143
EXIGÊNCIAS DO TRABALHO E SATISFAÇÃO PROFISSIONAL:
O PAPEL MEDIADOR DO CONFLITO TRABALHOFAMÍLIA
EDOBURNOUT
WORK DEMANDS AND JOB SATISFACTION: THE MEDIATING ROLE
OF WORKFAMILY CONFLICT AND BURNOUT
Susana Lopes
1
, Cátia Sousa
2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCÍCULO 1
1
ST
JANUARY JANEIRO  30
TH
JUNE JUNHO 2023 PP. 143162
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.1.7
Submitted on 6.09.21 Submetido a 6.09.21
Accepted on 13.09.22 Aceite a 13.09.22
Resumo
As exigências do trabalho e a interferência do contexto de trabalho com o familiar são vistos
como antecedentes de vários constructos negativos para a saúde e bem-estar no meio laboral,
como o burnout e a baixa satisfação profissional. Este estudo tem como objetivos observar o efeito
do conflito trabalho-família e das exigências do trabalho sobre o burnout e a satisfação profissio-
nal, o efeito mediador do conflito trabalho-família sobre as exigências do trabalho e o burnout, e o
efeito mediador do burnout na relação entre as exigências do trabalho e a satisfação profissional.
Através de uma amostra de 505 participantes, 142 do género masculino e 363 do género feminino
(Midade = 37.11), os resultados mostram que as exigências do trabalho influenciam o conflito tra-
balho-família e família-trabalho, e que ambas as variáveis têm efeitos negativos no burnout e na
satisfação profissional. Adicionalmente, suportam as mediações do conflito trabalho-família e
do burnout, com as relações respetivas. Quer o conflito trabalho-família quer as altas exincias
do trabalho acarretam outcomes laborais negativos significativos para as organizações, pelo que
a prevenção através de práticas e de uma cultura amiga da família promoverão o bem-estar e
saúde mental no trabalho, bem como contribuirão para uma melhor performance organizacional.
Palavras-chave: Exigências do trabalho; conflito trabalho-família e família-trabalho; burnout; satisfa-
ção profissional.
1 Universidade do Algarve, Faro, Portugal. Licenciada em Psicologia, finalista do mestrado em Psicologia Social, do Trabalho
e das Organizações, Universidade do Algarve. a57477@ualg.pt
2 Universidade do Algarve, Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP/UAL) & Universidade do Algarve. Licen-
ciada em Gestão de Recursos Humanos, Mestre em Ciências do Trabalho e Relações Laborais e doutorada em Psicologia. Pro-
fessora Adjunta convidada na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve e membro do Centro
de Investigação em Psicologia (CIP/UAL) & Universidade do Algarve.
cavsousa@ualg.pt | http://orcid.org/0000-0001-9905-8138
Financiamento: Este trabalho foi financiado com fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia – no
âmbito do projeto CIP / UAL – Ref.ª UID / PSI / 04345/2020
*Autor correspondente: Susana Lopes, a57477@ualg.pt
144
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
Abstract
The work demands and the work-family interference are seen as antecedents of several
negative constructs for health and well-being in the workplace, such as burnout and low job
satisfaction. This study aims to observe the effect of the work-family conflict and the demands
of work on burnout and job satisfaction, the mediating effect of the work-family conflict on work
demands and burnout, and the mediating effect of burnout on relationship between job demands
and job satisfaction. Through a sample of 505 participants, 142 males and 363 females (Mage
= 37.11), the results show that the work demands influence the work-family and family-work
conflict, and that both variables have negative effects burnout and job satisfaction. Additionally,
they support the mediations of the work-family conflict and burnout, with the respective
relationships. Both the work-family conflict and the high work demands lead to significant
negative work outcomes for organizations, so prevention through practices and a family-friendly
culture will promote well-being and health mental health at work, as well as contribute to better
organizational performance.
Keywords: Work demands; work-family conflict; burnout; job satisfaction.
1. Introdução
O meio laboral tem sido alvo de um conjunto de alterações tecnológicas e mudaas sociais,
que impactam a esfera familiar, contribuindo para a interferência do contexto de trabalho no
contexto familiar e vice-versa (Andrade, 2015). Nesse contexto, o tema da conciliação entre o
trabalho e a família emerge face a um cenário de profundas transformações tanto no mundo do
trabalho (precarização e informatização) quanto na instituição familiar (aumento da escolari-
dade e maior heterogeneidade das estruturas familiares). Por outro lado, a atual situação socio-
-pandémica tem aumentado o interesse nos constructos do conflito trabalho-família, satisfação
profissional e performance laboral face às novas características profissionais subjacentes (Bhat-
tarai, 2020; John et al., 2020; Schieman et al., 2021; Vaziri et al., 2020). Os limites entre o contexto
laboral e a vida familiar perderam-se (Fisher et al., 2020; Rudolph et al. 2020) devido ao aumento
do teletrabalho (Kramer & Kramer, 2020). Tal situação tem originado mudanças na exposição ao
conflito entre ambos os domínios, uma vez que, haverá a integração das exigências do trabalho
em casa causando uma dificuldade na distinção de papéis, tanto no momento do trabalho como
na representação de papéis relacionados à família (Schieman et al., 2021). Dessa maneira, faz-se
importante refletir sobre como as organizações, o Estado e os indivíduos se propõem ao desafio
de conciliar a vida privada e o trabalho remunerado (Medeiros et al., 2017), já que tem sido uma
realidade cada vez mais frequente. Em contrapartida, se as organizações não aplicarem estas
práticas muitos são os impactos negativos sobre a saúde e bem-estar no trabalho, como o burnout
e a insatisfação laboral (Borgmann et al., 2019; Zhang et al., 2019). Face ao exposto, o pro-
sito deste estudo será analisar o efeito das exigências do trabalho e do conflito TF no burnout e
na satisfação profissional. Posteriormente, analisar-se-á em que medida o conflito TF constitui
145
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
um mediador na relação entre as exigências do trabalho e burnout, tal como, em que medida o
burnout é considerado um mediador na relação entre as exigências do trabalho e a satisfação
profissional.
2. Exigências do Trabalho
As exigências dizem respeito a aspetos físicos, sociais ou organizacionais do trabalho asso-
ciados ao esfoo físico e mental que sobrecarregam as capacidades pessoais dos funcionários,
e por isso estão associados a certos custos fisiológicos e psicológicos (Bakker & Geurts, 2001;
Lesener et al., 2019; Van den Broeck et al., 2010). As exigências são classificadas em três grupos:
exigências quantitativas, exigências emocionais e exigências cognitivas. As exigências quanti-
tativas do trabalho referem-se à sobrecarga de trabalho, pressão de trabalho ou elevada quanti-
dade de trabalho para fazer em pouco tempo. As exigências emocionais do trabalho referem-se
à componente afetiva do trabalho e o grau em que o trabalho coloca o indivíduo em situações
emocionalmente stressantes. Por fim, as exigências cognitivas do trabalho referem-se ao grau
em que as tarefas de trabalho exigem um esforço mental contínuo excessivo no desempenho das
suas funções (Peeters et al., 2005; Veldhoven, 2013). A exposição prolongada a exigências do tra-
balho faz desgastar cada vez mais a energia pessoal dos colaboradores, gerando sentimentos de
exaustão (Van den Broeck et al., 2010), o que poderá prever o burnout a longo prazo (Adil & Baig,
2018; Bottiani et al., 2019; Lee et al., 2020), e baixos níveis de satisfação em relação à atividade
profissional (Arends et al., 2014; Kaufman, 2004).
