9
CUIDADORES INFORMAIS: PRINCIPAIS DIFICULDADES
ERECEIOSNO ATO DE CUIDAR
INFORMAL CAREGIVERS: MAIN DIFFICULTIES AND FEARS
INTHEACTOFCARING
tia Sousa1, 2, Gabriela Gonçalves1, 2, Nídia Braz1, & António Sousa1
PSIQUE • EISSN 21834806 • VOLUME XVII • ISSUE FASCÍCULO 2
1ST JULY JULHO  31ST DECEMBER DEZEMBRO 2021 PP. 925
DOI: https://doi.org/10.26619/2183-4806.XVII.2.1
Submitted on 2.01.21 Submetido a 2.01.21
Accepted on 17.03.21 Aceite a 17.03.21
Resumo
O aumento da esperança média de vida, a prevalência de doenças crónicas e a falta de serviços
e infraestruturas de apoio à saúde, têm conduzido à necessidade cada vez mais premente de cuida-
dores informais. A prestação de cuidados informais afeta a vida dos cuidadores, pelo que determi-
nar as suas principais dificuldades pode melhorar tanto a qualidade de vida dos cuidadores quanto
das pessoas cuidadas. Este estudo qualitativo de tipo fenomenológico, objetiva explorar as princi-
pais dificuldades que o cuidador informal sente na tarefa de cuidar, o receio e o tipo de acidentes.
Um total de 19 cuidadores informais (15 mulheres e 4 homens), com idades entre os 27 e os 81 anos,
foram entrevistados com base num guião semiestruturado. Os resultados permitem observar que a
maioria dos acidentes se relaciona com quedas no manuseamento da pessoa. Em termos de dificul-
dades sentidas pelos cuidadores, estes relataram dificuldades nos cuidados com a pessoa, em par-
ticular, associadas à falta de informação e de apoio. Os participantes referem ainda sentir falta de
tempo para as suas atividades pessoais. Este estudo permitiu uma melhor compreensão de alguns
dos problemas e dificuldades que os cuidadores informais enfrentam na atividade de cuidar.
Palavras-chave: cuidadores informais; acidentes; dificuldades; investigação qualitativa
Abstract
The increase in average life expectancy, the prevalence of chronic diseases and the lack of
health support services and infrastructures, have led to an increasingly urgent need for informal
caregivers. The provision of informal care affects the lives of caregivers, so determining their main
difficulties can improve both the quality of life of caregivers and those cared for. This qualitative
study of a phenomenological type aims to explore the main difficulties that the informal caregiver
1 Universidade do Algarve, Faro, Portugal
2 Centro de Investigação em Psicologia (CIP/UAL)
10
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
feels in the task of caring, the fear and the type of accidents. A total of 19 informal caregivers
(15 women and 4 men), aged between 27 and 81 years old, were interviewed, based on a semi-
structured script. The results allow us to observe that most accidents are related to falls in the
handling of the person. In terms of difficulties experienced by caregivers, they reported difficulties
in caring for the person associated with a lack of information and support. Participants also report
feeling lack of time for their personal activities. This study allowed a better understanding of some
of the problems and difficulties that informal caregivers face in the care activity.
Keywords: informal caregivers; accidents; difficulties; qualitative research
1. Introdução
Os especialistas estimam que em 2030 o número de cuidadores chegará a 21.5 milhões e que
estes cuidarão dos doentes ou fornecerão cuidados por, pelo menos, 20 horas por semana (Natio-
nal Alliance for Caregiving & AARP, 2015). As estimativas do número de cuidadores informais
variam de 10% a 25% da população total da Europa (Verbakel et al., 2017). Em Portugal, perto de
1.4 miles de pessoas são cuidadores informais: aqueles que eram cuidadores ocasionais deixa-
ram de o ser e passaram a ser cuidadores a tempo inteiro, facto este impulsionado pela pandemia
COVID-19 e pelo fecho das respostas sociais após o confinamento (Agência Lusa, 2020). De acordo
com Sun et al. (2021) para muitas pessoas, o cuidado informal é uma ocupação a tempo inteiro.
O aumento das doenças crónicas e da esperança média de vida, gerou um aumento da procura
por cuidados de saúde, e a necessidade de cuidadores informais tem vindo a aumentar (Aksoy-
dan et al., 2019). Segundo o INE, o índice de envelhecimento cresceu de 161.3 idosos por cada 100
jovens em 2019, para 165.1 em 2020. O grupo etário com 65 e mais anos, que em 2010 represen-
tava 18.5% da população total, em 2020 já representa 22.3% (PORDATA, 2021). De acordo com o
Ageing Europe 2019 (Eurostat, 2019) Portugal será o país mais envelhecido da União Europeia em
2050, ou seja, em três décadas, 35.1% da população te55 anos ou mais. Oenvelhecimento e o
aumento de doenças crónicas são processos que trazem consigo um conjunto de modificações psi-
cológicas, físicas, emocionais, cognitivas, sociológicas, económicas e interpessoais, que por vezes
exigem a presença de alguém que cuide, um cuidador (Manuel et al., 2020; Pinto & Róseo, 2014).
O cuidado está presente em toda a nossa existência, cuidamos, somos cuidados e zelamos
pelo cuidado do outro (Fragoso, 2006). O cuidado pode ser definido como o fornecimento do que
é necessário para a saúde, bem-estar, manutenção e proteção de alguém ou algo (Cambridge
University Press, 2019) e pode ser dividido em cuidado formal ou informal (Albin et al., 2011).
O cuidador formal é aquele que assume livremente as funções de cuidador, para as quais teve
preparação académica e profissional, e que aufere uma remuneração pelo seu trabalho (Areosa
et al., 2014; Vieira et al., 2011). A Lei n.º 100/2019, que reconhece o estatuto de cuidador informal,
considera que o cuidador principal é “o cônjuge, unido de facto ou parente afim até ao 4.º grau da
pessoa cuidada, que acompanha e cuida de forma permanente, que com ela vive em comunhão
de habitação e que não aufere qualquer remuneração de atividade profissional ou pelos cuidados
que presta à pessoa.” (Servo Nacional de Saúde, 2019). Apesar de grande parte dos cuidados a
dependentes ser assegurado por cuidadores informais, na sua maioria familiares próximos tais
como esposas e filhas/noras (Grunfeld et al., 1997; Karsch, 2003), os cuidadores informais podem
11
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
ser amigos, conhecidos e/ou vizinhos, que prestam cuidados não remunerados a um indivíduo
(Adelman et al., 2014; Oliveira et al., 2007). São pessoas que desempenham um papel fundamental
na enfermagem de tais pacientes com doenças crónicas, especialmente os idosos. Esta situação
constitui um desafio que exige que os cuidadores informais prestem assistência direta nas ativi-
dades diárias dos pacientes, administração de medicamentos, transporte, confeção de comida,
cuidados com a saúde e suporte emocional (Shebl & Abd Elhameed, 2014; Silva etal.,2013).
