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ESCALA DE ATITUDE MULTICULTURAL: VALIDAÇÃO E EVIDÊNCIAS
MÉTRICAS NUMA AMOSTRA PORTUGUESA
MULTICULTURAL ATTITUDE SCALE: VALIDATION AND METRIC EVIDENCE
INA PORTUGUESE SAMPLE
tia Sousa
1
, Gabriela Gonçalves
2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XIX • ISSUE FASCULO 1
1
ST
JANUARY JANEIRO  30
TH
JUNE JUNHO 2023 PP. 3348
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XIX.1.2
Submitted on 6.09.21 Submetido a 6.09.21
Accepted on 29.12.22 Aceite a 29.12.22
Resumo
O nível de apoio ao multiculturalismo por parte dos países de acolhimento, varia de acordo com
aspetos específicos das políticas multiculturais, pelo que as medidas de atitude geral face ao mul-
ticulturalismo se revestem de extrema importância pois podem dar uma indicação sobre o clima
ideológico geral de um país. Este estudo, de carácter exploratório, tem como objetivo apresentar
as propriedades psicométricas da escala de Atitude Multicultural numa amostra portuguesa. Com
uma amostra total de 404 participantes, 123 homens e 281 mulheres de nacionalidade portuguesa,
com idades compreendidas entre os 18 e os 82 anos (M = 40.94; SD = 15.43), os resultados obtidos
através da realização da análise de componentes principais apontam para uma estrutura de quatro
fatores e com índices de ajustamento bons, contrapondo a estrutura unidimensional original. Con-
tudo os valores de consistência interna apresentaram valores fracos. Não obstante, a escala na sua
globalidade apresentou um bom valor de alfa, pelo que se considera que pode ser um instrumento
a usar na população portuguesa. Considera-se, no entanto, fundamental, que estudos futuros con-
templem uma revisão dos itens de dupla negativa, da desejabilidade social e da estrutura da escala.
Palavras-chave: Atitude multicultural, escala, validação, propriedades psicométricas
1 Universidade do Algarve, Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP/UAL) & Universidade do Algarve. Pro-
fessora Adjunta convidada na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve e membro do Centro
de Investigação em Psicologia (CIP/UAL) & Universidade do Algarve.
cavsousa@ualg.pt | http://orcid.org/0000-0001-9905-8138
2 Universidade do Algarve, Faro, Portugal. Centro de Investigação em Psicologia (CIP/UAL) & Universidade do Algarve. Profes-
sora Auxiliar na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve e membro do Centro de Investigação
em Psicologia (CIP/UAL) & Universidade do Algarve.
ggoncalves@ualg.pt | http://orcid.org/0000-0002-9480-3239
Financiamento: Este trabalho foi financiado com fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia – no
âmbito do projeto CIP / UAL – Refª UID / PSI / 04345/2020
Autor correspondente: Cátia Sousa. Universidade do Algarve, Campus da Penha, 8005-139 Faro, Portugal. E-mail: cavsousa@
ualg.pt
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Abstract
The level of support for multiculturalism by host countries varies according to specific
aspects of multicultural policies, so measures of general attitude towards multiculturalism
are extremely important as they can give an indication of the general ideological climate of a
country. This exploratory study aims to present the psychometric properties of the Multicultural
Attitude scale in a portuguese sample. With a total sample of 404 participants, 123 men and
281 women of Portuguese nationality, aged between 18 and 82 years (M = 40.94; SD = 15.43), the
results obtained by conducting the principal component analysis, point to a four-factor structure
and with good fit indices, as opposed to the original one-dimensional structure. However, the
internal consistency showed weak values. Nevertheless, the scale had a good alpha value, which
is why it is considered that it can be an instrument to be used in the Portuguese population.
However, it is considered essential that future studies include a review of items with double
negatives, social desirability, and scale structure.
Keywords: Multicultural attitude, scale, validation, psychometric properties
Portugal, historicamente país de imigração, continua a receber cada vez mais imigrantes. Os
fluxos migratórios para Portugal têm vindo a crescer consecutivamente desde 2016, marcando
recordes da imigração. Os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras revelam que em 2020 o
nº de estrangeiros era de 661 600, mais 71252 do que em 2019. Este aumento regista-se sobretudo
na mão de obra das grandes explorações agrícolas, mostrando que apesar da crise económica
devido à covid-19, os imigrantes não só continuaram por Portugal como continuam a escolher o
país.
