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AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO INFANTIL NA ABORDAGEM
DOPSICODRAMA: UM ESTUDO DE CASO
CHILD ASSESSMENT AND INTERVENTION IN PSYCHODRAMA
APPROACH:ACASE STUDY
Marisa Becil Ferreira1, Ana Maria Gomes2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVIII • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2022 PP. 5065
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVIII.2.4
Submited on 06.12.21 Submetido a 06.12.21
Acceptted on 15.03.22 Aceite a 15.03.22
Resumo
O objetivo geral do presente artigo é apresentar um estudo de caso de uma criança a partir
da abordagem do Psicodrama. O objetivo específico deste trabalho é detalhar a avaliação psi-
cológica a que foi submetida a criança e o início da intervenção psicoterapêutica. A criança em
análise tem sete anos de idade e uma família nuclear constituída por pai e mãe. A avaliação psi-
cológica envolve uma parte qualitativa, com uma entrevista feita em separado com os pais e três
encontros apenas com a criança, com a aplicação de testes projetivos e da técnica psicodramática
átomo social, para verificar a microscopia familiar da criança nas suas relações nucleares, e uma
parte quantitativa com a aplicação do Teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala
Especial para crianças. Os dados também foram obtidos a partir da entrevista com a equipa psi-
copedagica da escola e também a partir da aplicação do instrumento Multimodal Treatment
Assessment Study - MTA-SNAP-IV aos pais da criança. As hipóteses diagnósticas elaboradas no
final da entrevista com os pais pautaram a escolha dos instrumentos psicométricos, e a aná-
lise dos resultados obtidos permitiu a elaboração das inferências diagnósticas que orientaram
os objetivos da intervenção no sentido de minorar o quadro de ansiedade e de comportamentos
de autoagressão e de heteroagressividade, bem como a aquisição de habilidades pró-sociais para
lidar de forma positiva nos seus ambientes sociais. A intervenção psicodramática foi feita com
dramatizações de cenas regressivas e do dia a dia da criança com a utilização de fantoches.
Palavras-chave: Psicodrama, criança, avaliação psicológica, intervenção psicoterapêutica
1 ABP-Associação Brasiliense de Psicodrama e Sociodrama. E-mail: marisa.becil@gmail.com
2 CIP-Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. E-mail: ana.m28.gomes@gmail.com, amgo-
mes@autonoma.pt
Corresponding author
Marisa Becil Ferreira. E-mail: marisa.becil@gmail.com
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Marisa Becil Ferreira, Ana Maria Gomes
Abstract
The general goal of this article is to present a child case study from the Psychodrama
approach. The specific goal of this work is to detail the psychological evaluation to which the
child was submitted and the beginning of the psychotherapeutic intervention. The child under
analysis is seven years old and has a nuclear family consisting of father and mother. The psycho-
logical assessment involves a qualitative part, with a separate interview with the parents and
three meetings only with the child, with the application of projective tests and the psychodra-
matic technique social atom, to verify the childs family microscopy in its nuclear relationships,
and a quantitative part with the application of the Ravens Colored Progressive Matrices Test
– Special Scale for children. The data were also obtained from the interview with the psycho-
-pedagogical school team and also from the application of the instrument Multimodal Treatment
Assessment Study - MTA-SNAP-IV to the parents. The diagnostic hypotheses elaborated at the
end of the interview with the parents guided the choice of psychometric instruments, and the
analysis of the results obtained allowed the elaboration of diagnostic inferences that guided the
interventions objectives in the sense of alleviating anxiety and self-harm behaviors and of hete-
roaggressiveness, as well as the acquisition of prosocial skills to deal positively in their social
environments. The psychodramatic intervention was carried out with dramatizations of regres-
sive scenes and the child’s daily life with the use of puppets.
Keywords: Psychodrama, child, psychological assessment, psychotherapeutic intervention
Avaliação e intervenção infantil na abordagem do Psicodrama:
umestudodecaso
O presente artigo refere-se a um estudo de caso de uma criança de sete anos de idade com
o objetivo de proceder à sua avaliação psicológica, levantar hipóteses diagnósticas, estabelecer
diretrizes para o seu tratamento psicoterapêutico e descrever o início da intervenção a partir da
abordagem do Psicodrama.
A criança foi encaminhada pelo seu pedopsiquiatra com o objetivo de uma intervenção psi-
coterapêutica em virtude dos seguintes diagnósticos elencados no laudo médico: Perturbação de
Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), do tipo misto/combinado com sintomas de desaten-
ção e sintomas de hiperatividade e impulsividade, Perturbação de Oposição e Desafio – POD e
Perturbação de Ansiedade Generalizada. Os pais da criança solicitaram inicialmente uma ava-
liação psicológica em decorrência dos comportamentos de seu filho de autoagressão e heteroa-
gressividade e de dificuldades nas interrelações com seus pares e figuras de autoridade e que
gostariam de outra intervenção psicoterapêutica diferente da que o seu filho estava experen-
ciando em virtude da manutenção desses comportamentos desadaptativos. A avaliação psicoló-
gica iniciou-se com uma entrevista clínica estruturada com os pais, a fim de colher dados signi-
ficativos referentes ao desenvolvimento da criança nas áreas física, cognitiva e psicossocial, ao
seu histórico de doenças e possíveis sintomas psicopatológicos, também acontecimentos traumá-
ticos e, por fim, quais os comportamentos desadaptativos apresentados pela criança nos diversos
meios sociais, como família e escola, para fazermos a anamnese. Neste primeiro contato, os pais
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Avaliação e interveão infantil na abordagem dopsicodrama: um estudo de caso
relataram que a criança desde os 2 anos e meio de idade fazia acompanhamento psicoterapêu-
tico, desde os 3 anos de idade fazia terapia da fala, desde os 4 anos fazia acompanhamento com
psicopedagogo e desde os 6 anos de idade tinha acompanhamento pedopsiquiátrico. Em seguida,
foram realizadas três sessões de avaliação psicológica com a criança e, para facilitar o estabe-
lecimento dessa relação e adesão ao processo avaliativo, foram feitas dramatizações com fanto-
ches e brincadeiras com jogos indicados à faixa etária da criança. Em continuidade da avalia-
ção psicológica, usamos a técnica psicodramática denominada de átomo familiar/social (Filipini,
2014), houve a aplicação de testes projetivos como HTP e desenho livre (Campos, 2014) e do Teste
quantitativo Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial para crianças (Angelini
et al., 1987). Além disso, dados significativos para hipóteses diagnósticas foram obtidos a partir
da aplicação aos pais do instrumento Multimodal Treatment Assessment Study – MTA-SNAP-IV
(Mattos et al., 2006) e entrevista com a equipa psicopedagógica da escola do cliente.