O inquérito realizado a 1133 cuidadores informais pelo Movimento Cuidar dos Cuidadores
Informais (MCCI, 2021) em Portugal, mostra que a maioria cuida dos seus pais (51.4%), seguidos
daqueles que cuidam dos cônjuges (18%) e dos filhos (12.7%). Muitos dos cuidadores informais
carecem de uma formação adequada, o que aumenta os riscos de sobrecarga emocional, física,
social e financeira, sobretudo porque ter a cargo uma pessoa dependente exige cuidados espe-
ciais, com acentuada variação de tarefas (Mendes et al., 2019). Além disso, no exercício de dife-
rentes papéis, os cuidadores informais sentem uma diminuição do tempo para as suas relações
interpessoais, frustração por não conseguir colocar em ptica os seus pprios projetos de vida,
e solidão (Stackfleth et al., 2012). Aliás, o estudo do MCCI (2021), constatou que 38.8% dos cui-
dadores informais relata a perda de tempo para si próprio e para a sua família e cerca de 90.5%
gostaria de ter mais tempo para voltar às suas rotinas antes de ser cuidador.
Para além da alteração nos hábitos de vida pessoal e familiar, alguns estudos têm observado
igualmente que os cuidadores têm necessidadessicas, psicológicas e sociais (Lopez-Hartmann et
al., 2012; Rodger et al., 2015), sentem necessidade de informação, formação, suporte profissional,
jurídico, financeiro e até de adquirir competências comunicacionais (Akgun-Citak et al., 2020; Silva
et al., 2013). Neste sentido a formação, além de ajudar os cuidadores, dando-lhes maior confiança
nas tarefas de cuidar, diminuindo a ansiedade e a frustração, poderia contribuir para a redução
dos custos com os cuidados de saúde e para a melhoria da qualidade de vida dos cuidadores e de
quem é cuidado (Akgun-Citak et al., 2020; Aksoydan et al., 2019). Contudo, verifica-se ainda uma
lacuna na prestação de formação aos cuidadores informais, formação esta necessária para que
desempenhem as suas funções eficazmente e com conhecimento de como se deve fazer determi-
nada tarefa, como por exemplo, tratar feridas ou administrar medicamentos (Manueletal., 2020).
O papel dos cuidadores informais está a tornar-se uma questão marcante ao nível político,
sociogico e económico (Akgun-Citak et al., 2020; Van Durme et al.,2012). O Estatuto do Cuida-
dor Informal, aprovado pela Lei n.º 100/2019, de 6 de setembro, visa reconhecer o papel funda-
mental do cuidador informal no desempenho e manutenção do bem-estar da pessoa cuidada,
bem como o direito a ser acompanhado e receber formação para o desenvolvimento das suas
capacidades e aquisição de competências para a prestação adequada dos cuidados de saúde à
pessoa cuidada. Reforça ainda a prestação de apoio psicológico dos serviços de saúde, sempre
que necessário, e mesmo após a morte da pessoa cuidada, bem como a garantia de períodos de
descanso que visem o seu bem-estar e equilíbrio emocional e a conciliação da vida profissional
com a prestação de cuidados. Este estatuto assume-se assim como um marco social importante,
reforçando a relevância cada vez maior dos cuidadores informais.
Contudo, o estudo realizado pelo MCCI (2021), revela que apenas 40.9% dos cuidadores
conhece o estatuto e que cerca de 81.3% considera que os apoios são insuficientes. O mesmo
estudo revela que as principais dificuldades e desafios associados ao papel de cuidador informal
se prendem com o apoio emocional e psicológico e com outros recursos humanos (64.6%), apoios
sociais (apoios do estado/associações/estatuto do cuidador) e dificuldades laborais (59.1%) e cerca
12
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
de 51.8% refere dificuldades financeiras e falta de formação e capacitação do cuidador informal,
nomeadamente no que respeita aos cuidados a ter no tratamento e manuseamento do doente
(35.6%), formação adequada à patologia: tratamento, evolução e terapias (23.2%), formação para
lidar com questões emocionais mentais e psicológicas (22.6%), informação sobre cuidados em
geral (15.5%) e estimulação cognitiva (3.1%).
Assim, é possível observar que apesar dos esforços do Estado para a inclusão dos cuidadores
informais, há ainda um longo caminho a percorrer, sendo necessário repensar as políticas sociais
e o papel que desempenham junto dos cuidadores informais, nomeadamente o reconhecimento
do cuidador informal como um elemento fundamental na prestação de cuidados. Muitas vezes o
cuidador informal desempenha o seu papel sozinho, sem qualquer ajuda, o que pode conduzir ao
cansaço e exauso (Zarit, 1997). Vários estudos têm mostrado que os cuidadores informais apre-
sentam baixa qualidade de vida, depressão, stresse, esgotamento e doenças físicas, o que pode
ser uma consequência de um suporte insuficiente e necessidades não atendidas (Tatangelo et al.,
2018). Além disso, os cuidadores sentem que o seu papel como cônjuge, filho(a) ou irmão(a) é alte-
rado, passando a ser vistos apenas como cuidadores (Akgun-Citak et al., 2020; Rodger et al., 2015).
Para além das dificuldades e problemas associados à tarefa de cuidar, a falta de formação
reportada na literatura é suscetível de aumentar a ocorrência de acidentes e/ou situações de
perigo. Face a esta problemática, este estudo de carácter qualitativo, tem como objetivos identifi-
car a ocorrência de acidentes no ato de cuidar, os principais receios de acidentes, assim como as
principais dificuldades que o cuidador informal sente na tarefa de cuidar. A identificação destes
receios e destas situações permitirá conhecer melhor a realidade que os cuidadores informais
vivem diariamente, contribuindo não só para o enriquecimento da temática da área, mas tam-
bém para o possível reforço dos apoios e serviços disponibilizados a estas pessoas e, em última
análise, visando a melhoria dos cuidados informais prestados à pessoa cuidada e o aumento do
nível de bem-estar dos cuidadores.
2. Metodologia
2.1. Amostra
Na tabela 1 é possível observar a caracterização sociodemográfica dos participantes, carac-
terísticas das pessoas cuidadas e da atividade de cuidar. A amostra, é composta por 19 cuidado-
res informais, sendo na sua maioria do género feminino (n = 14), com idades entre os 27 e os 81
anos (M = 55.37; DP = 13.25). Estes participantes exercem o papel de cuidadores há pelo menos 4
meses, sendo que o participante que é cuidador há mais tempo, exerce este papel há pelo menos
144 meses (12 anos). Em relação ao grau de parentesco, a maioria das pessoas são filhas (n = 9)
ou cônjuges (n = 7) da pessoa cuidada. No que concerne ao tempo despendido no cuidado, este é
também variável, entre 1 hora diária e as 24 horas. Relativamente às pessoas cuidadas, as idades
variam entre 55 e 89 anos (M = 72.95 e DP = 11.99), 13 são do género feminino (M = 73.77 e DP =
12.58) e 7 são do género masculino (M = 71.43 e DP = 11.59). Os problemas de saúde mais indica-
dos são a demência, tumores e hipertensão (6 pessoas), seguido dos problemas músculo-esquelé-
ticos e visuais (5 pessoas) e 9 pessoas são indicadas como tendo vários problemas de saúde.