Os estrangeiros, das mais diversas nacionalidades, representam sobretudo uma população
profissionalmente ativa. Logo, os locais de trabalho espelham diferentes culturas, línguas e sota-
ques, valores e hábitos. Esta multiculturalidade assume-se assim como um desafio, não só para as
organizações, mas também para toda a sociedade de acolhimento, que necessita de administrar
a possível tensão entre as necessidades da população nativa e as necessidades dos grupos mino-
ritários (e.g., Breugelmans et al., 2009). As atitudes do país de acolhimento face ao multicultura-
lismo são importantes para perceber quais as estragias de aculturação que o grupo minoritário
poderá vir a adotar. Embora sejam livres de escolher o tipo de estratégia de aculturação, o clima
ideológico da sociedade de acolhimento irá ser determinante. Isto porque uma estratégia de inte-
gração só pode ser totalmente realizada quando uma sociedade apoia uma ideologia multicultu-
ral (Berry, 2001).
Portugal é um país que tem adotado uma postura de abertura à imigração e à diversidade
cultural. Alguns estudos (e.g., Sousa & Gonçalves, 2015) têm mostrado que Portugal, aos olhos
dos imigrantes é um país hospitaleiro, acolhedor e favorável à multiculturalidade. Contudo, os
aumentos migratórios surgem por norma associados a ameaças, e alguns dados têm mostrado
que os portugueses são mais favoráveis ao acolhimento de refugiados, do que a imigrantes
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Validação da Escala de Atitude Multicultural
que vêm trabalhar, devido sobretudo à competição por recursos (e.g., Esses et al., 2012). Estes
fatores surgem associados a tensões sociais e aumento do apoio a grupos nacionalistas e opo-
sição a políticas de integração, fenómeno que tem vindo a aumentar em Portugal (Gonçalves
et al., 2023).
Neste contexto parece ser de suma importância aprofundar as atitudes face ao multicultura-
lismo, nomeadamente em contexto português. Dada a atualidade e pertinência desta temática,
e face à escassez de instrumentos que permitam uma observação das atitudes relativas à multi-
culturalidade em língua portuguesa, este estudo tem como objetivo adaptar e validar a escala de
atitude multicultural (EAM) para uma amostra portuguesa.
Ideologia Multicultural
O multiculturalismo tem sido abordado e estudado por especialistas de várias áreas disci-
plinares, incluindo a sociologia (e.g., Hall, 2000; Modood, 2005), a filosofia política (e.g., Kymli-
cka, 1995; Taylor, 1992), a antropologia (e.g., Vertovec, 2007) e a psicologia (e.g., Berry, 2011; Sto-
gianni et al., 2021). Assim, também a sua definição pode variar dependendo do contexto (Leong
& Liu, 2013). De acordo com Berry e colegas (1977), o multiculturalismo pode ser caracterizado de
acordo com três níveis: demográfico, ideológico e político. A um nível demográfico, uma socie-
dade multicultural é representada por diferentes grupos étnico-culturais que vivem juntos num
mesmo espaço geográfico (van de Vijver et al., 2008). Ao nível ideológico, o multiculturalismo é
concetualizado entre a ética política e religiosa, o que pode incluir obrigações no que respeita
ao grau de tolerância e respeito mútuo, assim como permitir aos grupos étnico-culturais mante-
rem a sua herança cultural. É uma ideologia referente à aceitação de diferentes culturas numa
sociedade, assim como ao suporte ativo dessas diferenças culturais pelos membros dos grupos
maioritários e minoritários (Schalk-Soekar et al., 2004). Ao nível político, a legislação e a execu-
ção governamental são um exemplo de como a diversidade é gerida politicamente, e dos tipos de
intranquilidades que estas geram entre grupos. A garantia de equidade no acesso aos recursos,
a redução da discriminação e a remoção de barreiras para um livre acesso à totalidade das ati-
vidades socioeconómicas constituem a “marca” da política inclusiva (Berry et al., 1977). Ou seja,
o multiculturalismo descreve uma política que valoriza e acolhe uma sociedade culturalmente
plural (e.g., Tip et al., 2012; Virgona & Kashima, 2021). O multiculturalismo pode também ser assu-
mido enquanto conceito psicológico, ou seja, “uma atitude relacionada à ideologia política, que
se refere à aceitação e apoio à sociedade culturalmente heterogénea” (van de Vijver et al., 2008,
p. 93). Face às diversas abordagens, o multiculturalismo não é, nem um constructo monolítico,
nem uma função linear das ideologias individuais – a inflncia do contacto intercultural numa
sociedade plural raramente é independente do seu ambiente sociopolítico embora algumas con-
junturas sejam similares em vários continentes (Leong & Liu, 2013). A noção de multicultura-
lismo depende, muitas vezes, do contexto social, bem como do tipo de grupos étnico-culturais
em estudo (e.g., nativos versus imigrantes). Na última década, estudos sobre o multiculturalismo,
realizados em vários países, mostraram existir alguma variabilidade decorrente do maior ou
menor apoio dado às políticas favoráveis ao multiculturalismo (Sousa, 2015). Este tipo de apoio
encontra-se associado à ideologia multicultural (e.g., Urbiola et al., 2017). Há várias definições e
classificações de ideologia multicultural.
