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RESILIÊNCIA, SAÚDE PERCEBIDA, BEM-ESTAR SUBJETIVO
E PSICOLÓGICO E SUPORTE SOCIAL EM IDOSOS
INSTITUCIONALIZADOS E NÃO-INSTITUCIONALIZADOS
RESILIENCE, PERCEIVED HEALTH, SUBJECTIVE AND PSYCHOLOGICAL
WELLBEING AND SOCIAL SUPPORT IN INSTITUTIONALIZED AND NON
INSTITUTIONALIZED ELDERLY
Maria Helena Martins1 & Sílvia Henriqueto2
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVII • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2021 PP. 2648
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVII.2.2
Submitted on 13.02.21 Submetido a 13.02.21
Accepted on 20.04.21 Aceite a 20.04.21
RESUMO
O envelhecimento tem sido percecionado como um período de declínio e incapacidades,
sendo que a institucionalização se constitui uma resposta face à indisponibilidade dos familiares
para cuidar dos idosos. Neste sentido, os lares de idosos devem ser capazes de proporcionar uma
boa qualidade de vida aos seus residentes. Alguns estudos documentam que, não obstante as
perdas que ocorrem nesta etapa de vida, muitos idosos manifestam boa adaptação e qualidade
de vida, satisfação e resiliência face às adversidades inerentes a este processo. Algumas variáveis
como a resiliência, a perceção de saúde, o bem-estar subjetivo e psicogico e o suporte social têm
sido apontadas como importantes para o envelhecimento bem-sucedido. O presente estudo tem
como principal objetivo analisar as relações entre a resiliência, perceção de saúde, bem-estar
subjetivo e psicológico e o suporte social e a sua contribuição para a adaptação ao envelheci-
mento em idosos institucionalizados e não-institucionalizados. Através de estudo transversal,
descritivo, exploratório e correlacional, participaram 184 idosos (N = 184), com idades entre 65
e 94 anos (M = 76.0; DP = 8.12). Utilizaram-se diversos instrumentos para analisar as varveis
definidas. Os resultados documentam a relevância da resiliência, da perceção de saúde positiva,
do bem-estar subjetivo e psicológico na adaptação ao envelhecimento. Assinalam-se diferenças
entre os idosos institucionalizados e não-institucionalizados.
Palavras-chave: Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico, Idosos, Instituciona-
lização.
1 Universidade do Algarve, Faro, Portugal
2 APEXA, Guia, Portugal
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Maria Helena Martins & Sílvia Henriqueto
ABSTRACT
Aging has been perceived as a period of decline and disability, and institutionalization is a
response to the unavailability of family members to take care of the elderly. In this sense, nursing
homes must be able to provide a good quality of life for their residents. Some studies document
that despite the losses that occur at this stage of life, many elderly people show good adaptation
and quality of life, satisfaction and resilience in the face of adversities in this process. Some
variables such as perceived health, subjective and psychological well-being and social support
are important variables for successful aging.
The main objective of this study aimed to analyze the relationships between resilience,
perceived health, subjective and psychological well-being and social support and its contribu-
tion to the adaptation to aging in institutionalized and non-institutionalized elderly. Through a
cross-sectional, descriptive, exploratory and correlational study, 184 elderly people (N = 184),
aged between 65 and 94 years (M = 76.0; SD = 8.12) participated in the study. Several instruments
were used to analyze the defined variables. The results revealed the relevance of resilience, pos-
itive health perception, subjective and psychological well-being in adapting to aging. There are
differences between institutionalized and non-institutionalized elderly.
Keywords: Resilience, Perceived health, Subjective and psychological well-being, Elderly, Institutiona-
lization.
1. INTRODUÇÃO
O aumento da longevidade humana é um triunfo do desenvolvimento, resultante de um con-
junto diversificado de fatores, dos quais se destacam os avanços da medicina e cuidados com a
saúde, ensino e bem-estar económico, modernização e melhores condições de vida, com conse-
quências na diminuição das taxas de mortalidade (Hayat et al., 2016).
Portugal pode ser considerado atualmente um ps envelhecido, com 22% de idosos (com
65 ou mais anos de idade) e apenas 13% de jovens. Assinale-se que o índice de envelhecimento
aumentou de 27.5% em 1961 para 161.3% em 2019, sendo que a esperança média de vida é de 80,9
anos (78,0 anos para o género masculino e 83,5 anos para o feminino) Estima-se que em 2060, os
idosos com 65 ou mais anos de idade constituam 32.3% da população portuguesa, com cerca de
13.3% a apresentar 80 ou mais anos (PORDATA, 2020).
A velhice, enquanto etapa de vida tem vindo a ser conceptualizada como um processo, indi-
vidual, contínuo, irreversível e heterógeno, caracterizada por uma diversidade de perdas bio-
lógicas (físicas e mentais), mudanças nos papéis e posições sociais, e perda de relacionamentos
próximos (Aldwin & Igarashi, 2015), às quais o ser humano se tem de adaptar (Martins, 2015).
Neste sentido, Baltes e Smith (2009) defendem que o envelhecimento se enquadra na pers-
petiva do ciclo de vida (lifespan), desenrolando-se ao longo de toda a vida como um fenómeno
biopsicossocial, uma vez que, para além da componente biológica, é ainda influenciado pelos
contextos de vida e cultura.
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Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico e Suporte social em Idosos Institucionalizados
e Não-institucionalizados
Harper (2016), gerontologista diretora do Oxford Institute of Aging, propõe uma abordagem
diferente para a linguagem que utilizamos sobre o envelhecimento, sugerindo que as pessoas
com 60 anos e possivelmente 70 e 80 anos ainda deveriam ser consideradas adultos ativos.
De assinalar, no entanto, que por várias décadas, o envelhecimento tem sido percecionado
como um período de decnio, incapacidade e demência. Não obstante, a maior parte dos inves-
tigadores defendem a necessidade de ultrapassar os estigmas e perceções negativas presentes
no ageísmo, os muitos preconceitos face aos idosos, sendo geralmente considerados todos iguais,
não-produtivos e doentes (Akinola, 2020).
Considerando esta nova perspetiva na longevidade humana, uma série de investigações tem
vindo a ganhar espaço na agenda mundial, conduzindo a um aumento das preocupações com
os direitos dos idosos, com a sua saúde física e mental como garantia para um envelhecimento
saudável, ativo e com qualidade de vida (Hayat et al., 2016).
Apesar dos riscos e vulnerabilidades que a velhice predispõe, diversos estudos defendem
que muitos idosos passam por essa fase da vida apresentando capacidades que lhes permitem
superar as adversidades, demonstrando resiliência. Assim, a resiliência constitui-se como um
importante fator de proteção no envelhecimento, possibilitando ao idoso superar adversidades
normais nesta faixa etária (ou seja, alguns declínios) e apresenta-se como uma capacidade rege-
nerativa que ajuda a manter a saúde, apesar das perdas e doenças (MacLeod et al., 2016; Tay &
Lim, 2020; Zapater-Fajarí et al., 2021).
Nos últimos anos, diversas pesquisas mostraram que a resiliência está fortemente associada
a um processo de envelhecimento caracterizado por baixo risco de doenças e alto funcionamento
mental e físico (Zapater-Fajarí et al., 2021).
Embora não exista um claro consenso sobre a definição de resiliência nos idosos, atualmente
esta é definida como uma construção emergente, maleável, duradoura, e que pode ser desenvol-
vida e sustentada por uma interação dimica de aspetos biológicos, psicológicos, espirituais e
fatores sociais. Diversos investigadores como Tay e Lim (2020) defendem um modelo biopsicos-
social e espiritual a interagir para o desenvolvimento e manutenção da resiliência psicológica
nos idosos.
As principais características evidenciadas na literatura sobre a resiliência em idosos com
mais de 65 anos incluem fatores de saúde mental, social e fatores físicos. A pesquisa sugere que
estilos de coping adaptativo, otimismo e esperança, emoções positivas (Martin et al., 2015), apoio
social e envolvimento na comunidade, bem como independência nas atividades de vida diária
(AVD’s) e ser fisicamente ativo podem ter particularmente fortes associações com elevadas capa-
cidades de resiliência (Martins, 2015).