Após a avaliação psicológica, a necessidade de intervenção psicoterapêutica confirmou-se
de acordo com solicitado pelo pedopsiquiatra e, na sessão devolutiva/orientação aos pais, apre-
sentamos o laudo psicológico da criança e indicamos o Psicodrama como a escolha para o pro-
cesso psicoterapêutico, visto que os métodos psicodramáticos ultrapassam as verbalizações e
proporcionam a revivência dos conflitos apresentados pelo cliente através da ação, o que pro-
porciona condições de sociabilização às crianças por meio da dramatização com fantoches e do
desempenho espontâneo de seus papéis (Gonçalves, 1988; Lepsch, 2015).
O Psicodrama como intervenção psicoterapêutica para o público infantil foi descrito em
1922 por Moreno, por meio do protocolo do atendimento de Karl, uma criança de 5 anos que
tinha acessos de raiva contra sua mãe (Petrilli, 2002). Moreno intitulou o seu trabalho como “O
Tratamento Psicodramático do Comportamento Neurótico Infantil - O método do psicodrama
simbólico, pois o princípio do tratamento era o de representar a situação traumática central em
numerosos ensaios e versões para reduzir a um mínimo a tensão angustiada da criança (Filipini,
2014; Petrilli, 2002).
Moreno (1993) acreditava na possibilidade do adestramento da espontaneidade, particular-
mente, em crianças, e o seu objetivo era usar o adestramento da espontaneidade em aulio ao
cerceamento da criatividade, retomando a possibilidade do ato criador. Como refere Moreno
(1993, p. 191), a educação deve ser pela ação e para a ação e “a Teoria e Método da Espontaneidade
é uma resposta a essa exigência.
Destacamos a Teoria dos Papéis de Moreno (1993) como um dos pilares da ptica clínica com
crianças. Os papéis podem ser psicossomáticos, ligados às funções fisiológicas de comer, respi-
rar, dormir, evacuar, urinar, etc., psicológicos, referente à fantasia (super-heróis, etc.), e sociais
(filho-mãe, etc.), referente à realidade (Fonseca, 2008).
A criança treina entre o ir e vir da realidade e fantasia, e a alternância do desempenhar des-
ses papéis sociais e psicológicos permite que ela discrimine o real do imaginário (Fonseca, 2008).
Os papéis vão formar e desenvolver a personalidade e o tempo de formação dessa personali-
dade será mais prolongado quanto maior for a quantidade e diversidade dos papéis oferecidos à
criança (Pio-Abreu, 2006).
Outra valiosa contribuição de Moreno como referencial teórico para o atendimento infantil
foi a Teoria da Matriz de Identidade, considerada como uma teoria de desenvolvimento psicoafe-
tivo da criança (Ferreira, 2020; Pio-Abreu, 2006).
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A relação do bebé com as pessoas ao seu redor lança os alicerces do primeiro processo de
aprendizagem emocional da criança até perceber-se como outra pessoa. A criança passa por
fases de desenvolvimento, iniciando pela completa e espontânea identidade com o outro (pri-
meira fase), depois concentrando a sua atenção na outra e estranha parte dela (segunda fase),
logo após separando a outra parte da continuidade da experiência e deixando de fora todas as
outras partes, incluindo ela ppria (terceira fase), depois situando-se ativamente na outra parte
e representando o papel dela (quarta fase) e, por fim, a criança representa o papel da outra parte,
a respeito de uma outra pessoa, a qual, por sua vez, representa o seu papel (quinta parte) (Moreno,
1993).
O modo como a criança está no mundo nas fases iniciais da sua vida e as condições em que
são estabelecidas as ligões com os outros (mãe, pai, iros, cuidadores, etc.) ficarão inscritos
na sua personalidade, pois esses fatores ambientais psicológicos e sociais, em conjunto com os
hereditários, constroem a estrutura básica da pessoa no mundo (Fonseca, 2008).
Diversos estudos demonstram que o Psicodrama é efetivo como intervenção psicoterapêu-
tica infantil. Destacamos alguns estudos com temática semelhante ao presente como o estudo de
Guldner (1991) com crianças entre 7 e 10 anos de idade, com algum tipo de dificuldade de apren-
dizagem, que participaram de grupos semanais com o objetivo de melhorar as interações sociais
das crianças e capacitá-las a lidar com seus sentimentos sobre as realidades sociais relacionadas
às suas dificuldades de aprendizagem. Os psicoterapeutas usaram métodos de ação (psicodrama,
sociodrama, dramatização, escultura) para construir maior competência social, usando sua inte-
ração social dentro do grupo como parte da aprendizagem e dinâmica do grupo. Os resultados
demonstraram que os níveis de frustração das crianças diminuíram significativamente e que elas
estavam muito mais à vontade em vários contextos sociais, com aumento da autoestima delas.
Rebouças (2008) relata seu trabalho com os objetos intermediários e intra-intermediários
na psicoterapia psicodramática infantil com resultados positivos na comunicação entre cliente
e psicoterapeuta. Guimarães (2020) explora os objetos intermediários na psicoterapia infantil,
com destaque aos fantoches, que são bastante úteis principalmente em casos de dificuldades de
expressão verbal.
Kopatz e Mingers (2020) avaliaram a eficácia de grupos de psicodrama para crianças no
desenvolvimento de habilidades emocionais, e os resultados apresentados neste estudo quan-
titativo mostraram uma melhora significativa nas competências emocionais das crianças que
participaram dos grupos de psicodrama em comparação das crianças que fizeram parte de dois
grupos de controle e de um grupo com um método psicoterapêutico diferente.