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Uma das classificações precursoras é a proposta por Berry (2001). De acordo com o autor, a
ideologia multicultural está associada à aculturação dos imigrantes à cultura de acolhimento. Ou
seja, ao modo como um imigrante deseja lidar com a cultura do seu país de origem e a cultura
dominante no país de acolhimento.
Outra classificação foi proposta por Bourhis et al. (1997), que descreveram quatro tipos de
ideologias de multiculturalismo no seu modelo de aculturação interativa. Uma ideologia de plu-
ralismo é baseada em três princípios: 1) a expectativa dos imigrantes em adotar os valores públi-
cos e as leis do país de acolhimento, 2) o respeito pelos valores privados dos imigrantes (por
exemplo, nenhuma intrusão na esfera da vida pessoal), e 3) o dinheiro público pode ser gasto em
atividades privadas dos imigrantes.
Rex (1998) e Tiryakian (2003) distinguem entre quatro tipos de políticas de diversidade com
base em direitos legais concedidos às minorias: 1) exclusão total dos grupos minoritários da
esfera pública e negação da cidadania; 2) políticas que não reconhecem as minorias como cultu-
ralmente distintas, mas que concedem cidadania aos nascidos ou naturalizados no solo anfitrião
(por exemplo, França); 3) os imigrantes e os seus filhos são tratados como residentes temporários
que não têm o direito de cidadania; e 4) que envolve várias formas do multiculturalismo (Rex,
1998).
Investigões realizadas nos últimos anos, têm demonstrado que a par dos imigrantes, tam-
bém os membros da sociedade de acolhimento têm preferências quanto às estratégias de acultu-
ração adotadas pelos imigrantes (Horenczyk, 1997; Matera et al., 2012; Piontkowski et al., 2002;
Roccas et al., 2000; Tip et al., 2012; Zagefka & Brown, 2002) e experienciam um processo de acul-
turação, quer através de contacto interpessoal direto com os imigrantes na escola ou no trabalho,
quer através de contacto indireto através de meios de comunicação como a escrita, ou as redes
sociais (Bourish et al., 2010). Normalmente os membros da sociedade de acolhimento não apre-
ciam que os imigrantes optem pela manutenção da sua cultura de origem, preferindo que estes
se adaptem à cultura de acolhimento (e.g., Arends-Tóth & Van de Vijver, 2003; Bourish et al., 2010;
Breugelmans & Van de Vijver, 2004; Van Oudenhoven et al., 1998; Zick et al., 2001), uma vez que
para os membros da sociedade de acolhimento, a manutenção da cultura de origem por parte dos
imigrantes é vista como uma ameaça (Schalk-Soekar & Van de Vijver, 2008). Além disso, os mem-
bros da sociedade de acolhimento consideram que é mais fácil absorver os imigrantes quando as
diferenças culturais são reduzidas, ou quando são culturalmente semelhantes com a sua cultura
(Bourhis et al., 2009). Em suma, o multiculturalismo pode fortalecer as reações defensivas das
pessoas quando outras culturas estão envolvidas (Cho et al., 2017)
Escala de Atitude Multicultural
Um dos estudos pioneiros relacionado com atitudes multiculturais foi conduzido no Canadá
por Berry e Kalin em 1995, que desenvolveram uma escala de Ideologia Multicultural para ava-
liar atitudes em relação ao multiculturalismo. Esta escala contempla vários aspetos associados ao
multiculturalismo, entre eles a diversidade (i.e., se a diversidade é boa ou não para a sociedade),
as estratégias de aculturação por minorias assim como as estratégias de aculturação preferenciais
da sociedade de acolhimento. A escala proposta por Berry e Kallin (1995) é composta por 10 itens,