Alguns autores têm defendido ainda que a resiliência promove a mobilização ativa de recur-
sos em condições de adversidade. Em outras palavras, os idosos resilientes parecem empregar
estratégias de enfrentamento mais adaptativas, promovendo a sua satisfação com a vida (Zapa-
ter-Fajarí, 2021).
Ambriz et al. (2012) realizaram um estudo sobre resiliência e propuseram um modelo que
explica a relação entre stresse e recursos psicossociais que podem potencializar o ajustamento
positivo em todo o ciclo de vida. Assim, defendem que o processo de adaptação positiva é melho-
rado por um conjunto de recursos psicossociais que intervêm nos efeitos do stresse. De entre os
recursos psicossociais, o apoio social é um fator importante que pode reduzir os efeitos do stresse.
Relacionamentos próximos podem aumentar a autoestima e constituir-se como um importante
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amortecedor contra a ansiedade da morte, enquanto a rutura de tais relacionamentos pode levar
a depressões, perda do élan vital e preocupações sobre a morte.
Atualmente, a institucionalização constitui-se uma importante resposta que a sociedade
apresenta para os idosos. Alguns estudos revelam, contudo, que nem sempre as necessidades dos
indivíduos institucionalizados são respeitadas (por exemplo, privacidade, respeito), assim como
as suas diferentes personalidades e modos de vida. Estes aspetos, somados às normas e regula-
mentos da instituição, às perdas que esta potencia, e ao facto de o idoso não aceitar de bom grado
a institucionalização, podem fazer com que esta seja percecionada como uma mudança dra-
tica. Estudos assinalam que quando os idosos apresentam expectativas positivas em relação à
institucionalização, esta não é tão encarada pelo idoso como negativa. Ao contrio, quando o
idoso tem uma imagem negativa da institucionalização, considera essa etapa como sinónimo de
isolamento, declínio e final de vida (Azeem & Naz, 2015).
Assinale-se o estudo desenvolvido por Azeem e Naz (2015), com o objetivo de analisar a
resiliência, a ansiedade de morte e depressão entre idosos institucionalizados e não institucio-
nalizados. Os resultados revelaram que os idosos não institucionalizados apresentavam maior
resiliência, enquanto os institucionalizados apresentavam mais ansiedade de morte e sintomas
depressivos. Os investigadores referem ainda que não houve diferenças significativas no género,
embora os homens idosos apresentassem uma maior resiliência face às mulheres idosas. Não
encontraram também diferenças na ansiedade face à morte, no entanto, as mulheres idosas apre-
sentaram níveis mais elevados de depressão, sendo que também os idosos solteiros evidenciaram
mais ansiedade face à morte quando comparados aos casados e viúvos.
A literatura da área documenta ainda que não ter filhos e ser solteiro pode gerar mais isola-
mento na velhice. O estado civil constitui-se como uma variável importante, sendo que o apoio
social e a autoestima apresentam-se superiores entre os idosos que vivem na comunidade do que
entre os institucionalizados (Azaiza et al., 2006).
Investigadores defendem que o bem-estar psicológico na velhice está relacionado com o fun-
cionamento psicológico positivo do indivíduo e pode ser conceituado em três fatores: insatisfa-
ção solitária (ou seja, uma avaliação subjetiva do ambiente e redes de apoio), atitudes em relação
ao pprio envelhecimento (ou seja, um equilíbrio entre vida passada e atual) e agitação (ou seja,
comportamentos de ansiedade ou falta dela) (Lawton, 1975; Paúl, 1992).
Entre vários estudos sobre a influência do bem-estar psicológico no envelhecimento, pode
referir-se o estudo realizado por Silva (2009) com idosos, com idades compreendidas entre os
65 e 92 anos que concluiu que à medida que a idade aumenta, o nível de bem-estar psicológico
e a qualidade de vida tendem a diminuir. Por sua vez, o nível de escolaridade apresenta uma
correlação significativa e positiva com o bem-estar psicológico e com a qualidade de vida. No
que diz respeito ao género, são os homens que apresentam os melhores resultados na subescala
de atitudes frente ao envelhecimento. O sexo feminino apresenta pontuações mais elevadas nas
subescalas agitação e insatisfação solitária. Em relação à análise do estado civil, os autores cons-
tataram que os idosos casados apresentam maior bem-estar psicológico em relação aos viúvos
(Silva, 2009).
Também o estudo desenvolvido por Paúl et al. (2005), indica que para os idosos casados a
relação com seu cônjuge é o melhor preditor de satisfação com a vida e também a principal fonte
de apoio e suporte. Em relação ao bem-estar psicológico dos idosos, estes investigadores referem
que, em geral, os idosos apresentam certa solidão e insatisfação, manifestam atitudes negativas
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Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico e Suporte social em Idosos Institucionalizados
e Não-institucionalizados
em relação ao envelhecimento, ansiedade e agitação. No que se refere ao género, são as mulheres
que indicam maior solidão e insatisfação. O estudo revelou ainda que, quanto menor o nível de
escolaridade dos idosos, maior o sentimento de solidão.
Assinale-se o estudo desenvolvido por Júnior et al. (2019) em que se constatou níveis eleva-
dos de resiliência nos idosos, e moderado índice de suporte social. Os investigadores concluíram
ainda que, nesta amostra de idosos urbanos, se verificou uma associação significativa entre a
resiliência e a religião, sendo que o suporte social não foi uma variável preditiva para a resiliên-
cia.
A saúde é outro fator importante no envelhecimento, conceituado como um estado dimico
de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas a ausência de doenças ou
enfermidades. Resulta das interações entre o indivíduo e o meio ambiente, levando em conside-
ração todas as dimensões do humano (biológica, psicológica, social e espiritual). Assim, tanto a
saúde quanto a doença são influenciadas por fatores ambientais, sociais e estilos de vida de cada
indivíduo, apesar da existência de associação entre idade cronológica e saúde. Nesse sentido,
à medida que a idade aumenta, indica uma deterioração gradativa da saúde, um aumento das
doenças e deficiências e maiores demandas com assistência social e de saúde (WHO, 1998).
Zheng et al. (2020) defendem que a resiliência é afetada por uma variedade de fatores sociais
e pessoais e que, apesar de muitas pesquisas sobre os fatores associados à resiliência psicológica
e a relação entre resiliência e qualidade de vida nos idosos poucas pesquisas têm examinado
os efeitos mediadores da resiliência psicológica na qualidade de vida dos idosos. Com base na
literatura, propõem um modelo teórico com a hipótese de que a resiliência mediaria as relações
entre o suporte social proporcionado pelos filhos e o sentido de comunidade e a satisfação com
a vida nos idosos. Do seu estudo concluem que a resiliência tem um efeito mediador nas relações
entre o apoio filial e o sentido de comunidade e a satisfação com a vida nos idosos. Os resultados
confirmaram ainda os impactos positivos da resiliência psicológica na satisfação com a vida dos
idosos e destacaram a imporncia dos contextos familiares e comunitários.
A investigação desenvolvida por Zadworna e Kossakowska (2021) revelou que a resiliência,
a satisfação com a vida e comportamentos de saúde estão positivamente associados nas pessoas
idosas. Os resultados defendem que a satisfação com a vida desempenha um papel mediador na
relação entre a resiliência e comportamentos de saúde em idosos institucionalizados.
Zapater-Fajarí et al. (2021) destacam a importância da resiliência e do papel mediador do
coping na regulação da resposta ao stresse, sugerindo que esses são fatores que podem prevenir
o desenvolvimento de patologias associadas ao envelhecimento e facilitar uma velhice mais sau-
dável e satisfaria.
Alguns estudos propõem ainda que os idosos podem ser ensinados e aprender a lidar melhor
com o envelhecimento, aumentando a sua rede social, integrando-os em atividades estimulantes
e permitindo-lhes desenvolver o potencial de recuperação face às adversidades e perdas tão pre-
sentes nesta etapa de vida (de Medeiros, 2020; Zaninotto et al., 2009).
Consubstanciando o que foi explanado, o objetivo geral do presente estudo consiste em ana-
lisar as relações e as contribuições da resiliência, da saúde percebida, do suporte social, do bem-
-estar subjetivo e do bem-estar psicológico na adaptação ao envelhecimento em idosos. Aten-
dendo a que os idosos institucionalizados e não institucionalizados apresentam características
distintas na vincia da velhice são exploradas ainda as diferenças entre estes dois grupos. A
relevância desta investigação reside na importância de, a partir dos resultados encontrados
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se desenvolver programas de prevenção e metas de intervenção, que considere o papel destas
variáveis no envelhecimento com satisfação e qualidade.