Mojahed et al. (2021) apresentaram um estudo com 48 crianças, entre 8 e 12 anos de idade,
em dois hospitais no Irão, com o objetivo de determinar os efeitos da terapia de grupo baseada
em psicodrama na redução dos sintomas de agressividade, ansiedade social e PHDA, e os resul-
tados demonstraram que o psicodrama é eficaz na redução de agressividade, ansiedade social e
sintomas de PHDA em crianças.
Durante a intervenção, também usamos a técnica da integração sensorial com o objetivo de
auxiliar o cliente no planejamento de habilidades motoras e direcionamento de etapas do movi-
mento, como forma de tratamento da agitação psicomotora e de direcionamento de foco (Effgem,
2017). O processamento sensorial ser entendido como uma função neurofisiológica responsável
por registrar, organizar e interpretar as informações sensoriais que são captadas pelos siste-
mas sensoriais, de acordo com a teoria de Integração Sensorial (IS), desenvolvida pela terapeuta
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ocupacional Jean Ayres, que aborda a relação entre processamento sensorial, comportamento,
aprendizagem e desenvolvimento (Cardoso & Blanco, 2019).
Método
Participantes
O cliente é uma criança do sexo masculino com a idade de 7 anos 2 meses, filho único adotivo
desde os 2 anos de idade de uma família nuclear composta por pai e mãe. O cliente frequenta o
segundo ano do 1º ciclo numa escola particular. Não há dados sobre o seu pai biológico, sua mãe
biológica era toxicodependente (consumo de alcool e drogas) e doente mental (esquizofrênica). O
cliente tinha irmãos mais velhos, mas não há relatos sobre eles. Esteve em abrigo para crianças
desde os 8 meses de idade por determinação do Conselho Tutelar até a adoção. O pedopsiquiatra
diagnosticou o cliente com PHDA, do tipo misto/combinado com sintomas de desatenção e sinto-
mas de hiperatividade e impulsividade, Perturbação de Oposição e Desafio – POD e Perturbação
de Ansiedade Generalizada e prescreveu para a criança respectivamente ritalina (quando com-
pletou 7 anos de idade), risperidona e sertralina (com 6 anos de idade). O pai adotivo tem 59 anos,
possui nível académico superior e está aposentado. A mãe adotiva tem 43 anos, possui também
nível académico superior e é professora.
Procedimentos e medidas
Protocolo de Avaliação Psicológica
Após um contacto inicial por telefone, foi marcada no consultório da psicoterapeuta uma ses-
são apenas com os pais. A psicoterapeuta apresentou-se aos pais e colocou-se à disposição deles
para ouvir a história do cliente e os motivos que motivaram a sessão por meio da entrevista psico-
gica, com duração de 60 minutos. Em seguida, foi explicado que seria realizada uma avaliação
psicológica a qual demoraria em média três sessões, em que a criança seria atendida sozinha e
seria submetida a testes projetivos, a testes quantitativos, à técnica psicodramática denominada
átomo familiar/social e, para facilitar o estabelecimento dessa relação e adesão ao processo ava-
liativo, seriam feitas dramatizações com fantoches e brincadeiras com jogos indicados à faixa
etária da criança. Também foi explicado que após a avaliação psicológica da criança seria feita
uma sessão de devolução de resultados e de orientação aos pais, a fim de relatar o resultado da
avaliação psicológica e oferecer o delineamento do projeto de intervenção. Foi solicitado o preen-
chimento do instrumento psicométrico Multimodal Treatment Assessment Study - MAT-SNAP-IV
(Mattos et al., 2006) por parte dos pais da criança e o contacto com a escola da criança para mar-
cação de uma reunião com a equipa psicopedagógica. Por fim, na primeira sessão com os pais, foi
estabelecido o contrato quanto aos honorários do psicoterapeuta e a frequência das sessões de
avaliação (uma sessão por semana).
Na primeira sessão com a criança, a psicoterapeuta disse quem era e o que fazia, apresentou-
-lhe o local de trabalho, com os brinquedos, móveis e tudo mais do ambiente, com o intuito de que
ela se sentisse à vontade e bem acolhido. Os brinquedos e materiais gráficos ficaram à disposição
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para serem usados pela criança espontaneamente. Em seguida, ele quis brincar com os fantoches
(objetos intermediários da relação) (Filipini, 2014). A psicoterapeuta solicitou-lhe que construísse
a sua casa com os objetos da sala e que escolhesse os fantoches para representar a família dele
em busca de seu átomo familiar, que é uma técnica de auto-apresentação (Filipini, 2014). O cliente
escolheu almofadas para representar cada divisão da sua casa (quarto dele, quarto dos pais, sala)
e escolheu, dentre os diversos fantoches de dedo, expostos em uma caixa com roupas diferentes,
correspondendo a várias etnias, tamanhos e idades, alguns para representar os familiares mais
significativos para ele (mãe, pai, bebé, vovô e vovó). Dispôs ele no quarto dele como o fantoche
bebé, o pai e a mãe no quarto do casal e os avós na sala, mas não conseguiu, em seguida, colo-
car-se no lugar de cada personagem com inversão de papéis (Pio-Abreu, 2006). A temática tra-
balhada pela criança foi a familiar: os cuidados com o bebé por parte dos pais e a morte da avó,
que foi para o “céu. Em seguida, a psicoterapeuta perguntou se ele gostava de desenhar e, com a
resposta afirmativa, aplicou a bateria acromática do Teste do desenho organizado por John Buck,
denominado HTP (House, Tree, Person), constituída pela sequência de um desenho de uma casa,
uma árvore e uma pessoa em cada folha entregue à criança na posição horizontal, vertical e ver-
tical respectivamente (Campos, 2014).
Na segunda sessão, o cliente quis brincar de massa de modelar, com o que a psicoterapeuta
concordou para deixá-lo à vontade na sua livre escolha, e fez várias esculturas de bonecos
da série de desenho animado Pokemón. Enquanto brincava, conversou com a psicoterapeuta,
dizendo o nome da Professora dele e que gostava de brincar com o amigo X. Em seguida, pediu
para desenhar, o que propiciou a aplicação de mais de um teste projetivo – o desenho livre (cro-
mático) (Gonçalves, 1988). Foi desenhado um menino, e a psicoterapeuta procedeu a um inquérito
semelhante ao de John Buck. Em seguida, a psicoterapeuta aplicou o Teste Matrizes Progressivas
Coloridas de Raven – Escala Especial para crianças, validado no Brasil (Angelini et al., 1987).