13
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
TABELA1.
Características sociodemográficas dos participantes (cuidadores) e dados relativos às pessoas cuidadas
Cuidador Género Idade Habilitações
Académicas
Situação
Prossional
Grau de
parentesco com a
pessoa cuidada
Idade
(género)
da pessoa
cuidada
Cuidador
(meses)
Tempo diário
despendido no
cuidado
Problema de
saúde
C1 F 61 Ens. Superior Trab. conta
outrem Cônjuge 60 (M) 60 8h Demência
C2 F 50 9º ano Trab. conta
outrem Filha 81 (F) 60 4h
Diabetes,
tumores, músculo-
esqueléticas,
visuais
C3 F 53 9º ano Trab. conta
outrem Filha 81 (F) 60 6h
Diabetes,
tumores, músculo-
esqueléticas,
visuais
C4 F 57 12º ano Desempregada Filha 89 (F) 120 24h Demência
C5 F 43 9º ano Desempregada Filha 69 (M) 72 2h
Hipertensão,
cardiovasculares,
diabetes,
demência, visuais,
amputação de
dedos dos pés,
C6 M 63 9 ºano Reformado Cônjuge 62 (F) 4 24h Hipertensão,
tumores
C7 F 69 Ens. Superior Reformada Cônjuge 80 (M) 60 6h Tumores
C8 F 70 9º ano Reformada Filha 89 (F) 132 12h Cardiovasculares
C9 F 47 12º ano Trab. conta
outrem Cônjuge 57 (M) 30 2h Esclerosa múltipla
C10 F 27 Ens. Superior Trab. conta
outrem Neta 84 (F) 48 15h Hipertensão,
demência
C11 F 29 Ens. Superior Trab. conta
outrem Filha 65 (M) 48 1h Bipolaridade
C12 F 53 12º ano Trab. Conta
outrem Filha 79 (F) + 86
(M) 24 1h
Hipertensão,
músculo-
esqueléticas,
depressão,
demência
C13 M 69 9º ano Reformado Cônjuge 68 (F) 144 3h Doença de
Huntington
C14 F 57 9º ano Desempregada Filha 83 (M) 36 6h
Hipertensão,
cardiovasculares,
diabetes,
músculo-
esqueléticas,
visuais Parkinson
C15 F 60 Ens. Superior Trab. conta
outrem Filha 82 (F) 24 2h
Hipertensão,
músculo-
esqueléticas
C16 F 51 Ens. Superior Trab. conta
outrem Irmã 55 (F) 4 2h Tumores
C17 M 53 Ens. Superior Trab. conta
outrem Cunhada 55 (F) 4 2h Tumores
C18 M 81 9º ano Reformado Cônjuge 76 (F) 20 24h Cardiovasculares
C19 M 59 9º ano Desempregado Cônjuge 58 (F) 36 24 h Demência, visuais
14
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
2.2. Instrumento
As entrevistas semiestruturadas foram conduzidas de acordo com um guião construído em
função das questões que pretendíamos explorar. O guião foi previamente aplicado a dois cuida-
dores (não incluídos na amostra) para melhor aferir a eficácia na captação da informação pre-
tendida. O guião é composto por dois grupos de questões. O primeiro grupo é composto por
três questões relativas a acidentes e situações de perigo: a) número de acidentes ou situações de
perigo vivenciadas nos últimos 12 meses durante o ato de cuidar; b) descrição do(s) acidente(s) e
c) o maior receio de acidente ao cuidar pessoa. O segundo grupo apresenta uma questão relativa
às principais dificuldades/problemas sentidos na tarefa de cuidar. Foi ainda contemplada uma
questão referente ao grau de dificuldade sentida em arranjar tempo para as atividades pessoais,
operacionalizada numa escala crescente tipo Likert de 1 (Nada difícil) a 6 (Extremamente difícil).
Para uma melhor caracterização da amostra foram também acrescentados itens relativos a
características biográficas (idade, habilitações literárias, situação profissional, grau de paren-
tesco com a pessoa cuidada, há quanto tempo é cuidador, tempo despendido no cuidado à pes-
soa, bem como alguns dados sobre a pessoa cuidada).
2.3. Procedimentos
Antes da realização do estudo, este foi aprovado pela Comissão de Ética do Centro de Inves-
tigação em Psicologia.
De forma a identificar o tipo de acidentes mais frequentes na atividade de cuidar e os maio-
res receios e dificuldades dos cuidadores, foram entrevistados 19 participantes de acordo com
um guião semi-estruturado. A amostra foi recolhida por conveniência e bola de neve e, como cri-
tério de inclusão, considerou-se o facto de ser cuidador, independentemente do género, da idade,
da relação entre cuidador e pessoa cuidada e do tipo de doença da pessoa cuidada.
Foi feito um primeiro contacto pelos autores com o objetivo de definir local para a entrevista
e dia e hora de acordo com a disponibilidade dos entrevistados. As entrevistas foram realizadas
por um dos autores no local de trabalho ou em casa dos entrevistados de forma presencial e indi-
vidual. Foi assegurada a liberdade de participação ou interrupção e o consentimento informado
(resultados para uso científico e divulgação em journal científico da especialidade), bem como o
sigilo e o anonimato das respostas. O anonimato das respostas, além de permitir a manutenção
de padrões éticos e proteger os respondentes de possíveis danos, aumenta a confiança dos par-
ticipantes e como tal a integridade do processo de pesquisa (Baez, 2002). Não foi estabelecido
tempo limite, foi aplicado o princípio da saturação, a entrevista terminava quando o participante
deixava de fornecer novas informações. As entrevistas foram realizadas durante os meses de
setembro e outubro de 2020. O ponto de saturação (i.e., quando nenhuma nova informação é
observada) foi alcançado no participante 19 (e.g., Lofland & Lofland, 1995). Os participantes não
receberam qualquer comparticipação financeira pela participação.
2.4. Análise de dados
A análise qualitativa das entrevistas foi realizada com recurso à metodologia de análise de
conteúdo (e.g., Bardin, 1997; Hsieh & Shannon, 2005; Moraes, 1999; Stemler, 2001) que consiste na
15
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
definição de categorias de análise em três etapas: pré-análise, formação de categorias e discus-
são dos dados (Bardin, 1997).
Na primeira etapa, pré-análise, procedeu-se à leitura exaustiva das entrevistas.
Na segunda etapa, formação de categorias, as respostas às questões foram objeto de aná-
lise temática de conteúdos (Boyatzis, 1998; Braun & Clarke, 2006), permitindo a identificação de
padrões e facilitando a interpretação dos dados. A análise de conteúdo e a codificação da infor-
mação foi realizada com base nos princípios de codificação de Saldanha (2009). A definição das
unidades do discurso obedeceu ao critério temático e os temas emergentes foram identificados e
organizados por categorias (Boyatzis, 1998).
