or
83
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Samson F. Agberotimi, Fisayo P. Okeowo
anti-vaccination beliefs, as this medium is increasingly influential in shaping public opinion. We
can only create intelligent vaccination programs until we are certain that we fully comprehend this
intricate interaction. Identifying and understanding it could aid future public health messaging.
A number of psychological disposition such as altruism has also been researched and seen
to be related to vaccine hesitancy. Rieger (2020) researched “triggering altruism increases the
willingness to get vaccinated against COVID-19”. The outcome demonstrated that providing
tenable information can boost ones propensity to get immunized and that the information (pro-
tection of others) was effective. In order to convince individuals to receive the COVID-19 vac-
cine, the proposition of vehemence on the altruistic principle of safeguarding others is made.
Recommendations
The findings of this study impact the benefit of understanding the psychological, personality,
and socio-demographic influencing COVID-19 vaccine hesitancy considering that the vaccine
plays an important role in restoring the affected aspect of life, from work and school to every-
day activities, market economy, society, mental health etc. More research backed up information
derived and spread could help with the right decisions concerning the vaccine and not rumou-
red information carried around, which could be a factor used to decrease the level of hesitance
following the vaccine.
The outcome of the study is relevant to the following:
RESEARCH: The review builds on current literature to provide greater clarity on how
personality traits and fear of COVID-19 can be used to address vaccine hesitancy and
increase vaccine confidence and highlights the need for studies to evaluate interven-
tions to address hesitancy and explore the potential of metatheory frameworks to inform
the design of interventions. The result could help the future researcher determine what
might have not been researched and can be used to support their research.
INTERVENTION:Findings of this review could provide guidance for future interventions
informed by personality traits and fear of COVID-19 and can be delivered via social
media platforms, which could offer an important opportunity for addressing vaccine
hesitancy.
POLICY: Interventions using social media-informed personality traits and fear of
COVID-19 could provide a platform for low-cost and highly efficient policy advocacy
opportunities for addressing vaccine hesitancy and increasing vaccine confidence. The
respondents of this study also have awareness and information regarding the influence
of personality traits and the fear of COVID-19 on vaccine hesitancy. The results of the
study could help the parents to give the right guidance to their children since the parents
can be an influence towards the decision-making of either taking the vaccine or not.
Conflict Of Interest
The authors declare that the research was conducted in the absence of any commercial or
financial relationships that could be construed as a potential conflict of interest.
84
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Personality Traits and Fear of COVID-19 Predicting Vaccine Hesitancy among Selected University Students in Abeokuta, Nigeria
Acknowledgement
The authors acknowledge and appreciate the study participants for taking the time to res-
pond to the questionnaire.
References
Ahorsu, D. K., Lin, C.-Y., Imani, V., Saffari, M., Griffiths, M. D., & Pakpour, A. H. (2020). TheFear of COVID-19
scale: Development and initial validation.International Journal of Mental Health and Addiction,20(3),
1–9. https://doi.org/10.1007/s11469-020-00270-8
Azam, M. S. E., & Abdullah, M. A. (2020). Global halal industry: realities and opportunities. IJIBE (Interna-
tional Journal of Islamic Business Ethics), 5(1), 47-59.
Chutiyami, M., Salihu, D., Bello, U. M., Winser, S. J., Gambo, A. A., Sabo, H., ... & Kannan, P. (2022). Are fear
of COVID-19 and vaccine hesitancy associated with COVID-19 vaccine uptake? A population-based
online survey in Nigeria.Vaccines,10(8), 1271.
Green, M. S., Abdullah, R., Vered, S., & Nitzan, D. (2021). A study of ethnic, gender and educational diffe-
rences in attitudes toward COVID-19 vaccines in Israel–implications for vaccination implementation
policies.Israel journal of health policy research,10(1), 1-12.
Halstead, I. N., McKay, R. T., & Lewis, G. J. (2022). COVID-19 and seasonal flu vaccination hesitancy: Links
to personality and general intelligence in a large, UK cohort.Vaccine. https://doi.org/10.1016/j.vac-
cine.2022.05.062
Howard, M. C. (2022). The good, the bad, and the neutral: Vaccine hesitancy mediates the relations of Psy-
chological Capital, the Dark Triad, and the Big Five with vaccination willingness and behaviors.Per-
sonality and Individual Differences,190, 111523. https://doi.org/10.1016/j.paid.2022.111523
Knipe, D. M., Levy, O., Fitzgerald, K. A., & Mühlberger, E. (2020). Ensuring vaccine safety.Science,370(6522),
1274-1275.
Lin, F.-Y., & Wang, C.-H. (2020). Personality and individual attitudes toward vaccination: a nationally
representative survey in the United States.BMC Public Health,20(1). https://doi.org/10.1186/s12889-
020-09840-w
Mardian, Y., Shaw-Shaliba, K., Karyana, M., & Lau, C. Y. (2021). Sharia (Islamic Law) perspectives of
COVID-19 vaccines.Frontiers in Tropical Diseases,2, 788188.
Martin, L. R., & Petrie, K. J. (2017). Understanding the Dimensions of Anti-Vaccination Attitudes: the
Vaccination Attitudes Examination (VAX) Scale.Annals of Behavioral Medicine,51(5), 652–660. https://
doi.org/10.1007/s12160-017-9888-y
McElfish, P. A., Willis, D. E., Shah, S. K., Bryant-Moore, K., Rojo, M. O., & Selig, J. P. (2021). Sociodemographic
determinants of COVID-19 vaccine hesitancy, fear of infection, and protection self-efficacy.Journal
of primary care & community health,12, 21501327211040746.
Rammstedt, B., & John, O. P. (2007). Measuring personality in one minute or less: A 10-item short version
of the Big Five Inventory in English and German.Journal of research in Personality,41(1), 203-212.
Reuken, P. A., Rauchfuss, F., Albers, S., Utz Settmacher, Trautwein, C., Bruns, T., & Stallmach, A.
(2020). Between fear and courage: Attitudes, beliefs, and behavior of liver transplantation recipients
and waiting list candidates during the COVID-19 pandemic.20(11), 30423050. https://doi.org/10.1111/
ajt.16118
85
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 74-85
Samson F. Agberotimi, Fisayo P. Okeowo
Rieger, M. O. (2020a). Triggering altruism increases the willingness to get vaccinated against COVID-19.
Social Health and Behavior, 3(3), 78. https://doi.org/10.4103/shb.shb_39_20
Satici, B., Gocet-Tekin, E., Deniz, M. E., & Satici, S. A. (2021). Adaptation of the Fear of COVID-19 Scale: Its
association with psychological distress and life satisfaction in Turkey.International journal of mental
health and addiction,19, 1980-1988.
Scrima, F., Miceli, S., Caci, B., & Cardaci, M. (2022). The relationship between fear of COVID-19 and inten-
tion to get vaccinated. The serial mediation roles of existential anxiety and conspiracy beliefs.Per-
sonality and Individual Differences,184, 111188. https://doi.org/10.1016/j.paid.2021.111188
Sekizawa, Y., Hashimoto, S., Denda, K., Ochi, S., & So, M. (2022). Association between COVID-19 vaccine
hesitancy and generalized trust, depression, generalized anxiety, and fear of COVID-19.BMC Public
Health,22(1), 1-17.
VIPER Group COVID19 Vaccine Tracker Team. (2022).Nigeria – COVID19 Vaccine Tracker. Trackvaccines.
org. https://covid19.trackvaccines.org/country/nigeria/
Ward, J. K., Alleaume, C., Peretti-Watel, P., Seror, V., Cortaredona, S., Launay, O., ... & Ward, J. (2020).
The French publics attitudes to a future COVID-19 vaccine: The politicization of a public health
issue.Social science & medicine,265, 113414.
86
STRAIGHTFORWARD INCIVILITY SCALE: ADAPTATION AND
VALIDATION OF WORKPLACE INCIVILITY MEASUREMENT FOR
PORTUGUESE SAMPLES
Tito Laneiro1, Luisa Ribeiro2, Martina Nitzsche3, Tânia Ferraro4, Genta Kulari5, Michael Leiter6
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2023 PP. 86105
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.2.5
Submited on 05/01/2023 Submetido a 05/01/2023
Acceptted on 27/06/2023 Aceite a 27/06/2023
Abstract
The concept of workplace incivility is an underestimated subject in Portugal but a popular
one in the international literature. Workplace incivility does not intent to harm others, but it
harms workplace norms and put peaceful workplace environment into danger. Thus, the main
purpose of this study was to present the adaptation and validation of the Straightforward
Incivility Scale (SIS; Leiter & Day, 2013) for Portuguese healthcare professionals’ samples. SIS has
25 items that cover five different sources of Workplace Incivility (WI): supervisors, colleagues,
subordinates, customers or the participant her/himself. A Portuguese version of the scale was
administered to a total of 737 healthcare professionals from two major public hospital units from
the metropolitan area in Lisbon, Portugal (78% women, 83% nurses, 56% with ages from 25 to
34). To assess the factor structure, we submitted these samples to exploratory and confirmatory
factor analyses. The results provided psychometric support for the new Portuguese measurement
(SIS). Furthermore, it showed good reliability and convergent validity indices with burnout.
Considering the mainstream of studies in the healthcare sector, this study adds to the incivility
literature as a novel area of research. Furthermore, the study provides a validated version of
Straightforward Incivility Scale allowing simultaneous registration of five different workplace
incivility sources, while also providing a measurement with good psychometric properties. It is
our hope that the workplace incivility can be the focus of future studies measuring its outcomes
1 Centro de Investigação em Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, tlaneiro@autonoma.pt
2 Centro de Investigação em Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, mribeiro@autonoma.pt
3 Centro de Investigação em Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, martina.nitzsche@hotmail.com
4 Centro de Investigação em Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, taniaferraro@upt.pt
5 Centro de Investigação em Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, gkulari@autonoma.pt
6 Deakin University, michael.leiter@deakin.edu.au
Corresponding author: Luisa Ribeiro, Centro de Investigação em Psicologia, Universidade Autónoma de Lisboa, mribeiro@
autonoma.pt
87
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
among healthcare employees as well as to hospital managers and human resources raising
awareness within the context of healthcare sector.
Keywords: Workplace Incivility, Straightforward Incivility Scale, measurement validation, factor struc-
ture, psychometrics, burnout, health care professionals.
