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RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE DO SONO, A REGULAÇÃO
EMOCIONAL E A ANSIEDADE: ESTUDO COM ADOLESCENTES
RELATIONSHIP BETWEEN SLEEP QUALITY, EMOTIONAL REGULATION AND
ANXIETY: STUDY WITH ADOLESCENTS
Patrícia Vala Silva1, Ana Gomes2, Fernanda Lyrio Heinzelmann3
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVIII • ISSUE FASCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2022 PP. 2642
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVIII.2.2
Submited on 21.12.21 Submetido a 21.12.21
Acceptted on 3.05.22 Aceite a 3.05.22
Resumo
A adolescência é uma fase de evolução e de mudaa a nível biológico, psicológico e social.
Osono é uma necessidade básica que manipula e é manipulado pelas variadas atividades, con-
textos e papéis, que são condições fundamentais para os adolescentes. Um sono inadequado pode
prejudicar, severamente, a qualidade de vida dos jovens e influenciar as suas competências em
regular as emoções. A capacidade em regular as emoções é fundamental para preservar o equi-
brio interno do indivíduo, assim como possibilitar relações sociais adequadas e favorecer a saúde
mental. Estratégias de regulação emocional inadequadas ou insuficientes podem desencadear
sentimentos desagradáveis, e provocar nos indivíduos sofrimento psicológico, que ao longo do
tempo pode evoluir para uma perturbação de ansiedade. Uma regulação emocional insuficiente
associa-se a uma segurança reduzida nas capacidades em controlar a ansiedade. Este estudo pre-
tendeu averiguar a existência de uma relação significativa entre a sonolência diurna, a regulação
emocional, os níveis de ansiedade e as questões de nero associadas, nos alunos do 3.ºCiclo
do Ensino Básico. A amostra consistiu em 64 adolescentes, dos 12 aos 15 anos. Os resultados
demonstraram correlações significativas entre sonolência diurna e as estratégias de regulação
emocional (correlação negativa), entre sonolência diurna e os níveis de ansiedade, entre regula-
ção emocional e os níveis de ansiedade. No que se refere ao género, as participantes do género
feminino tiveram valores superiores às do género masculino em quatro subescalas da regulação
emocional e níveis de ansiedade: responsividade situacional, componente motora, componente
vegetativa e componente do sistema nervoso central.
Palavras-Chave: Adolescência; Sonolência Diurna; Regulação Emocional; Ansiedade.
1 Universidade Autónoma de Lisboa. E-mail: patriciavlsilva@gmail.com
2 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. E-mail: ana.m28.gomes@gmail.com
3 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. E-mail: flyrio@autonoma.pt
Corresponding author
Ana Gomes, E-mail: ana.m28.gomes@gmail.com
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVIII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2022 pp. 26-42
Patrícia Vala Silva, Ana Gomes, Fernanda Lyrio Heinzelmann
Abstract
Adolescence is a phase of evolution and change at a biological, psychological and social
level. Sleep is a basic need that manipulates and is manipulated by the various activities,
contexts and roles, which are fundamental conditions for adolescents. Inadequate sleep can
severely impair the quality of life of young people and influence their ability to regulate
their emotions. The ability to regulate emotions is fundamental to preserving the individuals
internal balance, as well as enabling appropriate social relationships and fostering mental
health. Inadequate or insufficient emotion regulation strategies may trigger unpleasant feelings
and cause psychological distress, which may develop into an anxiety disorder over time.
Insufficient emotion regulation is associated with reduced confidence in ones ability to control
anxiety. This study aimed to assess the existence of a significant relationship between daytime
sleepiness, emotional regulation, anxiety levels and associated gender issues in students in the
3rd cycle of basic education. The sample consisted of 64 adolescents aged between 12 and
15 years old. The results showed significant correlations between daytime sleepiness and
emotion regulation strategies (negative correlation), between daytime sleepiness and anxiety
levels, and between emotion regulation and anxiety levels. With regard to gender, female
participants had higher values than male participants in four subscales of emotion regulation
and anxiety levels: situational responsiveness, motor component, vegetative component, and
central nervous system component.
Keywords: Adolescence; Daytime Sleepiness; Emotional Regulation; Anxiety.