Na última e terceira etapa, discussão dos dados, procedeu-se à interpretação do conteúdo das
entrevistas e à discussão dos dados.
As três etapas foram realizadas por dois dos autores e as categorias emergentes foram valida-
das por quatro juízes (membros da equipa de investigação).
3. Resultados
Acidentes e situações de perigo
Para identificar as situações de acidente e/ou perigo, foram colocadas as seguintes ques-
tões: “Quantas vezes se viu envolvido(a) em situações de perigo/acidente nos últimos 12 meses,
durante o ato de cuidar?”; “Fale um pouco sobre esse(s) acidente(s); e “Qual o maior receio de
acidente ao cuidar da pessoa?.
Relativamente ao número de acidentes ou situações de perigo, embora alguns tenham indi-
cado que ainda não ocorreram situações perigosas (n = 10), há quem reporte acidentes ou situa-
ções de perigo muitas vezes ou todos os dias (n = 3, Cuidadores: C1, C7 e C6). O cuidador C17 em
4meses como cuidador relata seis acidentes, seguindo-se aqueles que vivenciaram três acidentes
(n=3, Cuidadores: C4, C8 e C15), o cuidador C12 indicou duas ocorrências e o cuidador C5 referiu
um acidente.
Na tabela 2 podemos observar um sumário das categorias identificadas, relativamente às
características dos acidentes e aos principais receios dos cuidadores sobre a ocorrência de aci-
dentes.
16
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
TABELA2.
Principais categorias de análise, unidades de contexto e respetivos cuidadores
Questões Categoria Unidades de contexto Cuidador informal
Acidentes e situações
de perigo
Quedas “Passagem da cadeira de rodas para a sanita” C4, C6, C12, C15, C17
Engasgos
“Engasgos devido à paralisia do lado direito. Tenho
diculdade em fazer o meu marido tossir para
expelir a comida”
C7
Agressões verbais “Revolta por parte da pessoa, referindo que me
matava” C5
Condução perigosa “Comportamentos de grande risco, como condução
sobre o efeito de medicamentos e álcool” C1
Receios
Quedas “Quedas graves” C4, C6, C10, C13, C14, C15,
C18
Morrer “Que morra” C8
Magoar-se a si
próprio/Suicídio “Suicídio” C1, C11
Engasgar-se “Engasgos” C7
Agressões aos outros “Receio que ele se torne novamente agressivo” C5, C11
Desgraça e limitação
de recursos pessoais
para ajudar (e.g.,
tempo, técnica, física)
“…impotência para ajudar” C8, C10, C12, C17, C19
Nota: O cuidador E8, indicou a ocorrência de 3 acidentes, mas não referiu o tipo de acidentes
Conforme se pode observar na Tabela 2, dos oito cuidadores que relatam acidentes, cinco
referem, sobretudo, quedas na transferência da pessoa cuidada, quer seja da cadeira para a
cama, para a sanita ou no banho, quer seja na movimentação na cama, na mudança de fraldas,
higienização ou mudança de roupa.
Quando preciso de mudar a fralda, ao rolá-la na cama... já ia caindo da cama várias vezes...
Quando tento colocá-la na cadeira de rodas ou desta para a cama é sempre muito difícil e há
a possibilidade de a deixar cair... talvez 80% a 90% das vezes é mesmo difícil.(C6, mascu-
lino, 63 anos, reformado)
Uma das cuidadoras informais reportou também acidentes relacionados com engasgamento:
“Engasgos devido à paralisia do lado direito. Tenho dificuldade em fazer o meu marido tossir para
expelir a comida. (C7, feminino, 69 anos, reformada)
Outras situações de perigo reportadas relacionam-se com comportamentos de agressividade:
Comportamentos de grande risco, como condução sobre o efeito de medicamentos e álcool” (C1,
feminino, 61 anos, empregada). “Revolta por parte da pessoa cuidada, referindo que me matava
(C5, feminino, 43 anos, desempregada).
Em relação aos maiores receios de acidentes ao cuidar da pessoa, estes são convergentes com
as ocorrências, embora alguns cuidadores que não referiram acidentes expressem receio que
estes ocorram. Os receios referidos relacionam-se na sua grande maioria com as quedas (n = 7) e
com o sentimento de impotência em ajudar (n = 5).
17
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
É de salientar que na categoria “quedas, dos 7 cuidadores, dois (C15 e C18) referem receio em
“deixar cair” o que revela alguma preocupação com a incompetência de evitar a queda.
Igualmente sete cuidadores mostram-se preocupados com a limitação dos seus recursos pes-
soais, tais como, tempo, capacidade física, e conhecimentos técnicos. “Poder necessitar de inter-
veão rápida devido a descompensação na medicação e eu não saber (C17, masculino, 53 anos,
trabalhador)
“O maior receio é que aconteça alguma coisa e não saiba ajudar.(C19, masculino, 59 anos,
desempregado
…não ter capacidade física para poder com eles para os levantar da cama(C12, femi-
nino, 53, trabalhadora)
moro longe” (C12, feminino, 53 anos, trabalhadora)
Outros cuidadores relatam receios como:
“Que a pessoa se magoe fisicamente ou magoe outra pessoa, num ato inconsciente.(C11,
feminino, 29 anos, trabalhadora)
“Suicídio (C1, feminino, 61 anos, trabalhadora)
Que morra” (C8, feminino,70 anos, reformada)
“Receio que ele se torne novamente agressivo (C5, feminino, 43 anos, desempregada)
Dificuldades/problemas na tarefa de cuidar
Para identificação das principais dificuldades foi colocada a questão: “Quais as suas maiores
dificuldades/problemas na tarefa de cuidar?. Na tabela 3 podemos observar uma síntese das
categorias identificadas pela alise de conteúdo a esta questão.
TABELA3.
Dificuldades/problemas que os cuidadores enfrentam na sua vida e na atividade de cuidar, unidades de
contexto e respetivos cuidadores
Questões Categoria Unidades de contexto Cuidador informal
Diculdades/
problemas
Interação Cuidador-
Pessoa a cuidar Agradar à minha mãe (ela é muito rabugenta) …” C3, C5, C9, C11, C19
Diculdades
emocionais do
cuidador
“Exaustão emocional, descontrolo. C1, C16
Interação cuidar-vida
do cuidador
“Falta de tempo para mim e para realizar as atividades
que gostaria.” C4, C10
Diculdades práticas “Tratar da alimentação, não sei cozinhar.” C1, C2, C3, C5, C6, C7, C8, C12,
C13, C17, C18
Diculdades
nanceiras
Diculdaddes nanceiras que não permitem apoio
domiciliário C15
18
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
A primeira categoria é referente à interação entre as duas pessoas e às dificuldades nessa
interação, nomeadamente a preocupação em não conseguir corresponder às expetativas das pes-
soas cuidadas:
Agradar a minha mãe, ela é muito rabugenta. (C3, feminino, 53 anos, trabalhadora)
“Não conseguir fazer com que ele cumpra o regime terapêutico, a dieta prescrita e os cuida-
dos de higiene.” (C5, feminino, 43 anos, desempregada)
A minha preocupação é cuidar da pessoa como ela gosta que eu cuide, mas fico com a sen-
sação que podia fazer mais.(C9, feminino, 47 anos, trabalhadora)
“Diálogo e a “absorção de regras” por parte do pai.(C11, feminino, 29 anos, trabalhadora)
“Manter a paciência.” (C19, masculino, 59 anos, desempregado)
Na categoria efeitos emocionais no cuidador, inclui-se:
Exaustão emocional e descontrolo” (C1, feminino, 61 anos, trabalhadora).