1. Introduction
Workplace incivility (WI) has increased in frequency and severity in the healthcare
environment in the last decade (Cortina et al., 2001; Pearson & Porath, 2009; Tricahyadinata et
al., 2020). There are numerous circumstantial reports of uncivil behaviour in healthcare settings,
although few empirical studies exist in the literature (Laschinger et al., 2009). WI is a subtle form
of workplace violence defined as low-intensity deviant behaviour with ambiguous intent to
harm the target, in violation of workplace norms for mutual respect” (Andersson & Pearson, 1999,
p. 475). Uncivil behaviours include rude and discourteous comments and actions and generally
displaying a lack of concern for others. Pearson and Porath (2005) found that employees who
experienced uncivil behaviours at work intentionally reduced their work efforts and the quality
of their work. Furthermore, Cortina et al. (2001) linked workplace incivility to job dissatisfaction
and burnout. In particular, in healthcare sector, the prevalence of burnout is the highest when
compared with other professions (Greenglass, Burke, & Fiksenbaum, 2001). Similarly, more
recent research supported the previous findings, linking uncivil behaviours to burnout among
healthcare professionals (Laschinger et al., 2008; Read & Laschinger, 2013; Laschinger, 2012).
However, there is a dearth of research in incivility in healthcare sector in Portugal, which may be
due to the lack of validated versions of well-established measures. Furthermore, the majority of
the international research are focused, with few exceptions, on nurses, providing no perspective
on a broad occupational group of healthcare setting.
The present study, underpins the theory of Andersson and Pearson (1999) regarding the
concept of Workplace Incivility. The authors referred to various counterproductive behaviours in
the workplace such as lack of respect, courtesy or politeness toward co-workers. However, little
is known about the intention of such manifestations, consequently researchers have provided
different interpretations based on their sample and context (Andersson & Pearson, 1999; Cortina
et al., 2001; Pearson et al., 2000). Similarly, Leiter (2013) proposed two dynamics that contribute
to the emotional response of a negative social behaviour. One reason lies behind the intention the
instigator has to exclude the recipient from his or her social group. The other argument highlights
the relation of incivility to risk, as instigators of incivility become targets of hierarchy’s own
incivility, thus affecting their decision-making, and potentially putting their careers in jeopardy
(Irum et al., 2020; Itzkovich, 2016; Jiménez, 2018). Based on a recent systematic review, incivility
is still a novel area of research, especially in healthcare sector encompassing the perspective of
a broader occupational professions (Vazconcelos, 2020).
The original Straightforward Incivility Scale (Leiter & Day, 2013) was designed to measure
five sources of uncivil behaviours, encompassing supervisors, co-workers, subordinates,
clients, and the respondent itself. The 25-item scale provides evidence on the frequency uncivil
behaviours manifested in the last month. Meanwhile, studies involving healthcare professionals
88
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
have reduced the scale of SIS into 15 items. The work of Portoghese et al. (2015) accounted for
incivility among supervisors, co-workers, and respondents, while Fida et al. (2018) counted only
supervisors, co-workers, and physicians in their study involving Canadian nurses.
However, despite the broad and diverse body of work on incivility, to date it is difficult
for scholars and practitioners alike to integrate and understand the variety of findings on this
negative workplace behaviour (Schilpzand et al., 2016). Moreover, without a clear understanding
of the extant work, practitioners may not be able to incorporate the accumulated knowledge
in their organizational practices (Vazconcelos, 2020). However, based on the original theory,
considering that uncivil behaviour can lead to a spiral of violence, the present study is the first
one to include all five potential sources of incivility as originally anticipated by Leiter and Day
(2013). The scale offers an integrated measurement when applied either in a short term or in a
longitudinal study, which allows the monitoring of variations in uncivil behaviour over time, as
well as considering various sources (including the respondent).
Thus, the goal of this study was to standardize a European Portuguese measure of incivility.
To do so, we aimed to examine the validity and reliability of a Portuguese version of SIS in a
representative healthcare employees population by testing the internal consistency, the
convergent and discriminant validity, and the factorial structure of the scale. To date this is
the first study to integrate the perspective of various occupational groups in healthcare sector
measuring incivility. Considering the mainstream of studies in healthcare sector, this research
adds to the general literature of incivility. Furthermore, there is a dearth of literature studying
incivility in Portugal, thus the present study can provide a new instrument for future research to
measure the outcomes of incivility, in particular among healthcare providers.
The proposed instrument will allow organizations to assess incivility levels suffered by their
staff, informing them about the actual organizational culture. Incivility is a variable related to
poor performance and errors, which in a healthcare setting are particularly dangerous. At the
same time, it is internally controllable and, therefore, can be easily changed than other variables,
which depend on market demands, national policies and budget restrictions. It will distinguish
between different origins of incivility, allowing a targeted intervention. It will further deepen
understanding between incivility (and its different origins) and other variables pertinent to
personal and organizational health and performance.
2. Relevant literature
If anyone has doubts about whether workplace incivility deserves to be concerned, the
research suggests that workplace incivility may act as a precursor to other forms of workplace
violence (Andersson & Pearson, 1999). Incivility has been recognized as being one of the most
pervasive forms of antisocial behavior in the workplace (Cortina, 2008, p.56). Furthermore,
the main factor making workplace incivility very crucial in today’s work life is the so-called
“incivility spiral (Andersson & Pearson, 1999). Uncivil acts of one employee may create a
snowball effect and can influence the whole organization because the targets of incivility can
easily transform into instigators.
Among several attempts to characterize workplace incivility, Blau and Andersson (2005)
described it as a type of social interaction, while others even as an interpersonal mistreatment
89
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
(Cortina & Magley, 2003) that jeopardizes relationships not only from a personal but also
organizational and management level as well (Cortina & Magley, 2003; Estes & Wang, 2008;
Lewis & Malecha, 2011; Pearson et al., 2000; Torkelson et al., 2016). McNamara (2012) described
incivility among healthcare professionals in particular as related to status or position of power.
She observed that it is commonplace between co-workers displaying an asymmetry of power in
this context.
This position is further solidified in studies with recently graduated nurses that found them
more vulnerable to workplace incivility as a result of their limited experience and their new
status in the work setting (Laschinger, 2014; Laschinger et al., 2013; Read & Laschinger, 2013;
Smith et al., 2010; Wing et al., 2015). Hence it is of high interest to understand the consequences
of workplace incivility in nursesprofessional and personal life such as increased work stress,
absenteeism, frustration and decreasing satisfaction, which can lead to burnout (Tastan &
Davoudi, 2015; Welbourn et al., 2020; Wing et al. 2015).
In continuity, Laschinger (2014) found that different types of workplace mistreatment,
bullying and incivility in particular, have unfavourable consequences for nursesperceptions
of care quality and patient safety risks. Among healthcare professionals, nurses are most prone
to be the victim of uncivil behaviours (Ten Hoeve et al., 2019), especially in cases of physical
and verbal violence by patients or their companions (Speroni et al., 2014). A majority of studies
made use of the first Workplace Incivility Scale developed by Cortina et al. (2001), evidencing
the hostility between supervisor and co-workers (Portoghese et al., 2015). However, the scale
has a uni-dimensional structure that does not differentiate the uncivil behaviours coming from
different elements of the organization.
Leiter (2013) later developed a new measure of workplace incivility, the Straightforward
Incivility Scale (SIS), allows researchers to differentiate the uncivil behaviours, as identified by
the original theory. The scale is a self-reported measure aiming to evidence the nature of incivility
in the workplace, which has been vastly adapted in different languages and cultures (Matthews
et al. 2016; Portoghese et al. 2015; Smidt et al., 2016; Tsuno et al., 2017). The current study provides
support for adaptation and validation of the workplace incivility measure, Straightforward
Incivility Scale (Leiter & Day, 2013) for Portuguese samples as well. The final discussion points out
the main advantages of using the validated instrument and the contributions to the monitoring of
civility-promoting actions. The implications for practice and new directions for future research
are also discussed.
2.1. The outcomes of incivility
Being the target of workplace incivility evokes negative emotions like anger, fear, and
sadness (Porath & Pearson, 2005). Supporting such arguments, there are several studies showing
that uncivil work-place experiences are associated with negative work outcomes, like reduced
job satisfaction, increased job withdrawal, negative mood, and cognitive distraction (Lim et al.,
2008; Miler et al., 2012). Additionally, experiencing incivility is associated with lower energy
levels, higher levels of negative effect, lower task performance, etc. (Giumetti & Harfield, 2013).
Moreover, a number of studies have found that dissatisfaction with the job predicts various job
withdrawal behaviours, including turnover and retirement (Vasconcelos, 2020). Furthermore,
workplace incivility significantly reduces the quality of supervisor and co-worker relationship,
90
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
which negatively impacts job satisfaction, producing long-term effects on mental and physical
health conditions (Carter & Loh, 2017; Lim et al., 2008). As a consequence, organizations suffer
the costs of workplace incivility through job turnover, as well as decreased productivity and
work performance (Pearson & Porath, 2005; Wang & Chen, 2020).
One of the most important things of incivility is the fact that even witnessing incivility has
negative impact on employees. Witnesses of incivility perform less well on complex and creative
tasks. They are also less likely to be helpful, exhibit citizenship behaviours and more likely to
engage in dysfunctional ideation (Pearson & Porath, 2005). Thus, researchers working on work-
pace incivility mostly use Leiter & Day (2013) SIS. This 5-dimensional scale allows researchers
to differentiate the uncivil behaviours coming from different elements of the organization such
as supervisor and co-worker which may have different behavioural forms. Considering the vast
repercussion of incivility in organizations, we believe that would be fundamental for future
studies to measure the manifestation of uncivil behaviours, among healthcare employees in
Portugal. The literature can be of high interest to organizational managers and human resources
to embrace a new strategy that can keep uncivil behaviours at bay.
3. Method
3.1. Translation
The first step, consistent with previous literature (Behling & Law, 2000; Brislin, 1970; Werner
& Campbell, 1970), included translating the Straightforward Incivility Scale by Leiter and Day
(2013). A group of three bilingual research experts in the field were selected to translate the
scale from English to Portuguese. Three versions of translations were obtained and compared
to keep the original meaning of the scale and adapt to the Portuguese context. Differences were
resolved by experts’ discussion, reaching unanimity regarding the best proposal. After reaching
a final version, three other bilingual research experts in the field were invited to provide the
back-translation from Portuguese to English. After concluding this phase, a seventh English
native speaker was introduced to a phase of pre-test. Further, the scale was administered
among 30 nurses in order to evaluate the itemscomprehension for the final version and assess
its psychometric properties. The scale suffered minor changes after obtaining these results,
taking into account suggestions provided by the nurses. The final Portuguese version of the
Straightforward Incivility Scale kept 25 items, same as the original scale (Leiter & Day, 2013). The
instructions, format of items and response options were maintained (Appendix A).