medidos numa escala Likert de 7 pontos, e provou ser uma escala curta e confiável para medir
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atitudes em relação ao multiculturalismo (van de Vijver et al., 2008). Contudo, Breugelmans e
van de Vijver (2004) consideram que o instrumento não contempla o conceito de multicultura-
lismo na sua totalidade. Assim, partindo da escala de ideologia multicultural, da investigação
sobre atitude multicultural conduzida por Ho (1990), do índice de discriminação rápida proposto
por Ponterotto et al. (1995), e da medida de atitude sobre diversidade cultural e pluralismo desen-
volvida por Stanley (1996), estes autores desenvolveram a escala de atitudes multicultural, com o
objetivo de abarcar uma gama mais ampla de aspetos do multiculturalismo. Esta escala, contem-
pla 28 itens e cobre os domínios básicos da escala de ideologia multicultural com mais profundi-
dade, contemplando quatro domínios: 1) (Des)aprovação da diversidade cultural; 2) aculturação
das minorias; 3) apoio às minorias por membros maioritários; e 4) igualdade de direitos e par-
ticipação social para todos os grupos da sociedade (Breugelmans & van de Vijver, 2004; Schalk-
-Soekar et al., 2004). Embora avalie quatro domínios, vários estudos mostraram que a escala de
atitude multicultural é unidimensional, e que a atitude em relação ao multiculturalismo é uma
construção estável ao longo do tempo (Arends-Tóth & van de Vijver, 2003; Breugelmans & van de
Vijver, 2004; Breugelmans et al., 2009; van de Vijver et al., 2008). Ou seja, indivíduos que pon-
tuam alto nos itens de um domínio tendem a pontuar alto nos itens de outro domínio, enquanto
aqueles com pontuação baixa num domínio tenderão a ter pontuação baixa em outros domínios
também (Breugelmans et al., 2009). Em 2009, Breugelmans e colegas compararam os dados das
investigações realizadas sobre as atitudes da população holandesa durante o período de nove
anos (1999 a 2007). Para o efeito utilizaram uma versão reduzida da escala de atitude multicul-
tural, que contempla 19 itens que eram transversais a todos os estudos efetuados, de modo a
poderem ser efetuadas comparações entre os períodos em análise. Os autores realizaram uma
análise de componentes principais para extrair uma solução unifatorial para os 19 itens, e a con-
fiabilidade da escala apresentou um alfa de Cronbach acima de 0.83. Em relação aos resultados,
foram observadas poucas diferenças no nível de apoio ao multiculturalismo ao longo do tempo,
mas foram encontradas diferenças sistemáticas entre domínios que tendiam a ser estáveis ao
longo do tempo (Breugelmans et al., 2009).
Assim, e como referido anteriormente, o nível de apoio ao multiculturalismo por parte dos
países de acolhimento, varia de acordo com aspetos específicos das políticas multiculturais, pelo
que as medidas de atitude geral face ao multiculturalismo se revestem de extrema importância
pois podem dar uma indicação sobre o clima ideogico geral de um país.
Metodologia
Amostra
Participaram neste estudo cerca de 404 indivíduos, 123 homens e 281 mulheres de naciona-
lidade portuguesa, com idades compreendidas entre os 18 e os 82 anos (M = 40.94; SD = 15.43).
Em relação ao estado civil a maioria é casado ou vive em união de facto (n = 196, 48.5%) seguidos
daqueles que são solteiros (n = 162, 40.1%). As habilitações literárias dos participantes correspon-
dem maioritariamente ao ensino secundário (n = 178, 44.1%) e à licenciatura (n = 137, 33.9%). Mais
de metade dos indivíduos encontra-se ativo profissionalmente (n = 225, 55.7%).