Introdução
A adolescência caracteriza-se por ser uma fase de evolução e de mudaas biológicas, psi-
cológicas e sociais. O sono é uma necessidade básica que manipula e é, sincronicamente, mani-
pulado pelas variadas atividades do contexto adolescente. Na era digital, com possibilidades de
ligação permanente à internet, muitos adolescentes consideram o sono uma intrusão indesejável
na vida social. A hora de dormir por vezes é atrasada, resultando numa menor duração total de
sono (Seton & Fitzgerald, 2021). Este atraso da hora de dormir pode estar relacionado à ansiedade
e à depressão, sendo comum que os adolescentes com privação de sono apresentem estados de
humor alterados. Entre os efeitos da privação do sono, constam problemas cognitivos, físicos e
de saúde mental. A privação do sono persistente ou crónica, pode levar à sonolência diurna, a
queixas psicológicas, somáticas, ansiedade, sintomas depressivos e até a dificuldades cognitivas
associadas à redução da motivação para estudar e piores resultados acamicos (Seton & Fitz-
gerald,2021). Investigações que procuram analisar as associações entre regulação emocional e
sono, sugerem que é provável que exista uma relação recíproca (Petz, Rogge & O’Connor, 2019;
Orchard et al., 2020). Os adolescentes com propensão para a depressão e ansiedade são susce-
tíveis a mais perturbações do sono, o que, por sua vez, intensifica os sintomas de depressão e
ansiedade (Brown, et al. 2018). Desta forma, controlar a ansiedade e preservar uma boa quali-
dade do sono é essencial para alcaar uma satisfatória e suficiente saúde mental, emocional e
física (Silva et al., 2020).
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Relão entre a qualidade do sono, a regulação emocional e a ansiedade: estudo com adolescentes
A desregulação emocional, resultante das perturbações de ansiedade ou dos seus indícios,
pode ser vivenciada de distintas formas. Indivíduos que sofrem de perturbação da ansiedade
generalizada apresentam uma maior propensão em manifestar uma elevada veemência emo-
cional, juntamente com problemas na perceção de emoções. Segundo Woodward et al. (2018), os
sujeitos que apresentam uma elevada desregulação emocional manifestam uma reduzida segu-
rança na competência em controlar a sua ansiedade.
De acordo com o modelo neurobiológico de Jamieson, et al. (2021), a qualidade do sono,
ansiedade e regulação emocional no início da adolescência, entre os 12 e os 14 anos de idade
estão significativamente relacionadas. Esta relação acontece uma vez que a qualidade do sono
influencia a existência de uma conectividade bidireccional entre a amígdala e os centros de
controlo executivo no rtex pré-frontal. O que equivale a uma correlação negativa ente a
qualidade do sono, ansiedade e regulão emocional. Este modelo empiricamente apoiado e
baseado num quadro teórico centra-se na forma como a qualidade do sono durante a pri-
meira adolescência desempenha um papel crucial no desenvolvimento inicial das perturba-
ções de ansiedade e de regulação emocional (Jamieson, et al. 2021). A duração e a qualidade
do sono, são fatores determinantes para a saúde mental. Em geral, características como o sono
insuficiente e de má qualidade estão associadas a uma pior regulação do humor e das emoções,
bem como, a uma maior probabilidade de desenvolver uma perturbação de humor ou de ansie-
dade, e a um risco acrescido de ideação suicida (Short, et al. 2019).Visto que a adolescência cos-
tuma ser marcada por uma maior autonomia dos indivíduos sobre suas próprias rotinas, existe
também uma maior vontade de regular as emoções face aos acontecimentos antagónicos e
stressantes. Desta forma, uma regulação emocional satisfaria pode dificultar o aparecimento
de alguma psicopatologia, nomeadamente a ansiedade (Young et al., 2019). Diversos estudos
confirmam que os problemas de regulação emocional nos adolescentes podem ser conside-
rados uma condição de risco para o surgimento da perturbação de ansiedade (Loevaas et al.,
2018; Davis et al., 2019).
A literatura sugere ainda que existem diferenças de género no que se refere aos hábitos de
sono. Mulheres tendem a dormir menos horas (Doi & Minowa, 2003; Hislop & Arber, 2003; Venn
et al., 2008; Maume, Sebastian & Bardo, 2010; Burgard & Ailshire, 2013), uma vez que histori-
camente a jornada dria de trabalhos não remunerados (tarefas domésticas, cuidados com a
família e organização da vida familiar) destas, costuma ser maior que a dos homens (Venn et al.,
2008; Anxo et al., 2011; Coelho, 2011, 2017) comparativamente. Esta disparidade entre os géneros
parece ser estabelecida desde cedo, e começa a ser percebida na adolescência. Portanto, parece
relevante considerar diferenças nos níveis de ansiedade e regulação emocional em relação ao
género.
As questões supracitadas apontam a pertinência de se refletir sobre a qualidade do sono e
os seus efeitos na regulação emocional na adolescência, em homens e mulheres bem como as
consequências de ambos para um maior ou menor nível de ansiedade. Desta forma, o presente
estudo buscou averiguar a existência de uma relação significativa entre a sononcia diurna, a
regulação emocional, os níveis de ansiedade e as questões de género associadas, nos alunos do
3º Ciclo do Ensino Básico.