3. Conflito Trabalho-Família e Família-Trabalho
O conflito trabalho-família bidirecional, isto é, o trabalho interfere na família (conflito tra-
balho-família, CTF) e a família interfere no trabalho (conflito família-trabalho, CFT) (Alhani &
Mahmoodi-Shan, 2018). Assim, o CTF surge quando a participação nos papéis de trabalho preju-
dica a participação nos pais familiares, por outro lado, o CFT emerge quando o cumprimento
das responsabilidades familiares impede um indivíduo de cumprir as suas responsabilidades
laborais (Chan & Ao, 2019; Karatepe & Berkshi, 2008; Lenaghan et al., 2007).
Segundo French et al. (2018), o conflito trabalho-família relaciona-se com várias consequên-
cias negativas, representando-se como uma potencial fonte de mal-estar e insatisfação para as
atitudes e bem-estar dos indivíduos, com consequências nefastas para as organizações. O con-
flito TF es relacionado com aspetos psicológicos e resultados organizacionais negativos, como
aumento da depressão, mudaas de humor e esgotamento mental, aumento do consumo de
álcool e substâncias, problemassicos (dores de cabeça, dores musculares, problemas gastroin-
testinais, cansaço físico, falta de ar, palpitações e aumento da pressão arterial), diminuição da
satisfação com a vida, diminuição da satisfação profissional, influência no desenvolvimento da
carreira, aumento da rotatividade e diminuão do comprometimento para com a organização
(Álvarez & Gómez, 2011; Oliveira & Ribeiro, 2019; Sharma et al., 2016; Silva, 2017).
146
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
4. Burnout
Segundo Machado e Porto-Martins (2015), o burnout é um tipo de stresse persistente vincu-
lado à situação de trabalho, resultado da constante e repetitiva pressão emocional associada ao
intenso envolvimento por longos períodos. Em 2022, o burnout integrou a Classificação de Doen-
ças da Organização Mundial de Saúde, sendo caracterizado como “uma síndrome resultante de
stresse crónico no trabalho que não foi gerido com êxito” e um sentimento de exaustão, cinismo
ou sentimentos negativistas ligados ao trabalho e eficácia profissional reduzida (OMS, 2020).
Alvo derios estudos no decorrer dos anos, muitas são as definições que descrevem o burnout.
Freudenberger (1974) propôs a primeira definição de burnout, sendo utilizado para descrever o
esgotamento emocional e físico dos trabalhadores. Ou seja, é o estado de exaustão, a nível físico
e psicológico, advindo da vida profissional de um indivíduo. Mais tarde, Maslach e Jackson (1981)
definiram burnout como uma fadiga física e emocional que resulta na perda de motivação nas
funções laborais, que pode avaar até ao aparecimento de sentimentos de insucesso ou fra-
casso. Desta forma, resultaram as medidas de esgotamento de Shirom-Melamed, que englobam
três dimensões. A fadiga física, que se apresenta a partir de sentimentos de cansaço físico no tra-
balho e que se traduzem na perda de condição e energia física. A exaustão emocional que é resul-
tado do cansaço emocional face aos relacionamentos pessoais no trabalho, como por exemplo,
aquele que existe entre colegas de trabalho, clientes, chefias. Esta perda resulta na diminuão
de sensibilidade e cordialidade no que diz respeito às necessidades das outras pessoas. Por fim, a
fadiga cognitiva que está relacionada com sentimentos de cansaço cognitivo em relação à esfera
do trabalho, resultando numa perda de concentração e capacidade de pensamento (Shirom &
Melamed 2006). O burnout tem sido associado a vários conceitos. Segundo Peeters et al. (2005),
as exigências do trabalho e o CTF são antecedentes do burnout. Muitos são os estudos que afir-
mam que o burnout é consequência à exposição prolongada a exigências do trabalho (Shirom et
al., 2010) como intensas atividades físicas, afetivas e de tensão cognitiva (Demerouti et al., 2003),
falta de autonomia (West et al., 2018), incapacidades pessoais, falta de recursos e apoio social,
responsabilidades excessivas e ambiguidade/conflito de funções (Alarcon, 2011; Spooner-Lane
& Patton, 2007).
4.1. O papel mediador do conflito TF-FT entre as exigências do trabalho e o burnout
Com base no Modelo da Conservação de Recursos e no Modelo de Recursos Trabalho-Casa
(Hobfoll, 2002; ten Brummelhuis & Bakker, 2012), o excesso de trabalho é visto como um stressor
que conduz ao conflito TF, tal como o conflito TF pode ser visto como um stressor que irá reque-
rer o uso de recursos individuais, podendo levar, por sua vez, ao burnout. Ou seja, o conflito
TF, iemergir devido à perda de recursos face a exigências contextuais de trabalho (Neves,
2017), sendo que posteriormente o individuo terá os recursos esgotados para lidar com a família
(Bakker & Demerouti, 2007). A ideia central é de que as exigências do trabalho que exigem mui-
tos recursos (e.g. tempo, esforço) são associadas à acumulação de efeitos de carga negativa que
se espalham para o domínio familiar. Gomes (2019), afirma que o facto de haver spillover, fa
com que os indivíduos percecionem o trabalho como uma ameaça, pois ficam com menos recur-
sos para dedicar à sua família. Assim a perceção de que o trabalho está a retirar tempo e ener-
gia necessários para o desempenho do papel familiar, torna o papel profissional uma ameaça
147
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
(Buonocore & Russo, 2012). Por sua vez, o desequilíbrio entre os dois domínios aumentará o con-
flito TF potenciado pelas exigências do trabalho respetivas, fazendo com que a satisfação pro-
fissional dos indivíduos diminua, e, portanto, que resulte em experiências de interferência do
trabalho na vida familiar, associadas a problemas de saúde psicológica, como o burnout (Peeters
et al., 2005; Shimazu et al., 2010). Com base na literatura anteriormente revista, e considerando a
relação entre as exigências do trabalho e o burnout, espera-se que o conflito TF tenha um papel
explicativo desta mesma relação. Adicionalmente, Baeriswyl et al. (2016), Hall et al. (2010), Neves
(2017), West et al. (2018) confirmaram que as exigências do trabalho e os stressores da ambigui-
dade de papéis contribuem, ambos, substancialmente para uma maior correlação com o desen-
volvimento de burnout, mostrando que o conflito TF é capaz de mediar os efeitos das exigências
do trabalho sobre o burnout.
5. Satisfação Profissional
As definições do conceito de satisfação profissional são vastas. Segundo Locke (1969), a satis-
fação, é vista como um estado emocional agradável ou positivo, sendo o resultado da avaliação
que o trabalhador tem sobre o seu trabalho ou a realização dos seus valores por meio dessa ati-
vidade, sendo uma emoção positiva de bem-estar. A satisfação profissional foi definida como
um estado emocional positivo ou de prazer, resultante da avaliação do trabalho ou das expe-
riências proporcionadas pelo trabalho (Cunha et al., 2016). É o estado emocional que resulta da
correspondência entre o que o indivíduo espera do seu trabalho e o que dele pode retirar (Ramos,
2002). São vários os estudos que afirmam que a satisfação profissional diminui quando um cola-
borador se depara com um aumento do conflito TF (AlAzzan et al., 2017; Ding et al., 2018; Sharma
et al., 2016; Tariq et al., 2013;). Bruck et al. (2002), apontaram que o trabalho que interfere com
os compromissos familiares pode, na verdade, tirar ao indivíduo a satisfação em relação ao seu
trabalho. Por outras palavras, a incapacidade de conciliar as duas esferas de vida causará ao
indivíduo uma fonte de stresse proveniente da escassez de recursos necessários para responder
às exigências de cada domínio, isto terá como consequência a perda de satisfação profissional
(Rahmatika & Parahyanti, 2018).