3.2. Study design and data collection
A cross-sectional quantitative study design was conducted for the study. A convenience
sample with a total of 737 healthcare employees participated in the study, where 310 participants
came from Hospital A and 427 from Hospital B. Following ethical approval from the Ethical
Commission for the Psychology Research Center at the Universidade Autónoma de Lisboa, a
request letter to approach health employees was sent to the administration office of two hospitals
91
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
in the great metropolitan area of Lisbon. For anonymity reasons we will refer to these units as
Hospital A and Hospital B. Sampaio (2021) found that registered healthcare employees in Portugal
suffered from higher rates of burnout and turnover rates, when considering that shortage of staff
and overload is more resistant in major hospitals.
After receiving the confirmation from the hospital administrations, all employees received
an introductory e-mail, explaining the study. Subsequently, three authors of the study introduced
themselves to hospital employees, visiting all teams and inviting them to participate. In Hospital
A, data was gathered during December 2015, and in Hospital B from March to April 2016. Although
some time has passed since data collection, and the conditions at Hospitals might have changed,
we retained the data for instrument validation purposes. This first Portuguese validation will
benefit from further studies to verify these results. However, the present study does not use the
sample to measure current incivility levels, nor to explore recent relationships between variables.
Regardless of current levels, the structure of the concept should remain the same across time.
The surveys were self-administered using printed copies of the questionnaire in an enclosed
envelope at their workplace after obtaining formal consent, introduced by the research team.
In Hospital A questionnaires were gathered in a ballot box until recovery by the research team.
In Hospital B questionnaires were offered during team meetings, and immediately gathered by
research team members. Inclusion criteria were adult (+18 years) healthcare employees registered
at the Hospital A and B at the moment of the data collection. Exclusion criteria included intern
health employees, and employees who had ties with either the research project or research team.
3.3. Respondents profile
The study population from the SIS validation consisted from a total of 737 participants from
healthcare employees registered in two major public hospitals in Lisbon, which in both samples,
the majority were women (respectively 76.4% and 78.4%) in the 25-34 age group (52.3%, 59.4%)
with a college degree (66.9%, 85.1%). The majority of healthcare professionals were nurses (59%,
96.5%) with 6-10 years of working experience in the units (34.4%, 32.8%). Table 1 introduces
further sample composition in terms of professional groups.
TABLE1
Sociodemographic Information (N = 737)
Sociodemographic information Study 1
n = 310
Study 2
n = 427
Gender n (%) n (%)
Men 72 (23.6) 90 (21.6)
Women 233 (76.4) 327 (78.4)
Missing values 5 10
Age (years)
≤ 24 16 (8.2) 31 (14.3)
25 – 34 102 (52.3) 129 (59.4)
35 – 44 36 (18.5) 33 (15.2)
92
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
45 – 54 29 (14.9) 20 (9.2)
55 – 64 12 (6.2) 4 (1.8)
Missing values 115 210
Civil status
Single 134 (43.9) 200 (47.8)
Married / non-marital partnership 151 (49.5) 199 (47.6)
Divorced / Separated / Widowed 20 (6.6) 19 (4.6)
Missing values 5 9
Number of children 1.1 (1.2) ; Min: 0 – Max: 7 0.7 (0.9); Min: 0 – Max: 3
Missing values 124
Professional Category Nurses: 177 (59.0) Nurses: 412 (96.5)
Physicians: 17 (5.7) -
Assistents:84 (28.0) -
Technician: 22 (7.3)
Missing values 10 15
Educational Level
PhD - 1 (0.2)
Master degree 23 (8.0) 40 (9.6)
College degree 192 (66.9) 353 (85.1)
Bachelor or equivalent 3 (1.0) 13 (3.1)
General nursing course 3 (1.0) 8 (1.9)
12th Grade / Vocational course 66 (23.0) -
Compulsory education - -
Missing values 23 12
Tenure
< 6 months 10 (3.8) 2 (0.5)
≥ 6 months < 2 years 20 (7.6) 36 (8.9)
2 – 5 years 65 (24.8) 84 (20.8)
6 – 10 years 90 (34.4) 132 (32.8)
11 – 15 years 32 (12.2) 69 (17.1)
16 – 20 years 14 (5.3) 41 (10.2)
21 – 30 years 21 (8.0) 32 (7.9)
> 30 years 10 (3.8) 7 (1.7)
Missing values 48 24
3.4. Instruments
3.4.1. Straightforward Incivility Scale (SIS)
To measure workplace incivility, the Straightforward Incivility Scale (SIS) was administered
(Leiter & Day, 2013). The scale has a total of 25 items on a seven-point Likert scale ranging from
0 (never) to 6 (more than once per day). The scale measures the frequency uncivil behaviour is
manifested in the workplace referring to the last month among the five sources of incivility.
Each source is comprised of the same five items (such as quantifying how often a supervisor
93
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
“Spoke rudely to you”). The overall alpha Cronbach of incivility in sample 1 (EFA) was .96, while
in sample 2 (CFA) .94. Table 3 displays the Cronbach alpha for each of the workplace incivility
dimensions.
3.4.2. Maslach Burnout Inventory – General Survey
Since strong correlation have been found between incivility and burnout, it is relevant to
test for convergent validity, the Maslach Burnout Inventory (MBI-GS; Maslach & Jackson, 1981).
Burnout is defined asa prolonged response to chronic emotional and interpersonal stressors on
the job” [Maslach et al., (2001), p.397]. The MBI-GS consists of 16 items in a seven-point Likert scale
ranging from 0 (never) to 6 (every day), distributed along three dimensions: emotional exhaustion
(five items), cynicism (five items) and professional efficacy (six items). The concept of burnout
comprises higher scores on exhaustion (e.g., “O meu trabalho deixa-me exausto/a”) and cynicism
(e.g. “Eu duvido do significado do meu trabalho”) and lower scores on efficacy (e.g. “Na minha
opinião eu sou bom naquilo que fo”). The inventory does not provide a score for burnout, but a
medium score of each of the dimensions. In the present study the validated MBI-GS Portuguese
version (available from Mindgarden.com) was used. The overall burnout Cronbach alpha of the
study was .81. Alpha coefficients for the MBI dimensions are emotional exhaustion .90; cynicism
.83; and professional efficacy .76.
3.5. Data analysis
Meyers et al. [(2006), pp.467-468] recommend performing factorial analysis of an inventory
of 25 items with no fewer than 250 participants. Tabachnick and Fidell (2007) highlighted that
as a general rule of thumb, it is comforting to have at least 300 cases for factor analysis(p.
613). We presented the Exploratory Factor Analysis (EFA) with n = 310 (sample 1) and data were
collected from healthcare professionals from Hospital A. We performed a Confirmatory Factor
Analysis (CFA), with n = 427 health care professionals from several specialized areas in Hospital
B (sample2).
3.5.1. Exploratory Factor Analysis (EFA)
To evaluate the factorial structure of the Portuguese translation of the Straightforward
Incivility Scale, EFA was applied, following the procedure of Hair et al. (2006) and Tabachnick
and Fidell (2007). For this procedure, we worked with 310 healthcare professionals (sample 1).
To determine the suitability of data for factor analysis, the Kaiser–MeyerOlkin (KMO) test was
used. Homoscedasticity of our samples was verified through the Bartlett’s test. The parallel
analysis method was used, following the procedure described by O’Connor (2000). To confirm
the number of components to extract, the scree plot technique (Cattell & Vogelmann, 1977),
based on eigenvalues, known to be one of the most accurate (Zwick & Velicer, 1986) was used.
Communalities were analysed and the factors were obliquely rotated using Promax (Tabachnick
& Fidell, 2007). Promax has been shown to perform either as satisfactory a Varimax, or much
better” (e.g. at high correlation factors; Finch, 2006). We accepted factor loadings equal to or
greater than .40 as sufficient (Hair et al., 2006). The correspondence between the subscale scores
was assessed applying zero-order correlation (Pearson).
94
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
3.5.2. Confirmatory Factor Analysis (CFA)
CFA of the 25 items was performed with our second sample preponderantly composed of
nurses from a different hospital from the EFA sample. Based on previous research (Leiter et al.,
2015; Leiter and Day, 2013; Mathews and Ritter, 2016), the theoretical framework, the previous
EFA, and comparisons with other validation processes in other languages (Portoghese, et al.,
2015; Smidt et al., 2016; Tsuno et al., 2017), we expected to find five factors. Confirmatory factor
analyses were performed with IBM SPSS AMOS 24.0 (Arbuckle, 2014).
To analyse the goodness-of-fit indices of the model, we began to assess the chi square value
of sample and its significance. However, it is expected that chi-square will almost always be
statistically significant for models with N300, because of the sensitivity of the chi-square test
to large sample sizes (Kline, 2011).
Additionally, the model was evaluated using several fit indices: the Comparative Fit Index
(CFI), the Goodness of Fit Index (GFI), the Bender-Bonnet Normed Fit Index (NFI), and the Root
Mean Square Error of Approximation (RMSEA). In general, values close to .95 for the CFI and
NFI indicate an excellent fit (Hu & Bentler, 1999; Kline, 2011; Marôco, 2014; Meyers et al., 2006),
whereas values of .90 or greater reflect a reasonable fit (Hair et al., 2006; Lomax, 2010; Mueller
& Hancock, 2010). However, especially considering the susceptibility of indices to large sample
sizes (Meyers et al., 2006), it is pointed out that for N 250 and a number of observed variables
between 12 < m < 30, CFI values of .90 or above indicate an excellent fit (Hair et al., 2006). Less
affected by sample size, GFI’ results closer to .90 indicates the best fit (Meyers et al., 2006). The
RMSEA for most acceptable models has values below .10 (Kline, 2011). Therefore, with our large
sample size, that is not surprising (Meyers et al. 2006), and we needed to employ alternative fit
measures to evaluate the proposed model. To consider the level of parsimony in the model, we
took into account the PCFI (Parsimony Comparative Fit Index), PGFI (Parsimony Goodness of Fit
Index), PNFI (Parsimony Normed Fit Index) and AIC (Akaike Information Criterion). As is well
known, there are no absolute rules or standards to determine a bad and good fit model (Hair
et al., 2006; McNeish et al., 2017). Adequacy of fit has to be judged considering the statistical
standards, psychometric reflections and internal coherence with the theoretical framework and
practical implications.
4. Results
Our results are presented in three main parts. Firstly, we examine the exploratory factor
analysis. Secondly, we present the confirmatory factor analysis using structural equation
modelling (SEM). Finally, in search of additional effects, we analyse zero-order correlations
among SIS and Burnout to assess the convergent validity.