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Método
Problema
De acordo com a revisão de literatura surgiu a seguinte questão de investigação: “Se que se
verifica uma relação entre a sonolência diurna, a regulação emocional e os veis de ansiedade
em alunos do 3ºciclo?
Objetivos
Objetivo Geral
O objetivo geral desta investigação é estudar a relação que existe entre a sonolência diurna,
a regulação emocional e os níveis de ansiedade em alunos do 3º ciclo.
Objetivos Específicos
Verificar a sonolência diurna, a regulação emocional e os níveis de ansiedade nos alunos do
ciclo; observar as diferenças entre o género na sonolência diurna, na regulação emocional e
nos níveis de ansiedade;
Analisar se existe uma relação entre a sonolência diurna e a regulação emocional;
Analisar se existe uma relação entre a sononcia diurna e a ansiedade; Analisar se existe
uma relação entre a regulação emocional e os níveis de ansiedade.
Participantes
A amostra é composta por 64 adolescentes do Ciclo do Ensino sico, de uma escola pri-
vada na área metropolitana de Lisboa, com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos. Dos
adolescentes incluídos na amostra, 27 são do género feminino (n= 42.2%) e 37 do género mascu-
lino (n= 57.8%). Relativamente à distribuição por nível de escolaridade, cerca de 21 adolescentes
frequentam o ano (32.8%), 12 frequentam o ano (18.8%) e 31 frequentam o ano (48.4%),
como se pode verificar na tabela 1. Em relação às questões éticas, foi realizada uma declaração
de Acordo de Consentimento Informado”, a qual foi entregue aos encarregados de educão
ou aos titulares da responsabilidade parental do adolescente, de forma a assegurar a confiden-
cialidade dos mesmos. Importa salientar que esta declaração cumpre todos os princípios éticos
da Declaração de Helsínquia e também foi autorizada pela Comissão de Ética da Universidade
Autónoma de Lisboa. O único critério de inclusão está relacionado com o consentimento dos
encarregados de educação ou dos titulares da responsabilidade parental, de modo a que o aluno
participe nesta investigação, através do Acordo de Consentimento Informadoe como critério
de exclusão são os alunos que não apresentem este consentimento.
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Relão entre a qualidade do sono, a regulação emocional e a ansiedade: estudo com adolescentes
TABELA1
Caracterização Sociodemográfica (N=64)
N %
Género
Masculino 37 57.8
Feminino 27 42.2
Idade
12 anos 17 26.6
13 anos 11 17.2
14 anos 31 48.4
15 anos 05 07.8
Escolaridade
ano 21 32.8
ano 12 18.8
ano 31 48.4
Instrumentos
Foram utilizados quatro instrumentos adaptados à medição das variáveis que se encontram
em estudo. São eles: Questionário Sociodemográfico com dados biográficos, sociais e familiares;
Pediatric Daytime Sleepiness Scale (PDSS) - validado para a população portuguesa por Moreno
(2012); Emotion Regulation Index for Children and Adolescents (ERICA) - validado para a população
portuguesa por Reverendo & Machado (2010); e Self Anxiety Scale (S.A.S.) - validado para a popu-
lação portuguesa por Ponciano, Relvas & Serra (1982).
Questionário Sociodemográfico
O questionário sociodemográfico é constituído por respostas simples e diretas, e foi elabo-
rado com base na população específica desta investigação. Procurou caracterizar os indivíduos
participantes, recolhendo informações como dados biográficos, sociais e familiares, além de
informações sobre género, escolaridade, nacionalidade e com quem vivem.
Pediatric Daytime Sleepiness Scale (PDSS)
A Pediatric Daytime Sleepiness Scalefoi elaborada por Christopher Drake, em 2003, e con-
tinha 32 itens, com queses ltiplas referentes à sonolência, aos modelos do sono, atividades
extracurriculares, entre outras (Drake et al., 2003). Posteriormente, foi modificada e passou a ser
constituída por 8 itens, variando entre 0 (Nunca); 1 (Raramente); 2 (Por vezes); 3 (Frequentemente)
e 4 (Sempre), e a pontuação que pode chegar aos 32 valores (Drake et al., 2003). O coeficiente de
consistência interna Alfa de Cronbach é de 0.8 (Drake et al., 2003).