5.1. O papel mediador do burnout entre a as exigências do trabalho e a satisfação profissio-
nal
O burnout e a satisfação profissional estão entre os mais frequentes indicadores de saúde
mental e bem-estar no trabalho na psicologia organizacional (Baeriswyl et al., 2016). Por um lado,
o burnout no sentido de um inibidor da boa performance no trabalho, por outro lado, a satisfação
profissional no sentido de um promotor do bom desempenho laboral. O burnout provém do esgo-
tamento de recursos mentais e físicos que é causado pelas exigências do trabalho (Hobfoll et al.,
2018; Lilius, 2012). Quanto mais exigências, menos recursos de autorregulação, o que levará pos-
teriormente a um conjunto de custossicos e psicológicos, que originará um comprometimento
da saúde laboral (Bakker & Demerouti, 2007). Os indivíduos, ao vivenciarem experiências emo-
cionais negativas no trabalho, serão menos propensos a manter comportamentos de alto desem-
penho (Halbesleben, 2007; Liu et al, 2015), diminuirão o seu bem-estar e envolvimento laboral e
148
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
desenvolverão atitudes negativas em relação ao seu trabalho que podem ser notadas nos baixos
níveis de satisfação profissional dos colaboradores (Schaufeli & Salanova, 2007). Por tanto, ora as
exigências do trabalho promovem o burnout, ora dificultarão aspetos do bem-estar geral como
a satisfação profissional. Neste sentido, Buonocore e Russo (2012) afirmam que o grau em que os
indivíduos estão satisfeitos ou insatisfeitos com o seu trabalho pode depender do conjunto de
características percecionadas como stressores no contexto laboral, que, por sua vez, desenvol-
verão um conjunto de problemas de saúde psicológicos, associados ao burnout. Ao sentir stresse
o indivíduo percecionará o trabalho como algo negativo, fazendo com que este desenvolva uma
atitude negativa para com o trabalho, e por consequência uma diminuição da sua satisfação pro-
fissional.
6. Metodologia
6.1. Amostra
A amostra recolhida é constituída por 505 participantes, dos quais 71.9% pertencem ao sexo
feminino (n = 363) e 28.1% pertencem ao sexo masculino (n = 142), com idades entre os 19 e os 66
anos (M = 37.11; DP = 11.12). Em relação ao estado civil dos indivíduos, a maior parte encontra-se
casado ou em união de facto (n = 271; 53.6%), 37% está solteiro e 8.9% são divorciados. Quanto às
habilitações literárias, os participantes distribuem-se por todos os graus de ensino, sendo os mais
comuns o ensino secundário (n =199 ;39.3%) e o ensino superior ao nível da licenciatura (n=176;
34,8%). Dos restantes, 12.8% possuem mestrado (n=65), 8.7% têm uma pós-graduação (n= 44),
3.6% possuem o ensino básico (n = 18), .4% apenas têm o ensino primário (n = 2) e .2% possuí
doutoramento (n = 1). Relativamente à atividade profissional, regista-se com maior incidência os
participantes que trabalham como técnicos ou em profissões de nível intermédio (n = 140; 27.7%),
depois o pessoal administrativo (n = 78; 15.4%) e logo a seguir os especialistas das atividades inte-
lectuais e científicas (n = 74; 14.6%). Por sua vez, 10.7% são trabalhadores dos serviços pessoais, de
proteção e segurança (n = 54), relativamente a trabalhadores não qualificados são 8.5% dos regis-
tos (n = 43), 5.7% são representantes do poder legislativo e dos órgãos executivos (n = 29), 5.3%
dedicam-se à agricultura ou a trabalhos qualificados (n=27), 3% dos indivíduos são empresários
(n = 15) e 2.6% são trabalhadores da indústria (n = 13). Regista-se também 1.8% como operadores
de instalações e máquinas (n = 9) e nas forças armadas possuímos 1.4% dos participantes (n = 7).
6.2. Instrumentos
Exigências do trabalho (Job Demands) – Foram operacionalizadas através de três dimensões
do Questionnaire on the Experience and Assessment of Work (QEEW2.0) de van Veldhoven et al.
(2015) Estas três dimensões são compostas por 25 itens, cotados numa escala de Likert de 7 pontos
(1 – discordo totalmente a 7 – concordo totalmente) e dizem respeito a: 1) Ritmo e quantidade de
trabalho (11 itens, e.g., item 1 “Tem de trabalhar com rapidez); 2) Sobrecarga de trabalho mental
(7 itens, e.g., item 12 “O seu trabalho requer muita concentração?”); e 3) Sobrecarga de trabalho
emocional (7 itens, e.g., item 19 “O seu trabalho requer muito de si em termos emocionais?”).
149
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
Escala de Conflito trabalho-família e família-trabalho – As escalas de CTF e CFT adaptadas
para a população Portuguesa por Santos e Gonçalves (2014), que foram originalmente desenvol-
vidas em inglês por Netemeyer et al. (1996). Esta escala é composta por 10 itens, cotados numa
escala de Likert de 7 pontos (1 – discordo totalmente a 7 – concordo totalmente) é um instrumento
bidimensional que avalia as duas dimensões do conflito: conflito trabalho-família (5 itens, e.g.,
item 1: “As exigências do meu emprego interferem na minha vida familiar”) e o conflito família-
-trabalho (5 itens, e.g., item 7: “Prescindo de realizar tarefas profissionais pelos compromissos
familiares em casa”).
Burnout – Foi avaliado através da escala de Shirom-Melamed Burnout Measure (SMBM) de
Shirom e Melamed (2006), traduzida para a população portuguesa através de um processo de tra-
dução-retradução. É uma escala composta por 14 itens e três subescalas: 1) cansaço físico (6 itens;
e.g., item 3 “Sinto-me fisicamente esgotado”); 2) cansaço cognitivo (5 itens; e.g., item 10 “Sinto que
não consigo concentrar-me”); e 3) exaustão emocional (3 itens; e.g., item 13 “Sinto-me incapaz
de investir emocionalmente nos colegas de trabalho e clientes”). Os itens são respondidos numa
escala tipo Likert de 7 pontos (1 = Nunca; 7 = Sempre).
Satisfação profissional – Foi aplicada a escala de Lima et al. (1994), composta por 8 itens, que
avaliam a satisfação relativamente a vários aspetos do trabalho (e.g., item 2 “Em relação à orga-
nização e funcionamento do departamento onde trabalha, diria que está:. Os itens são avaliados
numa escala de Likert de 7 pontos (1 – extremamente insatisfeito a 7 – extremamente satisfeito).
No que concerne à consistência interna das escalas (Tabela 1) todas apresentam valores acei-
táveis.
6.3. Procedimentos
A recolha de dados foi realizada em dois procedimentos distintos. Primeiramente através
da resposta ao questionário em papel, com recurso à sua impressão sendo aplicado a uma rede
pessoal de contactos. Adicionalmente, aplicou-se o questionário online, cujo link foi partilhado
em diferentes grupos das redes sociais e enviado a diversas pessoas empregadas. Ambos os pro-
cedimentos obedeceram às considerações éticas de confidencialidade e anonimato.
6.4. Análise dos dados
A análise quantitativa dos dados recolhidos realizou-se com recurso ao Software Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS), versão 26. Foram realizados os métodos estatísticos: aná-
lise descritiva, consistência interna, correlações, regressões e mediação, efetuado através do uso
da macro PROCESS do SPSS.