4.1. Exploratory Factor Analysis
We performed the KMO = .93 and Bartlett = χ2 (300) = 9391.07, p < .001 tests, which indicated
appropriate values. The parallel analysis method (O’Connor, 2000) applied confirmed the five
factors. The scree plot technique based on eigenvalues indicating 5 components. The eigenvalue
95
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
for the first factor not retained was .82 (Henson & Roberts, 2006). All factors together explain 81%
of total variance.
Results confirm the 5-fatorial structure of the instrument, no item saturated outside the
expected dimension. The interpretation assigned to each of the five factors was as follows.
Factor 1 refers to incivility of supervisor behaviour, such as ignoring, excluding, speaking
rudely, behaving rudely (through gestures, facial expressions or others) and/or behaving without
respect for the participant. Factor 2 concerns the incivility behaviour of colleagues and/or other
health care professionals from the same team. Factor 3 concerns the incivility behaviour of
subordinates. Factor 4 is related to incivility behaviour of clients, customers or users, and Factor
5 includes items related to incivility on the part of the respondent. Considering that workplace
incivility can trigger a spiral of violence, the information from different elements of teams
working in the organizations and their perception of uncivil behaviour, including that of clients,
contributes to forming a more comprehensive and integrative perspective of the reality of WI in
the organizations studied.
4.2. Confirmatory Factor Analysis
As already mentioned, we examined items correlating above .40 with the respective factors
in the exploratory factor analysis (after rotation), whose content we considered not redundant
with that of other selected items and coherent with the general meaning of the factor (Hair et al.,
2006). All 5 items for each factor were keeping. The structural model tested included a general,
second-order factor influencing the five factors previously encountered in the exploratory
analysis and explaining their intercorrelations (see Figure 1). In the initial analysis with this
model, Figure 1 shows the factor structure with standardized estimates of SIS for the adjusted
model in our sample 2 (n = 427).
We found that ten items showed raised modification indices and, additionally, still emphasized
the interaction between items 1 and 2 of the subscales relate to supervisors, colleagues,
subordinates, clients and participants themselves. Theoretical plausibility was applied to judge
whether the proposed changes should be adopted. If we resort to a qualitative analysis of these
items: item 1 refers to being ignored and item 2 refers to being excluded.
We can suppose that these two behaviours are closely related, seeming similar in some peoples
understanding, probably being related to the source of these values. We decided to add paths
between residuals (allowing for covariance) and these items. Still observing the modification
indices and taking into account the meaning of some items, we added the other covariances until
reaching the best fit. In all cases, there seemed to be a rationale behind these changes either
the items reflected behaviours which tend to co-occur (e.g. rude gestures and rude words), or
in the case of different dimensions, the might reflect the same reality from different sources
(inconsiderate behaviours across the organization, from supervisors, colleagues, subordinates,
clients and self). We did not delete any paths. The quality of the final structural model tested
showed good adjustment, as presented in Table 2.
96
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
FIGURE1
Final Structural Model Tested
97
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
TABLE2
Goodness of Fit Indices of Structural Models Tested
Sample 2 (n = 427) χ2df χ2/df CFI GFI NFI TLI RMSEA PCFI PGFI PNFI AIC
Model1 (without adjustments) 2193.48** 270 8.12 .83 .68 .81 .81 .129 [.124, .134] .75 .56 .73 2303.48
Model 2 (with adjustments) 977.44** 256 3.82 .94 .83 .92 .93 .081 [.076, .087] .80 .66 .78 1115.44
χ2 (chi-square); df (degrees of freedom); CFI (Comparative Fit Index); GFI (Goodness of Fit Index); NFI (The Bender-Bonnet Normed Fit
Index); PCFI (Parsimony Comparative Fit Index); PGFI (Parsimony Goodness of Fit Index); PNFI (Parsimony Normed Fit Index); AIC (Akaike
Information Criterion); RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation).
** p ≤ .001
To analyse the goodness-of-fit indices of the model, we began to verify that the chi square
value of sample is statistically significant (p .000) which indicates the expected lack of fit (for
models with N ≥ 300; Kline, 2011). Therefore, with our large sample size (Meyers et al., 2006), we
needed to take into account the level of parsimony in the model (considering PCFI, PGFI, PNFI
and AIC).
These indices indicate that we have a good adjustment considering parsimony (Marôco,
2014; Mulaik et al., 1989). Goodness of fit indices before (Model 1) and after model amendments
suggested by the results (Model 2) can be seen in Table 2. The SIS showed an acceptable
representation through five latent factors representing five different relationships/ sources of
workplace incivility (supervisors, colleagues, subordinates, clients, customers, users and the
participant him/herself as instigator). Although GFI’s value (.83) is in fact below the threshold
defined in the literature as representing a good, or at least a reasonable fit (which other indices
show), this index is recognized as having a more severe downward bias then others. The general
rule of thumb, of a value higher than .90, might not equally work for all indexes (Fan et al, 1999).
The next step was to calculate Cronbach alphas for each of the five factors, checking the
contribution of items and deleting those that lowered the alpha value for the factor (see Table 3).
We concluded this stage with 25 items and 5 factors as previously observed in the EFA.
4.3. Test of convergent validity
Convergent validity (Urbina, 2014) was evaluated through Pearsons correlation between
WI and burnout. The choice of the burnout concept to test convergent validity was due both
to its potential conceptual proximity to WI and to the existence of previous empirical studies
already mentioning the relationship between these concepts (Fida et al., 2018; Laschinger et
al., 2009; Leiter et al., 2015; Leiter et al., 2011). In particular, considering Portuguese samples of
health care professionals, Marôco et al. (2016) referred to the interactions between burnout and
the perception of poor conditions of work. Among the antecedents of organizational sources
of burnout, Vala et al. (2016) related the perception of fewer organizational resources, more
demands on relationships with co-workers, more demands on relationships with patients and
more demands of working hours as the main predictors of higher levels of burnout. Table 3 shows
the Means and Standard Deviations for the scores of Straightforward Incivility Scale (SIS), as
well as the intercorrelations of these factors with Burnout (n = 427).
We found a high level of correlation between overall constructs, with Overall Incivility
relating strongly and positively to Overall Burnout. Turning to more specific SIS factors, we also
expected all the correlations between these factors, Overall Burnout and the Burnout dimensions
98
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
(exhaustion, cynicism and professional inefficacy) to be strongly related. But they showed only
moderate to high correlations. Despite Burnout-Professional Inefficacy also showing significant
correlations with all Incivility factors, it was the factor showing the lowest levels of correlation.
TABLE3
Descriptive Statistics and Correlations Between Factors of the Straightforward Incivility Scale (SIS) and
Burnout Using Pearson’s Correlation Coefficient in the Portuguese Sample
(n= 427)
Measure Overall
Burnout
(MBI)
Exhaustion
(MBI)
Cynicism
(MBI)
Professional
Inecacy (MBI) M SD α
Overall Incivility (SIS) .52** .42** .45** .19** 17.03 19.42 .94
1. Factor 1_Supervisor (SIS) .48** .41** .43** .15** 4.29 6.25 .93
2. Factor 2_Colleagues (SIS) .37** .29** .33** .12** 2.89 4.93 .94
3. Factor 3_Subordinates (SIS) .34** .22** .28** .17** 2.48 4.53 .94
4. Factor 4_Client_Consumers_Users (SIS) .33** .32** .25** .12** 5.03 6.28 .91
5. Factor 5_Participant him/herself (SIS) .39** .28** .39** .16** 2.34 3.92 .89
M 33.86 16.20 10.02 7.81
SD 14.59 7.40 7.30 5.10
** Correlation is significant at the 0.01 level (1 tailed).
* Correlation is significant at the 0.05 level (1 tailed)
5. Discussion
Exploratory factor analysis allowed us to identify five factors covering different key players
as potential sources of working incivility. Confirmatory factor analysis presented good model
adjustment. Cronbachs alpha (internal reliability coefficients) proved to be adequate for the five
factors found. Correlations with burnout showed convergent validity of SIS subscales. The SIS
measurement has only 25 items, it is simple to administer and score, and can give an integrative
vision of WI perceptions in various organizational settings. Given our original goal of validating
SIS, we concluded that we achieved the final measure.
Considering the convergent validity test, the participants correlate the perception of burnout
(overall and dimensions) with WI. Interestingly, the healthcare professionals in our sample
associate the perception of workplace inefficacy (or less professional achievement) with incivility
in a moderate way.
Leiter (2013) argued that the SIS was created as a short psychometric instrument to evaluate
the frequency of uncivil interactions in the workplace in the last month. Arvey and Cavanaugh
(1995) stressed the risk of report periods longer than 12 months potentially leading to serious bias
in self-reports related to memory distortions. SIS also differs from the preceding measurements
by offering a labelled 7-point Likert scale as response options.
99
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
Despite reports of rising incivility levels in the healthcare environment (Cortina et al., 2001;
Pearson & Porath, 2009; Tricahyadinata et al., 2020), in Portugal the scientific literature dedicated
to this issue is still scarce. Given that incivility may affect service quality (e.g. Giumetti & Harfield,
2013; Pearson & Porath, 2005; Wang & Chen, 2020) as well as the health of the incivility recipient
(Carter & Loh, 2017; Lim et al., 2008; Laschinger et al., 2008; Read & Laschinger, 2013; Laschinger,
2012; Porath & Pearson, 2005), measuring its levels to inform the need for intervention is a critical
issue.
The proposed instrument identifies several sources of incivility, allowing for a targeted
intervention, according to the reality of the respondent. Different health services will have
different demands, depending on whether they deal with patients only, patients and their
families, different professional classes and patient criticality.
Not only does incivility influence patient care quality and healthcare professionals’ health,
but incivility, if not correctly addressed, might also work up to violence and bullying (Andersson
& Pearson, 1999). Measuring incivility prior to more severe workplace problems allows the
timely development of preventive (or corrective) measures. These measures, arising from team
and organization dynamics’ needs, will have the advantage of not depending on national health
policies, which have some stability, and can be tailored to teams and services specificities.
The availability of SIS for the general healthcare community and respective researchers is an
important asset in building better conditions for healthcare professionals, as well as assuring the
best possible patient care.
Our validation study is a first contribution towards this goal. Further studies will be
necessary to assess the viability of modifications for optimum statistical results and to further
our understanding of the SIS suitability for other professions in Portugal. SIS can also advance
scientific knowledge on the results of incivility interventions (as a pre and post measure), as
well as on the relationship between this and other relevant concepts for Portuguese participants,
namely Psychological health measures, productivity results and organizational culture variables.
6. Conclusion
The original SIS version only focused on organizational sources of WI (supervisors, colleagues,
subordinates and the participant him/herself or instigated incivility) but subsequently another
source was added: customers. SIS considers customers an outside extra-organizational source of
incivility. Future research will be able to verify if there are different types of WI spirals triggered
by sources inside or outside the organization.