Frustração por não poder curá-la (C16, feminino, 51 anos, trabalhadora).
A terceira categoria descrita na Tabela 3 diz respeito a aspetos de gestão da interação entre a
atividade de cuidar e as restantes dimensões da vida do cuidador. A este respeito os dois cuida-
dores referem a dificuldade em ter tempo para atividades de que gostam (C4) e a solidão por estar
24 horas por dia a cuidar (C10).
Relativamente à categoria designada como dificuldades práticas, as respostas são bastante
variadas, aludindo a questões como a higienização (e.g., dar banho, mudar fralda), alimentação
e medicação da pessoa cuidada; deslocação e transferência da pessoa de um local para outro e
gestão do tempo na interação trabalho-atividade de cuidar.
Alguns cuidadores reportam também a falta de informação e de apoio médico: “Não estar
suficientemente elucidada sobre algumas formas de desempenhar as tarefas que possam vir a ter
impacto na saúde do meu marido (C7, feminino, 69 anos, reformada). “Como tenho problemas de
saúde, fisicamente não estou a 100% todos os dias para cuidar. (C8, feminino, 70 anos, reforma-
da).“Falta apoio médico para que eu possa ligar e informar de alguma alteração e o que devo fazer.
Essa indicação não a tenho e cada vez mais sinto que é difícil devido à conjuntura económica do SNS”
(C13, masculino, 69 anos, reformado).
A última categoria apresentada na Tabela 3 diz respeito a dificuldades financeiras e foi ape-
nas relatada por um cuidador (C15, feminino, 60 anos, trabalhadora).
Grau de dificuldade em arranjar tempo para atividades pessoais
No que concerne ao grau de dificuldade que os cuidadores informais sentem para arranjar
tempo para as suas atividades pessoais de lazer, as respostas variam entre pouco difícil (n = 2) e
extremamente difícil (n = 4), como se pode observar na figura 1.
19
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
FIGURA1.
Grau de dificuldade em arranjar tempo para atividades de lazer
4. Discussão
Este estudo teve como principais objetivos identificar a ocorrência de acidentes no ato de
cuidar, os principais receios de acidentes, assim como as principais dificuldades que o cuidador
informal sente na tarefa de cuidar. Para tal, foram realizadas 19 entrevistas semiestruturadas
a cuidadores informais. Através da análise dos principais resultados obtidos, é possível obser-
var que a maioria dos cuidadores reportou pelo menos a ocorrência de um acidente nos últimos
12meses. Estes acidentes relacionam-se sobretudo com quedas na transferência e movimenta-
ção da pessoa cuidada de um local para outro, bem como na higienização e mudança de roupa.
Salienta-se que este tipo de acidentes, também relatados como receios, não apresenta conver-
ncia com a idade dos cuidadores ou o tipo de doença (e.g., limitações físicas). Dito de outra
forma, seria de esperar que as pessoas mais velhas tivessem mais dificuldades na mobilização da
pessoa cuidada ou que pessoas com limitações físicas dificultassem o seu cuidado. No entanto,
não é o que se observa, cuidadores mais jovens (e.g., C17) relatam este tipo de acidentes e receiam
novas ocorrências.
Outros acidentes encontram-se mais relacionados com as características das próprias doen-
ças (e.g., comportamentos agressivos, comportamentos de risco ou engasgamento).
No que respeita aos maiores receios relacionados com acidentes, os cuidadores referem várias
situações relacionadas com a própria integridadesica da pessoa cuidada, refletindo o histórico
de acidentes, tais como quedas e engasgamentos.
Os comportamentos de risco e agressões (quer em relação a si próprio quer em relação aos
outros) constituem outra categoria de receios. A este respeito, de acordo com Araújo e Leitão (2012)
os cuidadores informais enfrentam diariamente diversos problemas, tais como a dificuldade para
20
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
lidar com os quadros de agitação e de agressividade da pessoa cuidada, com o esquecimento, a
repetitividade, a teimosia e as solicitações constantes.
Ainda sobre os receios, um número significativo de cuidadores expressa que o seu maior
receio diz respeito à sua própria incapacidade de poder tratar da pessoa, seja por desconheci-
mento do que fazer, seja por estar ausente ou por não ter capacidadesica para cuidar.
Em relação às dificuldades e problemas associados ao ato de cuidar, os participantes deste
estudo referem questões relacionadas com a falta de apoio e informação, para além das questões
associadas ao cuidado, como medicação, higienização ou transferência do doente.
Os cuidadores assumem não deter os recursos pessoais físicos, técnicos, de tempo e financei-
ros necessários para um cuidado isento de riscos para si pprio e para as pessoas que cuidam,
associado, em alguns casos, a falta de apoio. Estas limitações criam desgaste, insegurança e frus-
tração nos cuidadores, nomeadamente quando querem agradar, evitar acidentes, comportamen-
tos agressivos e de risco. Em consequência, aumenta a carga subjetiva dos cuidadores associada
a ansiedade e depressão (e.g., Cooper et al., 2007).
Os presentes resultados vão ao encontro das evidências observadas na literatura, uma vez
que os cuidadores informais mencionam a necessidade de informações, formação, suporte pro-
fissional, e competências comunicacionais (Akgun-Citak et al., 2020).
Outras respostas dizem respeito ao impacto na gestão da interação da atividade de cuidar
com outras dimenes da vida do cuidador, nomeadamente em relação aos restantes membros
da família (e.g., Etters et al., 2008, MCCI, 2021) e outras relações interpessoais. Os cuidadores
ficam condicionados no tempo disponível para atividades profissionais e de lazer e para con-
cretizar os seus pprios projetos de vida. Embora estas dimensões da vida sejam um recurso
para o bem-estar dos indivíduos, face às dificuldades de tempo, no caso dos cuidadores, pode
surgir frustração por não conseguirem satisfazer outras necessidades e solidão (Stackfleth et al.,
2012). Estas respostas são convergentes com a questão relativa ao grau de dificuldade em arranjar
tempo para atividades pessoais. São maioritariamente os cuidadores reformados e desemprega-
dos que relatam menores dificuldades em ter tempo para as suas tarefas pessoais. Ou seja, aque-
les que para além da sua vida familiar pessoal, têm também uma atividade profissional e o papel
de cuidadores informais, relatam ser muito difícil conciliar as várias atividades e papéis. Para
estes cuidadores, o conflito de papéis surge agravado, conduzindo ao burnout, o que para além
de afetar a qualidade de vida dos cuidadores está associado a sintomas depressivos, ansiedade e
comportamento abusivo (e.g., Alves et al., 2019).