7. Resultados
7.1. Estatística Descritiva
Na tabela 1 estão apresentados as médias e os desvios-padrão de cada variável presente no
estudo. As médias mais elevadas dizem respeito à dimensão sobrecarga de trabalho mental (M =
150
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
5.42; DP = 1.2) e às exigências do trabalho (M = 4.5; DP = 0.86). Em relação ao conflito TF-FT esta
apresenta uma média de 3.08 (DP= 1.15), cuja dimensão correspondente ao conflito TF é a que
apresenta uma média mais alta (M = 3.74; DP= 1.15), comparativamente ao conflito FT que apre-
senta uma média de 2.43 (DP= 1.19), por outras palavras, podemos constatar que são as exigên-
cias respetivas ao trabalho que causarão mais conflito neste binómio. Relativamente à varvel
burnout, apresenta uma média de 3.36 (DP= 1.38), e a satisfação profissional com uma média de
4.45 (DP= 1.19).
TABELA1
Médias, desvios-padrão das variáveis e valores de Alfa de Cronbach
Variáveis M DP
a
Satisfação prossional 4.45 1.19 0.88
Conito TF-FT 3.08 1.15 0.87
Conito TF 3.74 1.15 0.85
Conito FT 2.43 1.19 0.87
Exigências do trabalho 4.50 0.86 0.90
Ritmo e quantidade de trabalho 3.98 0.89 0.76
Sobrecarga de trabalho mental 5.42 1.20 0.93
Sobrecarga de trabalho emocional 4.41 1.24 0.85
Burnout
3.36 1.38 0.96
Cansaço Físico 3.98 1.66 0.94
Cansaço Cognitivo 3.09 1.55 0.96
Exaustão Emocional 2.56 1.42 0.93
7.2. Correlações
Na tabela 2 é possível observar os valores de correlação entre as varveis em estudo. De
acordo com os dados obtidos podemos verificar que o conflito TF-FT correlaciona-se de modo
positivo com a maior parte das variáveis: a dimensão correspondente ao ritmo e quantidade de
trabalho (r = -.443; p = <.001) e no geral com as exigências do trabalho (r = -.435; p = .000) e burnout
(r = -.431; p = .000). Em relação às exigências do trabalho podemos verificar que as exigências
do trabalho se correlacionam de forma positiva e estatisticamente significativa também com o
burnout (r = .476; p = .000) e de forma negativa e estatisticamente significativa com a satisfação
profissional (r = -.257; p = .000). Por fim, ao observarmos a satisfação profissional podemos con-
cluir que a mesma se correlaciona negativamente com todas as variáveis, principalmente com o
burnout (r = -.461; p = .000) e com a dimensão cansaço físico (r = -.455; p = .001).
151
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
TABELA2
Correlações das variáveis em estudo
1 2 2.1 2.2 3 3.1 3.2 3.3 4 4.1 4.2
1. Satisfação prossional -
2. Conito TF-FT -.196** -
2.1. Conito TF -.194** .885** -
2.2. Conito FT -.133** .807** .439** -
3. Exigências do trabalho -.257** .435** .451** .266** -
3.1. Ritmo e quantidade de
trabalho
-.329** .443** .416** .327** .828** -
3.2. Sobrecarga de trabalho
mental
-.025 .168** .248** .009 .765** .421** -
3.3. Sobrecarga de trabalho
emocional
-.249** .425** .419** .289** .825** .538** .468** -
4. Burnout
-.461** .431** .390** .338** .476** .560** .113* .450** -
4.1. Cansaço Físico -.455** .414** .417** .270** .494** .534** .171** .467** .912** -
4.2. Cansaço Cognitivo -.391** .347** .292** .300** .388** .501** .060 .348** .909** .704** -
4.3. Exaustão Emocional -.317** .357** .262** .357** .303** .386** .003 .321** .754** .523** .660**
* p ≤ 0.05; **p ≤ 0.001
7.3. Análise de Regressão
Na tabela 3, podemos observar o efeito do conflito TF e FT sobre a variável burnout e respeti-
vas dimensões. Será o modelo 2, quando adicionarmos o conflito FT, o valor do efeito da regres-
são aumenta (ΔR 2 = 0.034). Assim, ambos os conflitos são responsáveis por cerca de 18.3% de
variância explicada sobre o burnout (F (1,502) = 57.435, p = .001). Neste modelo, tanto o conflito TF
(β = .299; t = 6.675, p = .001) como o conflito FT (β = .206; t = 4.601, p = .001) apresentam contribu-
tos significativos. Em relação às restantes dimensões do burnout, é igualmente o modelo 2, que
é constituído pelas duas direções do conflito, aquele que apresenta um maior poder preditivo.
Assim, o conflito prediz cerca de 18.3% do cansaço físico, cerca de 12.2% do cansaço cognitivo,
e cerca de 14.1% da exaustão emocional. Neste modelo, todas as dimensões apresentaram um
contributo significativo (p ≤ .001).
TABELA3
Regressão hierárquica para a predição do burnout
Modelos
Burnout
Cansaço Físico Cansaço Cognitivo Exaustão Emocional
r
2
P
r
2
p
r
2
p
r
2
p
1. CTF .152 .152 .000 .174 .174 .000 .085 .085 .000 .069 .069 .000
2. CTF+CFT .186 .034 .000 .183 .009 .000 .122 .037 .000 .141 .072 .000
Nota: CTF – Conflito Trabalho-Família; CFT – Conflito Família-Trabalho
152
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
Para testar o efeito preditivo de todas as varveis sobre a satisfação profissional, foram rea-
lizados 4 modelos de regressão (tabela 4). No modelo 3, o conflito TF e FT e o burnout acrescentam
um contributo adicional de 21.4 % à percentagem de variância explicada da satisfação profissio-
nal (face ao já traduzido pelo conflito TF e FT). Este contributo adicional é significativo (Δ .174,
ΔF (1, 501) = 110.624, p = .001). Com isto, é o modelo 4, que contempla todas as variáveis, aquele
que apresenta um maior poder preditivo sobre a satisfação profissional. Este quarto modelo apre-
senta quatro preditores, explica 21.6% da variância da satisfação profissional e é significativo ( =
.216, F (1,500) = 34.350, p = .001). No entanto, apenas um preditor parece ter um contributo signi-
ficativo para a explicação da satisfação profissional, o burnout (β = -. 445, p = .001).
TABELA4
Regressão hierárquica para a predição da satisfação profissional
Modelos
Satisfação prossional
P
1.CTF .038 .038 .000
2.CTF+CFT .040 .003 .000
3.CTF+CFT+BUR .214 .174 .000
4.CTF+CFT+BUR+ET .216 .002 .000
Nota: CTF – Conflito Trabalho-Família; CFT – Conflito Família-Trabalho; BUR – Burnout; ET – Exigências do trabalho
7.4. Análise de Mediação
A primeira análise de mediação respeita ao papel mediador do conflito TF-FT entre as exi-
ncias do trabalho e burnout. Os resultados mostram que as exigências do trabalho (ß = .56, 95%
IC [.47 – .68], t(503) = 10.82, p < .001) e o CTF-FT (ß = .33, IC [.23 – .43], t(502) = 6.61, p < .001) são um
preditor significativo do burnout (figura 1). Aproximadamente 29% (R2= 0.2887) da variação nos
níveis de burnout é explicada pelos preditores (tabela 5). O efeito da mediação da varvel CTF-FT
foi significativo (ß = .1915, 95% BCa CI = .1207 – .2721). A variável CTF-FT mediou aproximada-
mente cerca de 25.4% da relação entre exigências do trabalho e burnout.
Os resultados da análise de mediação efetuada para avaliar o efeito mediador do burnout
entre as exigências do trabalho e a satisfação profissional, mostram que as exigências do traba-
lho (ß = -.06, 95%IC [-.18 – .05], t(502) = -1.08, p < .001) e burnout (ß = -.38, 95%IC [-.45 – -.30], t(502) =
-9.73, p < .001) são um preditor negativo da satisfação profissional (figura 2), embora só o burnout
apresente um efeito estatisticamente significativo (p < .001). Aproximadamente 21.4% (R2= .214)
da variação nos níveis de satisfação profissional é explicada pelos preditores (tabela 6). O efeito
da mediação (efeito indireto) da variável burnout foi significativo (ß = -.2862, 95% BCa CI = -.3636
– -.2182) e a proporção da mediação foi de aproximadamente 81%.