Emotion Regulation Index for Children and Adolescents (ERICA)
A escala Emotion Regulation Index for Children and Adolescents(ERICA) foi elaborada por
MacDermott, Gullone, Allen, King & Tonge (2010), como instrumento de autorrelato para analisar
a qualidade da regulação emocional em crianças e adolescentes entre os 9 e 16 anos (Machado &
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Patrícia Vala Silva, Ana Gomes, Fernanda Lyrio Heinzelmann
Reverendo, 2012). É composta por 16 itens, variando entre 5 (Concordo Totalmente); 4 (Concordo);
3 (Não Concordo nem Discordo); 2 (Discordo); 1 (Discordo Totalmente), em três subescalas (con-
trolo emocional, autoconsciência emocional e responsividade situacional), com pontuação que
pode chegar aos 80 valores. Apresenta um coeficiente de consistência interna Alfa de Cronbach
de 0.75 na escala em geral, sendo que alterna entre .60 e .73, individualmente nas três subescalas
(MacDermott et al., 2010).
Self-Anxiety Scale (S.A.S.)
A Self-Anxiety Scale (S.A.S.) foi desenvolvida por Zung (1971) como um instrumento de avalia-
ção da ansiedade (Bobrowicz-Campos et al., 2017; Dunstan & Scott, 2020). Esta escala é formada
por 20 itens que tem quatro respostas possíveis que vão de “nenhuma ou raras vezes” à “a maior
parte ou totalidade do tempo(Costa et al., 2018). A escala analisa ainda quatro subescalas que
são importantes na ansiedade: a subescala cognitiva (item 1 ao 5), a subescala motor (item 6 ao 9),
a subescala vegetativa (item 10 ao 18) e a subescala sistema nervoso central (item 19 e 20) (Amo-
rim, 2014). A pontuação varia entre 20 a 80 pontos (Amorim, 2014).
A consistência interna, para o total da escala, e para as subescalas, revela uma boa fidedigni-
dade (α = 0,88 para o total da escala; α = 0,87 para o C. C.; α = 0,74 para o C. M., α = 0,71 para C.
V e α = 0,88 para C. S.N.C.) (Amorim, 2014).
Procedimento
Este estudo obteve parecer positivo da Comissão de Ética do ||blind for review|| e foram
seguidos todos os procedimentos relativos à proteção de dados pessoais. A aplicação dos instru-
mentos ocorreu após obtenção de um parecer favovel da direção da escola participante, dos
encarregados de educação e dos alunos em questão. Para tal, foram entregues os consentimentos
informados com a finalidade de comunicar e informar pormenorizadamente, sobre toda a inves-
tigação e como se iria processar a aplicação dos instrumentos, de modo, a que estes aprovassem
a participação.
A bateria de instrumentos de avaliação utilizada foi administrada aos adolescentes após a
obtenção do Consentimento Informado dos encarregados de educação. Os consentimentos fica-
ram na posse dos Diretores das escolas para que não existisse qualquer tipo de cruzamento de
informação e consequente violação da privacidade e anonimato a que os questionários estavam
sujeitos. A recolha de dados foi efetuada em contexto de sala de aula, estando presentes os Dire-
tores de Turma que supervisionaram o preenchimento dos questionários. Para além da recolha
de dados em escolas recorreu-se também a Associações Desportivas e Humanitárias, seguindo-
-se o procedimento anterior.
Análise dos Dados
Para a análise estatística dos dados recolhidos foi utilizado o software IBM SPSS (Statisti-
cal Package for the Social Sciences) Statistics 26. Inicialmente, foi feita uma análise descritiva
(frequências absolutas e relativas, médias e respetivos desvios-padrão) e posteriormente, uma
alise inferencial. Neste sentido, recorreu-se ao coeficiente de consistência interna Alfa de
Cronbach, ao teste-t de Students para amostras independentes, e ao coeficiente de correlação de
Pearson.
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Relão entre a qualidade do sono, a regulação emocional e a ansiedade: estudo com adolescentes
Resultados
Estatística Descritiva e Diferenças entre Grupos
Nas diversas variáveis foi analisado o coeficiente de consistência interna de Alfa de Cronbach.
Nas escalas, a que avalia a sonolência diurna é representada por um alfa de Cronbach de .708. A
que avalia a regulação emocional, teve o alfa de Cronbach de .811. E na que avalia os níveis de
ansiedade, o alfa de Cronbach foi de.838, tal como se pode verificar na tabela 2.
TABELA2
Consistência Interna
Alfa de Cronbach Nº de Itens
Escala de Sonolência Diurna .708 8
Escala de Regulação Emocional
Controlo Emocional .707 9
Autoconsciência Emocional .521 3
Responsividade Situacional .731 4
Total .811 16
Escala de Ansiedade
Componente Cognitiva .748 5
Componente Motora .476 4
Componente Vegetativa .543 9
Componente Sistema Nervoso Central .248 2
Total .838 20
Sonolência diurna, regulação emocional e níveis de ansiedade
Os adolescentes apresentam uma média de 12.66 na escala de sonolência diurna, valor ligei-
ramente superior ao ponto médio da escala. Na escala de regulação emocional, a média é de 59.55,
significativamente elevada, se comparada ao ponto médio da escala. Nas subescalas, o “controlo
emocionalapresenta a média mais elevada. a escala que avalia a ansiedade apresenta uma
média de 43.77, valor ligeiramente superior ao ponto médio da escala. E a subescala que demons-
tra média superior é a “componente vegetativa, tal como se pode verificar na tabela 3.