As a self-reported instrument, SIS has the known limitations of this kind of measurement, and
these apply to our study. Regarding the samples, further research should strengthen the validity
assessment by recruiting samples with other professional or occupational groups and by adding
further variables to test convergent and discriminant validity. The evaluation of interactions of
Workplace Incivility with other variables will enrich the nomological network of the concept
(Cronbach & Meehl, 1955).
Information about the perceived frequency of incivility in the workplace (in the last month)
allows it to be used as a one-off measurement or in longitudinal studies to allow monitoring
WI oscillations over time, for example, as a way of monitoring the results of interventions that
100
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
promote civility (Osatuke et al., 2009). The broader spectrum of responses afforded by the 7-point
Likert scale allows the recording of a greater amplitude of incivility oscillations. So, SIS can be
an important and practical tool to complement programs to promote civility in the workplace.
Future research could bring information about WI in different professional groups. It is also
possible to expand the research on WI by considering sectors and types of business, comparing
them according to the frequency of this type of behaviour in these contexts. The SIS can bring
important developments for theoretical understanding of WI and practical interventions to
prevent it and promote civility in the workplace.
References
Andersson, L.M., & Pearson, C.M. (1999). Tit for tat? The spiralling effect of incivility in the workplace.
Academy of Management Review, 24 (3), 452-471. https://doi.org/10.2307/259136
Arbuckle, J.L. (2014). IBM® SPSS® Amos™ 23: User’s Guide. USA: IBM Corporation.
Arvey, R.D. & Cavanaugh, M.A. (1995). Using surveys to assess the prevalence of sexual harassment: Some
methodological problems. Journal of Social Issues, 51, 39–52. https://doi.org/10.1111/j.1540-4560.1995.
tb01307.x
Behling, O. & Law, K. (2000). Translating questionnaires and other research instruments problems and solu-
tions. Sage. https://doi.org/10.4135/9781412986373
Brislin, R.W. (1970). Back-translation for cross-cultural research. Journal of Cross-cultural Psychology, 1(3),
185-216. https://doi.org/10.1177/135910457000100301
Blau, G. and Andersson, L. (2005). Testing a measure of instigated workplace incivility. Journal of Occupa-
tional and Organizational Psychology, 78, 595–614. https://doi.org/10.1348/096317905X26822
Carter, L. & Loh, J. (2017). What has emotional intelligence got to do with it: the moderating role of EL
on the relationship between workplace incivility and mental health?. International Journal of Work
Organisation and Emotion, 8(1), 41-58. https://doi.org/ 10.1504/IJWOE.2017.083791
Cattell, R.B. & Vogelmann, S. (1977). A comprehensive trial of the scree and KG criteria for determining
the number of factors. The Journal of Multivariate Behavioral Research, 12(3), 289-325. https://doi.org/
10.1207/s15327906mbr1203_2
Cortina, L.M. & Magley, V.J. (2003). Raising voice, risking retaliation: Events following interpersonal mis-
treatment in the workplace. Journal of Occupational Health Psychology, 8(4), 247–265. https://doi.org/
10.1037/1076-8998.8.4.247
Cortina, L.M., Magley, V.J., Williams, J. H. & Langhout, R.D. (2001). Incivility in the workplace: Inci-
dence and impact. Journal of Occupational Health Psychology, 6, 64-80. https://doi.org/10.1037/1076-
8998.6.1.64
Cortina, L.M. & Magley, V.J. (2009). Patterns and profiles of response to incivility in the workplace. Journal
of Occupational Health Psychology, 14(3), 272-288. https://doi.org/ 10.1037/a0014934
Cronbach, L.J. & Meehl, P.E. (1955). Construct validity in Psychological Tests. Psychological Bulletin, 52(4),
281-302. https://doi.org/10.1037/h0040957
Estes, B. & Wang, J. (2008). Workplace incivility: impacts on individual and organizational performance.
Human Resources Development Review, 7(2), 218-240. https://doi.org/10.1177/1534484308315565
101
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
Fan, X., Thompson, B., & Wang, L. (1999). Effects of sample size, estimation methods, and model specifi-
cation on Structural Equation Modeling Fit Indexes. Structural Equation modelling, 6(1), 56-83. https://
doi.org/10.1080/10705519909540119
Fida, R., Laschinger, H.K.S. & Leiter, M. P. (2018). The protective role of self-efficacy against workplace
incivility and burnout in nursing: A time-lagged study. Health Care Management Review, 43(1), 21-29.
https://doi.org/ 10.1097/HMR.0000000000000126
Finch, H. (2006). Comparison of the performance of Varimax and Promax potations: Factor struc-
ture recovery for dichotomous items. Journal of Educational Measurement, 43(1), 39–52. https://doi.
org/10.1111/j.1745-3984.2006.00003.x
Hair, J.F., Black, W.C., Babin, B.J., Anderson, R.E. & Tatham, R.L. (2006). Multivariate Date analysis (6th ed.).
Pearson Prentice Hall.
Henson, R.K. & Roberts, J.K. (2006). Use of Exploratory Factor Analysis in Published Research: Common
Errors and Some Comment on Improved Practice. Educational and Psychological Measurement, 66(3),
393-416. https://doi.org/10.1177/0013164405282485
Hu, L.T. & Bentler, P.M. (1999). Cutoff criteria for fit indexes in covariance structure analysis: Conven-
tional criteria versus new alternatives. Structural Equation Modeling: A Multidisciplinary Journal, 6(1),
1-55. https://doi.org/10.1080/10705519909540118
Irum, A., Ghosh, K. & Pandey, A. (2020). Workplace incivility and knowledge hiding: a research agenda.
Benchmarking: An International Journal, 27(3), 958-980. https://doi.org/ 10.1108/BIJ-05-2019-0213
Itzkovich, Y. (2016). The victim perspective of incivility: the role of negative affectivity, hierarchical sta-
tus and their interaction in explaining victimisation. International Journal of Work Organisation and
Emotion. 7(2), 126-142. https://doi.org/10.1504/IJWOE.2016.078086
Jiménez, P., Bregenzer, A., Leiter, M. & Magley, V. (2018). Psychometric properties of the German version
of the workplace incivility scale and the instigated workplace incivility scale. Swiss Journal of Psy-
chology, 77(4), 159-172. https://doi.org/10.1024/1421-0185/a000213
Kline, R.B. (2011). Principles and Practice of Structural Equation Modeling (3rd ed.). Guilford Press.
Laschinger, H.K.S. (2014). Impact of Workplace Mistreatment on Patient Safety Risk and Nurse-Assessed
Patient Outcomes. The Journal of Nursing Administration, 44(5), 284-290. https://doi.org/ 10.1097/
NNA.0000000000000068
Laschinger, H.K.S., Leiter, M., Day, A. & Gilin, D. (2009). Workplace empowerment, incivility, and burnout:
Impact on staff nurse recruitment and retention outcomes. Journal of Nursing Management, 17(3), 302-
311. https://doi.org/ 10.1111/j.1365-2834.2009.00999.x
Laschinger H.K.S., Wong, C., Regan, S., Young-Ritchie, C. & Bushell, P. (2013). Workplace incivility and
new graduate nurses’ mental health: The protective role of resiliency. The Journal of Nursing Admin-
istration, 43(7-8), 415-421. https://doi.org/ 10.1097/NNA.0b013e31829d61c6
Leiter, M.P. & Day, A. (2013). The Straightforward Incivility Scale Manual. Centre for Organizational
Research & Development, Acadia University.
Leiter, M.P. (2013). Analyzing and theorizing the dynamics of the workplace incivility crisis. Springer. http://
dx.doi.org/10.1007/978-94-007-5571-0
Leiter, M.P., Day, A. & Price, L. (2015). Attachment styles at work: Measurement, collegial relationships, and
burnout. Burnout Research, 2, 25-35. https://doi.org/10.1016/j.burn.2015.02.003
102
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
Leiter, M.P., Laschinger, H.K.S., Day, A. & Oore, D.G. (2011). The impact of civility interventions on employee
social behavior, distress, and attitudes. Journal of Applied Psychology, 96(6), 1258-1274. https://doi.org/
10.1037/a0024442
Lewis, P.S. & Malecha, A. (2011). The impact of workplace incivility on the work environment, manager
skill, and productivity. The Journal of Nursing Administration, 41(1), 4147. https://doi.org/ 10.1097/
NNA.0b013e3182002a4c
Lim, S., Cortina, L.M. & Magley, V.J. (2008). Personal and workgroup incivility: Impact on work and health
outcomes. Journal of Applied Psychology, 93(1), 95-107. https://doi.org/ 10.1037/0021-9010.93.1.95
Lomax, R.G. (2010). Structural Equation Modeling: Multisample Covariance and Mean Structures. In G.R.
Hancock, & R.O. Mueller (Eds.), The Reviewer’s Guide to Quantitative Methods in the Social Sciences
(p.385-395). Routledge.
McNeish, D., An, J. & Hancock, G.R. (2017). The Thorny Relation between measurement quality and fit
index cutoffs in latent variable models. Journal of Personality Assessment, 100(1), 43-52. https://doi.org/
10.1080/00223891.2017.1281286
Marôco, J. (2014). Análise de equações estruturais: Fundamentos teóricos, software & aplicações. Report
Number.
Marôco, J., Marôco, A.L., Leite E., Bastos, C., Vazão, M.J. & Campos, J. (2016). Burnout em profissionais da
saúde Portugueses: Uma análise a nível nacional. Acta Médica Portuguesa, 29(1), 24-30. https://doi.org/
10.20344/amp6460
Martin, R.J. & Hine, D.W. (2005). Development and validation of the Uncivil Workplace Behavior Ques-
tionnaire. Journal of Occupational Health Psychology, 10(4), 477490. https://doi.org/ 10.1037/1076-
8998.10.4.477
Maslach, C. & Jackson, S.E. (1981). The measurement of experienced burnout. Journal of Occupational
Behaviour, 2, 99-113. https://doi.org/10.1002/job.4030020205
Maslach, C., Jackson, S., & Leiter, M.P. (1996). Maslach Burnout Inventory manual (3rd ed.). Mind Garden.
Maslach, C., Schaufeli, W.B. & Leiter, M.P. (2001). Job burnout. Annual Review of Psychology, 52, 397–422.
https://doi.org/10.1146/annurev.psych.52.1.397
Mathews, RA. & Ritter, K.J. (2016). A Concise, content valid, gender invariant measure of workplace inci-
vility. Journal of Occupational Health Psychology, 21(3), 352-365. https://doi.org/ 10.1037/ocp0000017
McNamara, S. (2012). Incivility in nursing: Unsafe nurse, unsafe patients. Association of Operating Room
Nurses Journal, 95(4), 535–540. https://doi.org/ 10.1016/j.aorn.2012.01.020
Meyers, L.S., Gamst, G. & Guarino, A.J. (2006). Applied Multivariate Research: design and interpretation.