153
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
TABELA5
Modelo de coeficientes para o burnout
Consequente
M (CTF-FT) Y (Burn)
Antecedente
Coef
EP p
Coef
EP
p
X (Exig. do trabalho)
a
.57 .053 < .001
c`
.56 .066 < .001
M (CTF-FT) ------- ------ -------
b
0.33 .050 < .001
R
2
= .188
F(1,503) = 117.14, p < .001
R
2
= .288
F(2,502) = 101.89, p < .001
FIGURA1
Coeficientes de regressão não estandardizados do modelo da primeira mediação
154
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
TABELA6
Modelo de coeficientes para a satisfação profissional
Consequente
M (BURN) Y (Sat. Prof)
Antecedente
Coef
EP p
Coef
EP
p
X (Exig. do trabalho)
a
.75 .062 < .001
c`
-.06 .061 .276
M (BURN) ------- ------ -------
B
-.38 .038 < .001
R
2
= .226
F(1,503) = 147.50, p < .001
R
2
= .214
F(2,502) = 68.54, p < .001
FIGURA2
Coeficientes de regressão não estandardizados do modelo de mediação (h8)
8. Discussão
Este estudo teve como objetivo observar o efeito das exigências do trabalho e do conflito tra-
balho-família sobre o burnout e a satisfação profissional. Foi ainda propósito desta investigação
observar o efeito mediador do conflito trabalho-família sobre as exigências do trabalho e o bur-
nout, tal como, o efeito mediador do burnout na relação entre as exigências do trabalho e a satis-
fação profissional. De uma forma geral, os resultados desta investigação mostram que as carac-
terísticas do contexto laboral são um forte antecedente de outcomes laborais negativos, como o
burnout e baixos níveis de satisfação profissional, que, consequentemente, geram o conflito entre
o papel profissional e o papel pessoal do indivíduo. É possível constatar que as exigências do
trabalho influenciam o burnout, uma vez que, se pode verificar uma correlação positiva entre a
155
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
variável exigência do trabalho e o burnout. De acordo com Bakker et al. (2005), no modelo JD-R,
a presença de exigências do trabalho terá um impacto nos níveis de burnout. O mesmo se pode
dizer relativamente ao conflito TF, pois nota-se a existência de uma correlação positiva entre as
exigências do trabalho e o conflito trabalho-família. Para Burke (2002), a existência de exincias
do trabalho (e.g. número de horas, carga de trabalho, trabalho por turnos) estão positivamente
associadas ao conflito trabalho-família. Também Mary e Ramesh (2020) defendem que as exi-
gências podem intensificar o conflito entre papéis. É de esperar que isto aconteça, pois se o indi-
víduo se deparar com uma carga elevada proveniente do trabalho não terá os recursos necessá-
rios para posteriormente responder ao outro domínio, o que origina a dificuldade na conciliação
das exigências de ambos os papéis. No que toca à satisfação profissional, foi possível verificar
uma correlação estatisticamente significativa e negativa entre as varveis, isto significa que à
medida que as exigências do trabalho aumentam, a satisfação profissional diminui e, através da
análise de regressão, observou-se um valor de 0.2% de predição sobre a satisfação profissional.
De acordo com Cunha et al. (2016), a satisfação profissional é vista como uma resposta a um con-
junto de fatores percebidos como mais ou menos ajustados no contexto laboral, é de esperar quer
o indivíduo ao percecionar um elevado conjunto de exigências do trabalho se sinta desajustado e
experiencie um conjunto de outcomes laborais negativos, entre eles a baixa satisfação profissio-
nal (Rahmatika & Parahyanti, 2018).
No que concerne ao conflito TF, tal como esperado verificou-se uma correlação positiva com
o burnout e negativa com a satisfação profissional. O conflito é responsável por 18.6% de predição
sobre o burnout tal como prediz todas as dimensões do burnout. Tal facto é descrito pela litera-
tura, uma vez, que são vários os estudos que associam ambos os constructos e que defendem o
conflito TF como um antecedente do burnout (Chen et al., 2018; Halbesleben, 2009; Smith et al.,
2018), uma vez que, a falta de recursos em um dos domínios criada pela resposta às exincias
do outro criam no indivíduo elevados níveis de stresse e exaustão. Relativamente, à satisfação
profissional quanto maior o conflito trabalho-família, menor a satisfação profissional. Também
se verificou que o conflito prediz cerca de 4% da satisfação profissional. São vários as conse-
quências laborais negativas associadas ao conflito entre papéis, assim são vários os autores que
defendem que o esgotamento de recursos, quer profissionalmente, quer na esfera familiar, con-
duz a uma diminuição da satisfação profissional (Mumu et al., 2020; Rahmatika & Parahyanti,
2018; Vieira et al., 2018).
Em relação à primeira mediação “O conflito trabalho-família é mediador da relação entre as
exigências do trabalho e o burnout”, foi comprovada já que a análise de mediação revelou que o
conflito TF é mediador da relação entre as exigências do trabalho e o burnout. Tal resultado vai ao
encontro do Modelo da Conservação de Recursos e do Modelo de Recursos Trabalho-Casa (Hob-
foll, 2002; ten Brummelhuis & Bakker, 2012): o indivíduo na resposta a altas exigências do traba-
lho esgotará todos os recursos apenas neste domínio, o que proporcionará um esgotamento dos
recursos necessários para a resposta ao domínio familiar, originando um conflito entre ambos
os papéis. Esta perceção de recursos esgotados irá originar uma redução de bem-estar e até pro-
blemas de saúde psicológicas como burnout. Assim, será fácil afirmar que o burnout será melhor
explicado pelo caminho indireto da mediação, já que ambas as varveis se assumem como pre-
ditores (Lingard & Francis, 2005). Em suma, a exposição a exigências do trabalho elevadas leva
à interferência negativa entre o domínio profissional e o familiar, permitirá prever sentimentos
de mal-estar psicológico, como o burnout ou baixos níveis de satisfação em relação à atividade
156
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
profissional. Por fim, a segunda mediação “O burnout é mediador da relação entre as exigên-
cias do trabalho e a satisfação profissional”, esta foi parcialmente comprovada, pois apesar de se
comprovar o papel preditor negativo das exigências do trabalho e do burnout na satisfação pro-
fissional, só o burnout foi constituído um preditor significativo. Segundo o modelo JD-R (Bakker
et al., 2005), quando o indivíduo se debate com altas exigências do trabalho e não possui os recur-
sossicos e psicológicos necessários para responder, atribuirá ao trabalho uma atitude negativa.
Por outras palavras, percecionará o contexto laboral como uma fonte stressora o que origina
uma diminuição do desempenho laboral e, por fim, uma diminuição da satisfação com o trabalho
(Raja et al., 2017).
Apesar deste estudo ser fonte de inúmeras contribuições, também apresenta algumas limi-
tações, tais como o facto de o estudo ser de cariz transversal, ou seja, não é possível identificar
inferências de causalidade entre as variáveis, visto que os dados apenas foram recolhidos num
único momento no tempo. Outras das limitações, será o efeito de desejabilidade social, uma vez
que, as respostas dos participantes foram recolhidas através da utilização de medidas de autor-
relato, os intervenientes podem ter respondido utilizando um padrão ou estilo de resposta per-
cecionado como mais aceitável ou correto. De interesse, para estudos futuros e tendo em vista
a necessidade geral de equilibrar a vida profissional e a privada, agora que a maior parte dos
trabalhadores estão obrigados ao teletrabalho, seria desenvolver novos estudos que preparem
terreno neste campo laboral do confinamento. Desta forma, abranger informações relacionadas
ao tipo de práticas ou programas que a organização adota para chegar ao equilíbrio de papéis, o
horário de trabalho daqueles que se encontram em teletrabalho, estratégias de saúde ou autocui-
dado adotadas pelos trabalhadores que trabalham em casa, ou até mesmo medidas de prevenção
do burnout, número de filhos e respetivas idades, etc.