Mais uma vez, a criança pediu para brincar com os fantoches, e a temática foi de novo a família.
A história criada por ele envolvia um bebé em perigo, que era ajudado pela sua mãe. Havia uma
bruxa que lutava com a mãe, que morria, mas depois a bruxa transformava-se numa fada e fazia
a mãe dele viver de novo. O bebé crescia e os seus pais morriam e iam para o “céu. O rapaz e a
namorada dirigiram até a casa dos pais, que viveram de novo.
Na terceira sessão, o cliente chegou e pediu para desenhar. Depois de fazer o desenho livre
de um menino (Campos, 2014), a psicoterapeuta mostrou vários livros infantis para que ele esco-
lhesse um para lerem juntos. O cliente demonstrou interesse pelos livros, manuseando-os e em
seguida escolheu o livro “Clifford vai viajar” de Norman Bridwell, que conta a história de um
cachorro gigante e suas aventuras. Ele leu algumas partes sozinho e outras a psicoterapeuta. No
fim da sessão, a psicoterapeuta jogou com a criança um jogo de letras “formando palavras” com
indicação para crianças maiores de 5 anos. O cliente brincou e formou várias palavras.
Paralelamente às três sessões de avaliação com a criança, houve uma reunião na escola com
a diretora, a pedagoga, a psicóloga e a professora da criança com duração de uma hora a fim
de obter dados mais específicos, tais como competências interpessoais com pares e rendimento
académico.
Na sessão de devolução dos resultados da avaliação psicológica e de orientação, a psicotera-
peuta retornou aos pais como percebia o funcionamento da criança em relação aos papéis que
ela desempenhava e a sua inserção no átomo familiar/social, quais as tensões e conflitos que
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estavam presentes e de que recursos dispunha para lidar com as necessidades apresentadas em
consonância com as queixas dos pais.
Destacamos entre os recursos e as medidas usadas na avaliação a entrevista psicológica, que
consiste em um processo de investigação que ocorre num tempo delimitado dirigido pelo psicó-
logo com o objetivo de descrever e avaliar sintomas, a história do indivíduo, as dificuldades que
enfrenta, suas perdas e seus prejuízos, as condições em que vive, sem perder de vista os critérios
diagnósticos das diferentes psicopatologias (Tavares, 2000).
O instrumento Multimodal Treatment Assessment Study – MAT-SNAP-IV foi desenvolvido
para avaliação de sintomas da PHDA e da POD em crianças e adolescentes de modo corres-
pondente à versão original (Mattos et al., 2006). Pode ser preenchido por pais ou professores e
emprega os sintomas listados no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais
(DSM-5) para PHDA e da POD (Mattos et al., 2006). São 26 itens divididos em três subescalas: as
questões de 1 a 9 correspondem à desatenção; as questões de 10 a 18 para hiperatividade/impul-
sividade; e as questões de 19 a 26 para características opositoras/desafiadoras. Cada resposta
adotou a seguinte pontuação: 0 para “nada, 1 para “só um pouco, 2 para “bastante” e 3 para
muito. A classificação média para cada subconjunto pode ser calculada totalizando as pon-
tuações dos itens no subconjunto, a seguir: quanto às questões de 1 a 9, escores menores de 13
são sintomas clínicos não significativos, de 13 a 17 são sintomas suaves, de 18 a 22 são sintomas
moderados e de 23 a 27 são sintomas severos; quanto às questões de 10 a 18, escores menores de
13 são sintomas clínicos não significativos, de 13 a 17 são sintomas suaves, de 18 a 22 são sin-
tomas moderados e de 23 a 27 são sintomas severos; e quanto às questões de 19 a 26, os escores
menores de 8 são sintomas clínicos não significativos, de 8 a 13 são sintomas suaves, de 14 a 18
são sintomas moderados e de 19 a 24 são sintomas severos (Oliveira et al., 2021).
O instrumento psicométrico Teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Espe-
cial para crianças tem 36 itens, divididos em três séries de 12 itens cada (A, Ab, B), com dificul-
dade crescente dentro de cada série e entre as séries, sendo que esses itens representam figuras
nas quais falta uma parte que deve ser completada, utilizando um dos seis encaixes apresentados
como alternativas de solução (Pasquali et al., 2002). O problema envolvido nas várias figuras pode
associar-se à percepção da diferença, similaridade, identidade, mudança, simetria, orientação e
complemento da gestalt (Pasquali et al., 2002). No Brasil, o Teste Matrizes Progressivas Coloridas
foi validado por Angelini et al. (1987), com uma amostra representativa de 1417 crianças de cinco
a 11,5 anos da cidade de São Paulo, divididas em 14 faixas etárias de seis meses, apresentando
normas percentílicas por idade, a saber: Grau I ou “intelectualmente superior”, se o escore está
no percentil 95 ou acima dele para pessoas do seu grupo de idade; II ou “definidamente acima
da média na capacidade intelectual”, se o escore está no percentil 75 ou acima dele, II +, se o
escore está no percentil 90 ou acima dele; III ou “intelectualmente médio, se o escore está entre
o percentil 25 e 75, III +, se o escore é maior do que a mediana ou percentil 50, III -, se o escore é
menor do que a mediana; IV ou “definidamente abaixo da média na capacidade intelectual, se o
escore está no percentil 25 ou abaixo dele, IV -, se o escore está no percentil 10 ou abaixo dele; e
V ouintelectualmente deficiente, se o escore está no percentil 5 ou abaixo dele para seu grupo
de idade.