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Tradução dos itens
Para a tradução e adaptação da Escala de Atitude Multicultural (EAM) para a cultura por-
tuguesa, seguiram-se as fases propostas por Miz e colegas (2013): 1) a tradução dos itens da
EAM para o português por um grupo de especialistas na área, seguindo um processo de tradução
reversa. A tradução do inglês para o português foi realizada por dois profissionais bilíngues. A
partir desta versão, a tradução reversa foi realizada por outros dois profissionais bilíngues não
envolvidos no processo acima. A precisão da tradução foi julgada pelo grau de coincidência com
a versão original (Hambleton, 2005), fazendo alterações nos itens para os quais os resultados indi-
caram que era necessário; 2) a validade de conteúdo foi determinada a partir da avaliação quali-
tativa dos itens por julgamento de especialistas (Sireci & Faulkner-Bond, 2014; Spaan, 2006). Para
testar a tradução, foi solicitado a 20 participantes (pré-teste) que respondessem à versão em por-
tuguês, para corrigir possíveis problemas de compreensão, não tendo sido detetados problemas
de interpretação. Esses participantes não foram incluídos na amostra final. A versão portuguesa
da escala encontra-se no apêndice 1.
Instrumento
Multicultural Attitude Scale (MAS) – baseada no Multicultural Ideology Scale de Berry e Kalin
(1995), foi adaptada por Breugelmans e van de Vijver (2004), com o objetivo de cobrir uma gama
mais ampla de aspetos do multiculturalismo. Breugelmans e al, (2009) utilizaram uma versão
reduzida da escala originalmente composta por 28 itens, igualmente com uma estrutura unidi-
mensional, mas composta por 19 itens, avaliados numa escala de Likert de 7 pontos (1 – discordo
totalmente a 7 concordo totalmente). Exemplos de itens: item 2“Acho que a unidade de Portugal
é enfraquecida pela presença de estrangeiros” e item 8: “Aprovo que as mulheres estrangeiras
residentes utilizem lenços na cabeça.”). Os itens 2, 3, 4, 5, 9, 11 e 18 são revertidos. A escala apre-
sentou um valor de consistência interna de 0.85.
Dados sociodemográficos – Foram ainda acrescentados itens com vista à caracterização da
amostra: género, idade, estado civil, habilitações literárias e situação profissional.
Procedimentos
Para recolher os dados necessários à realização da presente investigação empírica, proce-
deu-se à elaboração de um inquérito por questionário que foi aplicado em papel para preenchi-
mento presencial, o qual era de autopreenchimento (10 minutos). A participação foi voluntária e
não remunerada, e aos participantes foram garantidos os direitos de liberdade de participação,
anonimato e confidencialidade dos dados. Os dados foram recolhidos em universidades, empre-
sas e locais públicos.
Alise dos dados
Os dados recolhidos foram analisados através do programa SPSS (v. 26). As propriedades
psicométricas da EAM foram avaliadas através da análise fatorial exploratória, confirmatória
e consistência interna. Para analisar a validação cruzada, isto é, se a estrutura identificada é
repetida quando investigada numa segunda amostra (Floyd & Widaman, 1995) a amostra foi
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aleatoriamente divida em 2 partes: 202 participantes para a alise fatorial exploratória e 202
participantes para a análise fatorial confirmatória. A alise fatorial exploratória foi validada
pelo critério KMO e com extração dos fatores pelo método das componentes principais. Para a
alise de ajustamento do modelo os seguintes indicadores de qualidade de ajuste foram calcu-
lados com base nas recomendações de Byrne (2001): 1) χ2, que representa um teste à significância
da função de discrepância minimizada durante o ajustamento do modelo e quanto menor for
o seu valor, melhor será o ajustamento (Marôco, 2014); 2) CMIN/DF, que complementa a infor-
mação sobre o χ2, ou seja, é a razão entre χ2/gl; χ2/gl e corresponde à probabilidade de ajusta-
mento dos dados ao modelo teórico devendo os seus valores variar entre 2 e 5; 3) Comparative Fit
Index (CFI), Normed Fit Index (NFI) e Tucker-Lewis Index (TLI), que variam entre 0 e 1 (valores>
0.90 indicam bom ajuste); (Bentler & Bonett, 1980); e 4) o erro quadrático médio de aproximação
(RMSEA) – um valor ideal es entre 0.05 e 0.08, com valores de até 0.10 considerados aceitáveis.
A consistência interna foi avaliada através do alfa de Cronbach que pode variar numa escala de
0 a 1, admitindo-se como aceitáveis valores a partir de 0.70 (Nunnally, 1978).