9. Conclusão
Atualmente, em termos práticos, a saúde mental dos colaboradores dentro de uma organi-
zação tem sido associada à eficácia do investimento em políticas de promoção da saúde mental.
Segundo Moser e Dal Prá (2016) a dificuldade em conciliar as responsabilidades e os conflitos
originados entre o trabalho e as exigências familiares é um dos diversos desafios enfrentados
pelas famílias, sendo associado a diversos outcomes laborais negativos como a diminuição da
satisfação profissional e o aparecimento do burnout. Por outro lado, uma organização que adote
medidas de prevenção que facilitem o equilíbrio entre as esferas profissional e privada do cola-
borador e que desenvolvam uma cultura de integração entre estes dois domínios, promoverá
um ambiente de bem-estar profissional e de boa performance laboral (Greenhaus & Allen, 2011;
Sheikh et al., 2018), a fim de diminuir o risco de burnout dos trabalhadores, para melhorar a sua
satisfação profissional, e como consequência diminuir o risco de problemas de saúde e conflitos
no seio organizacional (Baeriswyl et al., 2016).
Assim, será importante perceber como o conflito TF e a quantidade de exigências de traba-
lho interagem no meio laboral e quais as consequências associadas, uma vez que, relativamente,
à pandemia a que estamos sujeitos, o período de confinamento geral foi desafiante para muitas
famílias. A pandemia implicou uma reorganização profunda das rotinas do dia-a-dia: a conju-
gação do teletrabalho, a diminuição do trabalho e rendimentos ou a manutenção do local de
157
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
trabalho habitual com o ensino em casa e o apoio aos filhos, entre outras (OPP, 2020). Deste modo,
a sensibilização para uma melhor reestruturação do trabalho e da vida privada em conjunto se
uma mais-valia para a promoção do bem-estar dos trabalhadores.
Referências
Adil, M.S., & Baig, M. (2018). Impact of job demands-resources model on burnout and employee`s well-be-
ing: Evidence from the pharmaceutical organisations of Karachi. IIMB Management Review, 30, 119-
133. https://doi.org/10.1016/j.iimb.2018.01.004
Alarcon, G. M. (2011). A meta-analysis of burnout with job demands, resources, and attitudes. Journal of
Vocational Behavior, 79, 549–562. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2011.03.007
AlAzzan, M., AbuAlRub, R.F., & Nazzal, A.H. (2017). The relationship between work-family conflict and job
satisfaction among hospital nurses. Nursing Forum, 52(4), 278-288. https://doi.org/10.1111/nuf.12199
Alhani, F., & Mahmood-Shan, G.R. (2018). Work-family conflict as a stressor in the lifestyle of nurses: A
content analysis. Journal of Nursing & Midwifery Sciences, 5(3), 79-88. https://doi.org/10.4103/JNMS.
JNMS_26_18
Álvarez, A., & Gomez, I. C. (2011). Conflicto trabajo-família, em mujeres profesionales que trabajan en la
modalidade de empleo. Pensamiento Psicologico, 9(6), 89-106. https://revistas.javerianacali.edu.co/
index.php/pensamientopsicologico/article/view/167
Andrade, C. (2015). Trabalho e vida pessoal: exigências, recursos e formas de conciliação. Revista de Edu-
cação e Humanidades, 8, 117-130. https://doi.org/10.30827/dreh.v0i8.6913
Arends, I., Bültmann, U., Nielsen, K., van Rhenen, W., de Boer, M. R., & van der Klink, J. J. (2014). Pro-
cess evaluation of a problem-solving intervention to prevent recurrent sickness absence in work-
ers with common mental disorders.Social Science & Medicine,100, 123-132. https://doi.org/10.1016/j.
socscimed.2013.10.041
Baeriswyl S., Krause A., & Schwaninger A. (2016) Emotional Exhaustion and Job Satisfaction in Airport
Security Officers – work–family conflict as mediator in the job demands–resources Model. Frontiers
in Psychology, 7(663). https://doi.org/10.3389/fpsyg.2016.00663
Bakker, A.B., Demerouti, E., & Euwema, M.C. (2005). Job resources buffer the impact of job demands on
burnout. Journal Occupacional Health Psychology, 10, 170180. 10.1037/1076-8998.10.2.170
Bakker, A. B., & Demerouti, E. (2007). The job demands-resources model: State of the art. Journal of Mana-
gerial Psychology, 22, 309–328. https:// doi.org/10.1108/02683940710733115
Bakker, A. B., & Geurts, S. A. E. (2001). Toward a dual-process model of work-home interference. Work and
Occupations 31, 345-66. https://doi.org/10.1177/0730888404266349
Bhattarai, M. (2020). Working from home and job satisfaction during the pandemic times. Research Gate.
10.13140/RG.2.2.21515.11046
Bottiani, J.H., Duran, C.A.K., Pas, E.T., &, Bradshaw, C.P. (2019). Teacher stress and burnout in urban mid-
dle schools: Associations with job demands, resources, and effective classroom practices. Journal of
School Psychology, 77, 36-51. https://doi.org/10.1016/j.jsp.2019.10.002
Borgmann, L-S., Kroll, L., Müters, S., Rattay, P., & Lampert, T. (2019). Work-family conflict, self-reported
general health and work-family reconciliation policies in Europe: Results from the European Working
Conditions Survey 2015. SSM – Population Health, 9, 1-10. https://doi.org/10.1016/j.ssmph.2019.100465
158
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
Bruck, C.S., Allen, T. D. & Spector p. E. (2002). The relation between work–family conflict and job satisfac-
tion: a finer-grained analysis. Journal of vocational behaviour. 60 (3), 336-353. https://doi.org/10.1006/
jvbe.2001.1836
Buonocore, F., & Russo, M. (2012). Reducing the effects of work–family conflict on job satisfaction:
The kind of commitment matters. Human Resource Management Journal, 23(1), 91-108. https://doi.
org/10.1111/j.1748-8583.2011.00187.x
Burke, R.J. (2002). Trabalho, Estresse no trabalho e saúde da mulher: efeitos do status ocupacional. Journal
Business Ethics, 37, 9110. https://doi.org/10.1590/S1414-98932010000400004
Chan, S. H. J., & Ao, C. T. D. (2019). The mediating effects of job satisfaction and organizational commit-
ment on turnover intention, in the relationships between pay satisfaction and work –family conflict
of casino employees. Journal of Quality Assurance in Hospitality & Tourism, 20(2), 206 -229. https://doi.
org/10.1080/1528008X.2018.1512937
Chen, H., Ayoun B., & Eyoun, K. (2018) Work-family conflict and turnover intentions: A study comparing
China and U.S. hotel employees. Journal of Human Resources in Hospitality & Tourism, 17(2), 247-269.
https://doi.org/10.1080/15332845.2017.1406272
Cunha, M. P., Rego, A., Cunha, R. C., Cabral-Cardoso, C., & Neves, P. (2016). Manual de comportamento
organizacional e gestão (8ª ed. rev e actual.). Editora RH.