5. Considerações finais
A percentagem de pessoas com baixa autonomia e a necessitar de cuidados tem vindo a
aumentar, principalmente associado ao avanço da medicina e aumento da esperança média de
vida (e.g., He et al., 2016). Este aumento tem implicado o aumento de cuidadores informais, cônju-
ges, filhos, netos e irmãos. Acrescenta-se ainda o facto de a pandemia COVID-19 ter aumentado
o número de cuidadores informais, devido ao fecho de muitas estruturas sociais de apoio. Cui-
dar de alguém pode ser gratificante, mas também está associado a sofrimento significativo (e.g.,
Prunty & Foli, 2019). O cuidado informal afeta negativamente não só a saúde física e mental do
cuidador, mas também as relações familiares e sociais (conflitos familiares, isolamento social,
21
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
perda de privacidade, indisponibilidade para atividades sociais/lazer) e a atividade profissional
e financeira (e.g., Rasgado & Santos, 2010).
O cuidador está sujeito a uma elevada carga subjetiva que afeta a sua saúde física e psico-
gica (e.g., Carretero et al., 2009; Del-Pino-Casado et al., 2012), variando em função dos seus
recursos pessoais e de suporte vs. o grau de depenncia da pessoa e o tipo de problema de
saúde. Os recursos pessoais incluem, entre outros, conhecimentos, competências e habilidades
que permitem aos indivíduos sentir-se eficazes e confiantes numa determinada tarefa, suporte
fundamental para o sucesso e satisfação com a atividade (e.g., Bandura, 1997).
Com este estudo de caracter qualitativo e exploratório pretendemos contribuir para a com-
preensão das dificuldades que os cuidadores informais sentem, relativamente aos problemas
de segurança, sobrecarga e receios no cuidado com o outro. Urge a necessidade de estudos
com intervenções que abordem e aprofundem esta temática, nomeadamente as consequências
sociais, físicas e psicológicas experienciadas pelo cuidador informal. A problemática reportada
pelos cuidadores informais reforça a necessidade de implementação de medidas de apoio para
enfrentar as dificuldades no ato de cuidar. Neste sentido, estudos futuros devem procurar apro-
fundar este tópico, identificando diretrizes para a constrão de programas interventivos com
os cuidadores informais, nomeadamente no que respeita à promoção de competências e conhe-
cimentos (Carvalho et al., 2019).
Apesar de não estar refletido neste estudo, é fundamental considerar que, diferentemente
dos cuidadores formais, a maioria dos cuidadores informais é o único cuidador. Uma vez que
não dividem a responsabilidade, qualquer ausência ou erro implica níveis de culpa maior. Por
outro lado, os cuidadores informais são muito próximos afetivamente da pessoa beneficiária do
cuidado, pelo que experienciar a debilidade de alguém pximo, por si só já é um fator de stresse
com grande impacto na vida do cuidador informal. Investigações realizadas neste âmbito mos-
tram que os cuidadores informais que testemunham a rápida deterioração física e o sofrimento
dos seus entes queridos ficam mais conscientes da sua própria mortalidade, o que desperta tam-
bém os seus próprios medos em relação à morte (e.g., Abreu-Figueiredo et al., 2019; Semenova &
Stadtlander, 2016; Uslu-Sahan et al., 2018). A este propósito Oldenkamp e colegas (2017) relacio-
nam a diminuição da qualidade da vida do cuidador informal com a deterioração e fragilidade
da pessoa cuidada, ou seja, quanto mais dependente e frágil a pessoa cuidada, menor a qualidade
de vida do seu cuidador informal.
Assim, apesar da dificuldade e complexidade deste processo, devem também ser pensadas
estratégias de prevenção e de apoio ao próprio cuidador informal, tendo em vista uma redução
do stresse, da sobrecarga, ansiedade, sentimento de culpa ou impotência, para uma melhoria da
sua qualidade de vida e, consequentemente, melhoria dos cuidados prestados à pessoa que têm
a cargo.
Conforme referido anteriormente não há convergência entre as quedas e a idade do cuida-
dor ou o tipo de doença. No entanto, mais determinante do que a idade do cuidador neste tipo
de acidentes, são as características físicas dos cuidadores (e.g., antropométricas, biomecânicas)
associadas ao domínio de técnicas de transferência, mobilização e posicionamento. Este estudo
não considerou este aspeto nem o estado de saúde físico e psicológico do cuidador, variáveis
importantes para uma melhor compreensão dos acidentes e dificuldades dos cuidadores.
Sendo um estudo exploratório, que cumpre os seus objetivos, o tamanho da presente amos-
tra limita algumas análises, nomeadamente sobre as diferenças de género. No nosso estudo, o
22
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
número de cuidadores do género feminino é significativamente superior ao número de cuidado-
res masculinos, tal como acontece com outros estudos em vários países (e.g., Del-Pino-Casado et
al., 2012; Pinquart & Sorensen, 2006). Esta será uma variável relevante, por um lado, porque está
relacionada com as características antropométricas e biomecânicas (e.g., Felton et al., 2018) dos
cuidadores e, por outro lado, porque alguns estudos têm permitido observar maior exposição das
mulheres aos riscos de saúde (e.g., Del-Pino-Casado et al., 2012), o que nos indica a necessidade
de desenvolver trabalhos futuros.
Financiamento
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundão para a Ciência e
a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto CIP/UAL – Refª UID/PSI/04345/2020 e insere-se no pro-
jeto “Riscos psicossociais dos cuidadores informais e incidentes associados à atividade de cuidador”
financiado pelo Projeto INTERREG 0348_CIE_6_E
Agradecimentos
Agradecemos ao CUI(DAR)+ do Gabinete de Apoio ao Cuidador de Odemira, a colaboração
na recolha de dados
Referências
Abreu-Figueiredo, R. Sá, L., Lourenço, T., & Almeida, S. (2019). Ansiedade relacionada à morte em cuida-
dos paliativos: validação do diagnóstico de enfermagem.Acta Paulista de Enfermagem,32(2), 178-185.
https://doi.org/10.1590/1982-0194201900025
Adelman, R. D., Tmanova, L. L., Delgano, D., Dion, S., & Lachs, M. S. (2014). Caregiver burden: A clinical
review. JAMA, 311(10), 1052–1059. https://doi.org/10.1001/jama.2014.304
Agência Lusa (2020, 5 novembro). Perto de 1,4 milhões de pessoas em Portugal são cuidadores informais.