2. METODOLOGIA
2.1. Tipo de estudo e objetivo
O presente estudo é transversal, de cariz descritivo, exploratório e correlacional, preten-
dendo através de metodologias quantitativas analisar as relações entre as varveis. O objetivo
principal consistiu em analisar as relações e entre a resiliência, a saúde percebida, o bem-estar
subjetivo e bem-estar psicológico, o suporte social, na adaptação ao envelhecimento em idosos
institucionalizados e não-institucionalizados.
2.2. Amostra
Participaram no estudo 184 idosos (N = 184), com idades entre 65 e 94 anos (M = 76.04 anos;
DP = 8.12). A maioria dos participantes é do género feminino (61.9%; n = 114) enquanto 38.1%
(n=70) é do género masculino. Relativamente ao estado civil, 66.3% (n = 122) são viúvos e 33.7%
(n = 62) são casados. No que respeita à escolaridade, 42.5% (n = 78) concluiu o 4.º ano, 18.5% (n =
34) tem o 6.º ano, 15.2% (n = 28) tem o 9.º ano, 10.3% (n = 19) tem Ensino Superior, 7% (n = 13) tem
o 12.º ano e 6.5% (n = 12) não concluiu o 4.º ano de escolaridade.
Dos 184 idosos, 51% (n = 94) encontram-se institucionalizados em diversos lares residenciais
do Algarve e do Alentejo e 49% idosos (n = 90) não estão institucionalizados. No grupo dos idosos
institucionalizados, 52.1% (n = 49) estão em Lar, e 47.9% (n = 45) em Centro de Dia. Relativamente
ao tempo de institucionalização, varia entre 3 meses a 15 anos, sendo que 68% (n = 64) dos idosos
se encontram institucionalizados entre 1 a 5 anos. No que respeita aos idosos que frequentam
Centro de Dia, 48.8% (n = 22) vivem com o(s) filho(s), 35.5% (n = 16) vivem sozinhos e 15.7% (n = 7)
vivem com o(a) esposo(a). Quanto aos idosos não institucionalizados, 74.4% (n = 67) vivem com
o(a) esposo(a), 16.6% (n = 15) vivem sozinhos e 9% (n = 8) vivem com os filhos.
Inquiridos sobre a sua situação económica 50% (n = 92) dos idosos inquiridos consideram-na,
satisfatória, 28% (n = 51) referem que não é satisfaria nem insatisfatória, 15.6% (n = 29) estão
muito insatisfeitos e 6.4% (n =12) muito satisfeitos.
Todos os inquiridos estão reformados, sendo o número de anos da reforma compreendido
entre 1 e 53 anos. Assinale-se que cerca de 6.5% (n =12) dos idosos não se recorda precisamente do
ano em que se reformou. Relativamente às suas profissões antes da reforma, 21.3% (n = 39) foram
operários não qualificados, 20.1% (n = 37) trabalhadores rurais, 29.3% (n = 54) professores, 16.8%
(n = 31) domésticas, 7% (n = 13) costureiras, 5.5% (n = 10) empresários.
No que se refere à perceção subjetiva da sua saúde, esta foi avaliada como média para 50.0%
dos idosos (n = 92), 25.5% (n = 47) consideram-na como má e 24.4% (n = 45) como boa. Saliente-se
que 75.5% (n = 139) dos idosos indicaram doenças, que foram agrupadas em cinco categorias.
Assim, 50.3% (n = 70) dos idosos afirmaram ter doenças crónicas (e.g., diabetes), 23% (n = 32)
doenças cardiovasculares (e.g., problemas na tensão arterial), 15.9% (n = 22) indicaram doenças
respiratórias e 10.8% (n = 15) doenças psicológicas (i.e., depressão).
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Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico e Suporte social em Idosos Institucionalizados
e Não-institucionalizados
2.3. Instrumentos
Os dados foram recolhidos com recurso a um Questionário Sociodemográfico com questões
referentes à idade, género, escolaridade, estado civil, profissão, institucionalização e regime de
institucionalização (apenas para os idosos institucionalizados), e perceção do estado de saúde
(autoavaliação).
Para avaliar a resiliência selecionámos o Inventário Measuring State and Child Resilience de
Hiew (1998), adaptado para a população portuguesa por Martins (2011). Consiste em duas escalas,
com formato tipo likert (Discordo a Concordo totalmente), a Measuring Child Resilience (MCR), que
avalia as características da resiliência desenvolvidas na infância, composta por 18 itens (α = .79)
e a Measuring State Resilience (MSR) que descreve as características atuais da resiliência, com 14
itens (α = .74) (Martins, 2011).
Para avaliar o suporte social utilizou-se o Questionário de Suporte Social – versão reduzida
(SSQ6), de Sarason et al. (1987), adaptado à população portuguesa por Pinheiro e Ferreira (2002).
Esta escala está estruturada em 6 itens, sendo que cada item é avaliado através de duas varveis
(α = .90). A primeira parte do item avalia o número de pessoas que o indivíduo considera ter dis-
poníveis (i.e., a quantidade do suporte) e a segunda parte do item avalia o grau de satisfação com
esse suporte disponível (i.e., a qualidade do suporte). Relativamente à primeira dimensão de cada
item, foram modificadas as alternativas de resposta, tendo em atenção a população em estudo,
os idosos, ficando: “Cônjuge/Companheiro(a), Filho/Filha, Neto/Neta, Irmão/Irmã, Vizinho(a),
Amigo/Amiga, Colaborador da Instituição, Idoso da Instituição, Outra pessoa (especifique).
Para avaliar a dimensão afetiva do bem-estar subjetivo foi utilizada a Escala de Afetividade
Positiva e Afetividade Negativa (PANAS) de Watson et al. (1988), adaptada por Galinha e Ribeiro
(2005). É uma escala tipo Likert (Nada ou muito ligeiramente a Extremamente), composta por 20
itens (10 relativos a afetos positivos – α = .86 e 10 a afetos negativos, α = .89) (Galinha & Ribeiro, 2005).
A Escala de Satisfação com a Vida (SWLS), de Diener et al. (1985) avalia a dimensão cognitiva
do bem-estar subjetivo, adaptada e validada por Simões (1992). A escala tem 5 itens (α = .87), tipo
Likert (Discordo muito a Concordo muito) (Simões, 1992).
O bem-estar psicológico foi avaliado pela Escala de Ânimo Geriátrico de Philadelphia de
Lawton (Philadelphia Geriatric Center Morale Scale – PGCMS, Lawton, 1975) adaptada por Paúl
(1992). Composta por 14 itens, com resposta dicotómica (sim/não) e avalia três aspetos do bem-
-estar psicológico dos idosos, nomeadamente a Solidão/Insatisfação (α = .75), Atitudes face ao
próprio envelhecimento (α = .71) e Agitação (α = .71) (Paúl, 1992).
2.4. Procedimentos
Os instrumentos e procedimentos foram objeto de análise e aprovação pelo Gabinete de
Proteção de Dados na Universidade do Algarve. Foram selecionadas as instituições às quais foi
solicitada autorização para a coleta dos dados, tendo sido previamente explicitados os objetivos
da pesquisa, bem como o grau de confidencialidade e anonimato. O estudo cumpriu os critérios
éticos de anonimização e de participação voluntária, tendo os participantes assinado o consenti-
mento informado. A recolha de dados da amostra de idosos institucionalizados foi realizada em
Lares de Idosos, Centros de Dia e Casas de Saúde. A amostragem de idosos não-institucionaliza-
dos foi realizada em Universidades Seniores e ainda por convites diretos a idosos nas áreas geo-
gráficas do Algarve e Alentejo. Quanto à técnica de amostragem, trata-se de uma amostragem não
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probabilística, de conveniência e tipo bola-de-neve, ou seja, os participantes foram selecionados
pela facilidade de acesso e disponibilidade. Como critérios para inclusão na recolha de dados
foram considerados: i) idosos com idade igual ou superior a 65 anos, ii) saber ler e escrever, e iii) não
apresentar demência ou défice cognitivo (informações fornecidas pela instituição e/ou familiares).