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TABELA3
Análise Estatística Descritiva
Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão
Escala de Sonolência Diurna 1 25 12.66 5.26
Escala de Regulação Emocional
Controlo Emocional 15 42 30.31 5.59
Autoconsciência Emocional 5 15 11.77 2.22
Responsividade Situacional 7 20 17.47 2.57
Total 33 77 59.55 8.61
Escala de Ansiedade
Componente Cognitiva 6 20 11.23 3.37
Componente Motora 5 15 8.91 2.53
Componente Vegetativa 14 30 19.10 4.04
Componente Sistema Nervoso Central 3 10 4.53 1.76
Total 29 69 43.77 9.86
Género, regulação emocional e níveis de ansiedade
As diferenças entre os géneros foram significativas na responsividade situacional (t (56) =
-2.99, p <.01), na componente motora (t (62) = -1.96, p <.01), na componente vegetativa (t (62) =
-2.13, p <.05) e na componente do sistema nervoso central (t (62) = -2.25, p <.05). Os valores para
o género feminino foram superiores aos do género masculino nas quatro subescalas: responsivi-
dade situacional: feminino (M= 18.4, DP=.28) e masculino (M= 16.8, DP=.49); componente motora:
feminino (M= 9.95, DP=.52) e masculino (M= 8.14, DP=.35); componente vegetativa: feminino (M=
20.3, DP=.77) e masculino (M= 18.2, DP=.64); componente do sistema nervoso central: feminino
(M= 5.09, DP=.36) e masculino (M= 4.12, DP=.26), tal como se pode verificar na tabela 4.
TABELA4
Diferenças de Género
Feminino Masculino
M DP M DP t
Escala de Sonolência Diurna 13.70 .97 11.89 .88 -1.371
Escala de Regulação Emocional
Controlo Emocional 29.89 1.17 30. 62 .86 .515
Autoconsciência Emocional 12.11 .37 11.51 .40 -1.066
Responsividade Situacional 18.44 .28 16.76 .49 -2.997
Escala de Ansiedade
Componente Cognitiva 12.18 .28 10.54 .47 -1.880
Componente Motora 9.95 .52 8.14 .35 -3.011
Componente Vegetativa 20.32 .77 18.21 .64 -2.127
Componente Sistema Nervoso Central 5.09 .36 4.12 .26 -2.248
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Relão entre a qualidade do sono, a regulação emocional e a ansiedade: estudo com adolescentes
Sonolência diurna e a regulação emocional
Na correlação entre a escala PDSS e a escala ERICA, apenas a correlação entre as dimensões
PDSS e Controlo emocional é estatisticamente significativa e negativa (r= -.416**). Isto sugere que
quanto mais elevado são os níveis de sonolência diurna, menores são os recursos a estragias de
regulação emocional, como se verifica na tabela 5.
TABELA5
Correlações PDSS e ERICA
PDSS
Controlo Emocional -.416**
Autoconsciência Emocional .024
Responsividade Situacional -.040
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades)
Sonolência diurna e a ansiedade
Na correlação entre a escala PDSS e a escala S.A.S., uma grande parte das correlações apre-
senta uma correlação positiva, sendo a correlação mais elevada entre as dimensões Componente
Cognitiva e o PDSS (r=.374**). Isto sugere que quanto mais elevado são os níveis de sonolência
diurna, maiores são os níveis de ansiedade, tal como se pode verificar na tabela 6.
TABELA6
Correlações PDSS e S.A.S.
PDSS
Componente Cognitiva .374**
Componente Motora .354**
Componente Vegetativa .212
Componente Sistema Nervoso Central .274*
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades)
*. A correlão é significativa no nível 0,05 (2 extremidades)
Regulação emocional e os níveis de ansiedade
Na correlação entre a escala ERICA e a escala S.A.S., existem diversas correlações signifi-
cativas negativas, e a correlação mais elevada ocorre entre as dimenes Controlo Emocional
e a Componente Motora (r= -.374**). Isto sugere que, quanto mais elevados são os recursos de
estratégias de regulação emocional, menores são os níveis de ansiedade, tal como se pode veri-
ficar na tabela 7.