Observador. https://observador.pt/2020/11/05/perto-de-14-milhoes-de-pessoas-em-portugal-sao-
-cuidadores-informais/
Akgun-Citak, E., Attepe-Ozden, S., Vaskelyte, A., Bruchem-Visser, R., Pompili, S., Kav, S., Acar, S., Aksoy-
dan, E., Altintas, A., Aytar, A., Baskici, C., Blazeviciene, A., Scarpa, A., Kiziltan, G., & Mattace-Raso,
F. (2020). Challenges and needs of informal caregivers in elderly care: Qualitative research in four
European countries, the TRACE Project. Archives of Gerontology and Geriatrics, 87, 103971. https://
doi.org/10.1016/j.archger.2019.103971
Aksoydan, E., Aytar, A., Blazeviciene, A., Bruchem – Visser, R., Vaskelyte, A., Mattace-Raso, F., Acar, S.,
Altintas, A., Akgun-Citak, E., Attepe-Ozden S., Baskici, C., Kav, S., &, Kiziltan, G. (2019). Is training
for informal caregivers and their older persons helpful? A systematic review. Archives of Gerontology
and Geriatrics, 83, 66-74. https://doi.org/10.1016/j.archger.2019.02.006
Albin, B., Siwertsson, C., & Svensson, J. O. (2011). Informal care of the elderly in Sweden – Carers’ situation.
Aotearoa New Zealand Social Work, 23(1-2), 6677. https://doi.org/10.11157/anzswj-vol23iss1-2id170
23
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
Alves, L., Monteiro, D., Bento, S., Hayashi, V., Pelegrini, L., & Vale, F. (2019). Burnout syndrome in informal
caregivers of older adults with dementia: A systematic review. Dementia & Neuropsychologia, 13(4),
415-421. http://dx.doi.org/10.1590/1980-57642018dn13-040008
Araújo, J., & Leitão, E. (2012). O cuidador do paciente em cuidados paliativos: Sobrecarga e desafios.
Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, 11(2), 77-81. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.
php/revistahupe/article/view/8946
Areosa, S., Henz, L., Lawisch, D., & Areosa, R. (2014). Cuidar de si e do outro: Estudo sobre os cuidadores
de idosos. Psicologia, Saúde e Doenças, 15(2), 482-494. http://dx.doi.org/10.15309/14psd150212.
Baez,B. (2002).Confidentiality in qualitative research: Reflections on secrets, power and agency.Quali-
tative Research,2(1),35-58. http://dx.doi.org/10.1177/1468794102002001638
Bandura, A. (1997). Self-efficacy—the exercise of control. W.H. Freeman.
Bardin, L. (1997). Análise de conteúdo [Content Analysis]. Edições 70.
Boyatzis, R. E. (1998). Transforming qualitative information: Thematic analysis and code development. Sage
Publications, Inc.
Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology,
3(2), 77-101. http://eprints.uwe.ac.uk/11735
Cambridge University Press (2019). Cambridge online dictionary. https://dictionary.cambridge.org/pt/
Carvalho, A., Araújo, L., & Veríssimo, M. (2019). Quando os cuidados continuados chegam ao fim: Pers-
petivas de cuidadores informais sobre o momento da alta.Revista de Enfermagem Referência,(22),
107-115. http://dx.doi.org/10.12707/RIV19023
Carretero, S., Garces, J., Rodenas, F., & Sanjose, V. (2009). The informal caregiver’s burden of dependent
people: Theory and empirical review. Archives of Gerontology and Geriatrics, 49(1), 74–79. http://dx.
doi.org/10.1016/j.archger.2008.05.004
Cooper, C., Balamurali, T.B., & Livingston, G. (2007). Revisão sistemática da prevalência e covariáveis da
ansiedade em cuidadores de pessoas com demência. Psicogeriatriais Internacionais, 19(2), 175-195.
http://dx.doi.org/10.1017/S1041610206004297
Eloia, S., Oliveira, E., Lopes, M., Parente, J., Eloia S., & Lima, D. (2018). Sobrecarga de cuidadores familia-
res de pessoas com transtornos mentais: análise dos serviços sociais. Ciência e Saúde Coletiva, 23(9),
3001-3011. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018239.18252016.
Etters, L., Goodall, D., & Harrison, B. (2008). Caregiver burden among dementia patient caregivers: a
review of the literature. Journal of the American Academy of Nurse Practitioners, 20(8), 423-428. http://
dx.doi.org/10.1111/j.1745-7599.2008.00342.x
Eurostat (2019). Ageing Europe: Looking at the lives of older people in the EU. https://ec.europa.eu/euros-
tat/documents/3217494/10166544/KS-02-19%E2%80%91681-EN-N.pdf/c701972f-6b4e-b432-57d2-
91898ca94893?t=1571047376000
del-Pino-Casado, R., Frías-Osuna, A., Palomino-Moral, P.,& Marnez-Riera, J. (2012). Gender differences
regarding informal caregivers of older people. Journal of Nursing Scholarship, 44(4), 349-57. http://
dx.doi.org/10.1111/j.1547-5069.2012.01477.x
Fragoso, V. (2006). A arte de cuidar e ser cuidado: cuidar-se para cuidar. IGT na Rede, 3(5), 1-8. http://igt.
psc.br/ojs3/index.php/IGTnaRede/article/view/9
Felton, P., Lister, S., Worthington, P., & King, M. (2019). Comparison of biomechanical characteristics
between male and female elite fast bowlers. Journal of Sports Sciences, 37(6), 665-670. http://dx.doi.
org/10.1080/02640414.2018.1522700.
24
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cátia Sousa, Gabriela Gonçalves, Nídia Braz, António Sousa
Grunfeld, E., Glossop, R., McDowell, I., & Danbrook, C. (1997). Caring for elderly people at home: the con-
sequences to caregivers. Canadian Medical Association Journal, 157(8), 1101-1105. https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1228268/
He, W., Goodkind, D., & Kowal, P. (2016). U.S. Census Bureau, International Population Reports, P95/16-1,
An Aging World: 2015. U.S. Government Publishing Office.
Hsieh, H., & Shannon, S. (2005). Three approaches to qualitative content analysis. Qualitative Health
Research, 15(9), 1277–1288. https://doi.org/10.1177/1049732305276687
INE (2019). Estimativas de População Residente. www.ine.pt
Karsch, U. (2003). Idosos dependentes: famílias e cuidadores. Cadernos de Saúde Pública, 19(3), 861-866.
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000300019.
Lofland,J., &Lofland,L. H. (1995).Analyzing social settings: A guide to qualitative observation and analy-
sis(3rd ed.).Belmont:Wadsworth.
Lopez-Hartmann, M., Wens, J., Verhoeven, V., & Remmen, R. (2012). The effect of caregiver support inter-
ventions for informal caregivers of community-dwelling frail elderly: A systematic review. Interna-
tional Journal of Integrated Care, 12, e133. https://doi.org/10.5334/ijic.845.