Os questionários foram realizados individualmente, após consentimento dos participantes,
sendo que em parte significativa da amostra as questões foram lidas aos idosos que respondiam
tendo por base uma folha onde as opções de resposta (1 a 5) estavam representadas através de
um gráfico de barras. Este procedimento teve como objetivo simplificar o processo de resposta,
permitindo uma mais fácil visualização da opção a escolher.
Concluída a recolha, os dados obtidos foram introduzidos no programa Statistical Package for
the Social Sciences (IBM SPSS Statistics®, v. 26.0), para a análise estatística.
3. RESULTADOS
A análise descritiva dos resultados obtidos nas diversas escalas permite constatar que os ido-
sos do presente estudo apresentam valores elevados de resiliência, quer na escala MSR (M = 4.28;
DP = .53), quer na escala MCR (M = 4.18; DP = .48). Relativamente à dimensão cognitiva do bem-
-estar subjetivo, esta é também positiva (M = 3.42; DP = .94). Assinale-se, contudo, que, no que res-
peita à dimensão afetiva do bem-estar subjetivo, os resultados indicam, quer uma baixa presença
de afetos negativos (M = 1.71; DP = .56), como dos afetos positivos (M = 2.78; DP = .85). Quanto ao
bem-estar psicológico, não obstante, os idosos apresentem boas atitudes face ao envelhecimento
(M = 1.46; DP = .34), constituindo-se indicador positivo de bem-estar psicológico, apresentam
indicadores negativos de bem-estar psicológico, com valores elevados na solidão/insatisfação (M
= 1.52; DP = .35) e na agitação (M = 1.45; DP = .33).
Em relação ao suporte social, no que respeita ao número, ou seja, a quantidade de suporte
que percecionam, constata-se que este é muito baixo (M = 1.49; DP = .87), apesar do grau de satis-
fação face à qualidade do suporte ser elevado (M = 5.27; DP = 1.09). Estes resultados indiciam que
os idosos estão satisfeitos com o suporte social que recebem, embora este seja proporcionado por
poucas pessoas (Tabela 1).
TABELA1
Análise descritiva da resiliência, satisfação com a vida, bem-estar subjetivo, bem-estar psicológico e do
suporte social
Variáveis M DP Min. Máx.
MSR
MCR
SWLS
PANAS Afetos Positivos
PANAS Afetos Negativos
PGCMS Solidão/ Insatisfação
PGCMS Atitudes face ao envelhecimento
PGCMS Agitação
SSQ6 Quantidade
SSQ6 Qualidade
4.28
4.18
3.42
2.78
1.71
1.52
1.46
1.45
1.49
5.27
.53
.48
.94
.85
.56
.35
.34
.33
.87
1.09
1
1
1
1
1
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 26-48
Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico e Suporte social em Idosos Institucionalizados
e Não-institucionalizados
A saúde dos idosos foi avaliada de forma subjetiva, ou seja, foi uma autoavaliação da perce-
ção que os idosos têm sobre a sua saúde. A análise descritiva indica que 50.0% (n = 92) considera
a sua saúde como “média, 25.0% (n = 46) como “ruim” e 25.0% (n = 46) como “boa.
A análise das correlações entre as varveis em estudo e a idade revela alguns resultados
estatisticamente significativos (Tabela 2) Relativamente à idade, não foram encontradas diferen-
ças estatisticamente significativas em relação à resiliência e à dimeno cognitiva do bem-estar
subjetivo. Verificaram-se, contudo, algumas correlações negativas sendo que conforme a idade
aumenta, os afetos positivos tendem a diminuir (r = -.282; p = .014), os idosos apresentam menor
número de suporte social (r = -.384; p < .001) e, ainda, apresentam atitudes menos positivas face
ao envelhecimento (r = -.234; p = .036).
Assinale-se que, com o aumento da idade, aumenta a solidão e insatisfação (r = .445; p < .001).
Por outro lado, a idade correlaciona-se positivamente com os afetos negativos, ou seja, os afetos
negativos aumentam juntamente com a idade (r = .245; p = .029).
TABELA2
Análise correlacional entre as variáveis em estudo e a idade
Variáveis (N = 184) Idade
r (p)
PANAS Afetos Positivos
PANAS Afetos Negativos
PGCMS Solidão/ Insatisfação
PGCMS Atitudes face ao envelhecimento
SSQ6 Quantidade
-282* (.014)
.245* (.029)
.445**(.000)
-234**(.036)
-384**(.000)
*p<.05, **p<.01
A análise revelou não existirem diferenças relativamente ao género em qualquer das variá-
veis em estudo. Assinale-se, que também não foram encontradas diferenças estatisticamente sig-
nificativas ao nível da resiliência e do bem-estar psicológico, nem no bem-estar subjetivo, em
função do estado civil, com exceção dos afetos negativos da dimensão afetiva do bem-estar sub-
jetivo (F(3.84) = 2.89; p = .042), e da quantidade de suporte social (F(3.84) = 3.47; p = .021).
A análise post-hoc, através do teste de Tukey, revelou que as diferenças ao nível dos afetos
negativos resultam da comparação entre os participantes viúvos com os casados/união de facto
(MD = .36; p = .047), ou seja, os idosos que apresentam maior número de afetos negativos são os
viúvos. Em relação à quantidade de suporte social, quando comparados os participantes casados/
união de facto com os viúvos (MD = .55; p = .046), a diferença recai a favor do primeiro grupo, ou
seja, são os idosos casados/união de facto os que apresentam maior quantidade de suporte social.
No que se refere à situação económica, constata-se que quanto menos satisfatória é a situação
ecomica, maior é a presença de afetos negativos (r = -.508; p = .002), sendo ainda que, quanto
mais satisfatória é a situação ecomica, maior o bem-estar subjetivo, relativamente à dimeno
cognitiva (r = .428; p = .002). Assinale-se que, relativamente ao bem-estar psicológico, quando a
situação económica é percecionada como mais satisfatória, maiores os níveis de solidão/insa-
tisfação (r = .479; p = .003) e de agitação (r = 384; p = .010), ou seja, menor o bem-estar psico-
lógico. Verifica-se, contudo, que as atitudes face ao envelhecimento são mais positivas quanto
mais satisfatória é a situação económica (r = .298; p <. 001), sugerindo níveis mais elevados de
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bem-estar psicológico. A análise relativa ao suporte social, permite constatar que, quanto mais
satisfatória é a situação económica, maior a quantidade de suporte social percecionado (r = .421;
p = .002). A resiliência não apresentou relação com a situação económica.
No que concerne à avaliação da saúde, verifica-se que esta não se encontra relacionada com
a dimensão cognitiva do bem-estar subjetivo, mas encontra-se significativamente relacionada,
quer com os afetos positivos (r = .284; p = .002), como com os afetos negativos (r = -.374; p = .001),
sendo que nos afetos negativos a relação é inversa. Neste sentido, os idosos que percecionam a
sua saúde como melhor apresentam mais afetos positivos, e menos afetos negativos. A análise à
resiliência, revela que a escala MSR está relacionada com a perceção de saúde, isto é, a resiliên-
cia tende a apresentar valores mais positivos quando há uma perceção mais positiva também da
saúde (r = .324; p = .004).
Relativamente ao bem-estar psicológico, constata-se que, quanto melhor a perceção de
saúde, mais positivas são as atitudes face ao envelhecimento (r = .427; p < .001), indicando
maior bem-estar psicológico. De assinalar, contudo, quanto melhor a perceção da saúde, maio-
res são, também, os sentimentos de solidão, insatisfação (r = .387; p < .001) e de agitação (r =
.322; p = .001), ou seja, o bem-estar psicológico é menor. A análise permite ainda assinalar que
a perceção da saúde é tanto mais positiva quanto maior é a quantidade de suporte social per-
cecionado (r = .321; p=.010).
A análise às relações entre a resiliência e o fator institucionalização, revela que a resiliência
desenvolvida na infância (MCR) se relaciona negativamente com a institucionalização (r = -.283;
p = .003), sugerindo que os idosos que apresentam valores mais elevados de resiliência são os ido-
sos que estão institucionalizados (Tabela 3). Relativamente à componente cognitiva do bem-estar
subjetivo, os resultados demonstraram uma correlação positiva e significativa com a institucio-
nalização (r = .344; p = .002), indicando que os indivíduos não institucionalizados revelam maior
satisfação com a vida (Tabela 3).