Resultados
Estatística Descritiva
Na tabela 1 é possível observar a média e o desvio padrão dos 19 itens da escala. A média
mais baixa corresponde ao item 16 (M= 3.58; DP = 1.61) e a média mais elevada ao item 2 (M=5.76;
DP=1.51). Em termos da correlação item-total corrigida varia de 0.83 a 0.84), os itens encon-
tram-se todos acima de 0.30 (Nunnally & Bernstein, 1994), e, portanto, estatisticamente aceitá-
veis, à exceção do item 8. Contudo, a análise de itens indica que a confiabilidade permanece
inalterada e, como tal, nenhum item foi excluído. Histogramas e medidas de assimetria e curtose
mostram que as distribuições dos 19 itens são normais (assimetria de-0.98 a 0.18 e curtose de
-1.32 a 1.19), uma vez que estão abaixo de 2 e 7 respetivamente (Bentler & Wu, 2002; Curran et al.,
1996; Finney & Distefano, 2006; West et al, 1995).
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TABELA1
Estatísticas descritivas e confiabilidade dos itens da EAM (n = 404)
Item M DP
Correlação item-
total corrigida
Alfa de Cronbach (α) se o
item for excluído
Sk
SE = 0.12
Ku
SE = 0.24
1 5.29 1.35 0.55 0.83 -0.54 -0.01
2 5.76 1.51 0.49 0.83 -1.34 1.19
3 5.62 1.50 0.49 0.83 -1.13 0.66
4 5.18 1.66 0.53 0.83 -0.64 -0.48
5 4.30 1.84 0.33 0.84 -0.15 -1.01
6 4.81 1.55 0.47 0.83 -0.37 -0.28
7 4.27 1.48 0.45 0.83 0.02 -0.50
8 3.62 2.13 0.23 0.85 0.18 -1.32
9 4.67 1.87 0.55 0.83 -0.32 -0.82
10 4.54 1.53 0.33 0.84 -0.23 -0.47
11 4.25 1.73 0.31 0.84 -0.15 -0.73
12 4.21 1.42 0.40 0.84 0.02 -0.04
13 5.56 1.57 0.55 0.83 -0.98 0.24
14 5.27 1.43 0.51 0.83 -0.54 -0.25
15 4.43 1.73 0.37 0.84 -0.27 -0.63
16 3.58 1.61 0.45 0.83 0.15 -0.45
17 5.08 1.41 0.45 0.83 -0.31 -0.38
18 5.26 1.69 0.49 0.83 -0.69 -0.38
19 5.06 1.81 0.42 0.84 -0.67 -0.50
Alise fatorial exploratória
Com o objetivo de perceber a estrutura da escala realizou-se uma análise exploratória.
Oíndice KMO apresentou um valor de 0.856, verificando-se ainda a existência de correlação
entre os itens em estudo (teste de esfericidade de Bartlett = 1256.541; gl = 171; p = 0.00). A análise
das componentes principais, considerando o critério proposto pelo software estatístico SPSS de
eigenvalues superiores a 1 para a determinação dos fatores a reter, permitiu observar quatro
fatores, os quais explicam 56% da variância dos resultados obtidos. Na Tabela 2 é possível obser-
var os itens distribuídos pelos quatro fatores, assim como o seu peso.
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Validação da Escala de Atitude Multicultural
TABELA2
Componentes principais extraídos da EAM (comunalidades e pesos fatoriais)
Item F1 F2 F3 F4 Comunalidades % de variância
3 0.84 .56 30.31
4 0.78 .61 14.33
2 0.75 .74 5.87
13 0.64 .65 5.48
9 0.62 .42 4.84
5 0.56 .41 4.64
18 0.54 .51 4.33
11 0.50 .39 3.72
1 0.67 .53 3.65
7 0.62 .50 3.40
8 0.57 .65 3.15
6 0.44 .54 2.71
10 0.69 .59 2.39
17 0.69 .60 2.34
14 0.59 .52 2.22
15 0.50 .68 1.98
16 0.79 .55 1.68
19 0.62 .58 1.64
12 0.43 .51 1.26
O primeiro fator é constituído pelos itens 2, 3, 4, 5, 9, 11, 13, e 18 que explicam 30.31% da
variância dos resultados (eigenvalue de 5.7). O segundo fator (itens 1,6,7 e 8) explica 14.33% da
variância dos resultados (eigenvalue de 2.72). O terceiro fator é constituído pelos itens 10, 14, 15 3
17 explica 5.87% da variância dos resultados (eigenvalue de 1.11). O quarto, e último fator, é cons-
tituído pelos itens 12, 16 e 19 e explica 5.48% da variância dos resultados (eigenvalue de 1.04).