Sage Publications.
Mueller, R.O. & Hancock, G.R. (2010). Structural Equation Modeling. In G.R. Hancock & R.O. Mueller (Eds.),
The Reviewer’s Guide to Quantitative Methods in the Social Sciences (p. 371-383). Routledge. https://doi.
org/10.4324/9781315755649
Mulaik, S.A., James, L.R., Van Alstine, J., Bennett, N., Lind, S. & Stilwell, D. (1989). Evaluation of Good-
ness-of-Fit Indices for Structural Equation Models. Psychological Bulletin, 105(3), 430-445. https://doi.
org/10.1037/0033-2909.105.3.430
O’connor, B.P. (2000). SPSS and SAS programs for determining the number of components using parallel
analysis and Velicet’s MAP test. Behavior Research Methods, Instruments, and Computers, 32, 396-402.
https://doi.org/ 10.3758/bf03200807
103
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
Osatuke, K., Moore, S.C., Ward, C., Dyrenforth, S.R. & Belton, L. (2009). Civility, Respect, Engagement in the
Workforce (CREW): Nationwide organization development intervention at Veterans Health Adminis-
tration. Journal of Applied Behavioral Science, 45(3), 384-410. https://doi.org/10.1177/0021886309335067
Pearson, C., Andersson, L. & Porath, C. (2000). Assessing and attacking workplace incivility. Organiza-
tional Dynamics, 29(2), 123–137. https://doi.org/ 10.1016/S0090-2616(00)00019-X
Pearson, C.M., Andersson, L.M. & Wegner, J.W. (2001). When workers flout convention: A study of work-
place incivility. Human Relations, 54(11), 1387–1419. https://doi.org/10.1177/00187267015411001
Pearson, C.M. & Porath, C.L. (2005). On the nature, consequences and remedies of workplace incivil-
ity: No time for nice”? Think again. Academy of Management Executive, 19(1), 7-18. https://doi.org/
10.5465/AME.2005.15841946
Pearson, C. & Porath, C. (2009). The cost of bad behavior: How incivility ruins your business and what you can
do about it. Portfolio.
Portoghese, I., Galletta, M. & Campagna, M. (2015). Factor Structure of the Straightforward Incivility Scale
in an Italian sample. Testing, Psychometrics, Methodology in Applied Psychology, 22(3), 315-325. https://
doi.org/ 10.4473/TPM22.3.1
Read, E. & Laschinger, H.K.S. (2013). Correlates of new graduate nurses’ experiences of work-
place mistreatment. Journal of Nursing Administration, 43(4), 221–228. https://doi.org/ 10.1097/
NNA.0b013e3182895a90
Smidt, O., Beer, L.T., Brink, L. & Leiter, M.P. (2016). The validation of a Workplace incivility scale within
the South African banking industry. SA Journal of Industrial Psychology, 42(1), 1-12. https://doi.org/
10.4102/sajip.v42i1.1316
Smith, L.M., Andrusyszyn, M.A. & Laschinger, H.K.S. (2010). Effects of workplace incivility and empow-
erment on newly graduated nurses’ organizational commitment. Journal of Nursing Management,
18(8), 1004-1015. https://doi.org/ 10.1111/j.1365-2834.2010.01165.x
Speroni, K.G., Fitch, T., Dawson, E., Dugan, L. & Atherton, M. (2014). Incidence and cost of nurse work-
place violence perpetrated by hospital patients or patient visitors. Journal of Emergency Nursing,
40(3), 218228. https://doi.org/ 10.1016/j.jen.2013.05.014
Tabachnick, B.G. & Fidell, L.S. (2007). Using Multivariate Statistics. Pearson.
Tastan, S.B. & Davoudi, S.M.M. (2015). An empirical research on the examination of the relationship
between perceived workplace incivility and job involvement: the moderating role of collaborative
climate. International Journal of Work Organisation and Emotion, 7(1), 35-62. https://doi.org/ 10.1504/
IJWOE.2015.073124
Ten Hoeve, Y., Brouwer, J. & Kunnen, S. (2020). Turnover prevention: The direct and indirect association
between organizational job stressors, negative emotions and professional commitment in novice
nurses.Journal of advanced nursing,76(3), 836–845. https://doi.org/ 10.1111/jan.14281
Torkelson, E., Holm, K., Backstom, M. & Schad, E. (2016). Factors contributing to the perpetration of work-
place incivility: The importance of organizational aspects and experiencing incivility from others.
Work & Stress, 30, 115-131. https://doi.org/ 10.1080/02678373.2016.1175524
Tricahyadinata, I., Hendryadi, H., Suryani, Zainurossalamia S.Z.A., Riadi, S.S. & Topa G. (2020).Work-
place incivility, work engagement, and turnover intentions: Multi-group analysis.Cogent Psycho-
logy,7(1). https://doi.org/10.1080/23311908.2020.1743627
Tsuno, K., Kawakami, N., Shimazu, A., Shimada, K., Inoue, A. & Leiter, M. P. (2017). Workplace incivility in
Japan: reliability and validity of the Japanese version of the modified Work Incivility Scale. Journal
of Occupational Health, 59, 237-246. https://doi.org/ 10.1539/joh.16-0196-OA
104
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Straightforward Incivility Scale: adaptation and validation of Workplace Incivility measurement for Portuguese samples
Urbina, S. (2014). Essentials of psychological testing (2nd ed.). Wiley.
Vala, J., Pinto, A.M., Moreira, S. & Lopes, R.C. (2016). Burnout na classe médica: Estudo nacional, principais
resultados. Ordem dos Médicos. Accessed 3 March 2021. http://www.dependencias.pt/ficheiros/con-
teudos/files/Burnout.pdf
Wang, C.H. & Chen, H.T. (2020). Relationships among workplace incivility, work engagement and job per-
formance. Journal of Hospitality and Tourism Insights, 3(4), 415-429. https://doi.org/ 10.1108/JHTI-09-
2019-0105
Welbourne, J.L., Miranda, G. & Gangadharan, A. (2020). Effects of employee personality on the relation-
ships between experienced incivility, emotional exhaustion, and perpetrated incivility. International
Journal of Stress Management, 27(4), 335–345. https://doi.org/10.1037/str0000160
Wilson, N.L. & Holmvall, C.M. (2013). The development and validation of the Incivility from Customers
Scale. Journal of Occupational Health Psychology, 18(3), 310-326. https://doi.org/10.1037/a0032753
Wing, T., Regan, S. & Laschinger, H. K. S. (2015). The influence of empowerment and incivility on the
mental health of new graduate nurses. Journal of Nursing Management, 23(5), 632643. https://doi.org/
10.1111/jonm.12190
Wolf, L.A., Delao, A. & Perhats, C. (2014). Nothing changes, nobody cares: Understanding the experience
of emergency nurses physically or verbally assaulted while providing care. Journal of Emergency
Nursing, 40(4), 305310. https://doi.org/ 10.1016/j.jen.2013.11.006
Werner, L. & Campbell, D. (1970). Translating, working through interpreters and the problem of decen-
tering. In R. Naroll, & R. Cohen (Eds.), American handbook of methods in cultural anthropology (pp.
398-420). Natural History Press.
Zwick, W.R. & Velicer, W.F. (1986). Comparison of five rules for determining the number of components to
retain. Psychological Bulletin, 99(3), 432-442. https://doi.org/10.1037/0033-2909.99.3.432
105
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023 pp. 86-105
Tito Laneiro, Luisa Ribeiro, Martina Nitzsche, Tânia Ferraro, Genta Kulari, Michael Leiter
Appendix A
Escala de Incivilidade no Trabalho
[Portuguese version]
Straightforward Incivility Scale (SIS; Leiter & Day, 2013)
Indique em que medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações. Colo-
que um ‘X’ na resposta mais adequada, utilizando a seguinte escala de avaliação.
0 1 2 3 4 5 6
Nunca Algumas vezes por
mês ou menos
Uma vez por
semana ou menos
Algumas vezes
por semana
A maior parte
dos dias
Diariamente Mais do que
uma vez por dia
No último mês com que frequência os seus supervisores se comportaram das seguintes
formas?
0 1 2 3 4 5 6
1. Ignoraram-no(a)
2. Excluíram-no(a)
3. Falaram-lhe rudemente
4. Comportaram-se rudemente consigo (e.g., gestos, expressões faciais, etc.)
5. Comportaram-se sem consideração por si
No último mês com que frequência os seus colegas/outros prossionais da equipa de saúde se
comportaram das seguintes formas?
6. Ignoraram-no(a)
7. Excluíram-no(a)
8. Falaram-lhe rudemente
9. Comportaram-se rudemente consigo (e.g., gestos, expressões faciais, etc.)
10. Comportaram-se sem consideração por si
No último mês com que frequência os seus subordinados (a quem delega tarefas) se comportaram das
seguintes formas?
11. Ignoraram-no(a)
12. Excluíram-no(a)
13. Falaram-lhe rudemente
14. Comportaram-se rudemente consigo (e.g., gestos, expressões faciais, etc.)
15. Comportaram-se sem consideração por si
No último mês com que frequência os seus utentes/clientes se comportaram das seguintes formas?
16. Ignoraram-no(a)
17. Excluíram-no(a)
18. Falaram-lhe rudemente
19. Comportaram-se rudemente consigo (e.g., gestos, expressões faciais, etc.)
20. Comportaram-se sem consideração por si
No último mês quantas vezes você já se comportou das seguintes formas em relação a outras pessoas
no trabalho?
21. Ignoraram-no(a)
22. Excluíram-no(a)
23. Falaram-lhe rudemente
24. Comportaram-se rudemente consigo (e.g., gestos, expressões faciais, etc.)
25. Comportaram-se sem consideração por si
106
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
AUTHOR INSTRUCTIONS
Elaboration and submission of articles
The preparation and submission of papers for the Psique journal abides to international scientic standards,
contingent upon the fulllment of several requirements listed below:
1. Papers submitted for publication must be original. The authors sign a declaration (Apendix 1) where they
warrant that:
A) are in fact the authors and are fully responsible for the content of their paper;
B) that their work abides to the international ethical and methodological standards within the eld
of Psychology proposed by the American Psychological Association APA) and by the European
Science Foudation (European Code of Conduct for Integrity of Research);
C) and that, they have not simultaneously submitted the paper for publication elsewhere.