TABELA3
Análise correlacional da Resiliência, Bem-estar subjetivo, Bem-estar psicológico, e Suporte social em
relação à institucionalização e regime de institucionalização
Variáveis Institucionalização (n = 94)
r (p)
Regime de institucionalização
r (p)
MSR
MCR
SWLS
PANAS Afetos positivos
PANAS Afetos negativos
PGCMS Solidão/Insatisfação
PGCMS Atitudes envelhecimento
PGCMS Agitação
SSQ6 Qualidade
SSQ6 Quantidade
.132 (.256)
-.283**(.003)
.344**(.002)
.173 (.115)
-.378**(.000)
.522**(.000)
.321** (.004)
.138 (.250)
-.126 (.250)
.439** (.000)
.295 (.064)
.247 (.082)
-.013 (.934)
.387** (.006)
-.049 (.790)
.094 (.565)
.018 (.945)
.007 (.973)
-.026 (.866)
.147 (.346)
**p < .01; * p < .05
Relativamente à dimensão afetiva do bem-estar subjetivo, o fator institucionalização apre-
senta uma correlação significativa e negativa relativamente aos afetos negativos (r = -.378;
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Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico e Suporte social em Idosos Institucionalizados
e Não-institucionalizados
p<.001), ou seja, os idosos institucionalizados apresentam mais afetos negativos. No que respeita
ao bem-estar psicogico, a dimensão das atitudes face ao envelhecimento revela uma correlação
positiva e significativa (r = .321; p = .004), indicando que são os idosos não-institucionalizados que
apresentam atitudes mais positivas, ou seja, têm níveis mais elevados de bem-estar psicológico.
Também, a dimensão da solidão/insatisfação apresenta, uma correlação positiva e significativa
(r= .522; p < .001), indicando, inversamente, que são os idosos não-institucionalizados que apre-
sentam maiores níveis de solidão e insatisfação, ou seja, menor bem-estar psicológico.
Os resultados demonstraram que a quantidade de suporte social se encontra correlacionada
positivamente com a institucionalização (r = .439; p < .001), indicando que os idosos que apresen-
tam maior suporte social são os idosos não-institucionalizados.
De assinalar, que no que se refere ao regime de institucionalização (i.e., se os idosos estão
institucionalizados em Lar ou em Centro de Dia), se verifica uma correlação significativa e posi-
tiva com os afetos positivos da componente afetiva do bem-estar subjetivo (r = .387; p = .006),
indicando que os idosos que frequentam Centro de Dia apresentam mais afetos positivos que os
idosos que estão institucionalizados no Lar.
A alise entre as variáveis psicológicas e o tempo de institucionalização, não revelou
nenhuma correlação significativa, evidenciando que, neste grupo amostral, o tempo não influen-
cia a resiliência, o bem-estar e o suporte social dos idosos (Tabela 3).
Da análise às correlações entre as várias variáveis em estudo, constata-se que os idosos com
valores mais elevados de resiliência na escala MCR (resiliência desenvolvida enquanto criança)
apresentam mais afetos positivos (r = .352; p = .001). Por sua vez, os idosos que apresentam valo-
res mais elevados na escala MSR (resiliência atual), demonstram maior satisfação com a vida
(r=.428; p < .001), apresentando mais afetos positivos (r = .548; p < .001) e menos afetos negativos
(r=-.284; p = .001).
No que se refere à dimensão cognitiva do bem-estar subjetivo encontra-se significativamente
correlacionada negativamente com os afetos negativos da componente afetiva, ou seja, os idosos
que apresentam valores elevados de satisfação com a vida, apresentam menos afetos negativos
(r = -.340; p = .001).
Relativamente ao suporte social, nomeadamente à dimensão da quantidade, correlaciona-se
positivamente com a escala MSR, sendo que, quanto maior o número percecionado de suporte
social, maior a resiliência (r = .346; p = .001). No mesmo sentido, constata-se que uma quantidade
maior de suporte social se correlaciona com níveis elevados da dimensão cognitiva do bem-estar
subjetivo (r = .382; p < .001). No que concerne à dimensão afetiva do bem-estar subjetivo, assina-
la-se uma relação positiva com o suporte social relativamente aos afetos positivos (r = .299; p =
.004) e uma relação negativa no que se refere aos afetos negativos (r = -.253; p = .003), ou seja, os
idosos que apresentam uma maior quantidade de suporte social apresentam mais afetos positi-
vos e menos afetos negativos.
No que se refere à dimensão da qualidade do suporte social, constata-se a presença de cor-
relações estatisticamente significativas e positivas com a escala MSR da resiliência (r = .323; p =
.003), com a dimensão cognitiva do bem-estar subjetivo (r = .234; p = .001) e com os afetos positi-
vos da dimensão afetiva do bem-estar subjetivo (r = .299; p = .004). Estes resultados sugerem que,
quanto maior a perceção da qualidade do suporte social recebido, maiores são os valores ao nível
da resiliência, mais bem-estar subjetivo e mais afetos positivos os idosos apresentam.
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Tendo em alise cada dimensão do bem-estar psicológico, assinala-se em primeiro lugar as
correlações significativas e positivas ao nível das atitudes face ao envelhecimento, indicando um
maior bem-estar psicológico à medida que aumenta a resiliência (MSR) (r = .440; p < .001), a satis-
fação com a vida (r = .473; p < .001), a qualidade do suporte social (r = .243; p = .005), a quantidade
de suporte social (r = .291; p = .004), os afetos positivos (r = .394; p < .001). Inversamente, atitudes
negativas face ao envelhecimento relacionam-se com os afetos negativos (r = -.286; p = .003).
No que se refere à agitação, verifica-se que esta se correlaciona, negativamente, com os afe-
tos negativos, indicando que, quanto menor a agitação (ou seja, mais bem-estar psicogico) mais
afetos positivos o indivíduo apresenta (r = -.478; p < .001).
Relativamente à dimensão solidão/insatisfação, os idosos tendem a apresentar níveis mais
elevados de solidão/insatisfação (i.e., indicadores negativos de bem-estar psicológico), quanto
menor é a resiliência (MSR) (r = .-393; p < .001), a quantidade de suporte social (r = ,-332; p = ,001), a
satisfação com a vida (r = .-432; p < .001) e os afetos positivos da componente afetiva do bem-estar
subjetivo (r = .-254; p = .007). Por sua vez, quanto maior a presença de afetos negativos, maiores os
níveis de solidão/insatisfação (r = .476; p < .001).
Para avaliar o contributo do bem-estar subjetivo, do bem-estar psicológico, do suporte social,
na resiliência (MSR) dos idosos, e o contributo da idade e do género, utilizou-se a regressão linear
ltipla, método Enter. Através da análise do modelo, constata-se que estas variáveis, no seu
conjunto, explicam 47% da variância da resiliência, sendo este contributo estatisticamente signi-
ficativo [R2 = .49, F(10,86) = 6.54, p < .001].
TABELA4
Regressão linear múltipla
Coecientesa
Coecientes não
padronizados
Coecientes
padronizados
t Sig.
B Std. Error Beta
(Constant)
PANAS Afetos positivos
PANAS Afetos negativos
SWLS
SSQ6 Quantidade
SSQ6 Qualidade
PGCMS Solidão/Insatisfação
PGCMS Atitudes envelhecimento
PGCMS Agitação
Idade
Género
2.488
.279
-.179
.088
.058
.020
.141
.152
-.128
.012
-.134
.697
.063
.101
.064
.063
.048
.238
.189
.178
.008
.106
.456
-.198
.158
.095
.038
.095
.098
-.084
.168
-.114
3.534
4.48
-1.772
1.392
.896
.373
.585
.796
-.727
.1.582
-1.272
.001
.000
.082
.173
.377
.718
.569
.437
.478
.126
.210
F 6.543
R2a .488
a Variável dependente: MSR
p < .05
A análise individual dos contributos dos preditores revela que apenas uma variável é estatis-
ticamente significativa, nomeadamente os afetos positivos da componente afetiva do bem-estar
subjetivo (β = .456, p < .001). Assim, é possível concluir que, na presente amostra de idosos os
afetos positivos predizem a resiliência (Tabela 4).