Manuel, S., Gonçalves, G., Braz, N. & Sousa, C. (2020). O desenvolvimento de competências dos cuidadores
formais: O caso das instituições de apoio a idosos na região do Algarve. In A. Anica & C. de Sousa
(Eds.), Envelhecimento ativo e educação (II) (pp. 87-99). Faro: Universidade do Algarve. ISBN: 978-989-
9023-15-4.
Mendes, P., Figueiredo, M., Santos, A., Fernandes, M., & Fonseca, R. (2019). Sobrecargas física, emocional
e social dos cuidadores informais de idosos. Acta Paulista de Enfermagem, 32(1), 87-94. https://doi.
org/10.1590/1982-0194201900012
Moraes, R. (1999). Alise de conteúdo [Content Analysis]. Revista Educação, 22(37), 7–32. http://cliente.
argo.com.br/~mgos/analise_de_conteudo_moraes.html
Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais (2021). O que é ser Cuidador Informal em Portugal? https://
movimentocuidadoresinformais.pt/wp-content/uploads/2021/04/cuidadores-informais_infogra-
fia_2021_A4.pdf
National Alliance for Caregiving and AARP (2015). Caregiving in the U.S. https://www.aarp.org/content/
dam/aarp/ppi/2015/caregiving-in-the-united-states-2015-report-revised.pdf
Oldenkamp, M., Hagedoorn, M., Wittek, R., Stolk, R., & Smidt, N. (2017). The impact of older persons frailty
on the care-related quality of life of their informal caregiver over time: results from the TOPICS-MDS
project. Journal Quality of Life Research, 26, 2705–2716. http://dx.doi.org/10.1007/s11136-017-1606-5
Oliveira, M. A., Queirós, C., & Guerra, M. P. (2007). O conceito de cuidador analisado numa perspectiva
autopoiética: Do caos à autopoiese. Psicologia, Saúde & Doenças, 8(2), 181-196.
Pinquart, M., & Sorensen, S. (2003). Associations of stressors and uplifts of caregiving with caregiver bur-
den and depressive mood: A meta-analysis. Journals of Gerontology; Series B: Psychological Science
and Social Science, 58(2), 112-128. https://doi.org/10.1093/geronb/58.2.p112
Pinto, L., & Róseo, F. (2014). Envelhecer com saúde: O desafio do cuidar humanizado. Revista Interfaces da
Saúde, 1, 20-29. https://www.fvj.br/revista/wp-content/uploads/2014/11/Interfaces2.pdf
PORDATA (2021). INE – Estimativas Anuais da População Residente (atualizado em 14/6/2021). https://
www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela
Prunty, M., & Foli, K. (2019). Guilt experienced by caregivers to individuals with dementia: A concept anal-
ysis. International Journal of Older People Nursing, 14(2), e12227. https://doi.org/10.1111/opn.12227.
25
PSIQUE • e-ISSN 2183-4806 • Volume XVII • Issue Fascículo 2 • 1st july julho-31st december dezembro 2021 pp. 9-25
Cuidadores informais: Principais dificuldades ereceiosno ato de cuidar
Rasgado, S., & Santos, V. (2010). O descanso do cuidador. In Pretextos (eds), Condição de recursos para
acesso a prestações sociais (p.3-4). Revista do Instituto da Segurança Social, I.P. n, 39, Setembro.
Rodger, D., Neill, M. O., & Nugent, L. (2015). Informal carers experiences of caring for older adults at
home: A phenomenological study. British Journal of Community Nursing, 20(6), 280-285. https://doi.
org/10.12968/bjcn.2015.20.6.280
Saldanha, J. (2009). The coding manual for qualitative researchers. Sage Publications Ltd.
Semenova, V., & Stadtlander, L. (2016). Death anxiety, depression, and coping in family caregivers. Journal
of Social, Behavioral, and Health Sciences, 10(1), 34-48. http://dx.doi.org/10.5590/JSBHS.2016.10.1.05
Serviço Nacional de Saúde (2019). Cuidador Informal: Direitos e os deveres do cuidador e da pessoa cui-
dada aprovados. https://www.sns.gov.pt/noticias/2019/09/06/cuidador-informal/
Shebl, A. M., & Abd Elhameed, S. H. (2014). Impact of informal caregivers training program on geriatric
patients’ functional status and post-stroke depression. IOSR Journal of Nursing and Health Science,
3(4), 45-53. http://dx.doi.org/10.9790/1959-03414553
Stemler, S. (2001). An overview of content analysis. Practical Assessment, Research & Evaluation, 7(17),
1-10. http://pareonline.net/getvn.asp?v.7&n.17
Silva, A. L., Teixeira, J. H., Teixeira, M. J. H., & Freitas, S. (2013). The needs of informal caregivers of elderly
people living at home: an integrative review. Scandinavian Journal of Caring Sciences, 27, 792–803.
http://dx.doi.org/10.1111/scs.12019
Stackfleth, R., Diniz, M., Fhon, J., Vendruscolo, T., Fabrício-Whebe, S., Marques, S., & Rodrigues, R. (2012).
Sobrecarga de trabalho em cuidadores de idosos fragilizados que vivem no domicílio. Acta Paulista
de Enfermagem, 25(5), 768-774. https://doi.org/10.1590/S0103-21002012000500019
Sun, W., Ashtarieh, B., & Zou, P. (2021). The safety challenges of therapeutic self-care and informal care-
giving in home care: A qualitative descriptive study. Geriatric Nursing, 42, 491-501. https://doi.
org/10.1016/j.gerinurse.2020.07.013
Tatangelo, G., McCabe, M., Macleod, A., & You, E. (2018). “I just don’t focus on my needs.” The unmet health
needs of partner and offspring caregivers of people with dementia: A qualitative study. International
Journal of Nursing Studies, 77, 8-14. https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2017.09.011.
Uslu-Sahan, F., Terzioglu, F., & Koc, G. (2018). Hopelessness, death anxiety, and social support of hospi-
talized patients with gynecologic cancer and their caregivers. Cancer Nursing, 42(5), 373-380. http://
dx.doi.org/10.1097/NCC.0000000000000622.
Van Durme, T., Macq, J., Jeanmart, C., & Gobert, M. (2012). Tools for measuring the impact of informal
caregiving of the elderly: A literature review. International Journal of Nursing Studies, 49(4), 490–504.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2011.10.011
Verbakel, E., Tamlagsrønning, S., Winstone, L., Fjær, E., & Eikemo, T. (2017). Informal care in Europe: find-
ings from the European Social Survey (2014) special module on the social determinants of health.
European Journal of Public Health, 27(1), 90-95. http://dx.doi.org/10.1093/eurpub/ckw229.
Vieira, C., Gomes, E., Fialho, A., Silva, L., Freitas, M., & Moreira, T. (2011). Concepções de cuidado por
cuidadores formais de pessoas idosas institucionalizadas. Revista Mineira de Enfermagem, 15(3), 1-7.
http://www.dx.doi.org/S1415-27622011000300006.
Zarit, S. (1997). Interventions with family caregivers: a guide to psychotherapy and aging. American Psycho-
logical Association.