D) The journal will use all means to guarantee the above criteria, namely, to request proof of
documents and through the use of plagiarism soware (Urkund). Authors will be informed in case of
indicators of plagiarism, and can comment on these indicators before the rejection of the manuscript.
2. Copyright of the publication is vested in Psique, while the copyright of texts rests with the individual
author(s); in case of later republication elsewhere, reference to the Psique publication should be indicated. The
journal does not carry out any embargo on the articles. The author(s) may disclose the article in auto archive
systems or in institutional repositories.
3. Submitted papers may be sent as an attached le to the Editorial Coordination of the journal Psique: Odete
Nunes (onunes@autonoma.pt; psique@autonoma.pt).
4. The rst page of the paper must contain the author(s)’ identication, institution, city and country, as well as
a contact e-mail address of all the authors of the paper.
5. Texts may be presented in Portuguese, Castilian, French or English.
6. Proposed papers will be subjected to blind peer review carried out by at least two specialists (PhD in
Psychology) from the journal’s Editorial Council, the majority of whom are external referees to Universidade
Autónoma de Lisboa.
7. These are the steps involved in the process of manuscript submission and acceptance:
Manuscripts are received by the journal’s editor and sent to reviewers, specialists in Psychology. Our
is a double-blind peer-review system: both reviewers’ and author’s anonymity is preserved;
Reviewers will assess manuscripts and express their opinion on their quality and pertinence for
the journal’s aim and scope and may should suggest specic improvements. In case both reviewers
disagree on their assessment, the editor may assess the manuscript and decide about its publication
or request the opinion of a third reviewer;
Authors will be informed of the editorial decision, which may be:
a) Accepted (the manuscript is accepted for publication as it is);
b) Conditionally accepted (requires minor revisions), in this case the paper may be accepted by
107
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
the editor once the author introduces minor revisions;
c) Invited to re-submit aer major revisions (the theme is of interest, yet the manuscript needs
major revisions). In this case, authors are advised to rewrite the manuscript in accordance to
reviewers’ suggestions and re-submit it. Re-submitted manuscripts are sent to reviewers for re-
assessment;
d) Rejected (when the manuscript does not meet the criteria for publication).
8. The common indicator for sending the original les is “.doc”.
9. There is a 30 pages limit to the size of papers, excluding the reference list, tables and illustrations.
10. The images, (diagrams, maps, tables and graphs) should be indicated and identied in accordance with the
last edition of the Publication Manual of American Psychological Association (APA).
11. The structure of the paper should follow the guidelines set forth in the last edition of the Publication
Manual of APA. The title, the summary, and the keywords, should be presented in the original language of the
paper and in English. The summary should not exceed 200 words and the keywords should not be more than
ve.
12. Text quotations and bibliography references shall be in accordance with the guidelines of the last edition
of the Publication Manual of APA, for example:
A. Scientic Journal Papers: Herbst-Damm, K. L., & Kulik, J. A. (2005). Volunteer support, marital
status, and the survival times of terminally ill patients. Health Psychology, 24, 225-229. https://doi.
org/10.1037/0278-6133.24.2.225
B. Books: Mitchell, T. R., & Larson, J. R., Jr. (1987). People in organizations: An introduction to
organizational behavior (3rd ed.). McGraw-Hill.
C. Book Chapters: Bjork, R. A. (1989). Retrieval inhibition as an adaptive mechanism in human
memory. In H. L. Roediger III & F. I. M. Craik (Eds.), Varieties of memory & consciousness (pp. 309 -330).
Erlbaum.
13. Whenever necessary, and without any interference to its inclusion in the“.doc” document, the original les
of tables and gures may be sent separately, in JPEG, TIFF or XLS format.
14. Footnotes should be in accordance with the guidelines of the last edition of the Publication Manual of APA.
15. Psique publishes ve types of papers:
A) Empirical papers that present reports of original research.
B) Literature reviews papers that develop research synthesis, meta-analyses, and critical evaluations
of material that has already been published.
C) Theoretical papers in which the author develops advances in theory based on previous published
literature.
D) Methodological papers that present new methodological approaches, modications of existing
methods or discussions of quantitative and qualitative data analytic approaches to scientic research.
E) Case studies, reports of case material obtained while working with an individual, a group, a
community or an organization.
16. The journal Psique has a limit of one paper by the same author in each issue.
17. The editorial board of Psique, responsible for the evaluation of the manuscripts to be published, is
constituted by, at least, 75% members from academic institutions outside the hosting institution of Psique.
108
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
18. The publication of Psique is semi-annual, from the year of 2018, with publication date from January 1st to
June 30th and from July 1st to December 31st.
19. Psique subscribes to the codes of ethics and good editorial practices, namely:
The Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for Journal Editors, from the Committee on
Publication Ethics: Committee on Publication Ethics (2011). Code of Conduct and Best-Practice
Guidelines for Journal Editors. Retrieved from http://publicationethics.org/les/Code_of_conduct_
for_journal_editors_Mar11.pdf
The White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications, Council of Science
Editors Scott-Lichter, D. & Editorial Policy Committee, Council of Science Editors (2012). CSE’s
White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications. Retrieved from https://www.
councilscienceeditors.org/wp-content/uploads/entire_whitepaper.pdf
In case of publication they permit the use of their work under a CC-BY license [http://creativecommons.org/
licenses/by/3.0/], which allows others to copy, distribute and transmit the work as well as to adapt the work
and to make commercial use of it.
For more details on the ethical obligations of authors, reviewers and editorial coordination, consult the
Publication Ethics and Best- Practice Guidelines tab.
21. The editorial process is totally free of costs for the authors. Psyche is a non-prot scientic publication.
109
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
APPENDIX 1
Lisbon, xx xx 20xx
Dear authors
The editorial coordination of Psique asks the authors of the manuscript titled “xxx”, to be published in
volume xxx, to sign below in agreement to granting Psique the Copyright for the publication of the paper
in printed and online forms. The granting of the copyright to Psique is only legitimate if all authors sign
this
agreement.
By signing this document, the authors guarantee that the article submitted for publication is original,
exclusively of their authorship and that it respected the international ethical and methodological
standards in the scientic eld of Psychology, namely the ones proposed by the American Psychological
Association (APA) and the European Science Foundation (European Code of Conduct for Integrity of
Research). Authors are fully responsible for what is written in the articles and ensure that they do not
submit the work simultaneously to another journal for publication.
Psique holds the copyright of the entire publication. However, each author has the copyright of his own
text. If authors decide to later republish it elsewhere, they are asked to refer to the publication in Psique.
The journal publishes in open access, does not carry out any embargo on the articles and authors can
share the article in auto le systems or in institutional repositories.
Below are the full names of the authors for signature:
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Odete Nunes
Editor in Chief of Psique
110
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Elaboração e submissão de artigos
A elaboração e submissão de artigos para a revista Psique subordina-se aos padrões cientícos internacionais,
de acordo com as seguintes condições:
1. Os artigos submetidos para publicação têm de ser originais e inéditos. Os autores assinam uma declaração
(Anexo 1) onde garantem:
A) Que realizaram o trabalho que apresentam e que são integralmente responsáveis pelo que está
escrito nos artigos;
B) Que respeitaram os padrões éticos e metodológicos internacionais vigentes na área cientíca
da Psicologia, propostos pela American Psychological Association (APA) e pela European Science
Foundation (European Code of Conduct for Integrity of Research);
C) E que não submeteram o trabalho simultaneamente a outra revista para publicação;
D) A revista usará de todos os meios para garantir os anteriores critérios, designadamente, podendo
pedir prova de documentos e através do uso de um soware de plágio (Urkund). Os autores
serão informados no caso de existirem indicadores de plágio, podendo pronunciar-se sobre esses
indicadores antes da rejeição do artigo.
2. A Psique detém os direitos de autor sobre a publicação, no entanto, cada autor tem o copyright do seu próprio
texto; no caso de o republicar mais tarde noutro local, pede-se a referência à publicação na Psique. A revista
não procede a qualquer embargo dos artigos. O(s) autor(s) pode divulgar o artigo em sistemas de auto arquivo
ou em repositórios institucionais.
3. Os artigos enviados para submissão devem ser remetidos em suporte eletrónico à Coordenação Editorial:
Odete Nunes (onunes@autonoma.pt; psique@autonoma.pt).
4. Na primeira página do artigo deve constar a nome completo do(s) autor(es), sem siglas, a respetiva liação,
local e país, bem como o(s) e-mail(s) de contacto de todos os autores do artigo.
5. Os textos podem ser apresentados em português, castelhano, francês e inglês.
6. Os artigos propostos são submetidos a um processo de arbitragem cientíca, de revisão cega por pares (blind
peer review) feita por, pelo menos, dois especialistas (Doutorados em Psicologia) que fazem parte do Conselho
Editorial da revista, e cuja maioria é externa à Universidade Autónoma de Lisboa.
7. O processo de submissão e avaliação dos manuscritos submetidos seguirá os seguintes passos:
Os artigos são recebidos pelo Editor da revista e enviados para dois revisores. Os artigos serão
enviados sem o nome dos autores para os revisores. Todo o processo de avaliação dos artigos é feito
sob o anonimato dos autores para garantir uma “revisão cega por pares”. No processo de avaliação,
os revisores também serão mantidos anónimos para os autores;
Os revisores avaliarão os artigos e expressarão a sua opinião sobre a qualidade do artigo, sobre a
pertinência da sua publicação na revista e poderão indicar sugestões de melhoria tão especícas
quanto possível para a reformulação do artigo. No caso das opiniões dos revisores serem discordantes,
o Editor poderá decidir sobre a publicação, após a sua própria análise ao artigo, ou pode pedir um
outro parecer a um terceiro revisor;
111
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
Os autores serão informados da decisão editorial, num período médio de três meses, que pode
consistir em:
A) Aceite (o manuscrito foi aceite para publicação na sua forma atual);
B) Aceite condicionalmente, mediante pequenas reformulações, neste caso, após as alterações
introduzidas, o artigo reformulado pode ser aceite pelo editor;
C) Convidado a re-submeter após reformulações substanciais (o tema interessa à revista, porém,
o artigo necessita de uma reformulação profunda). Nestes casos, os autores são convidados a
reformular o artigo de acordo com as sugestões dos revisores e a re-submeter à revista. Após
a reformulação dos artigos, estes serão enviados novamente aos revisores para uma segunda
avaliação;
D) Rejeitado (quando foi considerado que o manuscrito não cumpriu os critérios para
publicação na revista).
8. A linguagem de base para o envio dos cheiros originais é “.doc”.
9. A dimensão dos artigos tem um limite de 30 páginas, excluindo a lista de referências bibliográcas, tabelas
e guras.