Demerouti, E., Bakker, A. B., Vardakou, I., & Kantas, A. (2003). The convergent validity of two burnout
instruments. European Journal of Psychological Assessment, 19, 1223. https://doi.org/10.1027/1015-
5759.19.1.12
Ding, X., Yang, Y., Su, D., Zhang, T., Li, L., & Li, H. (2018). Can job control ameliorate work-family conflict
and ehhance job satisfaction among Chinese registered nurses? A mediation model. The international
Journal of Occupational and Environmental Medicine, 9(2), 97-105. 10.15171/ijoem.2018.1176
Fisher, J., Languilaire, J.C., Lawthom, R., Nieuwenhuis, R., Petts, R. J., Runswick-Cole, K., & Yerkes, M. A.
(2020). Community, work, and family in times of COVID-19. Community Work & Family,23(3), 247-252.
https://doi.org/10.1080/13668803.2020.1756568
French, K.A., Dumani, S., Allen, T.D., & Shockley, K. M. (2018).Uma meta-análise do conflito trabalho-fa-
lia e apoio social.Psychological Bulletin, 144(3), 284-314.https://doi.org/10.1037/bul0000120
Freudenberger, H. J. (1974). Staff burn-out. Journal of Social Issues, 30(1), 159-165. https://doi.
org/10.1111/j.1540-4560.1974.tb00706.x
Gomes, M. (2019). Os apoios do supervisor e dos colegas à família e a satisfação com o trabalho: o papel
mediador do conflito trabalho-família. [Dissertação de Mestrado]. Universidade de Lisboa.
Greenhaus, J., & Allen, T. (2011). Work-family balance: A review and extension of the literature. In Quick,
J. & Tetrick, L. (Eds.), Handbook of Occupational Health Psychology (pp. 165-183). American Psycho-
logical Association. https://www.researchgate.net/publication/259280583_WorkFamily_Bal-
ance_A_Review_and_Extension_of_the_Literature
Halbesleben, J.R. (2009) The influence of shift work on emotional exhaustion in fire-fighters: The role of
work-family conflict and social support. International Journal Workplace Health Manage, 2, 115-130.
https://doi.org/10.1108/17538350910970200
Halbesleben, J.R.B., & Bowler, W.M. (2007). Emotional exhaustion and job performance: The mediating role
of motivation, Journal of Applied Psychology, 92, 93–106. https://doi.org/10.1037/0021-9010.92.1.93
Hall, G. B., Dollard, M. F., Tuckey, M. R., Winefield, A. H., & Thompson, B. M. (2010). Job demands,
work–family conflict, and emotional exhaustion in police officers: a longitudinal test of
159
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
competing theories. Journal of Occupational and Organizational Psychology, 83, 237250. https://doi.
org/10.1348/096317908x401723
Hobfoll, S. E. (2002). Social and psychological resources and adaptation. Review of General Psychology, 6,
307-324. https://doi.org/10.1037/1089-2680.6.4.307
John, S.F., Varghese, G.M., & Varghese, S. (2020). The impact of job satisfaction on job performance: an
empirical analysis of virtual work during the pandemic. Palarch’s Journal of Archaeology of Egypt/
Egyptology, 17(6), 1503-1510. https://archives.palarch.nl/index.php/jae/article/view/3984
Kaufman, B. E. (2004). The global evolution of industrial relations: Events, ideas, and the IIRA. ILR Review,
59(3), 496-505. https://www.ilo.org/public/libdoc/ilo/2004/104B09_362_engl.pdf
Karatepe, O.M., & Bershi, L. (2008). Antecedents and outcomes of work-family facilitation among front-
line hotel employees. International Journal of Hospitality Management, 27(4), 517-528. https://doi.
org/10.1016/j.ijhm.2007.09.004
Kramer, A., & Kramer, K. Z. (2020). The potential impact of the COVID-19 pandemic on occupational sta-
tus, work from home, and occupational mobility. Journal of Vocational Behavior. Advance online pub-
lication. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2020.103442
Lee, W., Migliaccio, G.C., Lin, K.Y, & Seto, E.Y.W. (2020). Workforce development: understanding task-level
job demands-resources, burnout, and performance in unskilled construction workers. Safety Sci-
ence, 123. https://doi.org/10.1016/j.ssci.2019.104577
Lenaghan, J.A., Buda, R., & Eisner, A.B. (2007). An examination of the role of emotional intelligence in
work and family conflict. Journal of Managerial Issues, 19(1), 76-94. https://search.proquest.com/
scholarly-journals/examination-role-emotional-intelligence-work/docview/194165727/se-2?accoun-
tid=192066
Lesener, T., Gusy, B., & Wolter, C. (2019). The job demands-resources model: A meta-analytic review of
longitudinal studies. Work & Stress, 33, 76-103. https://doi.org/10.1080/02678373.2018.1529065
Lilius, J.M. (2012) Recovery at work: Understanding the restorative side of “depleting” client interactions.
Academy of Management Review, 37(4), 569–588. https://doi.org/10.5465/amr.2010.0458
Lima, M., Vala, J., & Monteiro, M. (1994). Culturas organizacionais. In M. Vala, M., Monteiro, M. Lima, & A.
Caetano (Eds.), Psicologia Social e das Organizações – Estudos em Empresas Portuguesas. Celta Editora.
Lingard, H., & Francis, V. (2005) Does work–family conflict mediate the relationship between job sched-
ule demands and burnout in male construction professionals and managers?, Construction Manage-
ment and Economics, 23(7), 733-745. https://doi.org/10.1080/01446190500040836
Liu, Y., Wang, M., Chang, C.-H., Shi, J., Zhou, L., & Shao, R. (2015) Work–family conflict, emotional exhaus-
tion, and displaced aggression toward others: The moderating roles of workplace interpersonal con-
flict and perceived managerial family support. Journal of Applied Psychology, 100(3), 793808. https://
doi.org/10.1037/a0038387
Locke, E. A. (1969). What is job satisfaction? Organizational behavior and human performance, 4(4), 309-
336. https://doi.org/10.1016/0030-5073(69)90013-0
Machado, P. G. B., & Porto-Martins, P. C. (2015). Condições organizacionais enquanto terceiras variáveis
entre burnout e engagement. Diaphora, 13(1), 35-44. http://www.sprgs.org.br/diaphora/ojs/index.
php/diaphora/article/view/83
Mary, M.A.J., & Ramesh,V.(2020). An empirical study on the effect of work/family conflict to work-life
integration (WLI). Materials Today: Proceedings,30(40). https://doi.org/10.1016/j.matpr.2020.07.721
160
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
Maslach, C., & Jackson, S. E. (1981). The measurement of experienced burnout. Journal of organizational
behavior, 2(2), 99-113. https://doi.org/10.1002/job.4030020205
Medeiros, T.J., Aguiar, J., & Barham, E.J., (2017). Entre o conflito e o equilíbrio: ferramentas para examinar
a relação trabalho-família. Psicologia Argumento, 35(88), 45-62. http://dx.doi.org/10.7213/psicolar-
gum.35.88
Moser, L., & Dal prá, K. R. (2016) Os desafios de conciliar trabalho, família e cuidados: Evidências do
familismo” nas políticas sociais Brasileiras. Textos & Contextos, 15(2), 382-392. 10.15448/1677-
9509.2016.2.21923
Mumu, J., Tahmid, T., & Azad, M. (2020). Job satisfaction and intention to quit: A bibliometric review of
work-family conflict and research agenda. Applied Nursing Research, 59. https://doi.org/10.1016/j.
apnr.2020.151334
Netemeyer, R., Boles, J., & McMurrian, R. (1996). Development and validation of workfamily conflict and
family-work conflict scales. Journal of Applied Psychology, 81(4), 400-410. https://doi.org/10.1037/0021-
9010.81.4.400
Neves, I. (2017). As exigências do trabalho e o burnout nos controladores de tráfego aéreo: o papel mediador
do conflito trabalho-família [Dissertação de Mestrado]. Universidade de Lisboa.