O teste projetivo HTP (House, Tree, Person) foi organizado por John Buck (Campos, 2014) e
consiste em uma bateria acromática e outra cromática de desenhos sequenciais, mas feitos em
folhas distintas entregues nas posições horizontal, vertical e vertical respectivamente de uma
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casa, de uma árvore e de uma pessoa. Depois do término dos desenhos, o examinador procede
ao inqrito relativo a cada um dos desenhos, que são questionários de associações para serem
respondidos pelo cliente de cada desenho. O desenho livre também é uma técnica projetiva em
que se solicita ao cliente que ele desenhe o que quiser, de forma cromática ou não, em que se deve
estar atento às reações dele às instruções, como indícios de ansiedade, resistência, desconfiança,
ou, ao contrio, de cooperação ou de aceitação da tarefa. Durante o desenho, devemos anotar o
tempo de reação e os comportamentos verbais e não verbais do cliente (Cunha, 2000). Quanto aos
testes projetivos desenho livre e HTP (House, Tree, Person), as indicações a respeito da dinâmica
da personalidade projetada nos desenhos foram descobertas a partir de informações do cliente,
associação livre, interpretação dos símbolos pela análise funcional e comparação de um desenho
com outro desenho de uma série, sendo essas informações reunidas pelo emprego do método da
consistência interna (Campos, 2014). A avaliação dos desenhos é feita baseada no conteúdo e nas
características do desenho, como tamanho, localização, pressão do traço e a presença ou ausên-
cia de determinadas partes e também as respostas do cliente durante o inquérito (Campos, 2014).
A técnica do átomo familiar/social é usada na avaliação psicogica com o objetivo de per-
ceber quais as pessoas que fazem parte dele, como a criança se relaciona com cada uma e quais
tensões e conflitos estão presentes nesse sistema (Moreno, 2008; Filipini, 2014).
Protocolo de Intervenção Psicoterapêutica
Quanto aos procedimentos, na primeira sessão de intervenção, a psicoterapeuta solicitou um
desenho livre cromático ao cliente (ele desenhou um personagem do desenho animado Poke-
món), como aquecimento e, após a confeção do desenho, dramatizou com fantoches novamente
a temática familiar, em que havia o bebé, o pai e a mãe. Ao perguntar o nome do bebé, a criança
respondeu o seu próprio nome. A história criada pelo cliente foi que o bebé crescia e virava um
super-hei, que voava e soltava raios. Ele ajudava a pegar um gato que estava em cima de um
trator. Ele voltava a ser criança e, na escola, tinha aula de matemática. A psicoterapeuta, no papel
da professora, perguntou à mãe da criança como ele estava na sala de aula, e o cliente, no papel
da mãe da criança, disse que estava bem. Dentro da história, depois da escola, a criança foi para
a casa de uma amiga e brincaram de se transformar em super-heis com o poder de voar. Os pais
buscavam a criança na casa da amiga dele e iam para casa. Ao chegar lá, a criança voltava a ser
bebé, chorava e era cuidado pelos pais. A psicoterapeuta fez o papel do bebé, chorando muito, e
o cliente fez o papel dos pais e ajudou o bebé, que cresceu de novo e virou um super-hei. Termi-
nada a dramatização, foi encerrada a sessão.
Na segunda sessão, a psicoterapeuta usou a técnica de integração sensorial para trabalhar o
foco, a atenção e a concentração da criança a partir dos cinco sentidos. A psicoterapeuta explicou
ao cliente que fariam uma brincadeira em que ele teria de colocar umascara para não ver, pois
teria de descobrir o que iria comer, tocar, ouvir e perceber sem a visão. A psicoterapeuta iniciou a
técnica com a estimulação do paladar ao dar ao cliente, que estava sentado em uma cadeira, um
alimento. Ela pediu para ele morder a comida devagar, perceber a consistência, se era salgada
ou doce. Ele disse que era dura e salgada. Depois pediu para o cliente deixar dissolver a comida
na boca e perceber se era mais salgada ou menos salgada do que antes. Ele disse que era menos
salgada e, ao ser questionado sobre o que era, ele disse que era um “salgadinho. A psicoterapeuta
tirou a venda dele e deu os parabéns para o cliente por ele ter acertado que era um “salgadinho,
especificamente batata chips, mostrando o saco para ele. Em seguida, a psicoterapeuta colocou
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a venda de novo e colocou na mão do cliente outro alimento. Ele apertou a comida devagar e a
cheirou, dizendo que tinha cheiro de chocolate. Ao morder, disse que era doce, mole e que tinha
gosto de chocolate. A psicoterapeuta pediu para o cliente deixar desmanchar na boca e sentir se
era o mesmo gosto, e ele disse que sim. Em seguida, a psicoterapeuta tirou a venda dele e mostrou
o chocolate. O cliente lavou a mão para continuar com a integração sensorial. A psicoterapeuta
reforçou novamente batendo palmas por ele ter acertado os dois alimentos. Em seguida, o cliente
quis deitar-se no sofá, e a psicoterapeuta mostrou como era o som da voz dela em lugares diferen-
tes da sala nomeando cada um deles para estimular a audição dele. Explicou ao cliente que ele
teria de adivinhar com a venda nos olhos, de que lugar na sala ela estaria falando. A psicotera-
peuta começou a falar em diferentes lugares da sala, perguntando onde estava. O cliente respon-
deu corretamente a maioria das vezes e, quando ele errava, a psicoterapeuta o orientava pergun-
tando se ele ouvia a voz perto dele ou longe. Às vezes, o cliente queria olhar, mas a psicoterapeuta
dizia que ele tinha de ser honesto e colocar a máscara. A psicoterapeuta ao terminar a segunda
parte do exercício, deu parabéns ao cliente e relatou que ele estava aprendendo a ter atenção no
que ele estava comendo e ouvindo. Na continuação, a psicoterapeuta pediu para o cliente tirar
a máscara e levantar-se. Com a venda, ela pediu para ele tocar com a ponta do dedo partes do
corpo dele (orelha esquerda, orelha direita, nariz, barriga, etc.) para que o cliente se autoperce-
besse. Sempre reforçando o cliente com palavras de incentivo e palmas, a psicoterapeuta repetiu
que ele tinha prestado atenção no que ele tinha comido e ouvido e tinha percebido corretamente
as partes do corpo dele. O cliente pediu para comer mais um chocolate, e a psicoterapeuta deu
um chocolate para ele. Depois, com a venda, o cliente teve de descrever os objetos que tocava, se
era liso ou não, pequeno ou não, leve ou não, mole ou não (brinquedos na sala), conseguindo per-
ceber pelo tato essas características. Ao terminar, o cliente tirou a venda e viu todos os objetos.