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Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico e Suporte social em Idosos Institucionalizados
e Não-institucionalizados
4. DISCUSSÃO
O objetivo principal da presente investigação consistiu em analisar as relações entre a resi-
liência, a saúde percebida, o bem-estar subjetivo e bem-estar psicológico, o suporte social, na
adaptação ao envelhecimento em idosos institucionalizados e não-institucionalizados.
De acordo com os resultados obtidos pode constatar-se que se trata de uma amostra femini-
zada, o que vai ao encontro de diversos estudos realizados no nosso país (Carvalho & Dias, 2011;
Paiva, 2008; Pimentel et al., 2019).
No que respeita à resiliência constata-se que o grupo de idosos inquiridos apresenta valores
elevados, resultado que é corroborado por diversos estudos (Akatsuka & Tadaka, 2021; Ferreira
et al., 2012; Gooding et al., 2012; MacLeod et al., 2016). Assinale-se ainda a presença de níveis ele-
vados de bem-estar subjetivo, no que se refere à dimeno cognitiva (i.e., a satisfação com a vida),
corroborando diversos estudos como o de Schilling e Wahl (2006) que referem que a satisfação
com a vida se mantém ao longo do envelhecimento.
Relativamente à dimensão afetiva do bem-estar subjetivo, os resultados assinalam que estes
idosos apresentam baixos valores de afetos negativos, bem como de afetos positivos. A baixa
presença dos afetos positivos poderá ser explicada, segundo Griffin et al. (2006) que constataram
que os afetos positivos tendem a diminuir aquando do aumento da idade.
No que se refere ao bem-estar psicológico, constatam-se resultados elevados na dimensão
atitudes face ao envelhecimento, constituindo-se como um aspeto positivo; no entanto os valo-
res elevados obtidos nas dimensões solidão/insatisfação e agitação constituem-se como fatores
negativos, indiciando valores baixos de bem-estar psicológico. Estes resultados são corroborados
por Paúl e colaboradores (2005) e por Gerino et al. (2017) que verificaram que, de uma forma
geral, os idosos demonstram alguma solidão/insatisfação e agitação.
Em relação ao suporte social, apesar de se verificar um baixo número da rede de suporte
social (i.e., quantidade), verificou-se que os idosos se apresentam satisfeitos com o apoio que rece-
bem (i.e., percecionam uma qualidade elevada do apoio recebido). Este resultado vai ao encontro
do referido por Pimentel et al. (2019) que também verificaram que a média de satisfação que os
idosos apresentam com o apoio social é elevada.
Verificou-se ainda que os idosos com um nível mais elevado de resiliência na escala MCR,
apresentam mais afetos positivos e que os idosos com nível mais elevado de resiliência, na escala
MSR; demonstram, também, mais afetos positivos, maior satisfação com a vida (i.e., componente
cognitiva do bem-estar subjetivo) e menos afetos negativos. Por sua vez, os idosos que apresen-
tam maior satisfação com a vida, apresentam menos afetos negativos.
Os resultados permitem constatar que, quanto maior o número percecionado de suporte
social (i.e., quantidade), maiores são os níveis de resiliência e da dimensão cognitiva do bem-estar
subjetivo, verificando-se mais afetos positivos e menos afetos negativos. Por outro lado, quanto
maior é a perceção da qualidade do suporte social (i.e., a satisfação dos idosos com o apoio que
recebem), maiores são os níveis da resiliência, mais bem-estar subjetivo os idosos apresentam,
bem como, mais afetos positivos. Estes resultados são corroborados em diversos estudos que tam-
bém verificaram que o suporte social e a resiliência se relacionam positivamente e apontam o
suporte social como um importante fator protetor e de resiliência (Ferreira et al., 2012; Fontes &
Neri, 2014; Juliano & Yunes, 2014; Wiles et al., 2012).
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Em relação aos resultados encontrados em cada dimensão do bem-estar psicológico, refira-se
que os idosos que apresentam maior bem-estar (i.e., atitudes positivas face ao envelhecimento)
demonstram maiores níveis de resiliência, mais satisfação com a vida, mais afetos positivos,
maior satisfação com o suporte social recebido e, ainda maior número de suporte social. Por sua
vez, os idosos que mostram níveis mais baixos de bem-estar, nomeadamente, atitudes menos
positivas face ao envelhecimento e maior agitação, revelam mais afetos negativos. Estes resulta-
dos vão ao encontro dos encontrados por Smith e Hollinger-Smith (2015), que defendem que um
maior bem-estar psicológico está relacionado com maior resiliência nos idosos, maior felicidade,
menor depressão e maior satisfação com a vida.
Relativamente à solidão/insatisfação, os resultados obtidos são também corroborados em
diversas investigações, constatando-se que os idosos que apresentam níveis mais elevados de
resiliência, de satisfação com a vida, de afetos positivos e, ainda, de quantidade de suporte social,
revelam níveis mais baixos de solidão/insatisfação (Gerino et al., 2017).
No que respeita às associações entre idade e bem-estar psicológico, os resultados apontam
para uma diminuição do bem-estar psicológico à medida que a idade aumenta, resultado corro-
borado por Silva (2009). Relativamente às comparações entre a idade e a componente afetiva do
bem-estar subjetivo, os resultados sugerem que, com o aumento da idade, os afetos positivos ten-
dem a diminuir, enquanto os negativos tendem a aumentar, resultado também confirmado por
Griffin e colaboradores (2006). Quanto à dimeno cognitiva do bem-estar subjetivo, não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas quanto à idade, o que vai ao encontro de
Schilling e Wahl (2006), que referem uma manutenção do nível de satisfação com a vida no enve-
lhecimento, não aumentando nem diminuindo com a idade.
Verificou-se, ainda, que à medida que a idade aumenta, os idosos apresentam um menor
número de suporte social, o que não acontece com a qualidade de suporte social. De forma geral,
os estudos apontam para uma inexistência de diferenças significativas entre o suporte social e
a idade dos idosos. O facto destes idosos apresentarem menor quantidade de suporte social à
medida que a idade aumenta, poderá ser justificado pelo facto de que, consoante vão envelhe-
cendo, vão também perdendo os seus relacionamentos próximos (Baltes & Smith, 2009).
Em relação ao género, não se encontrou qualquer associação com as variáveis psicológicas
em estudo, resultados que estão de acordo com alguns estudos, nomeadamente o estudo de For-
tes et al. (2009) no âmbito da resiliência e suporte social.
Relativamente ao estado civil, os resultados apontam diferenças significativas ao nível dos
afetos negativos e ao nível da quantidade de suporte social. Assinale-se que o estado civil contri-
bui para uma diferença significativa ao nível da rede social, uma vez que o casamento se apre-
senta como tendo um efeito protetor. Os nossos resultados vão ainda ao encontro de Paúl et al.
(2005), que indicam que para os idosos casados, a relação com o cônjuge é a principal fonte de
suporte e como tal promotora do envelhecimento bem-sucedido. Verificou-se, também, que são
os idosos casados ou em união de facto que apresentam menos afetos negativos, expressando um
maior bem-estar, resultados corroborados por Argyle (2003), que assinalam que os indivíduos
casados ou em união de facto, apresentam maiores níveis de bem-estar do que aqueles que vivem
sozinhos, são solteiros, divorciados ou viúvos.
A ausência de diferenças significativas no âmbito da idade, género e escolaridade relativa-
mente à resiliência, é um resultado corroborado por Fortes e colaboradores (2009).
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e Não-institucionalizados
No que diz respeito à situação económica, os resultados indicam que quanto mais os indi-
víduos se encontram satisfeitos com a sua situação, maiores níveis de bem-estar subjetivo (i.e.,
componente cognitiva). Este resultado é corroborado por Argyle (2003), que indica que a satisfa-
ção com a vida é influenciada pela satisfação com a situação económica. Assinale-se ainda que
os idosos que percecionam a sua situação económica como mais insatisfatória, tendem a apre-
sentar mais afetos negativos. Ainda neste âmbito, verificou-se que os idosos que percecionam a
sua situação económica como mais satisfaria apresentam, também, atitudes mais positivas face
ao envelhecimento.