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Patrícia Vala Silva, Ana Gomes, Fernanda Lyrio Heinzelmann
TABELA7
Correlações ERICA e S.A.S.
ERICA
Controlo Emocional Autoconsciência
Emocional
Responsividade
Situacional
Componente Cognitiva -.368** -.245 .010
Componente Motora -.374** -.249* .059
Componente Vegetativa -.187 -.075 .068
Componente Sistema Nervoso Central -.265* -.171 -.052
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
*. A correlão é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).
Discussão
No nosso estudo, os adolescentes revelaram uma sonolência diurna normativa, demons-
trando uma média de 12.66. Um estudo de Randler et al. (2019) confirma que os valores diminuem
conforme a idade dos adolescentes, e portanto, são mais elevados em adolescentes mais velhos.
Segundo estes mesmos autores, a idade é uma condição essencial para o nível de sonolência
diurna. Ou seja, os adolescentes mais velhos necessitam descansar por mais tempo para alcançar
o mesmo grau de desempenho cognitivo. Uma vez que a sononcia diurna não apresentou níveis
elevados, entende-se este como um sinal favorável de atendimento das necessidades drias rela-
cionadas com o sono (Altan et al., 2018).
Em relação à regulação emocional, os adolescentes apresentaram valores relativamente ele-
vados, com uma média de 59.55. Este resultado vai ao encontro do estudo de Reverendo (2011),
que demonstrou média semelhante, de 59.7. Também segundo este autor, os valores mais elevados
referem-se a adolescentes que apresentam uma regulação emocional apropriada, ajustada e fun-
cional. Lennarz et al. (2019) mencionam que uma regulação emocional adaptativa e funcional é
essencial para o funcionamento psicossocial e, posteriormente, para o desenvolvimento da saúde
mental. Para Sanchis-Sanchis et al. (2020), a aquisição de competências para articular as respos-
tas emocionais, no período da adolescência, encontra-se, profundamente, associada à matura-
ção que delineia distintos níveis, nomeadamente o nível cognitivo, fisiológico e comportamental.
Quanto à ansiedade, os adolescentes apresentaram uma média de 43.77. Segundo Sequeiros
(2009), estes valores demonstram uma ansiedade dentro de valores normativos, contudo, no
limiar de uma ansiedade moderada. Bertuol & Valentini (2006), relacionam estes valores com a
fase maturacional dos adolescentes, uma vez que os mais velhos manifestam níveis mais eleva-
dos de ansiedade. A ansiedade, em dimensões equilibradas, proporciona uma redução na “exibi-
ção inconsciente e irrefletida a determinados perigos, característica própria da adolescência, e,
por consequência, uma diminuição de morbidade (Silva & Silva, 2013).
De acordo com Nelemans et al. (2014), os indícios de ansiedade pertencem ao desenvolvi-
mento regular de todos os indivíduos. Os adolescentes deparam-se com novas situações no seu
processo de amadurecimento, e os indícios de ansiedade oscilam ao longo do mesmo. Hale et
al. (2008) e Van Oort et al. (2009) também referem que os indícios de ansiedade são comuns no
começo da adolescência e vão diminuindo com o decorrer da mesma.
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Relão entre a qualidade do sono, a regulação emocional e a ansiedade: estudo com adolescentes
Sonolência diurna, regulação emocional e ansiedade
Os resultados do nosso estudo revelam ainda que a sonolência diurna afeta, negativamente,
as estratégias de regulão emocional. O estudo de Rhie et al. (2011) comprovou o mesmo: ele-
vados valores de sonolência diurna conduzem a reduzidas estratégias de regulação emocional,
revelando como consequências uma maior instabilidade emocional e uma diminuão do ren-
dimento escolar. Para Kendall & Peterman (2015), a adolescência é uma fase caracterizada por
diversas modificações, tanto ao nível biogico como ao nível social, e estas prejudicam seve-
ramente a qualidade do sono, conduzem à sonolência diurna, contribuindo para uma reduzida
regulação emocional. O efeito deste ciclo pode ser percebido pelo aumento de violência/agressi-
vidade, dificuldades de comportamento, temperamento negativo, rendimento académico redu-
zido e dificuldades em moderar e regular as emoções comuns na adolescência (Spilsbury et al.,
2007). Outros estudos evidenciam ainda que a relação entre um sono desajustado e as dificulda-
des emocionais podem evoluir para o desenvolvimento de problemas afetivos (Sarchiapone et al.,
2014; Short, et al. 2019; Jamieson, et al. 2021).