A psicoterapeuta reforçou verbalmente que ele tinha acertado. No final, a psicoterapeuta jogou
com o cliente um jogo de meria com figuras de frutas com o objetivo de treinar a atenção e o
foco dele. A psicoterapeuta explicou as regras do jogo e os dois jogaram três vezes, sendo que o
cliente ganhou duas vezes.
Na terceira sessão, o cliente escolheu brincar com o jogo de formar palavras e, em seguida, a
psicoterapeuta convidou-o a dramatizar o seu dia a dia na sala de aula. Pediu para ele montar a
sua sala e trazer para a cena os colegas que se sentam perto dele. A criança rapidamente trouxe
dois colegas que foram representados por almofadas. A psicoterapeuta pediu que ele fosse cada
um de seus colegas e fez perguntas ao cliente em cada papel perguntando sobre o próprio cliente.
A psicoterapeuta fez o papel da professora, mas o cliente disse que ela não estava fazendo como
a professora dele e, a partir daí, o cliente entrou no papel da professora, a convite de sua psico-
terapeuta, e agiu e falou como a professora. Nesse momento, a psicoterapeuta ficou no lugar do
cliente e disse que não ia fazer o dever e que não queria ficar na sala. O cliente, no papel da pro-
fessora, disse que o aluno teria de fazer a atividade na hora do intervalo. Em seguida, a criança
voltou para o seu papel, e a psicoterapeuta pontuou em ato que ele deveria fazer as atividades
junto com os colegas na hora em que a professora determinasse se não quisesse ficar na sala
durante o intervalo, ao que ele concordou. Foi finalizada a dramatização.
Quanto às medidas, faz-se importante relatar que a prática psicodramática assenta-se sobre
o tripé: contextos (social, grupal e dramático), instrumentos (cenário, diretor, protagonista, ego-
-auxiliar e plateia) e etapas da sessão (aquecimento, dramatização e compartilhar) (Pio-Abreu,
2006). O contexto social, na psicoterapia infantil, “inclui a criança, sua família, sua rede mais
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ampla de relações, sua cultura, religião e nível socioecomico, sua história, seu encaminha-
mento e o motivo que resultou na vinda ao trabalho psicoterapêutico” (Filipini, 2014, p. 53). Na
psicoterapia psicodramática individual infantil, o grupo é constituído pelo cliente e pelo psico-
terapeuta. O contexto dramático é o momento da dramatização propriamente dito, é o “como
se”, durante o processo psicoterapêutico, e há o movimento do contexto grupal para o dramático
e vice-versa, pois a criança interrompe, às vezes, uma cena e retorna ao contexto grupal (Fili-
pini, 2014). No atendimento individual, não o instrumento denominado plateia. Na sessão
psicodramática com crianças, o compartilhar pode acontecer no próprio desenrolar da cena
durante a dramatização ou, se a criança for mais velha, pode ocorrer após a dramatização (Fili-
pini, 2014).
Durante a sessão psicodramática, em especial durante a dramatização, o psicoterapeuta faz
uso de técnicas de ação com o objetivo de favorecer o cliente a atingir um clímax esclarecedor e
terapêutico (Pio-Abreu, 2006). As técnicas clássicas do Psicodrama são: solilóquio, que consiste
em pedir ao cliente que “pense alto, como se fosse possível haver um alto-falante em sua cabeça;
duplo, que tem por objetivo entrar em contato com a emoção não verbalizada do cliente a fim de
ajudá-lo a expressá-la; espelho, que consiste em o terapeuta se colocar na postura física que o
cliente assume em determinado momento com o objetivo de que o cliente, olhando para si de fora
da cena, perceba com todos os aspectos presentes nela; e inversão de papéis, que propicia além
da vivência do papel do outro, o emergir de dados sobre o próprio papel que, sem este distancia-
mento, não seria possível (Cukier, 2018).
Resultados
Os resultados da avaliação psicológica foram baseados nos dados obtidos na entrevista clí-
nica com os pais e na aplicação do instrumento psicométrico Multimodal Treatment Assessment
Study - MAT-SNAP-IV (Mattos et al., 2006) aos pais, na reunião com a equipa psicopedagógica
da escola, nas sessões psicodramáticas com a criança, em que o cliente dramatizou o seu átomo
familiar/social com fantoches e foi submetido aos testes projetivos (desenho livre e HTP) (Cam-
pos, 2014) e o instrumento psicométrico (Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Espe-
cial) (Angelini et al., 1987).
Na entrevista com os pais, foi relatado que o cliente apresenta em casa um comportamento
desafiador não obedecendo os pais quando esses pedem para ele fazer as tarefas da escola, como
tomar banho, parar de mexer no televel e, durante a confecção dos deveres de casa, o cliente
fica disperso e irritado, reclama muito e não consegue ficar sentado. Os pais relataram também
que o cliente apresenta excessiva labilidade de humor, sono agitado, comportamentos ansiosos
como gaguejar, roer unhas e comportamentos autoagressivos (de se morder), de heteroagressivi-
dade (de bater a outras crianças e à sua mãe). Os responsáveis também destacaram que a criança
é carinhosa, criativa e que, em casa, às vezes, arruma a sua cama e organiza os seus brinquedos.
De acordo com os pais, as medicações prescritas pelo pedopsiquiatra especificamente para a
PHDA, do tipo misto/combinado com sintomas de desatenção e sintomas de hiperatividade e
impulsividade (10mg de ritalina pela manhã), POD (0,75mg de risperidona pela manhã e à noite)
e Perturbação de Ansiedade Generalizada (0,75mg de sertralina pela manhã) melhoraram os sin-
tomas característicos de cada perturbação, mas não houve a remissão deles.
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Quanto ao instrumento psicométrico Multimodal Treatment Assessment Study - MAT-SNAP-
-IV (Mattos et al., 2006) respondido pelos pais, na subescala de desatenção, o cliente obteve 18
pontos, o que demonstra sintomas moderados; na subescala de hiperatividade/impulsividade,
o cliente obteve 15 pontos, o que demonstra sintomas suaves; e na subescala de características
opositoras/desafiadoras, o cliente obteve 7 pontos, o que corresponde a sintomas cnicos não
significativos.