Análise fatorial confirmaria
A EAM foi submetida a uma análise fatorial confirmatória (CFA) adotando o estimador de
máxima verossimilhança (ML). Foram testados três modelos: o modelo obtido na análise fato-
rial exploratória com quatro fatores, o modelo original unidimensional e um modelo com os 4
domínios propostos pelos autores Breugelmans e van de Vijver (2004). Para o modelo de 4 fatores
os valores de qualidade de ajuste foram: χ2 (146) = 291.012 e CMIN/DF de 1.993. Os valores CFI
(0.832), NFI (0.724) e TLI (0.782) estão próximos de 1, o que mostra um bom ajuste (Bentler, 1990;
Byrne, 2001; Marôco, 2011). O valor RMSEA (0.07) está na faixa de ajuste aceitável (Hu & Bentler,
1999; Ullman, 2006). O modelo original, unidimensional, apresentou índices de ajustamento mais
fracos: χ2 (152) = 440.562; CMIN/DF = 2.898; CFI = 0.667; NFI = 0.583; TLI = 0.583; RMSEA = 0.097.
Em relação ao modelo dos 4 domínios, os índices de ajustamento são ligeiramente superiores aos
obtidos na estrutura unidimensional.
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TABELA3
Análise fatorial confirmatória: Índices de ajustamento
Modelos N χ2 df CMIN CFI TLI NFI RMSEA
4 fatores 202 291.012 146 1.993 0.832 0.782 0.724 0.070
Unidimensional 202 440.562 152 2.87 0.667 0.583 0.583 0.097
4 domínios (Original) 202 379.621 146 2.60 0.730 0.649 0.640 0.089
Análise de consistência interna
A análise de consistência interna revelou para a escala global um alfa de Cronbach de 0.85.
Foi avaliado o valor de alfa para as dimensões obtidas na análise fatorial exploratória: dimensão
1 (8 itens) α = 0.822; dimensão 2 (4 itens) α = 0.523; dimeno 3 (4 itens) α = 0.677 e dimensão 4 (3
itens) α = 0.575. Foram também calculados os valores de consistência interna dos 4 domínios pro-
postos pelos autores da escala. Os valores obtidos foram: 1) (des)aprovação da diversidade cultu-
ral (itens 1 a 6): α = 0.756; 2) aculturação das minorias (itens 7 e 8): α = 0.239; 3) apoio às minorias
por membros maioritários (itens 9 a 12): α = 0.409; e 4) igualdade de direitos e participação social
para todos os grupos da sociedade (itens 13 a 19): α = 0.732.
Discussão
Este estudo, de carácter exploratório, objetivou apresentar a alise métrica da escala de
atitude multicultural (EAM) numa amostra portuguesa. Partindo de uma versão reduzida de 19
itens da escala original de 28 itens desenvolvida por Breugelmans e van de Vijver (2004), foram
efetuadas a alise fatorial exploratória, análise fatorial confirmatória e consistência interna.
Avalidade cruzada foi igualmente utilizada para observar se a estrutura identificada é repetida
quando investigada numa segunda amostra (Floyd & Widaman, 1995). Para o efeito, a amostra
foi aleatoriamente divida em duas partes: 202 participantes para a alise fatorial exploratória e
202 participantes para a análise fatorial confirmatória.
A escala de atitude multicultural tem sido apontada como uma escala unidimensional,
embora contemple, de acordo com os autores, quatro domínios (Breugelmans & van de Vijver,
2004). Contudo os resultados da análise fatorial exploratória mostraram uma estrutura de quatro
fatores, sendo que estes fatores não são coincidentes com os domínios originais. A análise fatorial
confirmatória, realizada de acordo com a estrutura obtida na alise fatorial exploratória, reve-
lou índices de ajustamento aceitáveis. Uma vez que os itens obtidos nos quatros fatores não cor-
respondem aos domínios originalmente propostos, foram testados mais dois modelos: o modelo
unidimensional, que apresentou índices de ajustamento mais fracos e um valor de RMSEA ele-
vado, e uma estrutura com os 4 domínios propostos, que revelou índices de ajustamento ligeira-
mente melhores que os índices obtidos no modelo unidimensional. Contudo, dos três modelos
testados, foi o modelo obtido na alise fatorial exploratória que apresentou melhores índices de
ajustamento comparativamente aos outros.