Com base nos dados do nosso estudo, foi possível também averiguar que a sonolência diurna
afeta, negativamente, os níveis de ansiedade. Os autores Chung et al. (2020) identificaram os pro-
blemas psiquiátricos que mais afetam e manipulam o sono, em especial a ansiedade e a depres-
são, uma vez que afetam a estabilidade do ritmo circadiano. Num estudo de Orchard et al., (2020),
os adolescentes demonstraram níveis mais elevados de sonolência diurna ao apresentarem
níveis mais elevados de ansiedade. Moore et al., (2009) referem que os adolescentes que apresen-
tam maiores níveis de ansiedade necessitam de um maior descanso, comparativamente a outros
indivíduos, dado o maior gasto drio de energia. Estes adolescentes manifestam também uma
perceção e conhecimento negativo sobre o seu sono e sononcia.
No que diz respeito à relação entre a regulação emocional e a ansiedade, verificou-se que as
estratégias de regulação emocional conduzem a menores níveis de ansiedade. A adolescência
caracteriza-se por ser uma fase de maior risco para o surgimento de perturbações de ansiedade
(Young et al., 2019), visto que, os adolescentes experienciam mais regularmente e intensamente
as emoções negativas devido aos desafios desta etapa da vida (Schäfer et al., 2017). Situações de
maior stress, assim como, determinadas contrariedades na infância, representam condições de
risco para o desenvolvimento de patologias futuras.
Contudo, existem fundamentos que referem que a competência para regular as emoções em
situações de maior stress pode cumprir uma função de mediador. Mathews et al. (2014) afirmam
que os indivíduos que não detém um conhecimento ou compreensão sobre as suas emoções apre-
sentam maiores probabilidades de desenvolverem indícios de ansiedade. A regulação emocional
adequada e adaptativa considera-se uma seguraa perante os indícios psicopatológicos, visto
que possibilitam ao adolescente superar acontecimentos ou eventos que sejam emocionalmente
estimulantes. Pelo contrio, uma regulação emocional inadequada ou desadaptativa pode con-
duzir a experncias mais veementes e demoradas de emoções negativas (Schäfer et al., 2017).
Em síntese, constata-se que o sono é uma condão fundamental para a saúde mental e sica,
sendo, para os adolescentes um fator essencial para o seu desenvolvimento. O sono está asso-
ciado a questões de nível emocional, sendo importante na promoção de um crescimento saudá-
vel e com menor hipótese de desenvolver ansiedade, ou outras perturbações. Os indivíduos que
apresentam um sono insuficiente sofrem de sonolência diurna, que perante situações de maior
ansiedade potencia uma reação emocional mais intensa.
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Diferenças entre os géneros
Em relação às diferenças de nero, a escala que avalia a sononcia diurna demonstrou uma
maior prevalência desta no género feminino (13.70). Contudo, não foram constatadas diferenças
significativas na comparação com o nero masculino (11.89). Este resultado alinha-se ao repor-
tado por Fatani et al. (2015), em estudo realizado na Arábia Saudita, que constatou maior sono-
lência diurna em adolescentes do género feminino. Destaca-se, entretanto, que tais diferenças
foram significativas quando medidas no grupo dos participantes que relataram dormir menos
de 6 horas por noite. Os autores atribuíram os resultados obtidos ao estilo e hábitos de vida, sem
mencionar os motivos para tal redução de horas de sono, ou se as participantes do género femi-
nino relataram dormir menos horas no geral.
Não surpreende que meninas durmam menos e sofram mais com problemas de sonolência
diurna. Conforme mencionado, a literatura aponta que mulheres tendem a dormir menos horas
(Doi & Minowa, 2003; Hislop & Arber, 2003; Venn et al., 2008; Maume, Sebastian & Bardo, 2010; Burgard
& Ailshire, 2013), e esta disparidade de horas de sono entre os géneros parece ser estabelecida logo
cedo. Tais desigualdades de género podem ter origem também na ideia naturalizada de que as meni-
nas são mais responsáveis em relação aos estudos e atividades extracurriculares (Garbarino, 2021;
Gleyse, 2021; Carvalho, 2001), logo, dedicariam mais tempo a estas tarefas, reduzindo horas de sono.
Esta expectativa pode ser traduzida na forma de uma cobrança social para que meninas reprodu-
zam determinados comportamentos, o que explicaria parte dos resultados obtidos em relação aos
níveis de ansiedade no género feminino. No nosso estudo, o género feminino apresentou valores
mais elevados que o masculino, com diferenças significativas em todas as subescalas da escala
de ansiedade. Na escala que avalia a regulação emocional, as participantes do nero feminino
também tiveram valores mais elevados. E a subescala “responsividade situacionalapresentou
diferenças significativas em função do género, sendo as do feminino significativamente superio-
res. Este resultado se alinha ao estudo de Reverendo (2011) que também demonstrou diferenças
significativas na subescala “responsividade situacional, relacionada com as atitudes emocio-
nais socialmente adaptativas. Sancho et al. (2019) também demonstraram que o género feminino
apresenta menos dificuldade na regulação emocional. Os autores atribuíram estes dados a uma
maior propensão feminina em abordar o próprio estado emocional e, desta forma, utilizar estra-
gias de regulação emocional mais adequadas.