Os dados obtidos na reunião com a equipa da escola (diretora, orientadora psicopedagógica,
psicóloga e professora) relataram que a criança fugia da sala de aula e gritava com os colegas e
com a professora no início do ano escola. Em virtude disso, o aluno foi para outra turma em que
a professora tem experiência com o público infantil com comportamentos disruptivos e na qual
há um auxiliar especializado treinado na mesma temática para acompan-lo, o que melhorou o
seu desempenho académico em sala de aula. Porém ainda tem dificuldades de concentração nas
atividades escolares e de relacionamento com as outras crianças, apresentando agressividade
verbal e física para com os seus pares.
Com relação ao Teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial para crian-
ças, o cliente respondeu as questões em 8 minutos e obteve o escore de 24 pontos no total, sendo
10 pontos na série A, 8 pontos na série AB e 6 pontos na série B, com discrepância de 0 ponto em
cada subescala, o que equivale ao percentil entre 75 e 90 pontos, com o enquadre na classificação
II (definidamente acima da média na capacidade intelectual).
Quanto ao teste projetivo HTP (House, Tree, Person), de acordo com o protocolo de John Buck,
cada folha de papel em branco foi apresentada pela psicoterapeuta ao cliente respectivamente
com o seu eixo maior horizontalmente para a casa e com o seu eixo maior em posição verti-
cal para a árvore e a pessoa, mas o cliente inverteu a segunda folha, referente à árvore, para a
posição horizontal, demonstrando relutância em seguir regras. Foi lhe entregue um lápis preto e
uma borracha para a bateria acromática. Os traços no desenho da casa e da pessoa foram fortes
e com muita pressão, indicação de sujeito extremamente tenso. O tamanho do desenho da casa
foi extremamente pequeno, o que traz a possibilidade de desajuste ao meio e problemas emo-
cionais entre o sujeito e as figuras parentais. Destacamos que a porta é pequena em relação à
casa, o que tende a refletir retraimento no intercâmbio pessoal. A árvore desenhada apresentou
vários frutos, o que é visto como gosto pelo resultado imediato. O desenho da figura humana foi
do sexo do cliente, demonstrando aceitação do seu género. Destacou-se o rosto sem olhos, nariz
e boca, o que pode indicar ausência de relação com o meio, as mãos com dedos grossos e curtos,
demonstrando dificuldade de inter-relação, e pés para dentro, o que é visto como ambivalência
no comportamento. Com relação ao desenho livre cromático, o cliente desenhou um menino na
segunda sessão e apresentou o mesmo padrão do Teste HTP, pois o rosto só tinha um olho e não
tinha nariz e as mãos tinham dedos grossos e curtos, o que reitera a tendência de dificuldade de
inter-relação. A psicoterapeuta, inspirada no inquérito de John Buck, perguntou quantos anos
tinha o menino e como ele se sentia. O cliente respondeu que o menino tinha 9 anos e estava ale-
gre. Na terceira e última sessão de avaliação, mais uma vez o cliente desenhou um menino, mas
dessa vez além do rosto não ter olhos, nariz e boca também não tinhas mãos, o que mais uma vez
indica a dificuldade de manter relações no ambiente.
A técnica do átomo familiar/social evidenciou a proximidade do cliente com os pais e os avós
paternos e como ele se vê (um bebé), que necessita de ser cuidado pelos pais. Essa técnica trouxe
essa configuração afetiva e demonstrou a estrutura de relações ao redor do cliente (Moreno, 2008).
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Com relação aos resultados apresentados na intervenção psicoterapêutica com o Psicodrama,
destacamos na primeira sessão que a temática familiar foi trazida pelo cliente nas cenas drama-
tizada e que pela primeira vez o cliente conseguiu inverter alguns papéis (fez o papel da mãe e do
pai), desempenhando os personagens de forma clara e segura. O cliente pôde noaqui e agora” da
dramatização expressar vivências impressionantes do passado que se exteriorizam de alguma
forma nas vivências atuais (Filipini, 2014). Na segunda sessão com a utilização da técnica da inte-
gração sensorial, que trouxe como resultado o treinamento da atenção e do foco do cliente, que
se manteve na maioria do tempo com a atenção voltada para os estímulos sensoriais, ativando
o paladar, o tato, a audição, a visão e o olfato, e do jogo de memória, que estimulou a atenção
visual. Na terceira sessão sociátrica, com a dramatização de uma cena do dia a dia na escola, foi
possível à criança perceber o seu comportamento e pensar a seu respeito ainda em cena (Filipini,
2014). Por fim, nas três sessões de psicoterapia, o cliente aceitou todas as atividades propostas
pela psicoterapeuta, apresentou criatividade nas histórias dramatizadas com fantoches, sempre
com a temática familiar, foi organizado e perfeccionista ao confeccionar as esculturas de massa
de modelar, identificou as letras do jogo “formando palavras” e leu corretamente os livros de seu
interesse.
Discussão
A partir da entrevista psicológica, houve a possibilidade de se definir a série de procedimen-
tos que em continuidade integraram a avaliação psicológica. Portanto, os instrumentos psicomé-
tricos Multimodal Treatment Assessment Study - MAT-SNAP-IV respondido pelos pais e Teste
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial para crianças, conjuntamente com
os testes projetivos desenho livre e o Teste HTP (House, Tree, Person) e a técnica psicodramá-
tica átomo familiar/social foram utilizados a partir das hipóteses diagnósticas levantadas pela
anamnese estruturada na entrevista psicológica com os pais tais como possíveis perturbações de
desenvolvimento e dificuldade nas inter-relações.