Face aos resultados controversos, analisaram-se os valores de consistência interna. A escala
unidimensional apresentou um bom valor de alfa. Contudo, quer nos 4 domínios originais, quer
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nos 4 fatores obtidos, os valores de consistência não foram considerados, na sua maioria, aceitá-
veis (α < 0.70) (Nunnally, 1978). Em relação aos quatro domínios, apenas o primeiro ((des)aprova-
ção da diversidade cultural), e o quarto (igualdade de direitos e participação social para todos os
grupos da sociedade) apresentaram um valor de alfa superior a 0.70. Já nos quatro fatores obtidos
na análise exploratória, apenas o primeiro, constituído por 8 itens, é que revelou um alfa acei-
tável. De notar ainda, que este fator é constituído por todos os itens que são revertidos. Assim,
considera-se que, embora a estrutura unidimensional apresente um valor de consistência interna
adequado, há necessidade de reforçar o estudo desta escala, nomeadamente no que toca aos itens
e à sua dupla negativa, bem como à desejabilidade social. Neste sentido, sugere-se uma reformu-
lação dos itens com vista à melhoria da sua consistência interna. Os resultados, claramente não
satisfatórios em nenhum dos modelos, condiciona a proposta clara de um modelo, o que reflete
as dificuldades de estudos de validação realizados em outras populações (e.g., Arends-Tóth & van
de Vijver, 2003, 2006; Stogianni, 2021). Mais, considera-se que o facto dos itens correspondentes
aos domínios originais e os itens obtidos na alise exploratória não serem coincidentes, justifica
que esta escala seja validade e testada noutras culturas, devendo igualmente ser submetida a
uma validade facial.
Conclusão
O contexto português encontra-se tradicionalmente marcado por movimentos migratórios,
que evidenciam e acentuam a diversidade cultural. Embora Portugal seja considerado como um
país hospitaleiro e favorável à multiculturalidade, tem-se observado um aumento de grupos
nacionalistas, fatores que causam tensões sociais, e que diminuem o apoio a políticas de integra-
ção. Sendo a multiculturalidade uma realidade inevitável, considera-se que a versão portuguesa
da EAM, é instrumento adequando par avaliar as atitudes multiculturais dos portugueses. Con-
tudo, devem ser realizados estudos adicionais para fortalecer a validade da escala, nomeada-
mente no que respeita à sua estrutura.
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Apêndice1
Versão Portuguesa da Escala de Atitude Multicultural (EAM)
1 É bom para Portugal ter grupos de diferentes contextos culturais a viver no país.
2 Não gosto de andar em autocarros ou comboios onde há muitos estrangeiros. *
3 Acho que a unidade de Portugal é enfraquecida pela presença de estrangeiros. *
4 Acho que as cidades com muitos estrangeiros são mais inseguras. *
5 Penso que há muitos estrangeiros a viver em Portugal. *
6 Acho que é melhor para Portugal que os estrangeiros mantenham as sua própria cultura e costumes.
7 Sinto-me à vontade quando estou numa cidade com muitos estrangeiros.
8 Considero que os estrangeiros estão sucientemente familiarizados com a cultura e costumes portugueses.
9 Sinto-me desconfortável quando os estrangeiros falam numa língua que eu não compreendo. *
10 Acho que os estrangeiros que estão em Portugal zeram um esforço suciente para arranjar trabalho.
11 Acho que os estrangeiros que estão em Portugal estão a concentrar-se demasiado em certas cidades. *
12 Acho que os estrangeiros residentes devem aprender a falar português corretamente.
13 Aprovo que as mulheres estrangeiras residentes usem lenços na cabeça. *
14 Aborrece-me quando um estrangeiro não me entende.
15 Acho que a maioria dos Portugueses não está sucientemente familiarizada com a cultura e costumes dos estrangeiros.
16 Prero viver ao lado de uma família portuguesa do que ao lado de uma família de estrangeiros.
17 Acho que as empresas portuguesas se deveriam esforçar para contratar mais estrangeiros.
18 Penso que as escolas portuguesas devem pensar mais sobre os antecedentes culturais dos seus alunos. *
19 Acho que a polícia Portuguesa deveria aumentar a patrulha nas cidades onde há muitos estrangeiros.
Nota: * Itens revertidos