Já o género masculino teria mais dificuldades em utilizar estratégias de regulação emocional
apropriadas (Sancho et al., 2019). De acordo com Zhang et al. (2020), o nero feminino tende a
utilizar estragias de reavaliação cognitiva, com a finalidade de regular as suas próprias emo-
ções, enquanto o género masculino é mais propenso a utilizar a supressão manifesta. Dados que
reforçam constatações dos estudos sobre as masculinidades, que reiteradamente relatam a difi-
culdade masculina em elaborar e falar sobre as próprias emões, e os prejuízos que tal estraté-
gia pode causar a longo prazo (Connell, 1995; Aboim, 2017).
Limitações
A presente amostra foi constituída, apenas, por alunos de uma instituição privada, sendo uma
instituição com características muito próprias no que se refere às variáveis cio-demográficas.
Também o mero reduzido de participantes também poderá ter influenciado os resultados do
mesmo. O facto de a amostra ter sido escolhida por conveniência devido à localização geográfica
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Relão entre a qualidade do sono, a regulação emocional e a ansiedade: estudo com adolescentes
é outro fator que pode ter limitado a investigação. Além disso, a carência de estudos com esta
população-alvo em particular, dificultou a comparação dos resultados com outros estudos.
Conclusão
O sono é considerado uma condição fundamental para os sujeitos conseguirem manter uma
vida saudável e equilibrada, sendo também um fator determinante para a estabilidade emocional
e para o desenvolvimento de diversas perturbações, nomeadamente a ansiedade. Neste estudo,
apesar das particularidades entre géneros, os adolescentes apresentaram um sono adequado, no
sentido de possibilitar um desenvolvimento e crescimento normativo, um melhor desempenho
escolar e uma boa saúde psicológica e física. Foi possível também, compreender a imporncia
da sonolência diurna e da regulão emocional nos adolescentes, sobretudo nas mulheres, visto
que níveis elevados de sonolência provocam uma regulação emocional desajustada, podendo
resultar em comportamentos desadequados (comportamentos de risco), uma maior irritabilidade
e oposição.
A sonolência pode ser responsável, não apenas por desencadear uma diversidade de esta-
dos emocionais, mas também pela perda de controlo nas respostas emocionais, o que resulta
num quadro de adolescentes emocionalmente instáveis e mais reativos com as pessoas, ori-
ginando dificuldades sociais e de interação. A presente investigação ressalta a importân-
cia de abordar as dificuldades do sono para melhorar a aplicação de estratégias de regu-
lação emocional adaptativas pelos adolescentes, posteriormente no seu desenvolvimento.
É ainda imprescindível o conhecimento e supervisão da manifestação de ansiedade e quais as
situações onde essa caractestica tende a ocorrer com mais frequência. A ansiedade é uma con-
dição essencial à sobrevivência humana, ainda que por vezes, seja caracterizada como uma expe-
riência desagradável que origina uma grande tensão ou desconforto pela previsão de perigo. Os
indícios de ansiedade podem aumentar a competência que o adolescente têm em confrontar as
situações, tanto de perigo, quanto positivas, porém desafiadoras. Neste contexto, os indícios de
ansiedade podem ser referidos como recursos. A ansiedade é considerada uma das consequên-
cias mais relevantes da sonolência, uma relação bidireccional, visto que os problemas de sono
desencadeiam ansiedade, assim como a ansiedade pode desencadear problemas de sono.
No contexto escolar é viável reconhecer a presença de diversas variáveis que podem influen-
ciar o processo de aprendizagem e a vida do adolescente fora do âmbito da escola. A ansiedade
pode surgir em qualquer idade e contexto, inclusive no contexto escolar, mesmo em alunos com
um bom desempenho. Adolescentes ansiosos podem demonstrar respostas afetivas como a apa-
tia, irritabilidade e desmotivação na aprendizagem. A experimentação de emoções negativas no
funcionamento drio contribui para o desenvolvimento de sintomas de ansiedade. As estraté-
gias de regulação emocional desadaptativas encontram-se mais relacionadas com a evolução de
patologias do foro mental. Desta forma, afetam mais gravemente, o funcionamento individual,
do que a inexistência de estratégias de regulação emocional adaptativas. Para concluir, portanto,
importa salientar a relevância de os adolescentes expressarem as suas emoções e que possuam
consciência das mesmas.
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