10. As imagens (esquemas, mapas, tabelas e grácos) deverão ser referidos e identicados em obediência à
última edição do Publication Manual of the American Psychological Association (APA).
11. A estrutura dos artigos deve obedecer às regras da última edição do Manual de Publicações da APA. O
título e o resumo devem ser escritos na língua original do artigo e em inglês, bem como as palavras-chave do
artigo. O resumo tem uma dimensão limite até 200 palavras e seguem-se-lhe as palavras-chave, no máximo
de cinco.
12. As citações e referências bibliográcas são feitas de acordo com as normas da última edição do Manual de
Publicações da APA, por exemplo:
A) Artigos de Revista Cientíca: Herbst-Damm, K. L., & Kulik, J. A. (2005). Volunteer support,
marital status, and the survival times of terminally ill patients. Health Psychology, 24, 225-229.
https://doi.org/10.1037/0278-6133.24.2.225
B) Livros de Autor: Mitchell, T. R., & Larson, J. R., Jr. (1987). People in organizations: An introduction to
organizational behavior (3rd ed.). McGraw-Hill;
C) Capítulos de Livros: Bjork, R. A. (1989). Retrieval inhibition as an adaptive mechanism in
human memory. In H. L. Roediger III & F. I. M. Craik (Eds.), Varieties of memory & consciousness
(pp.309 -330). Erlbaum.
13. Sempre que se justique, sem prejuízo da sua inclusão no documento em “.doc”, os cheiros originais dos
quadros e guras podem ser enviados em separado, em formato JPEG, TIFF ou XLS.
14. As notas de rodapé são feitas de acordo com as normas da última edição do Manual de Publicações da APA.
15. A Psique publica cinco tipos de artigos:
A) Artigos empíricos que apresentam relatórios de investigações cientícas originais.
B) Artigos de revisão de literatura que desenvolvem análises críticas de material anteriormente
publicado.
C) Artigos teóricos em que o autor desenvolve avanços sobre teorias inovadoras ou anteriormente
publicadas.
D) Artigos metodológicos que apresentam novas abordagens metodológicas, modicação de
métodos existentes ou discussões sobre as abordagens quantitativas ou qualitativas na investigação
cientíca.
112
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
E) Estudos de caso que reportam material de casos obtidos ao longo do trabalho com indivíduos,
grupos, uma comunidade ou uma organização.
16. A revista Psique tem um limite máximo de publicação de um artigo de um mesmo autor em cada volume.
17. O conselho editorial da Psique, responsável pela avaliação dos artigos publicados, é constituído em, pelo
menos, 75% por membros de instituições académicas externas à instituição de acolhimento da Psique.
18. A publicação é semestral, com data de publicação de 1 de janeiro a 31 de junho e de 1 de julho a 31 de
dezembro.
19. A Psique subescreve os códigos de ética e boas práticas editoriais, designadamente:
O Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for Journal Editors, do Committee on Publication
Ethics Committee on Publication Ethics (2011). Code of Conduct and Best-Practice Guidelines for
Journal Editors. Retrieved from http://publicationethics.org/les/Code_of_conduct_for_journal_
editors_Mar11.pdf
O White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications, da Council of Science
Editors Scott-Lichter, D. & Editorial Policy Committee, Council of Science Editors (2012). CSE’s
White Paper on Promoting Integrity in Scientic Journal Publications. Retrieved from https://www.
councilscienceeditors.org/wp-content/uploads/entire_whitepaper.pdf
Para mais detalhes sobre obrigações éticas dos autores, revisores e coordenação editorial, consultar
o separador Ética Editorial e Boas Práticas.
20. Em nenhuma etapa do processo editorial se estabelecem custos para os autores. A Psique é uma publicação
cientíca sem ns lucrativos.
21. Em caso de publicação, os autores permitem o uso do seu trabalho através da utilização da licença
creative commons, CC-BY [https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/], que permite a cópia, distribuição
e transmissão do conteúdo, assim como a sua adaptação para uso comercial.
113
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
APÊNDICE 1
Lisboa, x de x de 20xx
A Revista Psique solicita que os autores do manuscrito intitulado “xxx”, a ser publicado no volume xxx,
concedam os direitos autorais do manuscrito para publicação na forma impressa e eletrónica. Informa-
mos que a concessão dos direitos autorais só será legítima, se todos os autores assinarem a presente carta.
Ao assinar o presente documento os autores garantem que o artigo submetido para publicação é ori-
ginal, é exclusivamente da sua autoria e que respeitou os padrões éticos e metodológicos internacionais
vigentes na área cientíca da Psicologia, propostos pela American Psychological Association (APA) e pela
European Science Foundation (European Code of Conduct for Integrity of Research). Os autores são in-
tegralmente responsáveis pelo que está escrito nos artigos e garantem que não submeteram o trabalho
simultaneamente a outra revista para publicação.
A Psique detém os direitos de autor sobre o conjunto da publicação, no entanto, cada autor tem os direi-
tos de autor do copyright do seu próprio texto. No caso de o republicar mais tarde, noutro local, pede-se
a referência à publicação na Psique. A revista publica em acesso aberto, não procede a qualquer embargo
dos artigos e os autores podem divulgar o artigo em sistemas de auto arquivo ou em repositórios institu-
cionais.
Seguem abaixo os nomes completos dos autores por extenso para assinatura:
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
_______________________________________________________________
Odete Nunes
Editor Diretor Psique
114
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
REVIEWERS INSTRUCTIONS
Article Review
The articles submitted to be published in Psique will be evaluated by two experts in the scientic domain of
the paper, Ph.D in Psychology.
These are the steps involved in the process of manuscript submission and acceptance/rejection:
1. Manuscripts are received by the journal’s editor in chief and aer a preliminary analysis will be
sent to two reviewers, in a double-blind peer-review system. Both reviewers’ and author’s anonymity
is preserved;
2. Reviewers will assess the manuscripts and express their opinion on the quality and pertinence for
the journal’s aims and scope and should suggest specic reformulations to improve the quality of the
manuscript.
3. In case both reviewers disagree on their assessment, the editor in chief may assess the manuscript
and decide about its publication or request the opinion of a third reviewer.
Each reviewer should carefully read the manuscript and issue a justied and reasoned report on the
appropriateness of manuscript for publication in Psique. The dimensions to consider in the evaluation process
are the following:
1. Relevance and up to date of the theme of the manuscript for the scientic eld of Psychology;
2. Coverage, adequacy and up to date of the analyzed scientic literature;
3. Appropriateness of the methodological procedures in relation to the objectives of the study;
4. Clarity of writing and correction of the article structure, according to the APA structure criteria;
5. Validity of the results obtained in relation to the objectives and the methodological procedures
developed;
6. Scope, articulation and in depth of the discussion of the results obtained;
7. Formal correction of bibliographical references, formulas and tables; according to the APA formal
criteria.
For guidelines on the ethical criteria in the editorial process please read the Publication Ethics and Best-
Practice Guidelines.
Authors will be informed of the editorial decision, usually during the period of three months, which may be:
a) Accepted (the manuscript is accepted for publication as it is);
b) Conditionally accepted (requires minor reformulations), in this case the paper may be accepted by
the editor once the author introduces the minor reformulations;
c) Invited to re-submit aer major revisions (the theme is of interest, yet the manuscript needs major
revisions). In this case, authors are advised to rewrite the manuscript in accordance to reviewers’
suggestions and re-submit it. Re-submitted manuscripts are sent to reviewers for re-assessment;
d) Rejected (when the manuscript does not meet the criteria for publication).
On the link below you will nd the evaluation format for the evaluation of manuscripts submitted to Psique
Manuscript Evaluation Sheet.
115
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2023
INSTRUÇÕES AOS REVISORES
Revisão de artigos
Os artigos submetidos para serem publicados em Psique serão avaliados por dois especialistas no domínio
cientíco do estudo, doutorados em Psicologia.
As etapas envolvidas no processo de submissão e aceitação / rejeição dos manuscritos são as seguintes:
1. Os manuscritos são recebidos pelo editor da revista e, após uma análise preliminar, serão enviados
para o parecer de dois revisores, sob um sistema de revisão de pares anónimo duplo. É preservado o
anonimato tanto dos autores, como dos revisores.
2. Os revisores avaliarão os manuscritos e emitirão o seu parecer sobre a qualidade e pertinência dos
manuscritos, face aos objetivos e âmbito da revista e devem sugerir reformulações especícas para
melhorar a qualidade dos manuscritos.
3. Caso os dois revisores não estejam de acordo sobre a avaliação de um manuscrito, o editor pode
avaliar o manuscrito e decidir sobre sua publicação ou solicitar a opinião de um terceiro revisor.
Cada revisor deve ler cuidadosamente o manuscrito e emitir um relatório justicado e fundamentado sobre
a adequação do manuscrito para publicação na Psique. As dimensões a considerar no processo de avaliação
são as seguintes:
1. Pertinência e atualidade do tema para o campo cientíco da Psicologia;
2. Cobertura, adequação e atualidade da literatura cientíca analisada;
3. Adequação dos procedimentos metodológicos face aos objetivos do estudo;
4. Clareza da escrita e correção da estrutura do artigo, de acordo com os critérios APA;
5. Validade dos resultados obtidos face aos objetivos e aos procedimentos metodológicos
desenvolvidos;
6. Abrangência, articulação e profundidade na discussão dos resultados obtidos;
7. Correção formal das referências bibliográcas, fórmulas e tabelas, de acordo com os critérios
formais APA.
Para instruções sobre os critérios éticos no processo editorial, por favor, leia o separador Ética Editorial e Boas
Práticas de Publicação.
Os autores serão informados da decisão editorial, geralmente durante o período de três meses, que pode ser:
a) Aceite (o manuscrito foi aceite para publicação na sua forma atual);
b) Aceite condicionalmente, mediante pequenas reformulações. Neste caso, após as alterações
introduzidas, o artigo reformulado pode ser aceite pelo editor;
c) Convidado a re-submeter após reformulações substanciais (o tema interessa à revista, porém, o
artigo necessita de uma reformulação profunda). Nestes casos, os autores são convidados a reformular
o artigo de acordo com as sugestões dos revisores e a re-submeter à revista. Após a reformulação dos
artigos, estes serão enviados novamente aos revisores para uma segunda avaliação;
d) Rejeitado (quando foi considerado que o manuscrito não cumpriu os critérios para publicação na
revista).
Em seguida para download, encontra a cha de avaliação de manuscritos para publicação na Psique
Ficha de Avaliação de Manuscritos
116
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVIII • Issue Fascículo 1 • 1st january janeiro-30th june junho 2022