O teste Multimodal Treatment Assessment Study - MAT-SNAP-IV (Mattos et al., 2006) res-
pondido pelos pais da criança corroborou o diagnóstico de PHDA feito pelo pedopsiquiatra bem
como o relato da equipa psicopedagógica da escola do cliente. Porém, na sessão psicoterapêutica,
respondeu ao instrumento psicométrico com atenção, pensando antes de marcar as respostas, o
que demonstra que, quando em ambiente que se sente seguro e relaxado, melhora a sua concen-
tração, foco e atenção. Os sintomas de PHDA podem variar conforme o contexto em um determi-
nado ambiente e até serem mínimos ou ausentes quando a criança está em uma situação nova,
está envolvido em atividades especialmente interessantes ou está interagindo em situações indi-
vidualizadas como em um consultório (American Psychiatric Association, 2014).
Em virtude de défices primários de PHDA poderem causar limitações funcionais no sucesso
acadêmico com prejuízos em habilidades intelectuais (American Psychiatric Association, 2014),
o cliente foi submetido ao Teste Matrizes Progressivas Coloridas – Série Especial (Angelini et al.,
1987), e os resultados demonstraram que o cliente apresenta nível intelectual acima da média.
Quando estimulado e reforçado verbalmente no consultório pela psicoterapeuta, o cliente conse-
guiu ler corretamente os livros e formar palavras nos jogos específicos voltados para a melhoria
do processo de alfabetização.
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Destacamos que, apesar de o manual de John Buck com relação ao Teste HTP, ser mais ade-
quado para indivíduos acima dos 8 anos, o cliente conseguiu realizar todos os desenhos. Os testes
projetivos desenho livre e HTP aplicados ao cliente durante a avaliação psicológica revelaram
dificuldade de contato com o meio (socius), seja com seus pares, seja com figuras hierarquica-
mente superiores a ele, apresentando imaturidade emocional com comportamentos de retrai-
mento e inacessibilidade, não conseguindo expressar-se adequadamente em situações de tensão.
A construção do átomo familiar/social do cliente permitiu verificar as suas relações, qua-
lificando o afeto da relação interpessoal, e trouxe a história psicodramática da progressão de
um conflito relacional cronologicamente, o que foi importante para compreendermos quais são
as figuras importantes afetivamente para o cliente e suas dificuldades a partir dessas relações
(Khouri, 2020).
O resultado obtido no teste Multimodal Treatment Assessment Study - MAT-SNAP-IV (Mattos
et al., 2006) não corroborou o diagnóstico de POD, o que traz a necessidade de aprofundarmos
mais na avaliação dessa criança inclusive com a inclusão da equipa psicopedagica nesse ins-
trumento psicométrico.
Diante da avaliação psicológica, a psicoterapia é indicada a fim de ajudá-lo no seu desenvol-
vimento emocional e relacional, destacando a necessidade de desenvolver limites para ele e de
treinar situações de como lidar com frustrações. Vários estudos demonstram que uma das pos-
sibilidades para essa intervenção é a psicoterapia psicodramática, que possibilita à criança, por
meio da dramatização, o acesso às suas recordações e a oportunidade de ela liberar suas emo-
ções e alcançar papéis positivos de seu reperrio relacional (Amatruda, 2008; Carvalho & Quei-
roz e Melo, 2017; Lepsch, 2015). A abordagem do Psicodrama, por meio de dramatizações, seja
com objetos intermedrios, seja interpretando diretamente personagens, permite que a criança
revele o seu mundo e jogue com esses papéis a partir de histórias criadas por ela e também de
cenas do seu dia a dia (Filipini, 2014; Lepsch, 2015). É importante que a criança realize atividade
sica coletiva, pois jogos cooperativos operacionalizam a aprendizagem da socialização (Neu,
2015; Pimentel et al., 2021).
Com relação aos resultados apresentados na intervenção com a psicoterapia psicodramática,
percebemos que os recursos técnicos do Psicodrama vêm favorecendo a criatividade da criança,
que facilmente imagina e cria histórias de comportamentos já estabelecidos e do seu quotidiano
familiar e escolar (Filipini, 2014; Petrilli, 2010).
A utilização da técnica de integração social teve como objetivo o treinamento do foco e aten-
ção do cliente a partir dos cinco sentidos, visto que, como referem Shimizu e Miranda (2012,
p. 257) “na presença de dificuldades do processamento sensorial, ocorre um défice no planea-
mento e produção do comportamento ou movimento, podendo desencadear comprometimentos
no desempenho motor, dificuldades da criança em se organizar e manter a atenção, bem como
dificuldades na aprendizagem escolar”.
Considerações Finais
O presente trabalho teve como objetivo expor um estudo de caso de uma criança a partir da
avaliação psicológica até o início da sua intervenção psicoterapêutica na abordagem do Psico-
drama.
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Avaliação e interveão infantil na abordagem dopsicodrama: um estudo de caso
Esse processo terapêutico partiu da relação interpessoal da psicoterapeuta com o seu cliente
durante as sessões psicodramáticas a fim de metabolizar os conflitos da criança, dar continência
e promover devoluções para capacitá-la a elaborar e retomar o seu desenvolvimento psicoemo-
cional, propiciando condições para o surgimento de novos papéis e o fortalecimento de papéis
pouco desenvolvidos ou mal estruturados (Gonçalves, 1988; Lepsch, 2015).
A psicoterapeuta teve como base o Psicodrama, mas fez uso também de outras técnicas como
a integração sensorial, além da aplicação de instrumentos psicométricos e de testes projetivos,
que permitiram chegar às hipóteses diagnósticas e iniciar a intervenção psicoterapêutica de
forma adequada às particularidades da criança. Como refere Silva (2014, p. 271) “o terapeuta
deve ser flexível o bastante para adaptar as técnicas psicoterapêuticas ao seu cliente, sem jamais
deixar de perseguir os objetivos estabelecidos para o tratamento em função de necessidades e
das especificidades da sua perturbação.
A criança que faz parte deste estudo nasceu num contexto socioafetivo que não foi favo-
vel para o seu desenvolvimento, mas, a partir do conceito do Psicodrama de que o “eu” surge
dos papéis que ela representa, podemos entender que a criança se constitui por meio dos papéis
que representa (Filipini, 2014). Assim, a psicoterapeuta ao identificar esses papéis, explorá-los e
expandi-los, compreendendo os seus limites e as suas potencialidades, traz a possibilidade de a
criança construir um novo “eu” mais criativo e espontâneo, mais saudável.
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