Quanto à avaliação subjetiva que os idosos fazem da sua saúde, verificou-se que quanto mais
positiva for a perceção de saúde, maior a presença de afetos positivos, resultado corroborado por
Fredrickson (2003) que chama a atenção para que as emoções influenciam, ainda de que forma
indireta, a saúde. Os resultados do presente estudo também mostraram, em sentido oposto, que
quanto mais positiva é percecionada a saúde, menor a presença de afetos negativos.
Uma perceção positiva da saúde relaciona-se também com a resiliência (escala MSR) e com a
quantidade de suporte social, sendo que, quanto maior o suporte social percecionado pelo idoso,
mais positiva é a perceção que este faz da sua saúde, resultado que vai ao encontro do defendido
por Fontes et al. (2015), que afirmam que o apoio social tem a capacidade de produzir efeitos
benéficos na saúde (quer física, quer mental). A perceção positiva da saúde também se relaciona
com valores mais elevados de resiliência, o que é corroborado por Gooding et al. (2012) e Fontes
et al. (2015), que referem que perceções mais baixas do nível de saúde preveem resultados igual-
mente mais baixos na resiliência. A avaliação positiva da saúde relaciona-se, ainda, com atitudes
mais positivas face ao envelhecimento, o que se constitui como um índice positivo de bem-estar
psicológico.
A alise aos resultados obtidos permite concluir que os indivíduos não institucionalizados
apresentam uma maior satisfação com a vida (i.e., componente cognitiva do bem-estar subjetivo),
atitudes mais positivas face ao envelhecimento, ou seja, mais bem-estar psicológico e, ainda,
maior número de suporte social. Contudo, são também os idosos não institucionalizados os que
apresentam maiores níveis de solidão/insatisfação e consequente menor bem-estar psicológico,
o que poderá indicar que os outros idosos da instituição contribuem para a diminuição do senti-
mento de solidão/insatisfação. Por sua vez, os idosos institucionalizados apresentam mais afetos
negativos (i.e., componente afetiva do bem-estar subjetivo).
Desta forma, a institucionalização, embora possa trazer alguns aspetos positivos, no presente
estudo, pode ser encarada como um fator de algum risco, uma vez que são os indivíduos não ins-
titucionalizados que apresentam resultados mais positivos. Com efeito, Paiva (2008) afirma que
a institucionalização tende a desfazer alguns dos laços que o idoso mantinha com a sociedade,
o que poderá explicar o facto de que são os idosos que não se encontram em situação de institu-
cionalização que apresentam um maior número de suporte social. De igual modo, a instituciona-
lização pode acarretar um conjunto de perdas que podem contribuir para o aumento dos afetos
negativos, o que se verifica no presente estudo.
Relativamente à resiliência, verificou-se que esta apenas se relaciona negativamente com a
institucionalização na subescala MCR, o que indica que os idosos que apresentam valores mais
elevados na resiliência são os idosos que se encontram institucionalizados. Este resultado poderá
ser justificado no sentido em que, não obstante a institucionalização funcione como fator de
risco, a resiliência que estes idosos desenvolveram parece permitir-lhes que, não obstante mais
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estas adversidades se apresentem como resilientes. Assinale-se que estes idosos apresentam uma
maior resiliência do que os não institucionalizados, o que está também de acordo com a teoria da
resiliência que afirma que esta se desenvolve a partir de situações de risco (Martins, 2015).
Refira-se ainda as principais conclusões relativas ao regime de institucionalização, em que
os idosos que frequentam Centro de Dia apresentam mais afetos positivos que os idosos que fre-
quentam a valência de Lar. Com efeito, também Azeem e Naz (2015) sublinham o facto de a ins-
titucionalização ser uma transição de vida extremamente importante para o idoso, pois exige a
adaptação a novos papéis, relações e espaços.
Em relação ao tempo de institucionalização, apesar da amostra recolhida apresentar uma
grande variedade relativamente a este aspeto (i.e., varia de 3 meses a 13 anos), este não se mos-
trou significativamente relacionado com nenhuma das variáveis psicológicas em estudo. Este
resultado vai ao encontro do estudo realizado por Carvalho e Dias (2011), que concluíram, igual-
mente, que o tempo de permanência na instituição não se encontra relacionado com uma boa ou
adaptação.
De acordo com a análise das varveis que influenciam positivamente e predizem a resiliên-
cia nos idosos, podemos concluir que das varveis consideradas em equação, os afetos positivos
(da componente afetiva do bem-estar subjetivo) são o único preditor da resiliência dos idosos em
estudo. Assim sendo, os idosos resilientes apresentam mais afetos positivos, apresentando estes
uma influência direta sobre o seu nível de resiliência.
Atendendo a que a resiliência pode ser conceptualizada como um processo que permite ao
indivíduo ultrapassar as adversidades de modo bem-sucedido (Martins, 2015), existindo duas
componentes essenciais para que a resiliência se desenvolva, os fatores de risco e fatores de pro-
teção poderemos concluir que a afetividade positiva se constitui como um importante fator de
proteção que contribui para o desenvolvimento da resiliência.
Nesta linha de pensamento, é de referir o estudo de Wiles et al., (2012), que demonstraram
que o envelhecimento resiliente se relaciona, entre outros fatores, com uma atitude positiva. Com
efeito, o presente estudo identificou os afetos positivos como os preditores de resiliência neste
grupo de idosos.
o obstante, torna-se importante refletir sobre a importância do suporte social, uma vez
que na literatura científica da área, esta variável é apontada como relevante, no sentido de que
quanto maior o suporte social, maiores os resultados ao nível da resiliência (Ferreira et al., 2012).
Neste sentido, pode referir-se que um dos três principais fatores na definição de envelhecimento
bem-sucedido é a manutenção do relacionamento social. Efetivamente, também na presente
investigação os resultados indicam que, quanto maior o suporte social percecionado (quer ao
nível da quantidade, quer da qualidade), mais resiliência os idosos apresentam. Não obstante,
ao analisar o modelo preditivo, verificamos que o suporte social não apresenta resultados esta-
tisticamente significativos na predição da resiliência dos idosos, o que se poderá justificar na
medida em que, apesar de estas varveis se relacionarem mutuamente, não existe uma relação
de influência entre elas, ou seja, o suporte social, por si só, não prediz uma maior resiliência, o
que também está em consonância com as teorias sobre a resiliência que postulam que esta tem
na sua base um conjunto diversificado de diversos fatores de proteção que equilibram os fatores
de risco (Martins, 2015; Shoaib et al., 2011).
Importa, ainda, referir a Teoria do Desenvolvimento e do Envelhecimento de Baltes (life-s-
pan) (Baltes & Smith, 2009), e as atuais teorias contextuais desenvolvimentais que defendem que
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e Não-institucionalizados
embora prevaleçam as perdas nesta etapa de vida, o desenvolvimento e o envelhecimento são
processos que ocorrem ao longo do ciclo de vida (Martins, 2015). De facto, o desenvolvimento do
idoso vai depender de variados fatores (e.g., contextos, eventos normativos ou inesperados), mas
processa-se de forma multidimensional e multidirecional, através de ganhos e perdas. Aliás, é
defendido que mesmo no envelhecimento, o desenvolvimento não é apenas feito de declínios,
mas também de crescimentos (Freund & Baltes, 2009; Martins, 2015).
Deste modo, é necessário que o idoso seja ativo no decorrer da sua velhice, pois, tal como
Baltes e Smith (2009) referem no metateoria denominada Seleção, Otimização e Compensação,
o envelhecimento bem-sucedido processa-se através da maximização de ganhos e da minimiza-
ção de perdas (Freund & Baltes, 2009). Este modelo postula que os idosos podem envelhecer de
um modo mais positivo, quando ao se depararem com alterações nos seus recursos cognitivos e
comportamentais, através da seleção do que é realmente importante e da sua posterior otimiza-
ção, com eventuais compensações, ajustando as suas expetativas de forma a permitir a manu-
tenção da satisfação.