Oliveira, A. R. & Ribeiro, N. (2019). O impacto do conflito trabalho-família no engagement, desempenho
e intenção de turnover dos colaboradores. Atas XXIX Jornadas Luso-Espanholas de Gestão Científica,
Universidade de Sevilha, 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro, Osuna, Espanha.
OMS (2020). Classification for Diseases. https://www.who.int/classifications/icd/en/
Ordem Portuguesa dos Psicólogos (OPP, 2020). COVID-19. Equilíbrio entre a vida pessoal e profissional:
Uma necessidade básica. Disponível em https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/
doc_covid_19_equilibrio_vida_pessoalprofissional.pdf
Peeters, M. C., Montgomery, A. J., Bakker, A. B., & Schaufeli, W. B. (2005). Balancing work and home:
how job and home demands are related to burnout. International Journal of Stress Management, 12(1),
43-61. https://doi.org/10.1037/1072-5245.12.1.43
Rahmatika, D. F., & Parahyanti, E. (2018). Moderating Role of Psychological Capital on Relationship
between Work-Family Conflict and Job Satisfaction among Working Mothers. In Universitas Indo-
nesia International Psychology Symposium for Undergraduate Research (UIPSUR 2017). Atlantis Press.
https://doi.org/10.2991/uipsur-17.2018.15
Raja, U., Javed, Y., & Abbas, M. (2017). A Time Lagged Study of Burnout as a Mediator in the Relationship
Between Workplace Bullying and Work–Family Conflict. International Journal of Stress Management,
24(4), 377-390. https://doi.org/10.1037/str0000080
Ramos, S. I. V. (2002). Satisfação/insatisfação profissional em professores de educão física do quadro de
nomeação definitiva de Coimbra: Um estudo descritivo [Tese de doutoramento não publicada]. Univer-
sidade de Coimbra.
Rudolph, C., Allan, B., Clark, M., Hertel, G., Hirschi, A., Kunze, F., … Zacher, H. (2020). Pandemics: Impli-
cations for Research and Practice in Industrial and Organizational Psychology. Industrial and Orga-
nizational Psychology: Perspectives on Science and Practice. https://doi.org/10.31234/osf.io/k8us2
Santos, J., & Gonçalves, G. (2014). Contribuição para a adaptação portuguesa das escalas de conflito traba-
lho-família e família-trabalho. Revista eletrónica de Psicologia, Educação e Saúde, 3(2), 14-30.
Schaufeli, W.B., & Salanova, M. (2007). Efficacy or inefficacy, thats the question: Burnout and work
engagement, and their relationships with efficacy beliefs. Anxiety Stress Coping, 20(2), 177196.
10.1080/10615800701217878
161
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Exigências do trabalho e conflito trabalho-família
Schieman,S., Badawy, P.J. , Milkie, M.A., & Bierman, A. (2021). Work-Life Conflict During the
COVID-19 Pandemic. Socius: Sociological Research for a Dynamic World, 7, 1-19. https://doi.
org/10.1177/2378023120982856
Sharma, J., Dhar, R.L., & Tyagi, A. (2016) Stress as a mediator between work-family conflict and psycho-
logical health among the nursing staff: moderating role of emotional intelligence. Applied Nursing
Research, 30, 268-275. https://doi.org/10.1016/j.apnr.2015.01.010
Sheikh, M. A., Ashiq, A., Mehar, M. R., Hasan, A., & Khalid, M. (2018). Impact of work and home demands
on work life balance: Mediating role of work family conflicts. Journal of Business and Finance Man-
agement Research, 4(5), 48-57.
Shimazu, A., Bakker, A.B., Demerouti, E., & Peeters, M.C.W. (2010). Work-family conflict in Japan: How
job and home demands affect psychological distress. Industrial Health, 48, 766-774. https://doi.
org/10.2486/indhealth.MS1131
Shirom, A., & Melamed, S. (2006). A comparison of the construct validity of two burnout measures in
two groups of professionals. International Journal of Stress Management, 13, 176-200. 10.1037/1072-
5245.13.2.176
Shirom, A., Nirel, N., & Vinokur, A. (2010). Work hours and caseload as predictors of physician burnout:
The mediating effects by perceived workload and by autonomy. Applied Psychology, 59(4), 539–565.
https://doi.org/10.1111/j.1464-0597.2009.00411.x
Silva, T. (2017). O conflito trabalho-família e família-trabalho e a sua relação com o sentimento de culpa,
satisfação com a vida e a satisfação e paixão pelo trabalho. [Dissertação de Mestrado]. Universidade
do Algarve.
Smith, T. D., Hughes, K., DeJoy, D. M., & Dyal, M. A. (2018). Assessment of relationships between work
stress, work-family conflict, burnout and firefighter safety behavior outcomes. Safety science, 103,
287-292. https://doi.org/10.1016/j.ssci.2017.12.005
Spooner-Lane, R.S., & Patton, W.A. (2007). Determinants of burnout among public hospital nurses. Austra-
lian Journal Advanced Nursing, 25, 8-16. https://doi.org/10.1111/jonm.12815
Tariq, M., Ramzan, M., & Riaz, A. (2013). The impact of employee turnover on the efficiency of the orga-
nization. Interdisciplinary Journal of Contemporary Research in Business, 4(9), 700-711. https://jour-
nal-archieves27.webs.com/700-711.pdf
ten Brummelhuis, L. L., & Bakker, A. B. (2012). A resource perspective on the work–home interface: The
work–home resources model. American Psychologist, 67(7), 545-556. https://doi.org/10.1037/a0027974
Van den Broeck, A., De Cuyper, N., De Witte, H., & Vansteenkiste, M. (2010). ‘Not all job demands
are equal: Differentiating job hindrances and job challenges in the Job Demands-Resources
model’. European Journal of Work and Organizational Psychology, 19(6), 735-759. http://dx.doi.
org/10.1080/13594320903223839
Van Veldhoven, M., Prins, J., Van der Laken, P., & Dijkstra, L. (2015). QEEW2.0: 42 short scales for sur-
vey research on work, well-being and performance. https://research.tilburguniversity.edu/en/publica-
tions/qeew20-42-short-scales-for-survey-research-on-work-well-being-and
Vaziri, H., Casper, J., Wayne, J.H., & Matthews, R.A. (2020). Changes to the work family interface during
the covid-19 pandemic: Examining predictors and implications using latent transition analysis. Jour-
nal of Applied Psychology, 105(10),1073-1087. http://dx.doi.org/10.1037/apl0000819
Veldhoven, M. (2013). Quantitative job demands. In M. C. W. Peeters, J. de Jonge, & T.W. Taris (Eds.), People
at work: An introduction to contemporary work psychology (pp. 117-143). Wiley-Blackwell.
162
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XIX • Issue Fascículo 1 • 1
st
january janeiro-30
th
june junho 2023 pp. 143-162
Susana Lopes, Cátia Sousa
Vieira, J. M., Matias, M., Lopez, F. G., & Matos, P. M. (2018). Work-family conflict and enrichment: An
exploration of dyadic typologies of work-family balance. Journal of Vocational Behavior, 109, 152-165.
https://doi.org/10.1016/j.jvb.2018.10.007
West, C. P., Dyrbye, L. N., & Shanafelt, T. D. (2018). Physician burnout: Contributors, consequences and
solutions. Journal of Internal Medicine, 283(6), 516–529. https://doi.org/10.1111/joim.12752
Zhang, M., Zhao, K., & Korabik, K. (2019). Does work-to-family guilt mediate the relationship between
work-to-family conflict and job satisfaction? Testing the moderating roles of segmentation preference
and family collectivism orientation. Journal of Vocational Behavior, 115, 1-15. https://doi.org/10.1016/j.
jvb.2019.103321