Tendo como referencial os presentes resultados, poderemos sugerir que os afetos positivos,
nesta amostra de idosos, operam como mecanismo de otimização, com vista à manutenção de
elevados níveis de resiliência que se constitui como a capacidade de equilibrar as perdas, ou seja,
a compensação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com as perspetivas nacionais e internacionais o número de idosos em breve supe-
rará o número de jovens por todo o mundo. À medida que o século XXI avança, a maioria dos
países experimentará uma queda no número de filhos nascidos de cada mulher, prevendo-se que
no final do século, a idade média de todo o mundo terá mudado de modo que os idosos superarão
os jovens. Com o aumento da esperança média de vida da população, tornou-se um desafio para
a geração mais nova lidar com as questões ligadas aos idosos, sendo que a institucionalização
tem vindo a ser uma opção muito recorrente. Assinale-se que Portugal é o 4.º país da Uno Euro-
peia com maior percentagem de pessoas idosas (DGS, 2017), ultrapassado apenas pela Grécia,
Alemanha e Itália.
Decorrente do que foi apresentado, é importante reconhecer o papel que os idosos ainda
podem desempenhar nas sociedades e economias atuais e futuras e garantir que as instituições
e estruturas os capacitem para contribrem plenamente nas suas falias e comunidades (Har-
per, 2016). É, portanto, fundamental que a sociedade tenha em consideração a necessidade de se
preparar para o envelhecimento, ou seja, para que esta etapa do ciclo vital possa ser vivida com
maior qualidade, procurando-se otimizar as capacidades dos idosos. Estas preocupações estão
patentes na Estragia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável – 2017-2025 (DGS, 2017),
em que é salientado que, não obstante o aumento da longevidade da população portuguesa seja
uma realidade, a qualidade dos anos de vida ganhos ainda tem muito que ser melhorada.
A promão de um envelhecimento ativo e saudável ao longo do ciclo de vida, em resposta
aos desafios da longevidade e o envelhecimento da população, deve constituir-se como uma das
prioridades políticas e comunitárias de forma a garantir a saúde, a qualidade de vida e a realiza-
ção plena da dignidade dos idosos.
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O presente estudo teve como principal objetivo analisar as relações entre a resiliência, a
perceção de saúde, o bem-estar subjetivo e psicológico e o suporte social e a sua contribuição na
adaptação ao envelhecimento em idosos institucionalizados e não-institucionalizados. Quatro
importantes conclusões emergiram deste estudo, nomeadamente:
Idosos com maiores níveis de resiliência apresentaram atitudes mais positivas em relação
ao envelhecimento (bem-estar psicológico);
Idosos com uma perceção mais positiva da sua saúde, revelaram níveis mais elevados de
resiliência e atitudes mais positivas perante o envelhecimento;
À medida que a idade aumenta, os idosos apresentam atitudes menos positivas em relação
ao envelhecimento, maiores sentimentos de insatisfação solitária e uma perceção menos
positiva da sua saúde;
Os idosos não institucionalizados revelaram atitudes mais positivas face ao envelheci-
mento e perceções mais positivas sobre sua saúde.
Consubstanciando os resultados obtidos, pode avançar-se que na presente amostra a institu-
cionalização tende a ser um fator de risco para os idosos, sendo que os resultados mais positivos
são encontrados nos idosos não institucionalizados, dado este extremamente importante e que
deve ser tido em atenção. Um importante fator de resiliência pode ser o sistema de apoio familiar
dos idosos não institucionalizadas, sendo que o apoio familiar ao responder às suas necessidades
financeiras, sociais e emocionais, permite que os idosos consigam mais facilmente recuperar
das adversidades, em comparação com os idosos institucionalizados que têm menor suporte da
família. O apoio familiar e a companhia dos filhos detêm um impacto positivo nos idosos. Por-
tanto, esse sentimento de pertença à família pode contribuir para a sua resiliência, permitindo-
-lhes melhores capacidades para lidarem com os eventos stressantes com mais sucesso, dado este
corroborado por Zheng et al. (2020), que assinalam o apoio filial como mediador da resiliência e
satisfação com a vida nos idosos.
Diversos estudos evidenciam que os idosos que se encontram a viver em lares de terceira
idade apresentam mais sintomas depressivos, sendo que as razões avançadas se relacionam com
o estar separado da família, a falta de privacidade e a carência de um cuidado especial, de amor
e afeto. Neste sentido, Venkatesan e Ravindranath (2011) destacam que as circunstâncias que
cercam os idosos são fatores críticos durante a vida em instituições e podem facilmente afetar a
sua qualidade de vida.
Desta análise surgem algumas possibilidades de intervenção para a desconstrão deste tipo
de imagens negativas. Este estudo pode ser uma importante contribuição para instituições que
cuidam de idosos, pois o processo de institucionalização tem que ter necessariamente em consi-
deração a qualidade de vida dos idosos, bem como seu bem-estar holístico. É crucial que os lares
de idosos e centros de dia, priorizem mais do que apenas a satisfação das necessidades bási-
cas (por exemplo, alimentação, higiene), tendo em atenção atividades que visem a sua educação,
entretenimento, atividades de lazer, entre outras. Estes não devem ser organizados apenas para
garantir uma boa “sobrevivência” mas, acima de tudo, devem preocupar-se com a qualidade de
vida dos idosos. É necessário construir uma perspetiva mais positiva e informada, no sentido de
desmistificar estereótipos negativos muitas vezes associados à velhice, o que pode ser feito atra-
vés da educação sobre o processo de envelhecimento e da promoção de redes intergeracionais. É
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Resiliência, Saúde percebida, Bem-estar Subjetivo e Psicológico e Suporte social em Idosos Institucionalizados
e Não-institucionalizados
necessário ainda um investimento no estabelecimento das relações sociais, tanto dentro da ins-
tituição, quanto na comunidade e sobretudo na falia, sendo que os idosos institucionalizados
e não institucionalizados precisam de ambientes onde possam continuar a desenvolver-se e a
viver a sua vida, mantendo-se ativos e saudáveis, encorajando a sua contribuição na comunidade
(Chisholm et al., 2020; Fullen et al., 2018).
Diversas limitações do presente estudo devem ser destacadas. Em primeiro lugar, a nossa
pesquisa foi conduzida apenas na região sul de Portugal. Embora haja uma especificidade cul-
tural de configurações de lares de idosos, há que ter atenção o generalizar os nossos resultados.
Foram utilizados instrumentos respondidos pelos idosos, de autorrelato, sendo que estes não
estão isentos de limitações, como relatos imprecisos e viés de desejabilidade social. Outra impor-
tante limitação advém do menor número de participantes do género masculino impedir análises
baseadas em subgrupos de género. Outra limitação está relacionada com a amplitude de idades,
sendo que o número de sujeitos pelas diferentes idades dificultou a organização de grupos por
intervalos etários. Importa ainda referir que, embora tenhamos hipotetizado relações causais no
modelo por nós definido, a natureza transversal do estudo dificultou apresentarmos conclusões
causais. A última limitação é que não foi efetuada uma análise mediacional. Teria sido impor-
tante analisar algumas variáveis que podem funcionar como mediadoras de uma maior resiliên-
cia e maior satisfação face ao envelhecimento e institucionalização, sugerindo-se o seu estudo
em pesquisas futuras. Als, é nosso entender que pesquisas futuras devem ter em atenção as
limitações identificadas.
Não obstante tal, os resultados encontrados encorajam o desenvolvimento de novas formas
de pensar a vida nos lares de idosos, ressaltando o importante papel que estes devem ter, assu-
mindo intervenções que apoiem o desenvolvimento de comportamentos de promoção de saúde
e qualidade de vida, otimizando os recursos emocionais, psicológicos e institucionais para o
desenvolvimento da resiliência e qualidade e satisfação com a vida no envelhecimento.
Fundamental ainda a promoção de iniciativas e práticas que visem reduzir a prevalência e o
impacto das doenças crónicas e da redução das capacidades físicas e mentais nas pessoas idosas,
melhorando o acesso aos serviços de saúde e de cuidado; incentivar o desenvolvimento de ini-
ciativas para a promoção da autonomia das pessoas idosas, através de uma educação e formação
ao longo do ciclo de vida focando a promoção da literacia em saúde. Importa ainda incentivar a
criação de ambientes físicos e sociais protetores e potenciadores da integração e participação das
pessoas idosas, apoiando o desenvolvimento de iniciativas e práticas que visem a promoção do
bem-estar e segurança das pessoas idosas e fomentar a investigação científica na área do enve-
lhecimento ativo e saudável.
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PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 26-48
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